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Pág. 2 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />
O <strong>FATO</strong><br />
Triste fim da CLT<br />
(Editorial Por José Carlos Leonel)<br />
Quem não me entendeu digo que "estamos andando para trás".<br />
A reforma trabalhista aprovada<br />
pelo governo Temer com aval de<br />
Câmara dos Deputados e do Senado<br />
é só o início do maior retrocesso<br />
social da história do Brasil, outras<br />
reformas como a da Previdência e<br />
do SUS piorarão e muito as condições<br />
de vida do povo.<br />
Quem não me entendeu digo<br />
que “estamos andando para trás.”<br />
Em prática, esse governo ao invés<br />
de prosseguir com o processo de cidadania,<br />
coisa que se faz produzindo<br />
justiça social, está a empurrar todos<br />
em direção a um processo de<br />
concorrência, de disputa, de luta pela<br />
sobrevivência.<br />
A medida provisória editada<br />
por Temer após a aprovação da reforma<br />
é só um meio de evitar o choque<br />
social imediato, de evitar que<br />
reajamos e de nos habituar aos poucos<br />
ao processo de escravidão que<br />
teremos no final dos próximos 3<br />
anos, momento em que todos deixaremos<br />
de ser empregados para virarmos<br />
empresas.<br />
EXPEDIENTE:<br />
Ligiane Ciola • DRT-SP 46266<br />
J.C. Leonel • DRT-PR 4678<br />
Fernanda Casal<br />
Ricardo Rennó • Diagramação<br />
Rua Itamar Garcia Pereira, 55<br />
Vila Santa Isabel • Maringá • PR<br />
CEP: 87080-510<br />
TELEFONE: (44) 3246-1769<br />
WHATSAPP: (44) 99713-0030<br />
E-MAIL: ofato_mandacaru@libero.it<br />
IMPRESSÃO: O Diário Maringá<br />
maringa.odiario.com/grafica<br />
O triste fim da CLT,<br />
acontece em meio ao mais completo<br />
silêncio do povo que se acostumou<br />
a seguir as ordens que uma certa<br />
rede de TV dita nos seus criminosos<br />
telejornais. O povo continua<br />
muito ocupado a assistir telenovelas<br />
e futebol, nada de mal se essas<br />
coisas não provocassem nas pessoas<br />
uma “anestesia mental”.<br />
“Tá tudo ruim, tá piorando, estou<br />
sem dinheiro, é culpa dos políticos”,<br />
seria culpa deles sim, se não<br />
fosse culpa nossa. Perdas de direitos<br />
como as que estamos tendo nesse<br />
curto período de Temer provocariam<br />
revoluções em países do primeiro<br />
mundo, mas nós não queremos<br />
entrar no primeiro mundo não<br />
é mesmo?<br />
Se hoje empresários, sobretudo<br />
pequenos e médios vivem em<br />
meio a grandes dificuldades para<br />
manter as portas abertas, não é certo<br />
por culpa de seus empregados ou<br />
pela lei que regula a relação entre<br />
empresas e trabalhadores, mas pela<br />
roubalheira que se constitui o nosso<br />
sistema tributário que faz do<br />
Estado sócio majoritário nas entradas<br />
econômicas dos meios de produção.<br />
Temos visto o dinheiro dos impostos<br />
que pagamos (trabalhadores<br />
e patrões) sumir nas mãos de políticos,<br />
empreiteiras e partidos,<br />
mas ao invés de cobrá-los, de impedi-los<br />
de continuar, preferimos deixá-los<br />
nos fazer pensar que a culpa<br />
é de um e de outro, e não deles.<br />
A corrupção é apresentada na<br />
TV como algo normal. Processos<br />
acusam e condenam alguns sem<br />
provas e absolvem outros com amplas<br />
provas. O egoísmo é sem dúvida<br />
um dos maiores sintomas de ignorância<br />
e o Brasil infelizmente está<br />
infestado de gente que não sabe<br />
dividir, que não compreende o sentido<br />
pleno da palavra democracia<br />
segregando-a ao direito de voto.<br />
Quem pensa assim não compreende<br />
que a democracia plena se completa<br />
com a consolidação dos direitos<br />
previstos na constituição e nas<br />
leis que a permeiam.<br />
A lei que substitui a CLT aos<br />
poucos acabará com os contratos<br />
de trabalho por tempo indeterminado,<br />
anulará quase que totalmente<br />
o trabalho dos sindicatos e<br />
criará um exército de trabalhadores<br />
precários, gente que hoje trabalhará<br />
aqui, amanhã ali, de modo<br />
intermitente e sujeitos às negociações<br />
diretas com os patrões.<br />
Não é exagero dizer que daqui a 10<br />
anos, direitos como férias remuneradas,<br />
décimo terceiro, FGTS e outros<br />
benefícios serão somente recordações<br />
de um passado feliz.<br />
Grupos reacionários e inimigos<br />
do povo querem ver mulheres<br />
grávidas sendo obrigadas a<br />
Imagem Ilustrativa<br />
trabalhar em locais “mediamente”<br />
insalubres, colocando em risco a<br />
própria saúde e a do bebê.<br />
Por que estamos assistindo a<br />
tudo isso em silêncio?<br />
A reforma nas relações trabalhistas<br />
altera mais de cem pontos<br />
da CLT e apesar de dizerem que<br />
acordos entre patrões e empregados<br />
não vão prevalecer sobre<br />
acordos coletivos veremos que<br />
depois da fase de transição o contrário<br />
prevalecerá.<br />
A verdade é que mesmo que<br />
os trabalhadores de uma empresa<br />
se unam contra abusos, a fila de<br />
desempregados será tão grande<br />
que os patrões não terão dificuldades<br />
de substituí-los sem que<br />
ninguém os importune.<br />
É claro que essa é somente a<br />
minha opinião e que você leitor<br />
tem todo direito de discordar.<br />
Aproveite e discorde, de mim e<br />
de quem está a condenar seus filhos<br />
à pobreza, logo talvez não teremos<br />
nem mesmo esse direito e<br />
aí, será tarde demais.■