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001 - O FATO MANDACARU - JAN 2018 - NÚMERO 1

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Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 9<br />

A UEM debate Políticas<br />

Públicas para os Imigrantes<br />

Eles estão aí, e querem ser ouvidos.<br />

(Por Fernanda Casal)<br />

Na sexta-feira, 17 de novembro<br />

de 2017, a UEM abriu a discussão<br />

sobre políticas públicas e imigração.<br />

O evento, que foi durante o dia<br />

todo no auditório do Bloco 33, propôs<br />

o tema para debater a respeito<br />

das políticas de inclusão dos imigrantes<br />

dentro da universidade.<br />

A presença de imigrantes na região<br />

de Maringá e dentro da universidade<br />

alertou os professores da<br />

instituição a trazer o tema para discutir<br />

dentro da academia. Às 9h00<br />

da manhã começou a programação<br />

com a mesa redonda. Os participantes,<br />

o Professor Norai Romeu<br />

Rocco (MEC), a Professora Dra.<br />

Thais Palomino (UFSCAR), o Professor<br />

Dr. Ricardo Gardiollo<br />

(UEM) e a Professora Dra. Sueli de<br />

Castro Gomes (UEM) expuseram<br />

sobre a necessidade de uma política,<br />

específica para imigrantes, dentro<br />

da universidade.<br />

Os palestrantes deram a conhecer<br />

as políticas públicas que existem<br />

a nível nacional e estadual para<br />

dar início o processo de validação<br />

de diplomas. Aliás, explicaram sobre<br />

outros programas de apoio aos<br />

estudantes, como o caso de idiomas<br />

sem fronteiras. Também se<br />

apresentou a experiência de trabalho<br />

com políticas afirmativas para<br />

indígenas e imigrantes da Universidade<br />

de San Carlos. No final das<br />

exposições, a mediadora da discussão<br />

e professora Sueli Gomes, fechou<br />

a mesa convidando os participantes<br />

para as equipes de trabalho<br />

da tarde.<br />

A partir das 14h as turmas se dividiram<br />

por temas de interesse e<br />

após o debate os grupos apresentaram<br />

as propostas. Entre elas se destacam:<br />

a construção de uma casa de<br />

acolhimento para os estudantes imigrantes,<br />

o estabelecimento de um<br />

serviço de acolhida por parte de professores<br />

e veteranos imigrantes, a<br />

permanência de bolsas com duração<br />

de 12 meses, o mapeamento de<br />

ONG que oferecem apoio a imigrantes<br />

e o estabelecimento de parcerias<br />

e trabalho em redes com a<br />

universidade.■<br />

Entrevista com Érick Pérez Ortuño<br />

Presidente da Associação dos Estrangeiros da Região Metropolitana de Maringá<br />

(Por Ligiane Ciola)<br />

Imigrantes<br />

A associação dos estrangeiros da<br />

região metropolitana de Maringá nasceu<br />

da necessidade que migrantes das<br />

várias nacionalidades presentes no território<br />

tem, e que na maioria dos casos<br />

não encontram respostas nos entes públicos<br />

visivelmente despreparados para<br />

oferecer respostas à altura do recente<br />

e crescente processo de migração.<br />

Érick Pérez Ortuño é um Engenheiro<br />

venezuelano, 33 anos, há quase 3<br />

anos no Brasil, é o atual presidente da<br />

associação; enfatiza que os imigrantes<br />

não estão atrás de caridade e podem inclusive<br />

aportar muitos benefícios à comunidade<br />

que os acolhe. “Nossa maior<br />

dificuldade é a saudade de casa só<br />

Érick Pérez Ortuño<br />

depois vem à língua, e sabemos que o<br />

conhecimento dela abre o mercado de<br />

trabalho, para fazer amizades, para<br />

estudar, para nos inserir como novos<br />

cidadãos deste país”.<br />

Mas as dificuldades dos novos cidadãos<br />

não param por aí, para eles tudo é<br />

mais difícil. Alugar uma casa é enfrentar<br />

a desconfiança de quem teme o desconhecido,<br />

e quando a casa em questão<br />

está em mãos de imobiliárias, os obstáculos<br />

burocráticos e a necessidade de fiador<br />

anulam quase que totalmente as<br />

chances de conseguir uma moradia.<br />

Imigrantes e refugiados<br />

duas realidades diferentes<br />

Érick explica que hoje existem duas<br />

realidades sociais diferentes entre<br />

os estrangeiros e que isso não está necessariamente<br />

ligado à proveniência<br />

da pessoa. O primeiro grupo é formado<br />

por imigrantes e o segundo por refugiados.<br />

Os imigrantes procuram munir-se<br />

de toda a documentação possível<br />

para poderem ter acesso aos serviços<br />

públicos e ingressar em escolas, faculdades<br />

e no mercado de trabalho, já<br />

os refugiados são pessoas com necessidades<br />

especiais, gente que está fugindo<br />

de guerras, catástrofes naturais<br />

e até de perseguição política e étnica.<br />

Quem entra no Brasil e se declara refugiado<br />

é aceito em um primeiro momento,<br />

mas para obter todos os benefícios<br />

de um visto de permanência como<br />

o de um imigrante, eles precisam<br />

enfrentar um longo protocolo que investiga<br />

se sua condição está dentro<br />

dos parâmetros e exigências para terem<br />

o status de refugiado reconhecido<br />

definitivamente. O processo pode durar<br />

até 6 anos, “até lá a pessoa está perdida”<br />

explica Érick, “é um viver na incerteza,<br />

é não sabe se será aceito ou<br />

expulso”. Pessoas nessa condição até<br />

conseguem trabalhar, mas com muitas<br />

limitações; muitos deles poderiam colocar-se<br />

no mercado em empregos mais<br />

qualificados ou dar início a uma atividade<br />

produtiva, mas não possuindo<br />

documentos terminam renegados a subempregos<br />

e ficam sujeitos e exploração<br />

de aproveitadores.<br />

Casa de Acolhimento<br />

A associação dos estrangeiros da região<br />

metropolitana apresentou aos representantes<br />

do CERMA - Conselho<br />

Estadual dos Direitos dos Refugiados,<br />

migrantes e apátridas do Paraná, órgão<br />

vinculado à Secretaria de Estado da Justiça,<br />

um projeto de construção de uma casa<br />

de acolhida para os recém-chegados a região<br />

de Maringá. A casa eliminaria situações<br />

de risco que hoje fazem parte da realidade<br />

de vários estrangeiros; há casos de<br />

pessoas que dormem nas ruas quando<br />

não encontram vagas nos albergues.<br />

Érick ressalta que a casa servirá somente<br />

para ajudar o estrangeiro a superar a fase<br />

de transição que inicia no momento da<br />

chegada a cidade e termina quando ele está<br />

apto para finalmente reger a sua própria<br />

vida e de seus familiares. Tempo que<br />

pode variar de um mês para um simples<br />

migrante, até anos para aqueles que<br />

aguardam o reconhecimento do status de<br />

refugiado.<br />

Érick observa que a associação<br />

dos estrangeiros está pronta para encabeçar<br />

ações que possam contribuir<br />

com o governo do Estado. “Já temos o<br />

projeto e podemos arrecadar dinheiro<br />

para construir a casa, afinal estamos<br />

aqui para aportar benefícios à sociedade<br />

e queremos tirar esse preconceito<br />

que estamos aqui só para pedir, nós estamos<br />

aqui para derrubar muros e construir<br />

pontes entre brasileiros e cidadãos<br />

estrangeiros”.■

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