Ilhas Canárias, localizadas na África, perto do deserto do Saara, certo dia o irmão mais velho dela pensou: “e se der algum problema <strong>que</strong> impeça a importação de sementes da Europa para cá, a gente vai cultivar o quê?!”, contou ela, “e como ele era muito estudioso, resolveu mexer com esse negócio de genética”. O resultado disso foi <strong>que</strong> ela adolescente trabalhava na loja da família e ainda presenciou as experiências e comprovações empíricas do <strong>que</strong> veio se tornar o banco Vulkania Seeds. Ela não fuma maconha, mas adivinha se não entende um pouquinho sobre o assunto... Tendo desembarcado na <strong>Bahia</strong> em 2012, Claudia ministra workshops em Salvador, e já chegou a viajar com o Maxi ao Rio de Janeiro e São Paulo para falar sobre cultivo. Em 2008 o irmão dela publicou “Cannabis Sativa L”, <strong>que</strong> é o manual de cultivo mais completo em língua espanhola. Ela trabalhou nas correções e traduções do livro. Quando perguntei sobre a opinião dela a respeito da cena canábica baiana a resposta foi <strong>que</strong> “agora tem isso de <strong>que</strong> todo mundo é muito maconheirão, mas além de pouca militância, também rola pouca qualidade no <strong>que</strong> fuma. No geral, sem muito cuidado, da própria saúde, se tá mofado, usa assim mesmo”, disse se referindo ao consumo geral, mas “com o cultivo está melhorando isso, só <strong>que</strong> ainda de uma forma muito elitista, afinal não é barato ter acesso à sementes de qualidade e ter toda infraestrutura para plantar, é dinheiro”, concluiu. Conheci também um aficionado por trips canábicas <strong>que</strong> tem no passaporte nada menos <strong>que</strong> oito Cannabis Cups em Amsterdam. Em outra ocasião, mas ainda em Salvador, conversei com o advogado <strong>que</strong> segura o rojão da militância na <strong>Bahia</strong>, atuando quando é necessário. Além disso, a <strong>Bahia</strong> já tem pelo menos duas Associações de Maconha Medicinal em vias de institucionalização. Faltou ainda contar muito mais sobre o histórico de pioneirismo <strong>que</strong> a<strong>que</strong>la região tem, muito por conta das mentes brilhantes <strong>que</strong> estudam sobre drogas há décadas. A conclusão, portanto, é <strong>que</strong> uma reportagem, uma semana, uma visita, é muito pouco para registrar a imensidão da cultura canábica desse canto do mapa por onde o Brasil calhou de “nascer”. E se as delícias desse lugar deslumbraram e desnortearam a mente até de Darwin, pivete, ai de mim, sair ileso dessa viagem. Entre tapas de tchanga e goles de uma água amarga, pude comprovar na pele: a <strong>Bahia</strong> é legal a porra! H <strong>Hempada</strong>_8.indd 30 27/11/2017 11:24:11
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