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Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong> | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA!<br />
Folia de Reis<br />
“Caminhando com Santo Reis”, para não<br />
deixar a folia morrer em Maringá. Página 6<br />
População<br />
de rua em<br />
Maringá:<br />
invisíveis ou<br />
indesejados?<br />
Página 4<br />
Adeus à Rádio<br />
Comunitária<br />
Santa Isabel<br />
Ela parou de<br />
transmitir e você<br />
nem percebeu...<br />
“mas nem sempre<br />
foi assim.” página 3<br />
Associações de<br />
Bairros de Maringá<br />
Historiador destaca importância<br />
das Associações de Bairros<br />
de Maringá na resistência ao<br />
Regime Militar no final da<br />
década de 60. Página 2
Pág. 2 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong><br />
Talvez sim, talvez não.<br />
Se a pergunta há como<br />
destino os moradores do<br />
bairro, a resposta quase<br />
sempre é não.<br />
Jose Marques: Presidente da Associação de<br />
Moradores da Vila Santa Isabel.<br />
Santa Isabel quer ir às urnas?<br />
Após 3 anos de inatividade Presidente da Associação mais antiga de<br />
Maringá anuncia a convocação de eleições.<br />
(J. C. Leonel)<br />
A redação de O <strong>FATO</strong> <strong>MANDACARU</strong> fez uma enquete com 4 perguntas a 25 residentes e obteve percentuais negativas<br />
que demonstram pouco interesse nas atividades comunitárias.<br />
1) Você sabe que a Vila Santa Isabel<br />
tem uma Associação de Bairro?<br />
Sim = 20%<br />
Não = 80%<br />
Na década de 60, inspirada nas associações<br />
comunitárias organizadas<br />
pelo Partido Comunista da Espanha,<br />
nas cidades rebeldes, como resistência<br />
pacífica à ditadura fascista de Francisco<br />
Franco, surgia em Maringá a primeira<br />
associação de moradores. A iniciativa<br />
partiu da “Organização”, que<br />
foi um grupo de guerrilha urbana surgido<br />
em Maringá com o intuito de estruturar<br />
um polo de resistência ao regime<br />
militar na cidade e em toda a região<br />
noroeste do Paraná, aspirando<br />
apoiar o sonhado levante nacional,<br />
que seria liderado pelo governador<br />
Leonel Brizola.<br />
A “Organização” atuava a todo vapor<br />
na frente legal, organizando na periferia<br />
do município o movimento de associações<br />
de moradores e fundando o<br />
Centro Cultural de Maringá. Paralelamente,<br />
desenvolvia ações clandestinas<br />
como a pichação da área central da cidade,<br />
com palavras de ordem contra o regime<br />
militar; a ação de deslocamento<br />
do perseguido líder estudantil Vitorio<br />
Sorotiuk (Presidente do Centro Acadêmico<br />
Hugo Simas, da faculdade de<br />
Direito da Universidade Federal do<br />
Paraná - UFPR) da residência onde estava<br />
escondido, na área central, para<br />
um local seguro nos arredores da Cidade<br />
Canção; montagem de “aparelhos”<br />
para abrigar companheiros de outras<br />
regiões do país; marcha e treinamento<br />
de tiro ao alvo.<br />
Naquela conjuntura, as associações<br />
de bairros e vilas substituíram os<br />
sindicatos, duramente reprimidos e<br />
perseguidos pela Ditadura.<br />
Por não ser considerado um desafio<br />
ao regime militar, o trabalho efetuado<br />
pelas lideranças das associações<br />
de bairros escapou do controle das autoridades<br />
civis e militares sediadas<br />
em Maringá.<br />
Assim, conseguiu expandir-se e<br />
tornou-se um elo entre o povo trabalhador<br />
e a prefeitura, levando as reivindicações<br />
dos moradores, através<br />
de abaixo-assinados endereçados ao<br />
prefeito e vereadores das suas demandas,<br />
como coleta de lixo, iluminação<br />
pública, limpeza das ruas, creches, escolas<br />
e alimentação para as crianças.<br />
2) Você tem interesse de<br />
participar da Associação?<br />
Sim = 20%<br />
Não = 80%<br />
José Marques, bancário aposentado,<br />
mora na Vila Santa Isabel<br />
há 30 anos e atualmente é presidente<br />
da associação de Moradores da<br />
Vila Santa Isabel; ele diz que o que<br />
levou a associação à inatividade total<br />
foi justamente a falta de interesse<br />
das pessoas que com ele entraram<br />
na chapa que concorreu e ganhou<br />
as eleições.<br />
“As pessoas que entraram na<br />
chapa comigo só entraram para preencher<br />
os nomes, mas em prática ninguém<br />
participa, muitos têm vergonha<br />
de participar ou medo de discutir os<br />
assuntos de interesse comum”.<br />
A associação está parada há mais<br />
de 3 anos, mas segundo José Marques<br />
muitas pessoas já pediram para<br />
reativá-la e organizar novas eleições.<br />
Em confronto com o histórico<br />
engajo social que tinha nos anos<br />
de seu surgimento, hoje as problemáticas<br />
enfrentadas pelas associações<br />
são bem menores e vão de pedidos<br />
de limpeza de bueiros, podas<br />
de árvores até o aval e auxílio no<br />
preenchimento de requerimentos<br />
como o que segundo José Marques<br />
serve para obtenção do direito à tarifa<br />
social de energia elétrica por<br />
baixa renda. José Marques lembra<br />
que no período de seu primeiro<br />
mandato o interesse dos moradores<br />
era grande e isso facilitava a ação<br />
da associação e de sua diretoria junto<br />
a órgãos públicos.<br />
“A falta de verba me obrigou<br />
muitas vezes a tirar dinheiro do<br />
próprio bolso para registrar atas<br />
em cartório, fazer fotocópias e<br />
atos administrativos. Há vários pedidos<br />
de pessoas aqui do bairro<br />
que querem participar ativamente<br />
Associações de Bairros de Maringá<br />
Historiador destaca importância das Associações de Bairros de Maringá<br />
na resistência ao Regime Militar no final da década de 60.<br />
(Laércio Souto Maior)<br />
A “Organização” indicava companheiros<br />
trabalhadores respeitados,<br />
de reconhecida capacidade e liderança<br />
junto à comunidade, para compor as diretorias<br />
das associações de bairros.<br />
Historicamente, a primeira associação<br />
de bairro que surgiu em Maringá<br />
foi fundada pela “Organização”,<br />
no mês de setembro de 1967, na Vila<br />
Santa Isabel, próxima ao bairro do<br />
Mandacaru. Posteriormente, no decorrer<br />
do tempo, surgiram nos subúrbios<br />
da cidade as associações de bairro<br />
da Vila Sete, Aeroporto, Mandacaru,<br />
Vila Vardelina e Vila Santa Felicidade<br />
(antiga Profilurb).<br />
As duas mais aguerridas, onde<br />
ocorreram confrontos com as autoridades<br />
municipais, foram a Associação<br />
de Bairro da Vila Vardelina, onde<br />
os moradores eram enxotados durante<br />
o dia de suas casas pelos guardas da<br />
prefeitura e, depois de orientados e<br />
apoiados pela “Organização”, retornavam<br />
a noite com seus pertences,<br />
ocupando novamente o terreno onde<br />
residiam há anos como posseiros.<br />
3) Você iria votar?<br />
Sim = 30%<br />
Não = 70%<br />
4) Gostaria de fazer parte<br />
de uma chapa?<br />
Sim = 0%<br />
Não = 100%<br />
da associação e se todos que dizem<br />
terem interesse participassem formando<br />
chapas, eu nem concorreria<br />
e me colocaria a disposição para<br />
ajudar como simples cidadão “<br />
A previsão é que a convocação<br />
para as eleições da associação de<br />
moradores da Vila Santa Isabel seja<br />
colocada em edital em vários<br />
pontos públicos do bairro no início<br />
do mês de fevereiro.<br />
Os moradores interessados em<br />
conhecer todos os requisitos para a<br />
formação de uma chapa podem entrar<br />
em contato.■<br />
Associação de Moradores<br />
da Vila Santa Isabel:<br />
(44) 99904-9400.<br />
Historiador Laércio Souto Maior<br />
Na outra área de atrito com a prefeitura,<br />
o presidente da Associação<br />
de Bairro da Vila Santa Felicidade,<br />
senhor Adalmiro Quadrado, o popular<br />
Gauchinho, conhecido militante<br />
da esquerda maringaense, confrontava<br />
e não dava sossego nem trégua<br />
ao prefeito da época, denunciando à<br />
opinião pública o descaso de como<br />
os humildes moradores eram tratados<br />
pela prefeitura, que não atendia<br />
às justas reivindicações e demandas<br />
da pequena população que residia naquele<br />
local abandonado da cidade.■<br />
EXPEDIENTE<br />
Ano 01 - Edição <strong>002</strong><br />
Fevereiro de <strong>2018</strong><br />
R. Itamar Garcia Pereira, 55 - V. Sta. Isabel - Maringá/PR<br />
• Telefone: (44) 3246-1769<br />
• Whatsapp: (44) 99713-0030<br />
• E-mail: ofato_mandacaru@libero.it<br />
Ligiane Ciola - DRT-SP 46266 - Jornalista Responsável<br />
J. C. Leonel - DRT- PR 4678<br />
Ricardo Rennó - ArtWork C&M - Diagramação<br />
Impressão: O Diário Maringá<br />
Tiragem: 5.000 exemplares<br />
Distribuição: Gratuita<br />
A opinião dos colunistas não representa necessariamente a posição editorial do Jornal O Fato Mandacaru.
Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong> | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! | Pág. 3<br />
Produção de<br />
Audiovisuais<br />
Corporativos<br />
44 99973 3496<br />
Carlos Renato de Almeida<br />
Andrade chega à sede da Rádio Comunitária<br />
Santa Isabel, ele sabe que<br />
dessa vez sua tarefa não será alimentar<br />
com músicas e notícias aquilo<br />
que restou de uma programação<br />
que um dia foi referência para a comunidade;<br />
dessa vez, Carlos Renato<br />
tem uma tarefa que só de pensar<br />
já lhe corrói por dentro, terá que<br />
desligar o transmissor e encerrar as<br />
atividades da rádio, para sempre.<br />
Carlos Renato põe no ar o prefixo<br />
da rádio e na sequência parte a<br />
música de uma das tantas duplas sertanejas<br />
que inundam o mercado, tanto<br />
estamos no fim, são os últimos 3<br />
minutos.<br />
Adeus à Rádio Comunitária<br />
Santa Isabel<br />
O momento de desligar.<br />
Carlos Renato de Almeida Andrade,<br />
Radialista há 14 anos na Rádio Sta. Isabel<br />
A música nem acabou e Carlos<br />
Renato decide que não é necessário<br />
esperar, desliga os transmissores, o silêncio<br />
toma conta da frequência 91,3.<br />
O Silêncio também reina entre<br />
nós no estúdio. A rádio acabou e provavelmente<br />
você nem percebeu, já<br />
que não a ouvia ou nem sabia de sua<br />
existência.<br />
(J. C. Leonel)<br />
“Nem sempre foi assim”<br />
“A rádio comunitária Santa<br />
Isabel já teve uma boa audiência,<br />
nem sempre foi assim... (nos conta<br />
Carlos Renato), no início era tudo<br />
um mar de rosas, mas com o tempo<br />
os voluntários foram diminuindo,<br />
as pessoas tem suas famílias, alguns<br />
como eu mesmo, se mudaram<br />
do bairro, outros foram para outra<br />
cidade e com pouco envolvimento<br />
a audiência caiu drasticamente”.<br />
Nos primeiros 9 anos de atividade<br />
a rádio produziu muitos programas<br />
ao vivo que contavam com a<br />
participação de uma parte da comunidade,<br />
pessoas mais ligadas à paróquia<br />
Santa Isabel de Portugal. Carlos<br />
Renato relembra episódios de<br />
um programa radiofônico de esportes<br />
que obtinha boa audiência, cita<br />
outras transmissões religiosas, noticiários<br />
e depois conclui: “Tudo sempre<br />
foi feito com muito sacrifício, já<br />
que éramos todos voluntários. Muitas<br />
vezes tirei dinheiro do próprio<br />
bolso para pagar taxas como a dos<br />
direitos autorais, mas disso não me<br />
lamento. Triste é ter que encerrar esse<br />
ciclo que durou 14 anos”.<br />
Apaixonado por rádio, Carlos<br />
Renato agora se dedicará à sua nova<br />
emissora online, a RÁDIO<br />
PREGO BATIDO que poderá ser<br />
ouvida a partir do final de janeiro<br />
de <strong>2018</strong> no seguinte endereço:<br />
www.pregobatido.net.br.■<br />
Foto-Notícia<br />
“Eu já liguei lá na prefeitura mais de 10 vezes e me dizem que meu pedido<br />
está nas mãos do engenheiro para avaliar se é necessário substituir a árvore<br />
ou não. A última vez eu disse ao funcionário: ‘Meu filho a árvore está caindo,<br />
está podre e pode ser que caía na cabeça de alguém, dos meus filhos, netos, e<br />
aí vai ser tarde’. Nem assim consegui nada e com isso já se passaram 3<br />
anos.” - Diz Zilda Angela.■<br />
HÁ QUASE<br />
3 ANOS ESPERANDO<br />
PELO CORTE DE<br />
UMA ÁRVORE<br />
Zilda Angela Nascimento Pires,<br />
moradora da Rua Itamar G. Pereira,<br />
no Jardim Santa Isabel.<br />
Atualmente existem mais de 12 mil pedidos na prefeitura de Maringá para cortes de<br />
árvores. 4,5 mil já estão com o corte autorizado, o restante dos pedidos aguarda<br />
análise para o corte ou veto. O SEMUSP informou que os cortes são autorizados em<br />
base ao risco que a árvore representa para os cidadãos. (Dados: SEMUSP).■
Pág. 4 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong><br />
População de rua em<br />
Maringá: invisíveis<br />
ou indesejados?<br />
A realidade na cidade que ocupa os mais positivos<br />
rankings nacionais para se viver.<br />
(Profª. Dra. Ana Lúcia Rodrigues - Professora da UEM e<br />
Coordenadora do Observatório das Metrópoles - Núcleo Maringá)<br />
“Pior que morar na rua, só a morte.”<br />
Ouvi esta frase de um senhor que<br />
viveu muitos anos em situação de rua.<br />
Hoje ele atua no movimento nacional<br />
de moradores de rua que luta pelos direitos<br />
à moradia, à saúde, ao trabalho etc.<br />
Um desfecho singular que pode ser considerado<br />
exceção no mundo da rua, pois<br />
é muito difícil superar tal situação,<br />
principalmente numa cidade como Maringá,<br />
onde essas pessoas são completamente<br />
desconsideradas como seres<br />
humanos, a despeito de os maringaenses<br />
serem extremamente caridosos.<br />
Mas o que prevalece em nossa cidade<br />
é a negação desse problema e a<br />
invisibilização dessas pessoas. Um<br />
prefeito chegou a dizer certa vez que<br />
em Maringá não existia favela nem<br />
morador de rua.<br />
Afinal, na imagem de Maringá<br />
não tem espaço para estas pessoas,<br />
pois o que vale é a cidade ter sido planejada<br />
desde sua origem para os negócios<br />
e, com isso, elementos “indesejados”<br />
como os moradores de rua<br />
são invisibilizados.<br />
Uma pesquisa que vem sendo realizada<br />
pelo Observatório das Metrópoles<br />
da UEM (2015, 2016 e<br />
2017) constatou que já são quase<br />
300 pessoas vivendo nas ruas da cidade,<br />
dormindo nas praças, sob as marquizes<br />
das lojas, nas igrejas e, principalmente,<br />
concentradas nas imediações<br />
do Albergue e do Centro Pop.<br />
Quando perguntamos aos entrevistados:<br />
“O que você acha que as<br />
pessoas da sociedade pensam sobre<br />
as pessoas em situação de rua?”, ouvimos<br />
respostas muito negativas como:<br />
“pra eles nós é lixo”;<br />
“acham que são vagabundos”;<br />
“a maioria<br />
das pessoas ignora”;<br />
“agem com desprezo”;<br />
“não tratam<br />
como ser humano”.<br />
Mas ouvimos também<br />
impressões carregadas<br />
de solidariedade:<br />
“uns ajudam,<br />
uns escutam a<br />
gente”; “alguns são bonzinhos,<br />
outros fingem que nem vê, mas<br />
não maltratam”; “algumas ajudam,<br />
algumas têm preconceito”;<br />
“eles têm medo da gente,<br />
mas a gente é gente igual eles”;<br />
“que são excluídos da sociedade e<br />
que não têm vez”.<br />
Nessa pesquisa foi identificado<br />
que, entre os fatores que mais levam<br />
as pessoas a viverem nas ruas, o mais<br />
citado foi a dependência química; em<br />
segundo lugar os desentendimentos e<br />
rompimentos com a família<br />
e, a terceira maior causa<br />
é o desemprego.<br />
Todavia, em 2017 observamos<br />
que o uso de<br />
substâncias psicoativas<br />
caiu como causa da situação<br />
de rua e o desemprego<br />
aumentou, em relação<br />
aos anos anteriores.<br />
Os resultados apontam<br />
a urgente necessidade<br />
de que o tema esteja no planejamento<br />
da cidade e na agenda pública<br />
e, por isso, um dos objetivos deste<br />
trabalho busca dar visibilidade a esta<br />
população que possui as seguintes<br />
características: a maioria dos moradores<br />
de rua é homem (cerca de<br />
90%); a maior faixa de idade é entre<br />
35 e 40 anos; mais de 65% são<br />
de cor preta ou parda; mais de<br />
90% têm baixa escolaridade; a<br />
fonte de renda da maioria é pedir<br />
dinheiro e/ou cuidar de carros.<br />
Destacamos que as duas informações<br />
mais importantes<br />
mostram que mais de 90% dos<br />
entrevistados deseja sair da situação<br />
de rua e para isso necessitam<br />
de “Emprego”; “Moradia”<br />
e “Família”.<br />
Os resultados de nossa pesquisa,<br />
que investiga as características e as<br />
condições de vida dessa população,<br />
são divulgados para a sociedade e entregue<br />
ao poder público para subsidiar<br />
as ações em favor destas pessoas,<br />
contribuindo para reduzir a precariedade<br />
em que vivem. Esse fenômeno<br />
é crescente em todo o país e<br />
também em Maringá.<br />
Mas, na cidade que alimenta - local<br />
e nacionalmente - uma imagem<br />
sui generis, na qual não existiriam os<br />
mesmos problemas sociais de outros<br />
centros urbanos brasileiros; uma cidade<br />
que ocupa os mais positivos<br />
rankings nacionais, a condição de invisibilidade<br />
da população em situação<br />
de rua é sempre muito presente.<br />
Afinal, essas pessoas colocam em xeque<br />
e contradizem a imagem de cidade<br />
que se busca vender.<br />
No entanto, é importante frisar<br />
que o objetivo da pesquisa é muito<br />
maior do que evidenciar esse contraponto<br />
entre cidade imagem em confronto<br />
com a cidade real.<br />
O projeto é um instrumento de<br />
participação dos cidadãos na construção<br />
de uma sociedade mais igualitária<br />
e, por isso, desde a coleta de<br />
dados até a fase final de apresentação<br />
da pesquisa em Audiência Pública<br />
envolve todos os atores do poder<br />
público e da sociedade, interessados<br />
na problemática dessa população.<br />
A 4ª edição da pesquisa ocorrerá<br />
no 2º. Semestre de <strong>2018</strong> e convidamos<br />
a todos os interessados em conhecer<br />
essa questão social tão grave<br />
que se juntem a nós.■<br />
Contatos:<br />
(44) 3011-4287<br />
observatorio@uem.br<br />
observatoriodasmetropolesmaringa.com<br />
Claudio A.L., cadeirante que vivia em<br />
situação de rua. Morreu queimado em<br />
julho de 2017.
Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong> | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! | Pág. 5<br />
Imagem ilustrativa.<br />
É com muita alegria que<br />
começamos o ano de <strong>2018</strong><br />
recebendo um convite<br />
especial e irrecusável:<br />
colaborar com O Fato<br />
Mandacaru, destinado a<br />
levar informação e serviço<br />
à comunidade.<br />
Advogado e professor, nossa tarefa<br />
será a de compartilhar reflexões<br />
jurídicas, políticas e sociais<br />
com vocês leitores, e contará com a<br />
colaboração de outros profissionais<br />
da área, para melhor diversificar<br />
e qualificar os debates.<br />
Você, leitor, também poderá enviar<br />
suas dicas, dúvidas e sugestões,<br />
já que o objetivo é ser um instrumento<br />
de serviço vivo e de utilidade.<br />
Em breve também serão disponibilizados<br />
vídeos no blog do jornal<br />
com perguntas e respostas,<br />
além de temas de seu interesse e<br />
dia a dia, com transmissão ao vivo<br />
e “lives” de conversas e debates,<br />
sempre que oportuno.<br />
Por falar em oportuno, este ano<br />
elegeremos nossos representantes<br />
nas esferas Federal e Estadual, escolhendo,<br />
dentre outros, o Presidente<br />
da República e o Governador<br />
do Estado.<br />
Você sabe por que os políticos<br />
devem ser eleitos pelo povo?<br />
A era da superficialidade<br />
Não nos detemos mais a ler. Não passamos sequer das três<br />
primeiras linhas dos posts de Facebook.<br />
É a sociedade da rapidez<br />
Vivemos numa democracia, e<br />
não há democracia sem eleição, já<br />
que esta serve justamente para o povo<br />
eleger alguém dele próprio para<br />
representá-lo. Porém, muitas vezes<br />
nos esquecemos da importância de<br />
participarmos das discussões e decisões<br />
que nos afetam individual e<br />
coletivamente. Num mundo cada<br />
vez mais veloz, deixamos de enxergar<br />
o outro, e até nós mesmos.<br />
Superficializamos as relações.<br />
Não nos detemos m ais a ler. Não<br />
passamos sequer das três primeiras<br />
linhas dos posts de Facebook. É a<br />
sociedade da rapidez . Da superficialidade.<br />
E assim, não nos interessa-<br />
mos mais pelo outro.<br />
Perdemos a empatia e a capacidade<br />
de analisar, estudar, absorver,<br />
debater e filtrar. Saímos feito papagaios,<br />
repetindo ideias que se propagam<br />
e incutem verdades e valores<br />
deturpados e que servem a interesses<br />
muito além de nossa capacidade<br />
de percepção.<br />
(Anderson Alarcon)<br />
E o que isso tudo tem a ver com<br />
política, democracia, soberania, poder<br />
do povo e eleição?<br />
Tudo. A começar pelo reconhecimento<br />
de que precisamos estudar<br />
muito ainda questões relacionadas<br />
ao nosso cotidiano, nosso sistema,<br />
nossa história, para compreendermos<br />
a cidadania, a ética e a<br />
cultura de nosso país.<br />
Vamos juntos?■<br />
contato@andersonalarcon.com<br />
Anderson Alarcon
Pág. 6 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong><br />
Folia de Reis<br />
“Caminhando com Santo Reis”<br />
para não deixar a folia morrer em Maringá.<br />
(Ligiane Ciola)<br />
As 3 Epifanias, todas indicam manifestações da vida de Jesus:<br />
1ª. Epifania: Diante dos Magos do Oriente (manifestação aos pagãos);<br />
2ª. Epifania: Batismo do Senhor (manifestação aos judeus);<br />
3ª. Epifania: Bodas de Caná (manifestação aos seus discípulos).<br />
A Folia de Reis é uma festa popular de caráter religioso e de tradição cultural que compõe o Folclore Brasileiro.<br />
A tradição diz que nos 12 dias sucessivos ao nascimento de Jesus, os grupos de Santo Reis devem percorrer cidades ou<br />
bairros fazendo paradas em casas de quem se dispõe a recebê-los. São 12 dias que relembram o trajeto feito pelos 3 Reis<br />
Magos: Belchior, Gaspar e Baltazar, que do Oriente foram até Belém e no dia da Festa da Epifania encontraram Jesus.<br />
“Entrando na casa, viram o menino<br />
com Maria, sua mãe. Prostrando-se,<br />
o adoraram; e, abrindo os seus<br />
tesouros, entre garam-lhe suas<br />
ofertas: ouro, incenso e mirra...”<br />
Narra o Evangelho de Mateus (2,11)<br />
sobre o momento em que os Três Reis<br />
Magos, do Oriente, encontraram o<br />
Menino Jesus.<br />
É dessa passagem bíblica que nasce<br />
a festa trazida ao Brasil pelos colonizadores<br />
portugueses no século<br />
XVIII. Em Portugal, a manifestação tinha<br />
finalidade de divertir o povo, no<br />
Brasil, passou a ter caráter religioso.<br />
“Seu Geraldo” - O Presidente: Em<br />
Maringá a Folia de Reis só não morreu<br />
ainda, porque existem pessoas como<br />
Geraldo Gonçalves Filho, Presidente<br />
do Grupo Caminhando com Santo<br />
Reis que apoiado pela família Viana resiste<br />
à indiferença da maioria da população,<br />
que muitas vezes não sabe nem<br />
mesmo do que se trata.<br />
Geraldo tem 65 anos e há mais de<br />
50 é devoto e folião. “Para mim a Folia<br />
de Reis é religião, é um rito espiritual, é<br />
devoção por Jesus. Apesar de ser muito<br />
cansativo, eu nunca pensei em parar. A<br />
gratidão das pessoas que nos recebem<br />
é o nosso prêmio e estímulo”.<br />
Os Três Vianas<br />
Vovô Viana: “Somos um grupo<br />
que reúne cantadores e instrumentistas<br />
para celebrar Jesus”, explica Gabriel<br />
Arcanjo Viana, embaixador do<br />
Grupo Caminhando com Santo Reis.<br />
Aos 81 anos, Viana conta que há<br />
50 se tornou devoto e nunca mais abandonou<br />
a vida de folião. “Meus pais<br />
eram 'reizeiros', não eram foliões,<br />
mas recebiam a folia em casa, foi ali<br />
que nasceu minha paixão. A história<br />
que marcou minha vida com a folia de<br />
Reis foi quando formei meu primeiro<br />
grupo em São Jorge do Ivaí.<br />
Eram todos parentes menos o presidente,<br />
que mesmo assim era meu<br />
compadre. Depois formei um grupo<br />
em Rolândia e lá durou 8 anos e aí, fui<br />
cada vez mais tomando gosto pela coisa.<br />
Quando cheguei em Maringá, no<br />
ano de 1970, o Geraldo Gonçalves me<br />
chamou para formar um grupo, foi assim<br />
que nasceu o 'Unidos pela Fé', e<br />
hoje estamos com o quarto grupo, o<br />
Caminhando com Santo Reis”.<br />
Gabriel explica que as mudanças<br />
são só por questão de organização mas<br />
que a paixão é sempre a mesma. “Quando<br />
comecei o fervor era maior, o pessoal<br />
tinha prazer de receber a Folia de<br />
Reis, mais gente participava da festa e<br />
hoje, apesar de tudo as pessoas ainda<br />
nos recebem com muito carinho”.<br />
Papai, Dos Reis Viana: José dos Reis<br />
Viana traz até no nome as figuras<br />
dos Magos; ele é filho de Gabriel e<br />
também começou na folia bem cedo,<br />
tanto que nem lembra direito quando,<br />
só sabe que era antes dos 7. Aos 50<br />
anos, tem a missão de vestir-se com a<br />
máscara de bastião, figura conhecida<br />
também como palhaço entre os foliões.<br />
José dos Reis não sabe o que é desânimo,<br />
ele diz que ser folião de Santo<br />
Reis “é viver feliz o ano inteiro”.<br />
“Nós fazemos reuniões do grupo<br />
e dessas reuniões todo mundo pode<br />
participar, é só chegar e entrar, a casa<br />
tá sempre aberta”. As reuniões de organização<br />
do grupo acontecem na casa<br />
do vovô Viana e quase sempre viram<br />
ensaios do grupo, com cantos e<br />
orações. “Quem quiser participar e virar<br />
um folião pode ligar para a gente*,<br />
teremos muito prazer de receber<br />
novas pessoas, a folia precisa disso.”<br />
Viana, o Filho: “Estamos lutando<br />
para não deixar a Folia morrer”.<br />
Jonathan Lúcio Viana, tem só 26<br />
anos, é filho do José dos Reis e neto do<br />
Gabriel; há 20 agarrou-se nas pernas<br />
do avô e entrou na vida de folião. Hoje<br />
ele tem consciência que sua adesão<br />
quando menino, se transformou em<br />
uma missão de grande responsabilidade:<br />
Não deixar a Folia de Reis morrer.<br />
“Nós não temos muitos foliões, e<br />
os que cantam também são poucos, então<br />
é difícil a gente conseguir cantores,<br />
músicos, mas a gente tá sempre lutando<br />
para trazer as pessoas. Nós queríamos<br />
convidar o povo para conhecer<br />
a tradição de Santo Reis, queríamos<br />
explicar a folia pois nós temos certeza<br />
que, quem conhece vê sua própria<br />
vida melhorar na fé”.<br />
A folia de Reis foi tão forte na vida<br />
do Jonathan que o conduziu ao despertar<br />
de um dom, o da música. A coisa foi<br />
tão séria que ele acabou ingressando na<br />
Faculdade de Música da UEM e se tudo<br />
correr bem, daqui um ano ele será premiado<br />
com a formatura.■<br />
Contato:<br />
Grupo Caminhando Com Santo Reis<br />
(44) 3265-81 54
Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong> | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />
“Deixe de ser um copo, torne-se um lago.”<br />
(Nilson Pereira)<br />
Toda pessoa tem no coração: o Amor de Deus, a Sabedoria de Deus e o Poder de Deus.<br />
Essa informação básica o Mestre repetia para o discípulo no início de todas as aulas. Então,<br />
dava mais um exercício para o desenvolvimento da consciência. E enfatizava: o ensinamento<br />
é: olhe para dentro de você. Aprenda a olhar fora e olhar dentro. Os dois mundos: o externo<br />
e o interno. Sempre assim; com muita paciência e esperança.<br />
Um velho Mestre um dia se cansou das reclamações de seu aprendiz. Uma manhã, o<br />
Mestre pediu a discípulo buscar um pouco de sal. Quando o aprendiz voltou, o Mestre lhe disse<br />
para misturar um punhado de sal em um copo de água e depois beber.<br />
“Como é o gosto?” - perguntou o mestre. “Amargo!” - disse o aprendiz.<br />
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que agora pegasse o mesmo punhado de sal e colocasse<br />
no lago. Os dois caminharam em silêncio até as proximidades do lago, e uma vez que o<br />
aprendiz jogou o sal na água, o velho disse: “Agora beba a água do lago.”<br />
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o mestre perguntou: “Como é o gosto?”<br />
“Fresca!” - comentou o aprendiz. “Você sente o gosto do sal?” - perguntou o mestre. “Não”<br />
- disse o jovem.<br />
Neste momento, o mestre sentou-se ao lado do jovem sério, e explicou em voz baixa: “A<br />
dor da vida é sal puro, nem mais, nem menos. A quantidade de dor na vida permanece exatamente<br />
o mesmo. No entanto, a quantidade de amargura que você vai provar depende do recipiente<br />
que colocar a dor dentro. Então, quando você está com dor, a única coisa que você pode<br />
fazer é ampliar o sentido das coisas. Deixe de ser um copo. Torne-se um lago.”<br />
Assim é. Quando observamos o mundo através das armadilhas do ego/personalidade, temos<br />
a visão da ilusão, dos limites e da negatividade. Com a consciência desperta, olhando para<br />
dentro de nós mesmos, aprendendo e nos corrigindo, o Mestre Interior nos ajudará a ver o<br />
caminho, a verdade, aquilo que é real. O mestre nos ensina a ver a vida com mais clareza,<br />
com discernimento e justiça. E a ter vida... Vida em abundância!■<br />
Ensinamentos da Grande Fraternidade Branca - Contato: (44) 3028 6139<br />
Quando pensamos em criar<br />
um Jornal Comunitário para zona<br />
norte não sabíamos se seriamos surpreendidos<br />
por tantas histórias que<br />
nascem a cada momento, a cada<br />
conversa com as pessoas nos vários<br />
bairros que compõem a região.<br />
É bom conhecer de verdade essas<br />
pessoas e poder contar suas histórias.<br />
Pedimos permissão para viajarmos<br />
juntos com vocês nessas<br />
histórias e precisamos de colaboração.<br />
O Fato Mandacaru quer conhecer<br />
você leitor, a associação do<br />
seu bairro, as escolas de samba, os<br />
grupos musicais, cantores, grupos<br />
de leitura, de teatro, de trabalho, os<br />
festivais, enfim tudo o que lhes diz<br />
respeito. Precisamos que você seja<br />
nosso parceiro.<br />
Amigo leitor inclua nosso<br />
WhatsApp (44) 99713-0030 nos<br />
seus contatos e mande sua história<br />
ou pauta.<br />
O Fato Mandacaru é um jornal<br />
simples que quer dá voz à comunidade,<br />
aqui você pode falar<br />
dos problemas do seu bairro.<br />
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! | Pág. 7<br />
Coluna<br />
Ligiane Ciola<br />
Realizar a primeira edição foi<br />
uma aventura, ninguém nos negou<br />
apoio. A ideia de um jornal comunitário<br />
aqui na zona norte foi bem aceita<br />
por empresários e moradores.<br />
Agradecemos de coração a todos<br />
que nos apoiaram.<br />
Ele chegou bem atraente para<br />
você, pois estamos procurando dar<br />
voz à comunidade e no primeiro número,<br />
o jornal foi veículo para denunciar<br />
um problema grave que<br />
diz respeito não só essa região,<br />
mas a cidade toda, além de outros<br />
28 municípios que precisam de<br />
atendimento através do HU.<br />
Você pode enriquecer seu conhecimento<br />
a todo o momento ajudando<br />
a contar a história de seu bairro<br />
e ajudando a indicar soluções<br />
para os problemas. É assim que<br />
queremos continuar, nos surpreendendo<br />
com vocês que se contam<br />
por aqui.<br />
O Fato Mandacaru chegou e<br />
quer ficar e você cidadão é nosso<br />
parceiro principal.<br />
Obrigada, namastê!■<br />
Foto-Notícia<br />
Comunidade da Capela<br />
Sta. Rita de Cássia faz surpresa ao<br />
Padre Israel Zago para festejar os<br />
30 anos de sua ordenação.■<br />
Foto-Notícia<br />
Padre Hugo d'Ans esteve em Maringá/PR a passeio e se<br />
ofereceu para celebrar a missa no dia 13/01 na Igreja da<br />
Vila Santa Izabel. Belga, mas vive desde 1976 no Brasil.<br />
Atualmente ele leciona na Fac. de Teologia de Marília/SP<br />
e atua como vigário na paróquia de S. Benedito - Lins/SP.■
Pág. 8 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>002</strong> | Maringá, fevereiro de <strong>2018</strong>