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15 DE MAIO DE 2017 Nº 2 CIVITAS SOLIS PUBLICAÇÕES<br />
"O herói, por conseguinte,<br />
é o homem ou mulher que<br />
conseguiu vencer suas<br />
limitações históricas<br />
pessoais e locais e<br />
alcançou formas<br />
normalmente váli<strong>da</strong>s,<br />
humanas. As visões, idéias<br />
e inspirações dessas<br />
pessoas vêm diretamente<br />
<strong>da</strong>s fontes primárias <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> e do pensamento<br />
humanos. (...) O herói<br />
morreu como homem<br />
moderno; mas, como<br />
homem eterno<br />
aperfeiçoado, não<br />
específico e universal,<br />
renasceu”.<br />
(CAMPBEL, 1995)<br />
sagrado, quando tentamos evocar o arquétipo <strong>da</strong> trajetória interior<br />
que ca<strong>da</strong> ser humano deve percorrer para encontrar e reintegrarse<br />
a si mesmo, nossas referências ain<strong>da</strong> estão completamente<br />
centra<strong>da</strong>s nas mensagens que chegaram aos portos de nosso<br />
grande continente sul-americano vindo de terras e tempos muito<br />
distantes. O sagrado, na psique do brasileiro, principalmente do<br />
brasileiro urbano, ain<strong>da</strong> vem de longe, ain<strong>da</strong> vem do “além-mar”,<br />
como se o Brasil ain<strong>da</strong> fosse uma jovem colônia. O mapa para o<br />
mundo interior também parece ain<strong>da</strong> ser um dos tantos padrões<br />
que importamos, como modelos de ideias que se encontram na<br />
remota origem <strong>da</strong>queles que nos emprestaram tais origens. <br />
<br />
Nosso esforço com estes artigos sobre a sabedoria do povo<br />
Guarani é justamente fortalecer esse reconhecimento gradual de<br />
nossas origens, seguramente presente e pujante no meio<br />
acadêmico, mas ain<strong>da</strong> incipiente para o público em geral. É um<br />
processo, um caminho, que permitirá não apenas perceber-nos<br />
melhor, respeitar-nos melhor, valorizar-nos melhor como povo,<br />
como nação, mas, também, descobrir ou redescobrir uma riqueza<br />
e uma profundi<strong>da</strong>de insuspeitas. Reconhecemos e reverenciamos<br />
essa riqueza e essa profundi<strong>da</strong>de em tantos povos e tradições,<br />
que aqui aportaram há séculos. Reconhecemos também em<br />
outros povos com os quais entramos em contato na<br />
instantanei<strong>da</strong>de <strong>da</strong> era <strong>da</strong> informação em que vivemos. No<br />
entanto, ain<strong>da</strong> não reconhecemos, ou sequer conhecemos, a mesma dimensão nos povos<br />
autóctones de nosso país-continente. <br />
<br />
Por isso, este é o objetivo central <strong>da</strong> revista eletrônica “<strong>Ecos</strong> <strong>da</strong> Alma Brasileira” e, em particular,<br />
deste número, dedicado ao arquétipo <strong>da</strong> criação humana, cujo título é “A Palavra Criadora”. Ao<br />
justapor textos de diferentes tradições, mais próximas ou mais distantes do leitor, tanto do<br />
Cristianismo, do Hermetismo, quanto do “Ayvu Rapyta”, texto sagrado dos Guaranis, pretendemos<br />
demonstrar a identificação quase imediata desses elementos profundos, desses arquétipos do<br />
pensamento sagrado, que falam <strong>da</strong> busca do sagrado em ca<strong>da</strong> um. Estamos agradecidos pela<br />
oportuni<strong>da</strong>de de poder realizar tal trabalho, seguramente um primeiro esboço de algo que temos a<br />
esperança que conflua no cau<strong>da</strong>l do esforço de muitos outros pesquisadores. Em sintonia com eles,<br />
tentamos demonstrar esta ideia simples, porém poderosa: quando reconhecemos nossos pontos em<br />
comum, tornamo-nos, como povo e como indivíduos, mas, acima de tudo, como grande povo<br />
humano, mais fortes, por já não mais nos dividirmos. Esperamos assim, que de alguma forma,<br />
possamos servir de catalisador às suas tão cruciais e essenciais reflexões, caro leitor.<br />
CIVITASSOLIS.ORG.BR 3