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Revista Fevereiro Corel final

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28<br />

A Cachaça em Mariana<br />

Depois dos séculos XVI e XVII, em que houve<br />

significativa multiplicação dos alambiques nos<br />

engenhos de São Paulo e Pernambuco, a<br />

cachaça se espalhou pelo Rio de Janeiro e<br />

Minas Gerais devido à descoberta do ouro e<br />

pedras preciosas. Durante o século XVIII a<br />

economia do açúcar entra em decadência e<br />

passa então a ser substituída pela extração de<br />

ouro em Minas Gerais. No início da migração<br />

para Minas, as cachaças brancas (puras) eram<br />

colocadas em barris de madeira para serem<br />

transportadas até Minas Gerais. No tempo da<br />

viagem, a cachaça, pelo contato com a madeira,<br />

acabava amarelando e tomando aromas e<br />

sabores próprios. Há quem diga que daí que<br />

surgiu o hábito de envelhecer e armazenar<br />

cachaças em barris de madeira. Hoje, podemos<br />

observar que em cidades litorâneas,<br />

como Paraty, há um predomínio de produção<br />

de cachaças brancas, enquanto que em Minas<br />

Gerais, os produtores optam sempre por<br />

armazenar suas cachaças em barris para que<br />

elas adquiram características sensoriais,<br />

como cor e sabor, provenientes da madeira.<br />

Nas regiões de extração estavam também os<br />

pequenos alambiques que abasteciam a<br />

florescente população urbana que tentava<br />

enriquecer com a mineração, apesar dos<br />

impostos cobrados pela metrópole portuguesa.<br />

A tese de doutorado da professora Quelen<br />

Ingrid Lopes: O mercado de bens rurais,<br />

extrativos e urbanos do termo de Mariana:<br />

interações sociais, econômicas e espaços de<br />

produção (1711-1779), demonstra que os<br />

engenhos produtores de aguardente estiveram<br />

presentes pelo termo de Mariana desde os<br />

principais núcleos de mineração até as áreas<br />

onde a expansão da fronteira foi mais sentida<br />

ao <strong>final</strong> da primeira metade do século XVIII.<br />

Não se pode dizer que houve especialização<br />

em áreas específicas do termo, porém,<br />

algumas freguesias atestaram um maior<br />

movimento do mercado desse tipo de propriedade.<br />

Em Sumidouro as negociações de<br />

engenhos perfizeram 20,5% do total de<br />

compras e vendas nesta freguesia, em<br />

Furquim 24,5%, São Caetano 30,7%,<br />

Camargos 21,6% e em São José da Barra<br />

Longa o maior percentual: 37,5% das propriedades<br />

situadas nessa freguesia eram formadas<br />

por engenhos.<br />

A explicação para o fato, e que a aguardente<br />

encontrava rápida absorção no mercado local,<br />

o que incentivava o proprietário a dedicar mais<br />

espaços agricultáveis ao cultivo da cana, sem<br />

com isso deixar de lado a produção de gêneros<br />

agrícolas de subsistência como o milho e a<br />

mandioca, cultivos comuns na região. A diversificação<br />

do sistema produtivo e o grande<br />

apelo comercial da aguardente, sem desconsiderar<br />

o potencial mercantil que também havia<br />

na produção de alimentos, ocasionavam a<br />

necessidade da ampliação do espaço de<br />

cultivo por parte dos proprietários de engenhos.<br />

Assim, mais parcelas de capoeiras e<br />

matos virgens se tornavam ainda mais importantes<br />

nos engenhos que em qualquer outro<br />

tipo de propriedade.<br />

Divulção Dia da Cachaça

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