convivência, tanto lá em casa no 90, como na casa deles, no Grajaú. Só que o tempo foi passando e ninguém aparecia para trazer uma empada ou cachorro quente que acho que nem tinha. Naquela época festa de criança ainda não tinha cachorro quente e nem pipoca. Estavam preocupados em atender ao Padre. Esqueceram de nós. Fomos ficando meio irritados. Tinha chegado mais pessoas. Eis que eu e o Mariano percebemos que tinha em cima de uma cômoda no quarto um prato cheio daquelas balas de coco, embrulhadas com papel, que tem uma franja desfiada, sabe qual? Muito comum em festas. E as franjas do papel saiam penduradas, ornamentando o prato. O que fazer para distrair? Tirar uma bala e chupar. Diz o João Alberto, também quero. E todos quiseram. Esperem aí, disse eu. Assim vai esvaziar o prato. Vamos fazer o seguinte: Procurem pedrinhas pequenas no Jardim e vamos a cada bala que chupar substituir por uma pedra. O Mariano aprovou. Uma prima ficou na porta do quarto para o corredor, vigiando se vinha alguém. Outro pegava a bala. E outro embrulhava a pedra que as outras primas achavam na terra do jardim. E assim chupamos todas as balas e deixamos o prato cheio e enfeitado como estava, só que cheio de pedras. Pouco tempo disso, nos chamaram para cantar os parabéns (já tinham chamado o Jeremias e o Geraldo), comer bolo e os doces que estavam na mesa. Juntamo-nos ao grupo dos adultos, alguns homens vieram da outra área, engrossar o coro, apagaram-se as luzes, o Jayme meio acordado meio que dormindo, conseguiu apagar a vela. Estava no colo da Mãe ao lado do Pai. Enquanto, ficou escuro o Mariano tirou uns doces e colocou no bolso da minha calça, eu peguei uns coloquei na frente do João Alberto, quando acenderam as luzes os pratos de doces estavam meio bagunçados, e comemos doces e bolo após a primeira fatia, que acho foi dada ao Padre. Não afirmo, tamanho era o burburinho, com um monte de gente com sotaque português. Nisso, o padre que já tinha sido paparicado de tudo e sei lá mais o que, e comido alguns doces, ouve a Sra. Mercedes, a avó do meu primo dizer, naquele sotaque da Algalva, uma Freguesia que fica lá na Ilha Terceira. Aceita uma balinha? E o Padre. Oh, sim! Olhei para o meu primo Mariano, ficamos parados e dissemos um ao outro. É agora....... Quando o Padre viu a pedra deve ter pensado, será milagre? Conseguiram fazer a bala virar pedra? A Sra. Mercedes quase caiu sentada. A filha dela solteira, pegou outra bala abriu, outra pedra, ficaram pálidas. Chamaram a tia Estela esposa do Tio Izaias e as três começaram a gritar: Izaiaaas! Izaiaaas! Izaiaaas!, naquele sotaque português fino e cantado. O Padre estava meio assustado, e acho que rezou umas dez Ave-Maria. Meu tio veio da área lateral onde estava com os outros amigos e parentes, soube do acontecido, chamou-me e também ao José Mariano, lá na área e falou: por que vocês fizeram isso? Eu respondi: Esqueceram de nós lá atrás! Meu padrinho, deu-nos aquela chamada geral, e disse nem sei o que fazer com vocês. Pedimos desculpas e entramos. Alguns minutos depois fomos embora. A Festa estava acabando. Já tinham cantado os parabéns! Mas o Padre ainda ficou lá. Minha mãe ao chegar em casa perguntou, por que fizeram isso? Respondi que estava quieto ao lado dela e meus primos também, mas fomos intimados a sair da sala. E esqueceram de Nós. Ela não disse uma palavra.
Colaboração: Antônio Carlos Jeremias revivendo viagens de navio que fez com o pai dele para a Ilha Terceira, desta vez em companhia da filha, do genro e da neta. Jeremias e Anna não poderiam deixar de registrar uma ‘selfie’ com o farol ao fundo! A elegante família preparada para a festa à bordo! O Garboso Comandante Jeremias! Os “Imediatos” Anna Luiza e Haroldo, completando a “tripulação” e garantindo o sucesso desta Peripécia!