Peripecias 10
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esta parcela automaticamente passaria a<br />
ser despesa) e então chegaríamos a um<br />
outro valor que seria assim distribuído:<br />
50% para o Nilson (que entrara com o<br />
maquinário), 25% para o executor e 25%<br />
para o professor, Sr. Atílio.<br />
Por uma coincidência, ou destino, um<br />
professor de Física, Leon Lifchit, do<br />
Colégio Felisberto de Menezes, sabendo<br />
que eu lidava com tipografia, me chamou<br />
para ir trabalhar na gráfica que tinha<br />
comprado; a fim de fazer um trabalho<br />
diferente, o de corrigir um<br />
“empastelamento” feito por um operário<br />
ao saber que havia sido demitido. Até<br />
comecei a empreitada, mas acabei<br />
desistindo, pois seria tarefa árdua e<br />
demandaria muito tempo.<br />
Próximo ao final do ano de 1952, no<br />
segundo ano do curso científico, o<br />
professor de português, chamado José<br />
Aguirre, convidou a turma – convite mais<br />
voltado aos rapazes - para fazer uma visita<br />
ao SENAI (Serviço Nacional de<br />
Aprendizagem Industrial), na Rua Costa<br />
Lobo, em Benfica, que abrigava a parte<br />
mecânica e o parque gráfico. Após a visita,<br />
recebemos o convite para inscrição no<br />
curso de retocador e dentre os doze alunos<br />
visitantes fui o único a aceitar esta chance,<br />
iniciando as aulas em janeiro de 1953, em<br />
tempo integral.<br />
Nesta época a minha rotina ficou bastante<br />
assoberbada, porque em função deste<br />
curso em horário integral, a solução foi<br />
cursar a noite o terceiro ano científico.<br />
No final de 1954, o curso chegou ao fim.<br />
Fiquei muito feliz em poder comparecer à<br />
solenidade de entrega do diploma,<br />
acompanhado de minha mãe, que muito<br />
me apoiou. A esta altura da vida, eu já<br />
havia ressarcido ao Nilson o dinheiro que<br />
ele tinha aplicado de forma indireta no<br />
equipamento inicial. Também já havia<br />
pago à minha mãe o dinheiro que ela havia<br />
me emprestado para eu dar de entrada na<br />
compra de uma máquina elétrica e ia<br />
levando a tipografia com aquisições de<br />
uma guilhotina maior e máquina de<br />
picotar. Apenas não pude indenizar o<br />
Nilson pela ocupação da garagem, que ele<br />
mandou fazer para guardar o primeiro<br />
carro, Austin A40; assim, o segundo<br />
(Austin A16), não teve este mesmo<br />
conforto para seu estacionamento.<br />
A gráfica ia bem, eu tinha até um ajudante,<br />
o Floriano, que ficava encarregado da<br />
parte de impressão. Assim, eu também<br />
tinha mais tempo livre para ir ao centro da<br />
cidade comprar papel em fornecedores<br />
que eram retalhistas, levar facas para afiar,<br />
entregar encomendas, visitar fregueses.<br />
Depois me associei a dois amigos que<br />
também tinham gráfica, Wanderlin e<br />
Eduardo, os quais deram bom impulso ao<br />
negócio, porque tinham bons<br />
relacionamentos com a UBC (União<br />
Brasileira de Compositores), com a<br />
SBACEN e outras instituições. Fiz um<br />
acordo de utilização da gráfica, tendo eles<br />
assumido o meu funcionário, Floriano.<br />
Nesta época eu já me via as voltas com o<br />
serviço militar, pois fui classificado no<br />
C.P.O.R para Arma e Infantaria, cursando<br />
no oitavo pelotão. Fui diplomado em 1956<br />
na turma Santos Dumont, na patente de<br />
Aspirante a Oficial da reserva.<br />
A convivência com diversos colegas de<br />
famílias e profissões diversas propiciaram<br />
a oportunidade de bons trabalhos gráficos.