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Peripecias 10

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Clube. Os atletas vinham ao bar<br />

comemorar suas partidas ganhas ou<br />

meditar sobre suas derrotas. Mas o Nilson,<br />

apesar de ser um rapaz com 24 anos de<br />

idade, impunha respeito. Os pais desses<br />

rapazes, grande parte moradores do<br />

Grajaú, ficavam tranquilos porque o<br />

Nilson não vendia aos menores e ponto.<br />

Assunto encerrado.<br />

Por outro lado, na esquina oposta ficava o<br />

Colégio Companhia de Maria, dirigido por<br />

freiras, que não se acanhavam de ir ao bar<br />

comprar o que necessitavam, pois era um<br />

ambiente de respeito. Aliás, o bar também<br />

fazia as vezes de papelaria, vendendo<br />

papel de carta, papel almaço, lápis,<br />

borracha, bloco de rascunho e alguns<br />

outros materiais afins. O marketing era<br />

aproveitar o colégio em frente como<br />

cliente. A venda fiada também era natural.<br />

E a entrega de mercadorias em casa se<br />

fazia com frequência. Até entrega de<br />

maços de cigarro. Por tudo isso era um<br />

comerciante querido pelos clientes,<br />

moradores e vizinhos comerciantes.<br />

A farmácia ERGO, o açougue Santa<br />

Terezinha e a quitanda do Rufino, além da<br />

padaria “A Caprichosa” na Av. Júlio<br />

Furtado, a papelaria/barbearia do Hildo, a<br />

farmácia Santos, a Despensa Nacional<br />

(armazém) e a Igreja de Nossa Senhora do<br />

Perpétuo Socorro cujo Vigário era o Padre<br />

Alberto, todos estes faziam um círculo de<br />

amizade quase familiar.<br />

Em certa ocasião, o Nilson concedeu o uso<br />

da linha de telefone 38-6939 para o<br />

Renato, rapaz que fazia serviços de<br />

bombeiro encanador, eletricista e gasista;<br />

era um amigo dele, bom profissional, que<br />

tinha um ajudante chamado Jorge e ambos<br />

guardavam seus pertences e ferramentas<br />

na despensa que ficava na área do bar. O<br />

Renato era participante da escola de samba<br />

da Boca do Mato, situada no final da Rua<br />

Boca do Mato. Depois de um tempo o<br />

Renato ficou também fazendo serviço de<br />

cozinha, porque o Nilson resolveu servir<br />

pratos feitos, já que nesta época havia<br />

muitos operários de construção civil por<br />

ali, pois o Grajaú vivia um “boom” de<br />

construções e reformas residenciais;<br />

então, o Jorge, que era seu ajudante,<br />

assumiu as funções de bombeiro<br />

encanador. Cabe lembrar que o Nilson não<br />

ganhava nada com tudo isso, estava<br />

apenas ajudando aos dois.<br />

Na verdade, sempre achei que o Nilson<br />

gostaria de ter uma papelaria. Em uma<br />

ocasião, chegamos a procurar o Sr. Santos,<br />

na papelaria Santos, que ficava em frente<br />

ao Colégio Militar, e o Nilson ficou<br />

entusiasmado em comprá-la, mas não<br />

houve interesse por parte do dono em<br />

vendê-la, pois era dali que obtinha sua<br />

subsistência, principalmente com a venda<br />

de livros FTD, muito adotados pelos<br />

colégios da região, à época.<br />

Dando um salto no tempo relembro que<br />

em 1960 o Nilson desejou se aventurar em<br />

outro âmbito comercial, de venda de

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