BRASIL COMBATE MAGAZINE | EDIÇÃO #2 | MAR 2018
Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição trazemos um tema polêmico - Farra da graduação atinge espírito da arte suave. Sem dúvida, de alguma forma, a conta vai chegar para os CHARLATÃES, que pensam em burlar as regras dessa cultura viva, porém em transformação. Nada, nada poderá esconder a vergonha que, em dia e hora estabelecidos, desfilará a humilhação alheia em tatame aberto. Nesse dia serão eviscerados o suor jamais derramado, a técnica nunca apreendida, a ausência do equilíbrio só vivenciado no tatame, sem malandragem. Quem chorou ali um dia, esteja certo, sabe. Boa leitura e boa reflexão. Oss.
Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição trazemos um tema polêmico - Farra da graduação atinge espírito da arte suave.
Sem dúvida, de alguma forma, a conta vai chegar para os CHARLATÃES, que pensam em burlar as regras dessa cultura viva, porém em transformação.
Nada, nada poderá esconder a vergonha que, em dia e hora estabelecidos, desfilará a humilhação alheia em tatame aberto.
Nesse dia serão eviscerados o suor jamais derramado, a técnica nunca apreendida, a ausência do equilíbrio só vivenciado no tatame, sem malandragem. Quem chorou ali um dia, esteja certo, sabe.
Boa leitura e boa reflexão. Oss.
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ginásio Madureira — e quando somos<br />
jovens fazemos muitas “besteiras”<br />
(risos). Ao chegar lá, cismei que queria<br />
lutar naquele evento também, então,<br />
procurei o organizador e pedi para<br />
lutar. Ele riu e disse que eu deveria<br />
ter me inscrito antes. Diante da minha<br />
insistência, ele questionou se eu já<br />
tinha experiência com lutas e eu<br />
confirmei. Por sorte, um dos inscritos<br />
faltou e ele me chamou. Entrei de<br />
improviso, consegui dar muitas quedas<br />
no adversário, mas não consegui<br />
finalizar. Os organizadores gostaram<br />
tanto que me chamaram para lutar<br />
na semana seguinte novamente, mas,<br />
como não havia remuneração, não<br />
prossegui.<br />
BC: Quanto tempo o senhor morou<br />
no Rio de Janeiro?<br />
OS: Eu morei no Rio de Janeiro por<br />
25 anos e me mudei em 1976. O<br />
Paquetá, que era diretor de esportes<br />
da Funabem, me contratou para<br />
auxiliá-lo na instituição com menores<br />
carentes (mas sem delitos) depois que<br />
saí da Aeronáutica. Fui transferido<br />
para São Paulo, na antiga Febem e<br />
depois para Febem de Mogi Morim<br />
em 20 de julho de 1976, atuando<br />
com menores infratores.<br />
BC: Como estava o nível do jiu jitsu<br />
paulista quando o senhor chegou?<br />
OS: Assim que cheguei a Mogi Mirim,<br />
montei uma turma e, poucos<br />
meses depois, participamos de um<br />
campeonato em São Paulo, organizado<br />
pelo Octavio de Almeida<br />
(sênior). Esse campeonato foi muito<br />
conturbado, pois o Pedro Hemetério<br />
já tinha academia em São Paulo há<br />
muitos anos, mas se especializara<br />
em aulas de defesa pessoal e tinha<br />
pouquíssimos competidores de jiu<br />
jitsu esportivo. Como ele queria<br />
participar, acabou pedindo para<br />
o Carlson Gracie mandar alguns<br />
atletas e ele acabou mandando 42<br />
atletas (risos). O Otávio de Almeida<br />
contestou, alegando que se tratava<br />
de campeonato paulista e não queria<br />
deixar essa turma toda lutar. Eu mesmo<br />
acabei caindo com um atleta que<br />
eu conhecia bem lá do Carlson e ele<br />
nem quis lutar, alegando que éramos<br />
da mesma academia. Finalmente,<br />
arrumaram um faixa preta do Otavio<br />
de Almeida de 100kg, chamado João<br />
Marcos Flaquer, para lutar comigo,<br />
que pesava 61kg. A luta não teria<br />
contagem de pontos e só terminaria<br />
com finalização. Apesar da diferença<br />
de peso, a luta acabou empatada.<br />
Entre os atletas que disputaram<br />
por São Paulo, somente eu empatei<br />
e o Lírio Carlos de Campos (aluno<br />
do Romeu Bertho) ganhou. Todas as<br />
outras foram vencidas por cariocas.<br />
Acredito que o jiu jitsu paulista só<br />
começou a e equiparar-se ao carioca<br />
a partir do 1º UFC, que popularizou o<br />
jiu jitsu e atraiu muitos professores<br />
do Rio de Janeiro para trabalhar em<br />
São Paulo.<br />
BC: Quais lutadores o senhor poderia<br />
destacar?<br />
OS: Gosto demais do Rickson Gracie.<br />
Muitos alegam que ele não sabe dar<br />
um soco ou um chute, mas eu digo<br />
que, em compensação, ele aplica o<br />
jiu jitsu de uma forma muito eficaz.<br />
O mesmo pode-se dizer do Royce<br />
Gracie que, mesmo sem saber nada<br />
de socos ou chutes, conseguiu ganhar<br />
de adversários muito maiores que ele.<br />
BC: Como está sua equipe hoje?<br />
OS: Tenho diversos faixas pretas<br />
espalhados pela região. São eles:<br />
Marcelo Ferreira (Campinas), Paulo<br />
Streckert (Indaiatuba), Newton Cadan<br />
(Mogi Mirim), meu filho Henrique (Dublin<br />
-Irlanda), Evandro Fogali “Japão”<br />
(Araras), Claudio Bueno (Campinas),<br />
Simone Pessoa (Rio Claro), Marcelo<br />
Rodrigues (São Paulo) e o Dr. Marcos<br />
Teixeira.<br />
BC: Em relação ao aspecto da defesa<br />
pessoal, os mestres mais antigos<br />
criticam muito os professores atuais<br />
deixarem essa parte para segundo<br />
plano. O senhor concorda?<br />
OS: Com certeza. Eu tive o prazer de<br />
aprender essa parte com o Paquetá e<br />
depois mais técnicas com o Carlson.<br />
Os professores atuais, não só de jiu<br />
jitsu como de outras artes marciais,<br />
acham que somente a técnica esportiva<br />
já garante a defesa do indivíduo,<br />
mas não é verdade. Essa parte era<br />
ensinada logo no início na academia<br />
Gracie e depois é que o aluno aprendia<br />
a parte esportiva. Sempre ensinei<br />
essa parte nas minhas aulas e até<br />
hoje peço para meu filho Henrique<br />
dar pelo menos uma técnica de defesa<br />
pessoal toda aula. Dessa forma,<br />
após algum tempo o aluno já está<br />
preparado para diversas situações. BC<br />
Carlson Gracie, Henrique Saraiva (atualmente na Irlanda) e seu pai Orlando Saraiva<br />
Fotos: Arquivo Pessoal<br />
24 • Brasil Combate Magazine • www.brasilcombate.com.br Março de <strong>2018</strong>