19.03.2018 Views

BRASIL COMBATE MAGAZINE | EDIÇÃO #2 | MAR 2018

Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição trazemos um tema polêmico - Farra da graduação atinge espírito da arte suave. Sem dúvida, de alguma forma, a conta vai chegar para os CHARLATÃES, que pensam em burlar as regras dessa cultura viva, porém em transformação. Nada, nada poderá esconder a vergonha que, em dia e hora estabelecidos, desfilará a humilhação alheia em tatame aberto. Nesse dia serão eviscerados o suor jamais derramado, a técnica nunca apreendida, a ausência do equilíbrio só vivenciado no tatame, sem malandragem. Quem chorou ali um dia, esteja certo, sabe. Boa leitura e boa reflexão. Oss.

Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição trazemos um tema polêmico - Farra da graduação atinge espírito da arte suave.

Sem dúvida, de alguma forma, a conta vai chegar para os CHARLATÃES, que pensam em burlar as regras dessa cultura viva, porém em transformação.

Nada, nada poderá esconder a vergonha que, em dia e hora estabelecidos, desfilará a humilhação alheia em tatame aberto.

Nesse dia serão eviscerados o suor jamais derramado, a técnica nunca apreendida, a ausência do equilíbrio só vivenciado no tatame, sem malandragem. Quem chorou ali um dia, esteja certo, sabe.

Boa leitura e boa reflexão. Oss.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ginásio Madureira — e quando somos<br />

jovens fazemos muitas “besteiras”<br />

(risos). Ao chegar lá, cismei que queria<br />

lutar naquele evento também, então,<br />

procurei o organizador e pedi para<br />

lutar. Ele riu e disse que eu deveria<br />

ter me inscrito antes. Diante da minha<br />

insistência, ele questionou se eu já<br />

tinha experiência com lutas e eu<br />

confirmei. Por sorte, um dos inscritos<br />

faltou e ele me chamou. Entrei de<br />

improviso, consegui dar muitas quedas<br />

no adversário, mas não consegui<br />

finalizar. Os organizadores gostaram<br />

tanto que me chamaram para lutar<br />

na semana seguinte novamente, mas,<br />

como não havia remuneração, não<br />

prossegui.<br />

BC: Quanto tempo o senhor morou<br />

no Rio de Janeiro?<br />

OS: Eu morei no Rio de Janeiro por<br />

25 anos e me mudei em 1976. O<br />

Paquetá, que era diretor de esportes<br />

da Funabem, me contratou para<br />

auxiliá-lo na instituição com menores<br />

carentes (mas sem delitos) depois que<br />

saí da Aeronáutica. Fui transferido<br />

para São Paulo, na antiga Febem e<br />

depois para Febem de Mogi Morim<br />

em 20 de julho de 1976, atuando<br />

com menores infratores.<br />

BC: Como estava o nível do jiu jitsu<br />

paulista quando o senhor chegou?<br />

OS: Assim que cheguei a Mogi Mirim,<br />

montei uma turma e, poucos<br />

meses depois, participamos de um<br />

campeonato em São Paulo, organizado<br />

pelo Octavio de Almeida<br />

(sênior). Esse campeonato foi muito<br />

conturbado, pois o Pedro Hemetério<br />

já tinha academia em São Paulo há<br />

muitos anos, mas se especializara<br />

em aulas de defesa pessoal e tinha<br />

pouquíssimos competidores de jiu<br />

jitsu esportivo. Como ele queria<br />

participar, acabou pedindo para<br />

o Carlson Gracie mandar alguns<br />

atletas e ele acabou mandando 42<br />

atletas (risos). O Otávio de Almeida<br />

contestou, alegando que se tratava<br />

de campeonato paulista e não queria<br />

deixar essa turma toda lutar. Eu mesmo<br />

acabei caindo com um atleta que<br />

eu conhecia bem lá do Carlson e ele<br />

nem quis lutar, alegando que éramos<br />

da mesma academia. Finalmente,<br />

arrumaram um faixa preta do Otavio<br />

de Almeida de 100kg, chamado João<br />

Marcos Flaquer, para lutar comigo,<br />

que pesava 61kg. A luta não teria<br />

contagem de pontos e só terminaria<br />

com finalização. Apesar da diferença<br />

de peso, a luta acabou empatada.<br />

Entre os atletas que disputaram<br />

por São Paulo, somente eu empatei<br />

e o Lírio Carlos de Campos (aluno<br />

do Romeu Bertho) ganhou. Todas as<br />

outras foram vencidas por cariocas.<br />

Acredito que o jiu jitsu paulista só<br />

começou a e equiparar-se ao carioca<br />

a partir do 1º UFC, que popularizou o<br />

jiu jitsu e atraiu muitos professores<br />

do Rio de Janeiro para trabalhar em<br />

São Paulo.<br />

BC: Quais lutadores o senhor poderia<br />

destacar?<br />

OS: Gosto demais do Rickson Gracie.<br />

Muitos alegam que ele não sabe dar<br />

um soco ou um chute, mas eu digo<br />

que, em compensação, ele aplica o<br />

jiu jitsu de uma forma muito eficaz.<br />

O mesmo pode-se dizer do Royce<br />

Gracie que, mesmo sem saber nada<br />

de socos ou chutes, conseguiu ganhar<br />

de adversários muito maiores que ele.<br />

BC: Como está sua equipe hoje?<br />

OS: Tenho diversos faixas pretas<br />

espalhados pela região. São eles:<br />

Marcelo Ferreira (Campinas), Paulo<br />

Streckert (Indaiatuba), Newton Cadan<br />

(Mogi Mirim), meu filho Henrique (Dublin<br />

-Irlanda), Evandro Fogali “Japão”<br />

(Araras), Claudio Bueno (Campinas),<br />

Simone Pessoa (Rio Claro), Marcelo<br />

Rodrigues (São Paulo) e o Dr. Marcos<br />

Teixeira.<br />

BC: Em relação ao aspecto da defesa<br />

pessoal, os mestres mais antigos<br />

criticam muito os professores atuais<br />

deixarem essa parte para segundo<br />

plano. O senhor concorda?<br />

OS: Com certeza. Eu tive o prazer de<br />

aprender essa parte com o Paquetá e<br />

depois mais técnicas com o Carlson.<br />

Os professores atuais, não só de jiu<br />

jitsu como de outras artes marciais,<br />

acham que somente a técnica esportiva<br />

já garante a defesa do indivíduo,<br />

mas não é verdade. Essa parte era<br />

ensinada logo no início na academia<br />

Gracie e depois é que o aluno aprendia<br />

a parte esportiva. Sempre ensinei<br />

essa parte nas minhas aulas e até<br />

hoje peço para meu filho Henrique<br />

dar pelo menos uma técnica de defesa<br />

pessoal toda aula. Dessa forma,<br />

após algum tempo o aluno já está<br />

preparado para diversas situações. BC<br />

Carlson Gracie, Henrique Saraiva (atualmente na Irlanda) e seu pai Orlando Saraiva<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

24 • Brasil Combate Magazine • www.brasilcombate.com.br Março de <strong>2018</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!