BRASIL COMBATE MAGAZINE | EDIÇÃO #2 | MAR 2018
Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição trazemos um tema polêmico - Farra da graduação atinge espírito da arte suave. Sem dúvida, de alguma forma, a conta vai chegar para os CHARLATÃES, que pensam em burlar as regras dessa cultura viva, porém em transformação. Nada, nada poderá esconder a vergonha que, em dia e hora estabelecidos, desfilará a humilhação alheia em tatame aberto. Nesse dia serão eviscerados o suor jamais derramado, a técnica nunca apreendida, a ausência do equilíbrio só vivenciado no tatame, sem malandragem. Quem chorou ali um dia, esteja certo, sabe. Boa leitura e boa reflexão. Oss.
Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição trazemos um tema polêmico - Farra da graduação atinge espírito da arte suave.
Sem dúvida, de alguma forma, a conta vai chegar para os CHARLATÃES, que pensam em burlar as regras dessa cultura viva, porém em transformação.
Nada, nada poderá esconder a vergonha que, em dia e hora estabelecidos, desfilará a humilhação alheia em tatame aberto.
Nesse dia serão eviscerados o suor jamais derramado, a técnica nunca apreendida, a ausência do equilíbrio só vivenciado no tatame, sem malandragem. Quem chorou ali um dia, esteja certo, sabe.
Boa leitura e boa reflexão. Oss.
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SUPERAÇÃO<br />
O EX-INSPETOR PENITENCIÁRIO TEVE A SUA<br />
Jack Taketsugo<br />
Repórter<br />
APOSENTADORIA ADIANTADA. NESTA BRIGA,<br />
O JIU JITSU É SUA PRINCIPAL ARMA.<br />
A<br />
os 38 anos, Emmerson Leandro Lopes convive<br />
há 4 com um diagnóstico: a ataxia, doença<br />
degenerativa, rara e desconhecida. A<br />
moléstia tem diversos tipos e a de<br />
Emmerson é a Doença de Machado Josefh (DMJ),<br />
que afeta o cerebelo, atrofiando e afetando o<br />
andar, o falar, a visão e toda a coordenação<br />
motora, além de causar limitações à respiração<br />
e a outras funções autônomas do organismo.<br />
O ex-inspetor penitenciário teve a sua<br />
aposentadoria adiantada por conta da<br />
invalidez causada pela ataxia. Em 2014,<br />
recebeu o diagnóstico no hospital<br />
Sarah Kubitschek, em Brasília, e a<br />
notícia caiu como uma bomba. Nenhum<br />
guerreiro, contudo, mantém-se<br />
prostrado por muito tempo.<br />
“Eu havia tirado uma licença do trabalho<br />
por causa das dificuldades que<br />
surgiram com o início dos sintomas e<br />
aí descobri a doença degenerativa. Essa<br />
patologia não tem cura e nenhum remédio<br />
ainda, deve ser pelo fato de ser rara e<br />
desconhecida”, explica.<br />
Nesta briga, o jiu jitsu é sua principal arma.<br />
Segundo Emmerson, a prática do esporte<br />
de alto rendimento retardou o avanço da<br />
doença. Por isso, ele continua na luta para<br />
vencê-la. Hoje, Emmerson é faixa azul da<br />
equipe Checkmat Jiu Jitsu.<br />
“Uma vida saudável inclui praticar esportes<br />
e se alimentar corretamente. No meu caso,<br />
isso diminui também os sintomas da ataxia.<br />
Então procuro ter uma vida de atleta mesmo,<br />
pelo menos na alimentação. E a palavra para<br />
encarar as dificuldades diárias é adaptação”.<br />
Com uma vida ativa nos esportes, essa adaptação<br />
se tornou ainda mais tranquila: “Sempre<br />
fui adepto ao esporte. Toda vida pratiquei. Quando era<br />
adolescente, fiz futebol e basquete, além das experiências<br />
nas artes marciais: fiz capoeira, karatê (uechi ryu), muay<br />
thai e jiu jitsu, e até me arrisquei no surf”.<br />
O SÁBIO<br />
Em 2006, quando foi morar no Rio de Janeiro, conheceu<br />
a arte suave. Na época, a passagem<br />
foi breve, apenas três meses, contudo<br />
em 2015 retornou ao esporte e não o<br />
abandonou mais. “Retornei por meio de<br />
um amigo e atual mestre. Nos encontramos<br />
na academia, comentei sobre<br />
o diagnóstico e ele me falou sobre<br />
como o jiu jitsu poderia me ajudar.<br />
No outro dia, fui lá treinar e até hoje<br />
estou amarradão. Pretendo estar com<br />
80 anos usando armadura ainda”.<br />
O jiu jitsu, sem sombra de dúvidas,<br />
oferece diversos benefícios aos<br />
seus praticantes e, no caso do<br />
Emmerson, não poderia ser diferente.<br />
A arte suave mostra um caminho para<br />
o seu cotidiano.<br />
“O jiu jitsu é tão importante na minha<br />
luta diária contra os sintomas da ataxia,<br />
que posso dizer: tudo o que faço hoje<br />
é devido aos benefícios que o jiu jitsu<br />
me proporcionou e proporciona. Antes<br />
de treinar, eu estava limitado a fazer<br />
musculação todo dia, pois a deficiência<br />
afeta muito o equilíbrio.<br />
Então, esporte em pé nem cogitava.<br />
Como no jiu jitsu mais de 90% da luta<br />
é no chão, é perfeito, pois não fico preocupado<br />
em cair. Ao praticar jiu jitsu,<br />
consegui fortalecer muito a região<br />
do abdômen e do quadril, também<br />
26 • Brasil Combate Magazine • www.brasilcombate.com.br Março de <strong>2018</strong>