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Take 48

Feminismos

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Girls, 2012-2017<br />

Fleabag, 2016-presente<br />

personagem foi vista, à vez, como antifeminista ou feminista. De<br />

repente, o filme deixa de ser uma dramatização/ficção e passa a ser<br />

uma arena para se discutirem políticas de género. Como uma mulher,<br />

em ficção, tem de ser alguém de quem se queira ser amigo, ou com<br />

quem se queira ter uma relação, ou com quem se possa praticar os<br />

eternos pecados da luxúria, falhando todas as três, personagens como<br />

Amy Dunne são criticadas por aquilo que as torna interessantes do<br />

ponto de vista dramatúrgico — o serem seres humanos complexos com<br />

defeitos mais do que visíveis.<br />

A segunda razão — bastante óbvia também — é que ainda não há<br />

filmes suficientes com protagonistas femininas (apenas cerca de 12%<br />

da produção de 2015, por exemplo) e, quando eles existem, tendem a<br />

cair dentro de velhas categorias que fogem de verdadeira controvérsia.<br />

Mulheres protagonistas ou estão à procura de amor, ou são heroínas<br />

de acção (tanto femininas — como a Mulher Maravilha — como<br />

masculinizadas — como a Imperatriz Furiosa em Mad Max: Estrada<br />

da Fúria (Mad Max Fury Road, George Miller, 2015), ou então o que<br />

os recônditos escuros da internet chamam de Mary Sues — mulheres<br />

que são aparentemente tão boas em tudo o que fazem que geralmente<br />

fazem parte de filmes de fantasia — como Hermione Granger (Harry<br />

Potter) e Rey (Star Wars). Filmes sobre anti-heroínas são, portanto, uma<br />

percentagem diminuta dentro de outra percentagem já de si minúscula.<br />

E quantas vezes não há filmes com uma anti-heroína clara — como<br />

Lisbeth Salander em Millenium 1: Os Homens que Odeiam as Mulheres<br />

(The Girl with the Dragon Tattoo, 2011, David Fincher) — que, no final<br />

do filme, são “domesticadas” e colocadas em segundo plano face ao<br />

protagonista masculino?<br />

Pode-se atribuir tudo, claro está, à parca representação feminina atrás<br />

das câmaras e nas histórias que são contadas em Hollywood. É um bode<br />

de expiação simples, já que não tem uma solução rápida. Mas talvez a<br />

velha desculpa tenha um grande fundo de verdade. Em televisão, onde<br />

curiosamente a anti-heroína está a chegar em força, mulheres com<br />

falhas são mais facilmente aceites em comédias — Crazy Ex-Girlfriend<br />

(2015-presente), O Bom Lugar (The Good Place, 2016-presente), Nurse<br />

Jackie (2009-2015), Erva (Weeds, 2005-2012), UnReal (2015-presente),<br />

Uma Vida Nova (Enlightened, 2011-2013), Fleabag (2016-presente),<br />

Divorce (2016-presente), Insecure ((2016-presente) — e fazem<br />

lentamente a sua entrada e estadia em drama — além da já referida<br />

Carrie Underwood, temos também Segurança Nacional (Homeland,<br />

2011-presente), The Americans (2013-presente), Como Defender um<br />

Assassino (How to Get Away with Murder, 2014-presente), The Girlfriend<br />

Experience (2016-presente), Guerra dos Tronos (Game of Thrones,<br />

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