Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
16 Internacional<br />
Foz do Iguaçu, quarta-feira, 11 de abril de 2018<br />
PREOCUPAÇÃO<br />
Uso de armas letais autônomas<br />
é discutido hoje em Genebra<br />
O objetivo do encontro é proibir ou restringir o uso de tipos<br />
específicos de armas que causem sofrimento desnecessário<br />
Marieta Cazarré<br />
Agência Brasil<br />
As armas letais autônomas<br />
(laws, na sigla em<br />
inglês) são também conhecidas<br />
como "robôs assassinos"<br />
e, se postas em<br />
prática, teriam a capacidade<br />
de identificar e eliminar<br />
alvos sem a necessidade<br />
de uma ação humana.<br />
O assunto, muito<br />
polêmico, está em discussão<br />
no escritório das Nações<br />
Unidas, em Genebra,<br />
e será debatido por<br />
especialistas durante<br />
toda a semana.<br />
A Convenção sobre<br />
Certas Armas Convencionais<br />
(Convention on<br />
Certain Conventional<br />
Weapons - CWW, na sigla<br />
em inglês) trata sobre<br />
proibições ou restrições<br />
ao uso de certas armas<br />
convencionais que podem<br />
ser consideradas excessivamente<br />
lesivas ou ter<br />
efeitos indiscriminados.<br />
As armas letais autônomas são também<br />
conhecidas como robôs assassinos<br />
O objetivo do encontro<br />
é proibir ou restringir<br />
o uso de tipos específicos<br />
de armas que causem sofrimento<br />
desnecessário<br />
ou injustificável aos<br />
combatentes ou que afetem<br />
civis indiscriminadamente.<br />
Há diversos movimentos<br />
ao redor do mundo<br />
que pedem a proibição<br />
do desenvolvimento de<br />
"robôs assassinos". Uma<br />
das preocupações é que<br />
este tipo de arma possa<br />
ser utilizado de forma arbitrária,<br />
colocando em<br />
risco a vida das pessoas.<br />
Documento produzido<br />
pelo Unidir (Instituto<br />
das Nações Unidas para<br />
Pesquisa de Desarmamento),<br />
que é um instituto<br />
autônomo dentro<br />
das Nações Unidas, afirma<br />
que um dos atuais<br />
desafios em relação a essas<br />
armas é a necessidade<br />
de uma discussão contínua<br />
e robusta entre os<br />
Estados sobre o armamento<br />
de tecnologias<br />
cada vez mais autônomas.<br />
"Por causa do complexo<br />
legal, moral, ético e<br />
outras questões levantadas<br />
pelos sistemas de Inteligência<br />
Artificial, os<br />
formuladores de políticas<br />
deverão ser apoiados por<br />
profissionais de diversas<br />
áreas, como cientistas,<br />
engenheiros, militares,<br />
advogados, acadêmicos,<br />
membros da sociedade<br />
civil e outras vozes. Incluindo<br />
diversas perspectivas<br />
em discussões sobre<br />
armas letais autônomas<br />
que podem ajudar a garantir<br />
que as forças armadas<br />
usem as tecnologias<br />
emergentes de maneiras<br />
responsáveis", diz trecho<br />
do documento.<br />
Por falta de acesso, ONU<br />
não consegue investigar<br />
ataque químico na Síria<br />
Várias agências da Organização das Naçãoes<br />
Unidas (ONU), entre eles a Organização Mundial<br />
da Saúde (OMS) e o Escritório de Coordenação de<br />
Assuntos Humanitários (Ocha), reafirmaram<br />
ontem (10) que, apesar das informações que<br />
recebem sobre o suposto ataque químico na cidade<br />
síria de Duma, não podem verificá-las devido à<br />
falta de acesso.<br />
A porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra<br />
Vellucci, lembrou que o secretário-geral, António<br />
Guterres, disse que a organização multilateral<br />
"não está em posição de verificar estas<br />
informações" sobre o ataque químico em Duma, o<br />
que não quer dizer que as ignore.<br />
O porta-voz do Ocha, Jens Laerke, ressaltou que<br />
as agências da ONU não estão em Duma. "Ghouta<br />
Oriental ainda se encontra assediada. Estamos em<br />
locais fora de Ghouta Oriental aos quais temos<br />
acesso", afirmou Laerke, que indicou que existe<br />
um "mecanismo para tentar investigar o que<br />
ocorreu".<br />
Os Estados Unidos propuseram uma resolução ao<br />
Conselho de Segurança da ONU para iniciar um<br />
novo mecanismo internacional que determine<br />
responsabilidades pelo uso de armas químicas na<br />
Síria, enquanto a Organização para a Proibição<br />
de Armas Químicas (Opaq) anunciou que<br />
investiga o ocorrido.<br />
A Sociedade Médica Síria Americana (Sams, na<br />
sigla em inglês) e a Defesa Civil Síria, ambas<br />
organizações apoiadas pelos EUA, apontam que<br />
pelo menos 42 pessoas morreram no sábado (7)<br />
com sintomas de intoxicação por substâncias<br />
tóxicas no reduto opositor sírio de Duma.<br />
Negativa<br />
Segundo o Observatório Sírio de Direitos<br />
Humanos, pelo menos 21 pessoas morreram no<br />
sábado dia por asfixia, depois do "desabamento dos<br />
edifícios".<br />
A porta-voz da OMS Fadéla Chaib também<br />
afirmou que a falta de detalhes prejudica a<br />
investigação das denúncias de um possível ataque<br />
na região de Duma. "Temos algumas informações<br />
de pessoas no local sobre mulheres com problemas<br />
respiratórios, mas não podemos confirmar se é<br />
devido a um ataque químico."<br />
O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a<br />
Infância (Unicef), Christophe Boulierac disse, sem<br />
relacionar com o suposto ataque químico, que<br />
fontes locais mencionaram problemas na pele e<br />
infecções respiratórias.<br />
Por sua vez, o assessor no Alto Comissariado das<br />
Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) Andrej<br />
Mahecic expressou a preocupação do órgão pela<br />
situação em Duma, onde milhares de civis<br />
permanecem retidos.<br />
O Acnur calcula que mais de 133 mil sírios<br />
fugiram de Ghouta Oriental durante as últimas<br />
quatro semanas.<br />
Cerca de 45 mil sírios estão sendo hospedados<br />
atualmente em oito refúgios coletivos na zona<br />
rural de Damasco.<br />
Até agora, 44 mil mulheres, crianças e idosos<br />
conseguiram deixar os acampamentos coletivos<br />
após passarem pelos controles de segurança das<br />
autoridades sírias. (Da Agência Brasil)