REVISTA GALERIA POR MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO #09
Zelma Madeira - A força inspiradora que defende a luta contra o racismo como causa urgente e coletiva A atuação renovadora de Fábio Zech + Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia
Zelma Madeira - A força inspiradora que defende a luta contra o racismo como causa urgente e coletiva
A atuação renovadora de Fábio Zech
+ Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
EM PAUTA<br />
NOVAS<br />
DEFINIÇÕES<br />
DE LUXO<br />
UM DOS DIRETORES DO GRUPO MEIA SOLA, ANDRÉ<br />
ALBUQUERQUE, FALA SOBRE OS DEBATES LEVANTADOS<br />
NO INTERNATIONAL LUXURY CONFERENCE,<br />
FOCADO NOS RUMOS DO MERCADO VIP<br />
<strong>POR</strong> JÉSSICA COLAÇO<br />
AFINAL, O QUE É LUXO?<br />
Muito além de discutir de que forma o segmento<br />
de luxo deve se posicionar, o seminário, disse André,<br />
levantou o debate sobre o próprio significado dos<br />
produtos desse segmento. “Até que ponto um trabalho<br />
manual vai ter mais ou menos valor do que o trabalho<br />
feito por uma máquina? Temos várias marcas que têm<br />
produção limitada, produtos caríssimos, todas são de<br />
luxo? O que diferencia é a relação que ela tem com<br />
o consumidor, de que modo ela preserva o próprio<br />
DNA e traz a sua história”, sugere ele, refletindo sobre<br />
um tópico debatido por Johnny Coca, diretor criativo<br />
da britânica Mulberry e que, mesmo sendo espanhol,<br />
conduziu as ações da marca de forma global, sem perder<br />
a essência de quem a fundou.<br />
Fundador e CEO da Not Just a Label, plataforma<br />
britânica focada na promoção do trabalho de designers<br />
de todo o mundo, Stefan Siegel exemplificou como<br />
a tecnologia pode ser aliada do mercado de luxo<br />
e respeitar os princípios da sustentabilidade e<br />
diversidade. “Ele tem um coletivo, um portal,<br />
com mais de 30 mil estilistas cadastrados, de 150<br />
países. As coleções são criadas de forma colaborativa<br />
e as peças, que forem produzidas e comercializadas,<br />
terão o valor repassado para quem criou. O produto<br />
remunera diretamente o criador”, detalha André.<br />
Segundo ele, esse modelo adianta ainda outra tendência<br />
nesse cenário de produtos e experiências exclusivas,<br />
que é a valorização cada vez maior do artista, do criador<br />
da peça. “Eu não preciso ter um Instagram com milhões<br />
de seguidores, mas fazer algo relevante, que tenha<br />
importância”, defende. ¤<br />
A<br />
nobreza e exclusividade de um produto não serão, muito em<br />
breve, as atribuições que definem aquele item como luxuoso,<br />
e sim, o propósito daquela marca, a causa que ela defende e a<br />
experiência que proporciona ao consumidor. Quem resume esses<br />
conceitos é André Albuquerque, um dos diretores do Grupo<br />
Meia Sola e que participou, em abril, do International Luxury<br />
Conference, em Lisboa. O evento é promovido pela Condé Nast, aberto a<br />
um número restrito de participantes - pouco mais de 400 - e reúne CEOs,<br />
diretores criativos e fundadores das maiores marcas de luxo do mundo.<br />
Único brasileiro na plateia, André revela que a experiência foi praticamente<br />
uma imersão filosófica no que deve ser o futuro do mercado de luxo.<br />
Em dois dias de seminário, entre palestras e debates, os temas de maior<br />
destaque e relevância, segundo aponta André, foram a sustentabilidade,<br />
a experiência do consumidor, o respeito à diversidade e a busca pela<br />
inovação. “O nosso cliente é global e a gente precisa ficar atento a todas<br />
essas mudanças, entender que o consumidor está mudando, ver o que se<br />
torna importante e trazer relevância nesse sentido”, argumenta André,<br />
reforçando a importância da discussão. O tema da sustentabilidade,<br />
pontua ele, foi bastante debatido pelo CEO da Bottega Veneta, Claus-<br />
Dietrich Lahrs, que abordou a questão para além das ações especificamente<br />
ambientais e introduziu questões como o uso de novos materiais,<br />
renováveis e recicláveis. “É uma coisa de pensar no produto que a gente<br />
está consumindo hoje, como vai ser o descarte dele. Até que ponto eu<br />
preciso consumir uma quantidade enorme de produtos, de fast fashion?”,<br />
questiona André.<br />
A diretora artística da Dior, Maria Grazia Chiuri, reforçou uma<br />
bandeira que ela defende abertamente desde que assumiu a maison francesa,<br />
o empoderamento feminino, e com ele, levantou-se a discussão acerca do<br />
respeito às diversidades dos consumidores. “Não só o respeito à raça, cor,<br />
mas idade, origem, formatos de corpo e os gostos da pessoa, a escolha<br />
do estilo de vida dela”, detalha André. Essa percepção, completa ele,<br />
interfere diretamente no modo como a marca se posiciona perante os<br />
consumidores, se moldando às necessidades deles, e não impondo regras<br />
e padrões. “É entender que as pessoas são diferentes, e os valores delas,<br />
mesmo que diferentes dos seus, são válidos, é preciso entender e respeitar<br />
isso”, acrescenta.<br />
ANDRÉ EM CLIQUE<br />
COM SUZY MENKES,<br />
editora internacional da Vogue<br />
e idealizadora da conferência<br />
A DIRETORA ARTÍSTICA<br />
da Maison Dior, Maria Grazia<br />
Chiuri, também esteve<br />
presente no evento<br />
TOQUE<br />
MT<br />
CASES BRASILEIROS EM ALTA<br />
O joalheiro Ara Vartanian, o CEO do Grupo Iguatemi, Carlos Jereissati<br />
Filho, e o CEO da Arezzo, Alexandre Birman, foram os brasileiros que<br />
participaram como palestrantes do Internacional Luxury Conference. Os três<br />
falaram sobre as ligações entre os países lusófonos dentro de suas respectivas<br />
áreas de atuação: joias, varejo e calçados.<br />
20 <strong>GALERIA</strong> EM PAUTA 21