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Há pessoas de quem nos sentimos amigos ou próximos até antes de as<br />
conhecer e de privar com elas. Foi o caso com Vítor Ramalho. Cruzei-me<br />
com ele vagamente quando ele era secretário de Estado e eu jornalista,<br />
já com algumas responsabilidades. Deixou-me boa impressão, porque era<br />
cordato, inteligente e bem-disposto. Só muitos anos mais tarde começámos<br />
a relacionar-nos e a construir uma amizade, feita de trocas de impressões,<br />
de estórias e de histórias, de opiniões fundamentadas que ele exprime sem<br />
peneiras e sem maneirismos. Sempre que ouvia falar do Vítor como pessoa,<br />
como político, como gestor vinham e vêm elogios em catadupa, isto no meio<br />
jornalístico onde ferve a maledicência.<br />
Já na política a coisa é diferente. A frontalidade, as análises fora de rebanhos<br />
valeram e valem-lhe, alguns amargos de boca e a circunstância de ser<br />
muitas vezes preterido por seguidistas, coisa que ele definitivamente não é.<br />
Vítor Ramalho é, porém, altamente respeitado em todo o espaço CPLP onde<br />
é ouvido e respeitado, como um sábio mais velho, digno dos da sua Angola<br />
natal. Há seres humanos que vale a pena ter conhecido. Vítor Ramalho é<br />
um deles. Se estivesse entre nós Mário Soares seria certamente a primeira<br />
e maior testemunha disso mesmo. Eu sei, porque estive várias vezes com<br />
eles e vi bem a amizade e a cumplicidade genuína e desinteressada que os<br />
ligava. Um abraço e parabéns, caro Vítor.<br />
Eduardo Oliveira e Silva<br />
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