Quem é Quem Formação 2018
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tendências<br />
por Almerinda Romeira<br />
<strong>Formação</strong>: um longo<br />
caminho a percorrer<br />
No futuro, a formação terá que funcionar como apoio ao desenvolvimento<br />
de pessoas, comunidades e organizações. As academias<br />
corporativas nas empresas são um primeiro passo nesse sentido.<br />
Forma-te<br />
A Associação Nacional da <strong>Formação</strong> e<br />
Ensino Profissional - Forma-te <strong>é</strong> uma<br />
comunidade de aprendizagem e uma<br />
rede colaborativa de profissionais. A<br />
Mediateca de <strong>Formação</strong>, de acesso livre<br />
e gratuito, com cerca de 22 mil recursos<br />
digitais partilhados por formadores e<br />
professores, <strong>é</strong> o seu principal “serviço”<br />
e a razão do seu nascimento em<br />
2006. Forma-te disponibiliza cursos<br />
e ações de formação das entidades<br />
formadoras de Portugal, um Fórum,<br />
que funciona como espaço de partilha<br />
de informação, conhecimentos e<br />
dúvidas, uma bolsa de formadores,<br />
na qual divulga currículos de<br />
formadores e professores e uma<br />
bolsa de emprego alimentada pelas<br />
entidades formadoras. A rubrica<br />
Consultório de Aprendizagem <strong>é</strong> um<br />
espaço de partilha e de colaboração,<br />
com sessões emitidas em direto via<br />
internet. Em m<strong>é</strong>dia são realizadas<br />
duas sessões por mês.<br />
A<br />
transformação da estrutura de<br />
qualificações do país tem sido<br />
“lenta e difícil”, de acordo com as<br />
projeções do Centro Europeu para o Desenvolvimento<br />
da <strong>Formação</strong> Profissional<br />
(Cedefop) para Portugal. Em 2016, mais de<br />
metade (53%) da população ativa, entre os<br />
25 e 64 anos, tinha como nível mais elevado<br />
de escolaridade o 9º ano ou menos, enquanto<br />
no conjunto da União Europeia a 28<br />
a percentagem era 23%. Tamb<strong>é</strong>m uma “limitada<br />
e desigual” participação em Aprendizagem<br />
ao Longo da Vida (ALV) tem<br />
contribuído para o d<strong>é</strong>fice de qualificações<br />
da população ativa (participação em ALV<br />
9,6% em 2016). Em Portugal, um adulto<br />
com uma escolaridade inferior ao secundário<br />
participa em oportunidades de educação<br />
formal ou não-formal cinco vezes menos<br />
do que um adulto com ensino superior.<br />
“Perante estes dados estatísticos diríamos<br />
que o d<strong>é</strong>fice da formação em Portugal<br />
tem sido o sentido. Não a direção, mas<br />
o sentido”, vinca, Mário Martins, diretor<br />
da associação Forma-te, responsável pelo<br />
portal da <strong>Formação</strong> e dos Formadores e<br />
organizador do Encontro Nacional de Formadores<br />
e do Congresso Nacional da <strong>Formação</strong><br />
Profissional. Ou seja, justifica: “A<br />
formação em Portugal tem estado demasiado<br />
dependente, condicionada e aprisionada,<br />
em todas as suas vertentes, por um movimento<br />
excessivamente centrado na prática<br />
de a ir levar, ao inv<strong>é</strong>s de a ir buscar.”<br />
Em linha com o psicólogo João Leite,<br />
especialista na área da aprendizagem e formação,<br />
Mário Martins defende que o d<strong>é</strong>fice<br />
do sistema deve-se ao facto da formação ter<br />
sido “sempre escrava e colonizada pelo modelo<br />
do ensino”. “Escrava” em toda a linha:<br />
desde os formadores / professores às designações,<br />
passando pela segmentação em disciplinas,<br />
metodologias e práticas.<br />
Que desenvolvimento perspetiva para<br />
o futuro do setor? “Terá que se cumprir<br />
como dinâmica de apoio ao processo de desenvolvimento<br />
de pessoas, comunidades e<br />
de organizações”. Não <strong>é</strong> por moda ou acaso,<br />
segundo Mário Martins, que se assiste<br />
ao proliferar das chamadas universidades/<br />
academias corporativas nas empresas. “É<br />
apenas o começo de um movimento a que<br />
podemos chamar de centripetação, ou seja,<br />
um movimento que leve a formação a ser<br />
desenhada onde <strong>é</strong> vivenciada a sua oportunidade.<br />
Na origem”, explica. Em várias<br />
partes do mundo, empresas e organizações<br />
tomam nas mãos o processo de desenvolvimento<br />
dos seus colaboradores, entendendo<br />
que “a capacitação começa onde está a ação e<br />
onde faz sentido acontecer a investigação”.<br />
Tendência que Mário Martins aplaude e à<br />
qual as novas tecnologias e a economia digital<br />
dão um empurrão. “Antevemos uma<br />
nova ordem de pensamento que explicite<br />
e exercite os dois eixos que se assumirão<br />
como a mola do que poderá vir a ser chamado<br />
como a grande revolução construtiva:<br />
O primado da aprendizagem, por derrube<br />
do ensino e o princípio inerente de que<br />
qualquer um aprende o que quer que seja,<br />
desde que pela forma adequada.”<br />
15