Revista Novembro
Revista Nossos Passos
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NOSSOS PASSOS 17<br />
PASTORAL COM MULHERES MARGINALIZADAS<br />
- A VIDA É PARA TODOS! –<br />
Em nossa sociedade o contraste social assume<br />
características de extrema violência e indignidade. A<br />
pobreza e, com ela, a falta de perspectiva, empurram muitas<br />
mulheres para as ruas na busca de sustento para si e, não<br />
raramente, para suas famílias. Em nossa atividade pastoral<br />
com a mulher marginalizada, descobrimos no encontro<br />
com cada uma delas diferentes histórias, principalmente<br />
episódios de violência doméstica, abuso, medo e baixa<br />
estima. Carregam feridas profundas que necessitam ser<br />
curadas. Algumas são atraídas pela falsa ideia de uma vida<br />
financeira próspera, mas a busca por segurança e afeto é o<br />
que mais impressiona em suas histórias.<br />
No I Encontro Internacional de Pastoral para a<br />
Libertação das Mulheres de Rua, ocorrido em Roma no<br />
ano de 2005, o Pontifício Conselho da Pastoral para os<br />
Migrantes e os Itinerantes concluiu que “a prostituição<br />
é uma forma de escravidão moderna”. A mulher<br />
marginalizada “é um ser humano que, em muitos casos,<br />
grita para pedir ajuda, porque vender o seu próprio corpo<br />
na rua não é o que escolheria fazer voluntariamente”.<br />
Trata-se de uma pessoa “dilacerada, praticamente morta<br />
no plano psicológico e espiritual”.<br />
Na Paróquia São Francisco de Paula iniciamos<br />
nossa ação pastoral junto às mulheres marginalizadas<br />
ouvindo atentamente a pergunta que Jesus faz a Simão<br />
no Evangelho de Lucas: vês tu esta mulher? (Lc 7,44).<br />
Precisamos olhar atentamente para estas mulheres<br />
marginalizadas, enxergar suas vidas, suas tristezas e<br />
angústias, mas sobretudo ver o Senhor Jesus que, através<br />
delas, bate em nossas portas e nos adverte sobre o real<br />
significado do amor ao próximo: “estava nu, e vestistesme;<br />
adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me<br />
ver” (Mt 25, 36). Nosso trabalho tem sido o de acolher<br />
estas mulheres no seio da comunidade, prestando a elas<br />
atendimento médico e odontológico, assistência social,<br />
psicológica e inclusão no mercado de trabalho através<br />
de cursos profissionalizantes. Para seus filhos dedicamos<br />
uma atenção especial: para os que apresentam dificuldades<br />
de aprendizado, temos auxiliado com aulas de reforço.<br />
Também procuramos ajudar com material escolar.<br />
A inclusão dessas mulheres no mercado de<br />
trabalho e a devolução da dignidade da vida em sociedade<br />
são elementos importantes da atividade da nossa Pastoral<br />
das Mulheres Marginalizadas, mas o encontro com Jesus e<br />
a orientação espiritual que brota daí são o centro da nossa<br />
motivação e o motor que faz movimentar todo o nosso<br />
empenho pastoral. Tal como enfatiza as recomendações<br />
finais do documento produzido pelo I Encontro<br />
Internacional de Pastoral para a Libertação das Mulheres<br />
de Rua: “o encontro com Jesus Cristo, o Bom Samaritano<br />
e Salvador, é um fator muito importante de libertação e<br />
redenção, também para as vítimas da prostituição (cfr. At<br />
2, 21;4,12; Mc 16,16; Rm 10,9; Fl 2,11 e 1 Ts 1,9-10)”.<br />
A vida é para todos! (Jo 10, 10). Por este motivo, todos<br />
os membros da Paróquia São Francisco de Paula, de algum<br />
modo, podem prestar um serviço importante para estas<br />
nossas irmãs. Precisamos formar uma grande rede que,<br />
além de socorrê-las em suas necessidades, deve trazê-las<br />
para um encontro profundo com Jesus. Todos nós temos<br />
responsabilidade cristã, moral e social na recuperação da<br />
dignidade da vida dessas mulheres que sofrem