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Revista Novembro

Revista Nossos Passos

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NOSSOS PASSOS 21<br />

A MISSÃO DE APRENDER<br />

O mês de Outubro nos trouxe o Dia do Professor,<br />

genial criação do Pedro I, quando naquela data inaugurou<br />

as “Escolas de Primeiras Letras”. Eram escolas públicas,<br />

onde se ensinava ler e escrever, as quatro operações,<br />

e noções de Geometria. E todos nós temos, estimados<br />

Paroquianos e Paroquianas, um lugar em nossas mentes<br />

e corações para uma escola, para um mestre, para uma<br />

mestra.<br />

A visita dos reis da Bélgica, em 1922, coincidiu,<br />

por acaso ou não, com a criação da nosso primeiro centro<br />

integrado de educação superior, a Universidade do<br />

Brasil. Uma criação tardia, já que a Universidad Mayor<br />

de San Marcos, a de San Javier de Chuquisaca, a de Santo<br />

Domingo, a de Cartagena de Índias, e mais de uma dezena<br />

de outras, pela América Latina, haviam sido criadas,<br />

desde o Século XVII. A fundação dessas universidades se<br />

deu através da Igreja Católica, que desde o Século XIII se<br />

preocupava com o aprimoramento das artes e da cultura.<br />

Por quase dois milênios a Universidade teve uma<br />

conotação religiosa. No mundo Ocidental, pode-se fixar<br />

o seu advento na “Academia” de Platão. O espaço era de<br />

docência, diálogo, mas também de culto. A deusa Atenas,<br />

sempre presente, tinha no “campus” um santuário. O atual<br />

emblema da Universidade Federal do Rio de Janeiro presta<br />

essa homenagem à Academia de Platão, fazendo de Atena<br />

o seu brasão.<br />

Não deve causar espécie essa dedicação da Escola<br />

à Religião, na Antiguidade, a ligação com os personagens<br />

do Olimpo, na Idade Média, e mesmo na atualidade, a<br />

ligação com os ensinamentos de Cristo. Tal conexão se faz<br />

pela identificação da razão primeira de existir a Escola: A<br />

consecução do Bem. E a busca do império do Bem é também<br />

a luta milenar da Religião. Mesmo no Oriente, vamos<br />

surpreender o Império da China, muitas vezes milenar, a<br />

fazer a conexão entre a Cultura e o Bem, ligados à prática<br />

religiosa. Os professores recém formados adentravam a<br />

Cidade Proibida para cumprimentar o “Filho do Sol”.<br />

Mas o que nos chamava a atenção em um professor<br />

ou professora, estimado Paroquiano e Paroquiana?<br />

Certamente o que sabiam é apenas uma pequena<br />

motivação, que não seria suficiente para a alegre memória.<br />

Seria a sua didática? Sim, mas ainda um pequeno detalhe,<br />

incapaz de construir uma recordação. Seu rigor ou sua<br />

camaradagem? Ainda muito pouco para que os levássemos<br />

em nossos corações e mentes.<br />

Fixou-se como memória duradoura e agradecida<br />

o fato de ter aquele mestre ou mestra, no colégio ou na<br />

universidade, no curso primário ou no doutorado, ter<br />

provocado a nossa inteligência, ter despertado a nossa<br />

perplexidade por não ter visto o mundo daquele ângulo,<br />

de ter nos acordado para uma luta na consecução do Bem,<br />

que nos traria satisfação temporal, espiritual, e mesmo<br />

material.<br />

Essas são verdades desde a Academia do Século III<br />

a.C., do Século XIII d.C., até o nosso século. E continuará<br />

sendo no Século XXII, quando a tecnologia terá dado<br />

respostas que hoje nem imaginamos.<br />

Mas ... como está a Educação no nosso Brasil? Sim,<br />

sua resposta está bem evidente em nossas tristezas e nos<br />

jornais, estimados Paroquianos e Paroquianas. Cada dia<br />

as verbas para a Educação diminuem. Cada dia os salários<br />

são aviltados. O treinamento para se resguardar de tiros<br />

contra a escola chega às salas de aula. As pesquisas nas<br />

universidades estão paradas. E muitos dos melhores<br />

estudantes formados estão indo para o exterior. Assim<br />

foi com o primeiro Prêmio Nobel nascido no Brasil, que<br />

emigrou para Portugal décadas atrás: Os melhores estão<br />

seguindo o seu exemplo.<br />

E o que fazer? Algo parece capaz dessa magia:<br />

Lembremos dos seus bons professores, os que nos<br />

provocaram e despertaram e prestigiemos os que estão<br />

tentando fazer o mesmo. Sua palavra é muito importante,<br />

estimados Paroquiano e Paroquiana.<br />

>>Luiz Rocha Neto<br />

Doutor em Ciências, Consultor GETEMA/COPPE/UFRJ

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