Revista Agosto 2018

NOSSOS PASSOS 09
O SANTO QUE DEU SEU
NOME A UM SÉCULO
Os Franceses por muitíssimo tempo se referiam ao
Século XIII como o “Século do meu Amo e Santo Rei Luiz”,
e com toda a razão, já que de certa forma São Luiz Rei
construiu a França. Muito cedo, aos 12 anos, Luiz começou
a reinar, antes tendo sua mãe, a genial, pia, e inteligente
Branca de Castela. Entregou sua alma a Deus em campanha
como Cruzado, nos arredores de Tunes, não muito longe do
sítio onde estava Cartago. E entre um momento e outro
Luiz realmente construiu o seu país. E como?
Luiz IX, também hábil estrategista, retomou terras
Francesas ocupadas pela Inglaterra. Mas as campanhas
militares foram apenas uma face da sua genialidade e
bondade: Construiu hospitais, leprosários, e orfanatos,
aparecendo para o Povo como o pai dos órfãos, dos
desprotegidos, dos pobres. Como intelectual brilhante
inseriu a “Presunção de Inocência” nos julgamentos,
elemento hoje consagrado pelo Direito. Estabeleceu ainda
uma hierarquia entre os juízes, de forma que o fenômeno
da Apelação pudesse ser praticado. Praticado até a própria
figura do Rei, com a consolidação do título de Primeiro
Magistrado. Ainda no seu inovador pensamento jurídico
está a proibição de duelos em seu Reino.
Seu casamento com Margarida da Provence deu
à França 12 filhos. E pela projeção política do emblemático
São Luiz seus filhos e filhas se casaram com monarcas de
praticamente todas as nações Europeias, de Portugal até
a Polônia. E entre os seus descendentes está o Imperador
Pedro I do Brasil, cuja visão política integradora do
território tem muito da visão do Santo. E Pedro II do Brasil,
cuja inteligência e bondade também guardam uma relação
muito próxima com o proceder do Santo. O nome de São
Luiz Rei de França está não só na Capital do Estado do
Maranhão, mas também em muitos outros países, como o
Senegal e os Estados Unidos da América.
Para a Intelligensia Cristã os nomes de São Tomás
de Aquino e de São Boaventura são muito importantes. E
de quem eram amigos e confidentes de longas e históricas
trocas de ideias? De São Luiz. O Santo iluminava com seu
preclaro raciocínio e ambiciosa virtude a mente dos dois
outros futuros santos. Uma das ideias brilhantes de São
Luiz era transformar a França em uma “Nova Jerusalém”.
Construiu então a Sainte Chapelle, cujo projeto no remete ao
projeto da Capela da Virgem de Pharos, em Constantinopla.
Para a sua capela adquire do Governo de Constantinopla a
relíquia da Coroa de Cristo e um fragmento da “Vera Cruz”.
As relíquias são tão significativas para o mundo Cristão que
o nome de uma delas é dado às terras da América, onde
hoje é o Brasil.
Como chefe militar, São Luiz constrói a cidade de
Aïgues Mortes - Aguas Mortas, em Provençal - como base
para as Cruzadas que irá chefiar, já que não admitia estar a
Terra Santa em mãos não Cristãs. Na Sétima Cruzada ataca
a cidade do Cairo, não é feliz na batalha, caindo prisioneiro.
Sua esposa, e os valorosos Cavaleiros Templários juntam o
tesouro reclamado pelo captor, e libertam Luiz do cativeiro.
Na Oitava Cruzada é ainda mais infeliz, encontrando
a morte nas cercanias de Tunes. Seu corpo foi posto em um
leito de cinzas, segundo a sua vontade, e vai chegar à Sainte
Chapelle, mas é depredado na Revolução Francesa.
Mas sendo um Rei tão bondoso e um soldado tão
valoroso, os Muçulmanos resolvem criar uma história
paralela, dizendo que São Luiz havia se convertido ao Islã,
e que seria um Santo de Maomé, havendo mesmo uma
peregrinação em sua honra ao Monte Tunes.
O conselho de São Luiz ao seu herdeiro - que
consta do seu testamento - ainda hoje nos serve, estimado
Paroquiano, e estimada Paroquiana: “Se o Senhor permitir
que lhe advenha alguma tribulação, deves suporta-la com
serenidade”.
>>Luiz Rocha Neto, Professor da UFRJ.