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Projeto Redação - 2018
Autora: Maria Fernanda Saraiva dos Santos
Turma: A71
O CARTEIRO
Sou Joana. Tenho dezessete anos e moro no Nordeste, mais especificamente
em Salvador, na Bahia. Sou uma menina negra, de olhos castanhos e cabelos cor
de mel. Faço o que todas as meninas da minha idade gostam: canto, danço, estudo
e apaixono-me.
Minha vidinha não é complicada. Sigo a mesma rotina todos os dias: casa,
escola, dever de casa e janela.
Diariamente, no mesmo horário, eu vou para a janela aguardar o carteiro.
Não espero receber correspondências, o que eu desejo é que o carteiro me note. Já
pensei em escrever uma carta para mim mesma, na esperança de que ele me olhe,
mas se ele achar que é uma carta de amor de outra pessoa? Outra opção seria
escrever uma carta para ele, já que todos dizem que escrevo bem, porém essa ideia
nunca se concretizou.
Um dia, algo de errado aconteceu: o carteiro não passou no horário de
sempre. Ele nunca havia se atrasado, nem com sol ou muita chuva. Depois de uma
hora e meia de espera, decidi que precisava fazer alguma coisa, mas o que poderia
ser? Lembrei que não sabia o nome dele, nem seu endereço, absolutamente nada.
Então percebi como havia sido boba por todo o tempo em que fiquei
esperando por meu príncipe encantado sem que ele jamais soubesse.
Resolvi sair da janela e fazer alguma coisa útil, porque ficar ali não
adiantaria nada. Fui conversar com a minha avó. Não precisei falar nada. Minha
avó, meu porto seguro, me conhece bem.
Vovó me deu colo. Era tudo de que eu precisava. Amanhã, seria um novo dia.
E foi. Escola, casa, dever de casa, janela... e à espera do carteiro.
COLÉGIO BAHIENSE
AMÉRICAS