REVISTA MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO #12
Márcio Crisóstomo - Uma carreira pautada na paixão pela pesquisa e no rigor médico As novas fronteiras que a literatura cearense pode alcançar com Angela Gutiérrez + Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia
Márcio Crisóstomo - Uma carreira pautada na paixão pela pesquisa e no rigor médico
As novas fronteiras que a literatura cearense pode alcançar com Angela Gutiérrez
+ Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia
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PODEROSA<br />
ESSÊNCIA<br />
Por Moésio Pereira<br />
EMPATIA: CAMINHO DE HUMANIZAÇÃO<br />
Hoje em dia nossas sociedades vivem um fenômeno<br />
paradoxal. Com a internet e o advento do “mundo<br />
virtual”, as fronteiras que nos dividem diminuem;<br />
ao mesmo tempo, vamos criando muros (reais e<br />
simbólicos) que nos separam. O sonho de uma fraternidade<br />
universal parece enfraquecido pela dificuldade de<br />
construir relações verdadeiramente humanas. Parece-<br />
-nos cada vez mais difícil saber conviver com quem<br />
pensa diferente da gente e assume valores diferentes<br />
dos nossos. Mas o que está em jogo, no fim das contas,<br />
é a própria humanização da criatura humana.<br />
A necessidade de viver em grupo, de formar comunidade/sociedade<br />
é parte intrínseca do ser humano.<br />
Por isso mesmo precisamos desenvolver habilidades<br />
que possibilitem nos realizar enquanto humanos, isto<br />
significa superar a indiferença e a apatia diante do<br />
mundo, do outro e da natureza. Precisamente neste<br />
contexto, uma das qualidades humanas mais necessárias<br />
é a empatia. Mas o que é a empatia?<br />
É lugar-comum relacionar o vocábulo grego pathos<br />
(do qual provém a palavra portuguesa "empatia")<br />
à doença. No entanto, se voltarmos aos filósofos clássicos,<br />
veremos que pathos é o espanto originário que<br />
possibilita o filosofar e a busca do que é propriamente<br />
humano. Segundo o filósofo alemão Heidegger, precisamos<br />
resgatar o sentido original de pathos para nos<br />
aproximar do ideal de ser humano e de humanidade.<br />
Destarte, a empatia entendida filosoficamente pode ser<br />
aquela disposição que nos permite ficar espantados<br />
diante da realidade.<br />
Um dos grandes problemas que nossa humanidade<br />
ferida nos mostra, por exemplo, é que fatos como a<br />
violência, a morte de um inocente, a corrupção que<br />
gera injustiça e desigualdade já não mais nos causam<br />
espanto. Achamos “natural”. Quando o sofrimento do<br />
outro e da natureza não nos dizem nada, não nos<br />
deixam espantados, algo de nossa humanidade<br />
já está morto.<br />
Mas a sabedoria cristã propõe o caminho para a<br />
restauração de nossa verdadeira humanidade e, desta<br />
forma, da construção de uma sociedade mais fraterna<br />
e solidária; menos indiferente e menos apática. De fato,<br />
Jesus de Nazaré nos mostra como ser verdadeiramente<br />
empáticos; como nos deixarmos mover pelo<br />
espanto (pathos) que a realidade pode fazer eclodir<br />
do mais íntimo de nós e assim incidirmos positivamente<br />
sobre ela.<br />
Os Evangelhos mostram que diante da multidão<br />
faminta, Jesus sentiu compaixão e agiu para acabar<br />
com a fome daquelas pessoas (Mt 15,32); ele se comove<br />
diante da situação de uma viúva que perde seu filho<br />
único (Lc 7, 11-17); ele enxerga nas pessoas muito mais<br />
do que seus defeitos. Ele exalta a capacidade que<br />
o outro tem de amar: “Portanto, eu digo, os muitos<br />
pecados dela lhe foram perdoados; pois ela amou<br />
muito” (Lc 7, 47).<br />
→ → PADRE MOÉSIO PEREIRA É MISSIONÁRIO REDENTORISTA, MESTRE E DOUTOR EM ÉTICA<br />
TEOLÓGICA PELA ACADEMIA AFONSIANA DE ROMA E COORDENADOR DO DEPTO. DE PÓS-<br />
-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO DA FACULDADE CATÓLICA DE FORTALEZA.<br />
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