Guia-de-Bolso-para-Debates-sobre-Política-de-Drogas
Guia para ampliar a compreensão dos estudos sobre as políticas de drogas a nível nacional, e como os avanços e retrocessos sobre esse tema pode ser tão pertinente para o contexto contemporâneo de proteção dos direitos humanos e da democracia.
Guia para ampliar a compreensão dos estudos sobre as políticas de drogas a nível nacional, e como os avanços e retrocessos sobre esse tema pode ser tão pertinente para o contexto contemporâneo de proteção dos direitos humanos e da democracia.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> bolso <strong>para</strong> <strong>de</strong>bates <strong>sobre</strong> política <strong>de</strong> drogas<br />
38<br />
A proibição afeta negros e pobres<br />
<strong>de</strong>sproporcionalmente<br />
Diversos países que flexibilizaram suas leis <strong>de</strong><br />
drogas, permitindo, por exemplo, o porte <strong>para</strong><br />
uso pessoal, adotaram critérios objetivos <strong>para</strong> diferenciar<br />
uso <strong>de</strong> tráfico, como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
drogas apreendida. O limite <strong>para</strong> uma conduta<br />
e outra varia <strong>de</strong> país <strong>para</strong> país. Na Espanha, por<br />
exemplo, é permitido portar até 100 gramas <strong>de</strong><br />
maconha, enquanto no México, apenas 5 gramas 11 .<br />
A Lei <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> brasileira não <strong>de</strong>termina<br />
critérios claros <strong>para</strong> diferenciar uso <strong>de</strong> tráfico.<br />
O § 2º do artigo 28 da Lei <strong>de</strong> <strong>Drogas</strong> se limita a<br />
dizer que “o juiz aten<strong>de</strong>rá à natureza e à quantida<strong>de</strong><br />
da substância apreendida, ao local e às<br />
condições em que se <strong>de</strong>senvolveu a ação, às<br />
circunstâncias sociais e pessoais, bem como<br />
à conduta e aos antece<strong>de</strong>ntes do agente”. Na<br />
prática, essa <strong>de</strong>finição é feita na própria abordagem<br />
policial e, nos tribunais, muitas vezes<br />
os agentes que efetuaram a prisão são as únicas<br />
testemunhas ouvidas durante todo o processo.<br />
Os juízes consi<strong>de</strong>ram a palavra do policial<br />
uma espécie <strong>de</strong> “rainha das provas” (ver<br />
infográfico na p. 50).<br />
11<br />
Carlos, J. <strong>Política</strong> <strong>de</strong> drogas e encarceramento em São<br />
Paulo, IDPC, 2015.