Stallos News - Edição 25
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AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL<br />
QUAIS AS VANTAGENS E DESVANTAGENS?<br />
O que muda com a nova proposta<br />
de governo?<br />
O projeto feito pela equipe do Presidente Bolsonaro<br />
baseia-se em três pontos centrais: mandato<br />
de quatro anos para o presidente do Banco<br />
Central, não coincidente com o mandato de<br />
presidente da República; mandato prorrogável<br />
por mais quatro anos; e a retirada do status de<br />
ministro para o de presidente da instituição. A<br />
ideia é que o presidente e os membros da diretoria<br />
tenham estabilidade no cargo e não<br />
possam ser exonerados pelo chefe do Executivo<br />
– que hoje detém esse poder.<br />
PONTOS NEGATIVOS<br />
Os mais críticos à proposta acreditam que o texto<br />
representa um conflito democrático, já que os<br />
dirigentes não estariam alinhados aos representantes<br />
escolhidos pelo povo e, em caso de uma má<br />
gestão da política monetária, não poderiam ser<br />
depostos.<br />
“Quem é contra diz que a taxa de juros está revestida<br />
de um aspecto político, no sentido de que governos<br />
poderiam se valer de uma taxa mais baixa para<br />
utilizarem como forma de política econômica. Não<br />
haveria mais essa opção”, explica Mauro Rochlin.<br />
Em tese, dar autonomia ao Banco Central não traz<br />
desvantagens. Mas cabe ressaltar que a estabilidade<br />
econômica não depende somente da autoridade<br />
monetária. A política econômica segue sendo definida<br />
pelo governo, assim como a meta de inflação,<br />
definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)."<br />
A formalização dessa autonomia, porém, já vem<br />
sendo discutida em Brasília há anos. Exemplo<br />
disso é que o assunto é tratado em outros dois<br />
textos que estão em tramitação no Congresso.<br />
Um deles, aliás, tramita há 16 anos e é de autoria<br />
do atual presidente da Câmara dos Deputados,<br />
Rodrigo Maia (DEM-RJ).<br />
PONTOS POSITIVOS<br />
Entre os defensores da proposta, os benefícios<br />
citados são pela confiança do mercado e do domínio<br />
técnico nas decisões para defender o afastamento<br />
da instituição do espectro político.<br />
Para Maílson da Nóbrega, a possível aprovação do<br />
texto mostrará ao mundo que o país está se alinhando<br />
às práticas modernas de gestão econômica.<br />
Na visão de Mauro Rochlin, da FGV/RJ, os itens que<br />
serão levados ao Congresso garantem uma maior<br />
blindagem ao Bacen, uma vez que a diretoria e a<br />
presidência não poderão sofrer represálias por<br />
tomarem medidas que são vistas por muitos políticos<br />
como impopulares – diminuição da oferta de<br />
crédito aos consumidores, por exemplo -, mas<br />
necessárias do ponto de vista econômico. Já o reflexo<br />
positivo para a população está na geração de<br />
empregos, derivada de uma alta gradativa de investimentos<br />
no setor produtivo que é gerada pelo<br />
aumento da confiança do mercado.<br />
Quanto mais blindado o Banco Central estiver, mais<br />
poderá fazer uma política de juros adequada ao que<br />
ele entende ser a defesa da moeda, aumentando ou<br />
diminuindo os juros quando entender que é necessário.<br />
A autonomia daria a maior capacidade de<br />
fazer essa gestão.<br />
Boletim Informativo Ano X - <strong>Edição</strong> <strong>25</strong> - Junho/2019 9