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Página 8 A Voz do Vale De 14 a 20 de julho de 2019<br />
Grupo inicia limpeza trilhos para passagem de trens<br />
Um “trenzinho” criado<br />
por avareenses está virando<br />
uma atração nos trilhos da<br />
antiga Sorocabana. No feriado<br />
prolongado desta semana,<br />
um grupo de amigos,<br />
denominados de “Tremqueiras”,<br />
iniciou a limpeza<br />
dos trilhos da antiga Estrada<br />
de Ferro Sorocabana<br />
entre o distrito de Barra<br />
Grande, em Avaré, até o<br />
município de Manduri.<br />
A iniciativa foi flagrada<br />
pelo empresário Cláudio<br />
Albuquerque que postou<br />
fotos e vídeos em sua página<br />
em uma rede social.<br />
“Atividade do grupo Tremqueira<br />
percorrendo o trecho<br />
da Estrada de Ferro Sorocabana<br />
entre Barra Grande<br />
e Manduri. Força pessoal.<br />
Vamos fazer o trem rodar<br />
novamente”, postou.<br />
Nas imagens é possível<br />
verificar que o grupo vem<br />
realizando a capinação e a<br />
limpeza dos trilhos, tudo para<br />
viabilizar a passagem do trem<br />
que eles viabilizaram.<br />
Em outubro, o site Fora<br />
de Pauta fez uma matéria relatando<br />
como nasceu a idéia<br />
para a construção do “trenzinho”.<br />
Trata-se de uma<br />
geringonça criada por um<br />
grupo de avareenses que resolveu<br />
fazer da paixão pela<br />
estrada de ferro um hobby.<br />
Desde setembro de<br />
2018, a plataforma de aço<br />
e madeira movida por um<br />
motor de motocicleta pode<br />
ser vista circulando entre<br />
Barra Grande e Cerqueira<br />
César e, em breve, também<br />
em Manduri.<br />
É equipada com buzina,<br />
freio a disco, faróis traseiros<br />
e dianteiros. Atinge 55<br />
km/h e tem capacidade para<br />
oito pessoas. “E o mais importante:<br />
transporta muita<br />
alegria”, afirma o documentarista<br />
Amauri Albuquerque<br />
ao Fora de Pauta.<br />
A IDEIA - O aposentado<br />
Orestes Henrique, de 60<br />
anos, vivia pensando numa<br />
forma de dar alguma utilidade<br />
àqueles trilhos que,<br />
no passado, viveram anos<br />
de glória. Dormentes enferrujados,<br />
postes entregues à<br />
ação do tempo: aquilo tudo o<br />
incomodava profundamente.<br />
“Essa estrutura foi feita com<br />
o dinheiro de nossos pais e<br />
avós. E veja só a situação em<br />
que está”, diz, indignado.<br />
Começou, então, a ter<br />
contato na internet com<br />
experimentos nos quais<br />
pessoas utilizam a linha<br />
férrea para passeios informais,<br />
empreendimentos<br />
– segundo ele – muito comuns<br />
na Europa e nos Estados<br />
Unidos.<br />
Os amigos Carlos Alberto<br />
Forlini e Cláudio Cabral<br />
de Oliveira, ambos também<br />
com 60 anos, se entusiasmaram<br />
com o projeto. Outro<br />
colega da velha guarda, o<br />
músico Kléber Silveira, 62,<br />
engrossou o caldo. (Coube<br />
a este último batizar a plataforma).<br />
O caçula Albuquerque,<br />
46, foi a mais recente<br />
aquisição da trupe.<br />
A etapa seguinte foi<br />
construir o “Tremqueira”.<br />
Eles gastaram horas trabalhando<br />
no protótipo, que<br />
foi avançando na base da<br />
tentativa e erro. Um trazia<br />
uma peça; outro bancava<br />
um item que faltava; alguém<br />
acolá dava um palpite<br />
sobre a estrutura.<br />
NOS TRILHOS - A<br />
viagem até Cerqueira César<br />
dura aproximadamente 30<br />
minutos. A paisagem, confessam<br />
os idealizadores, é<br />
deslumbrante. Alguns rolês<br />
foram documentados e estão<br />
disponíveis no YouTube.<br />
Mas o passeio, contudo,<br />
também exige sacrifício<br />
dos integrantes da comitiva.<br />
Quando chega num ponto<br />
crítico, o veículo é obrigado<br />
a interromper o trajeto.<br />
O grupo então desembarca,<br />
corta galhos que impedem<br />
a passagem da “locomotiva”,<br />
remove a terra<br />
que cobre dormentes e confere<br />
a condição da estrutura<br />
antes de seguir viagem. As<br />
condições precárias da linha<br />
exigem reparos constantes.<br />
Não por acaso, o “Tremqueira”<br />
tem uma caixa de<br />
ferramentas a bordo.<br />
A brincadeira também<br />
apresentou alguns riscos<br />
no início. O trem já descarrilou<br />
duas vezes por conta<br />
dos obstáculos. Felizmente,<br />
ninguém se feriu.<br />
Em outro episódio, os<br />
avareenses tiveram que<br />
usar os pés para evitar<br />
que o comboio se chocasse<br />
com uma cerca erguida<br />
por posseiros. Além disso,<br />
numa incursão noturna, os<br />
tripulantes ouviram disparos<br />
de arma de fogo perto<br />
de Barra Grande.