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Página 4 A VOZ DO VALE De 8 a 14 de setembro de 2019<br />
José Carlos Santos Peres<br />
AVARÉ EM NÚMEROS<br />
Avareenses medimos o desenvolvimento da cidade<br />
pelo número de habitantes. Em se tratando de progresso,<br />
nada a ver. Mas sempre fica no cidadão o sentimento<br />
de que crescimento populacional significa engrandecimento<br />
da cidade.<br />
Sempre esperamos por dados mais robustos do<br />
IBGE, quando de divulgação do Censo, como acaba de<br />
acontecer agora com o Instituto nos dizendo que somos<br />
90.655 almas viventes.<br />
Em 2010 contávamos 82.934. Entre mortos e feridos o saldo<br />
aponta para um crescimento de 7.721 pessoas no período.<br />
Para quem gosta de crescimento populacional, nada mal.<br />
Pela atual progressão estaremos (espero estar!), daqui<br />
a 10 anos, no tão desejados 100 mil habitantes. Um número<br />
redondo, para encher a boca e o peito de orgulho, como<br />
se tal situação fosse, por si só, motivo para tanto.<br />
O efeito psicológico dos 100 mil existe. Ah, estamos<br />
num outro patamar. No caso, o de Cidade Média. No<br />
conceito urbanístico, de 50 a 100 mil habitantes a cidade<br />
é considerada média-pequena.<br />
Avaré, de maneira geral, está na média na maioria<br />
dos itens apresentados. Mas há situações que precisam<br />
ser consideradas. Sem menosprezo aos integrantes da<br />
nossa micro região ( Avaré, Itai, Itatinga, Cerqueira César,<br />
Iaras, Arandu e Águas de Santa Barbara) a verdade<br />
é que o município deveria estar em primeiro lugar em<br />
todos os segmentos, o que não acontece.<br />
Ao articulista surpreende o item Arborização de Vias<br />
Pública: cobertura de 82,1%. Pensava numa situação<br />
pior. Mesmo assim, para efeito de comparação, tal quadro<br />
coloca Avaré apenas em 474 lugar no Estado (645<br />
municípios) e em quinto entre oito cidades, na micro região.<br />
Parece bom, portanto, aqueles 82%, mas não está<br />
bom, quando se faz a comparação.<br />
Esgotamento sanitário, sim. Está “Adequado”, é a definição<br />
dada pelo IBGE. A cidade conta com 95,6% de<br />
residências atendidas. Coleta e tratamento. No Brasil,<br />
naqueles 5.570 municípios ocupamos a posição 169 e<br />
no Estado a 133. Pelo histórico de dados é possível dizer<br />
de uma melhoria continua no importante segmento.<br />
No quesito Urbanização de Vias Pública a situação<br />
está complicada. Estamos mal na fita nacional. No Estado<br />
somos o 598, a frente apenas de 47 cidades. O item<br />
considera calçada, bueiro, pavimentação, meio-fio. Ah,<br />
se considerasse galeria pluvial...<br />
Há muitos dados disponibilizados pelo IBGE nos<br />
campos Educação, Trabalho e Rendimento, Economia,<br />
Saneamento, Território e Ambiente... Importante mesmo<br />
é o prefeito convocar as cabeças pensantes do seu<br />
governo para entender os números, saber dimensiona-<br />
-los contextualizando nosso município no Estado e estabelecer<br />
melhorias.<br />
Mais que tomar conhecimento, portanto, é importante<br />
tomar providências “naquilo” que depende da administração<br />
púbica, antes que os cem mil habitantes venha<br />
a ser uma realidade, que mais gente significa maiores<br />
demandas... E não necessariamente desenvolvimento.<br />
José Carlos Santos Peres<br />
É O JARDINE, TITE<br />
Os meninos do sub-23 – o time, ainda, sem os “medalhões”<br />
da categoria – gastam a bola nesses amistosos<br />
visando os Jogos Olímpicos. Parece que o treinador<br />
Jardine aprendeu a lição, a que pede para soltar<br />
o jogo, liberar nos garotos o instinto da criatividade.<br />
Quem viu o jogo contra o Chile, na terça, sabe do que<br />
estou falando. Um time sem amarras, buscando o ataque,<br />
com sentido coletivo, mas sem deixar de nos brindar<br />
com lances bonitos em jogadas bem construídas.<br />
O que vale é a arte, meus amigos.<br />
Já o time do Tite, na noite de quarta... Perder para o<br />
Peru é fim da picada, com todo o respeito ao adversário.<br />
Na verdade, o problema nem está na derrota, mas no<br />
desempenho, na arrumação, na proposta de jogo do Brasil.<br />
Uma coisa enfadonha, previsível. Pedimos Fabinho<br />
e ele tropeça na bola, nos encantamos com Firmino e<br />
ele desaparece; Ederson é um dos melhores do mundo<br />
e no único lance exigido, numa saída de gol, temos um<br />
goleiro amador que não sabe que a bola tem um tempo.<br />
E toma Coutinho errando passe de três metros,<br />
Alex Sandro jogando como Armero, Vinicius Junior<br />
parecendo Berrio, Militão destrambelhado. Um único<br />
peruano, aquele que tem nome de remédio, o Advíncula,<br />
ganhou o jogo... Só Richarlison se salvou.<br />
Tite deveria conversar com o Jardine, para aprender<br />
como se faz... Aliás, pensando melhor, melhor<br />
não! Nos jogos Olímpicos ele navegou nas ondas do<br />
Micale. E deu no que deu.<br />
José Carlos Santos Peres<br />
VIROU CANTILENA<br />
Todo ano, por essa época, somos instados a<br />
produzir algum texto crítico tendo como mote a administração<br />
pública e o que ela, no período de um<br />
ano, realizou de prático para, em síntese, melhorar<br />
a qualidade de vida da população.<br />
No ano anterior, muito em razão de ser véspera<br />
de período eleitoral, a cidade pode contar com<br />
algumas benesses dos governos estadual – principalmente<br />
– e federal.<br />
A partir de então as “ajudas” externas são as constitucionais<br />
apenas. E como o país não anda lá bem<br />
das pernas as transferências tendem a ser aquém<br />
das expectativas e necessidades dos municípios.<br />
A dependência dos repasses por parte das cidades<br />
é muito grande. No nosso caso, a administração<br />
mal faz para garantir o fluxo de Caixa e arcar com o<br />
custeio de uma máquina sempre estourando o limite.<br />
Daí, diante das dificuldades todas é que a exigência<br />
para um melhor direcionamento dos recursos<br />
públicos se faz necessária.<br />
Não à toa as críticas a essa “mania”, não só deste,<br />
mas de alguns administradores no passado recente,<br />
em privilegiar uma festa como a de Peão/<br />
EMAPA que, no fechar do ano quando despesas,<br />
principalmente com a Folha dos Servidores, acabam<br />
por ferir de morte os cofres da prefeitura.<br />
A falta de investimento na infraestrutura da cidade,<br />
no desenvolvimento de processos que possam<br />
contribuir com mais vigor à qualidade de vida da<br />
população pensando além dos segmentos clássicos<br />
como Educação e Saúde, segmentos esses<br />
com verbas carimbadas, é uma das maiores preocupações<br />
dos cidadãos.<br />
Continuamos a fazer o mais do mesmo. Sem capacidade<br />
para investimento a Gestão precisa encontrar<br />
alternativa além do corte de despesas, do<br />
equilíbrio das contas públicas aí considerando o<br />
custeio da máquina etc.<br />
Reinventar! Cada secretário deve encontrar meios<br />
para contribuir com a administração pública. É possível<br />
fazer “alguma coisa” mesmo sem bonança, mesmo<br />
numa fase de tantos contingenciamentos.<br />
A limpeza das ruas, a higienização dos espaços<br />
públicos (desmatamento, eliminação de possíveis<br />
criadouros de vetores transmissores de doenças),<br />
desassoreamento de córregos e manutenção de<br />
bueiros; cuidados com as praças públicas – tão<br />
maltratadas -, eliminação de buracos nas ruas, manutenção<br />
das vias públicas...<br />
São muitas ações rotineiras que precisam e podem<br />
ser realizadas e que por serem rotineiras não<br />
necessitam de investimentos. Esse mínimo, que é<br />
o de manter a cidade saudável, esse mínimo do<br />
mínimo precisa ser feito.<br />
Aniversário de Avaré. E novamente estamos<br />
aqui “chovendo no molhando” e como nos outros<br />
setembros repetimos perguntando se há algo grande<br />
a ser comemorado... Melhoramos os indicadores<br />
sociais? Empresas de porte estão se instalando<br />
na cidade? O Pronto Socorro, embora com prédio<br />
novo, ganhou em eficiência?<br />
São mais perguntas que respostas. E quando<br />
isso acontece é sinal de que, se não regredimos,<br />
estamos patinando. E quando se patina, regride.<br />
MEMÓRIA<br />
1961 – AMISTOSO<br />
PALMEIRAS – 3 X FLAMENGO - 2<br />
Local: Pacaembu. Árbitro: Anacleto Pietrobon<br />
Gols do Palmeiras: Vavá, Geraldo José e Gildo<br />
Gols do Flamengo: Germano e Gérson<br />
PALMEIRAS: Valdir (Rosan), Djalma Santos, Jorge,<br />
Aldemar e Geraldo Scotto. Zequinha (Pedrinho) e Hélio<br />
(Nelsinho). Gildo, Geraldo José (Humaitá), Vavá e<br />
Goiano (Paulinho). Técnico: Armando Renganeschi.<br />
FLAMENGO: Ari, Marinho, Ouraci, Jordan e Jadir.<br />
Carlinhos e Gérson. Joel (Espanhol), Manuelzinho, Germano<br />
(Othon)e Babá. Técnico: Fleitas Solich.<br />
1993 – TORNEIO RIO-SÃO PAULO<br />
PORTUGUESA 0 x 2 CORINTHIANS<br />
Local: Pacaembu. Àrbitro: Silas Santana. Expulsão: Viola.<br />
Gols: Viola e Rivaldo<br />
PORTUGUESA: Rui, Zé Maria, Augusto (Edvaldo),<br />
Souza e Jacenir. Capitão e Fernando Henrique. Baiano<br />
(Luciano Souza), Bentinho, Dinei e Paulinho Kobayashi.<br />
Técnico: Pepe.<br />
CORINTHIANS: Ronaldo; Marcelo, Henrique, Ricardo<br />
e Leandro Silva; Ezequiel, Válber, Rivaldo e Admílson<br />
(Elias); Leto e Viola.<br />
Técnico: Nelsinho<br />
José Carlos Santos Peres<br />
QUE TEMPO É ESSE, MEU?<br />
Saio andar por aí. Encontro alguns amigos “do<br />
meu tempo”. A gente vive fazendo novas amizades,<br />
mas há aquelas, as que nos viram crescer –<br />
no tamanho e na vida – que nos são mais caras.<br />
Pois essas vão se rareando.<br />
Como as pombas no pombal parnasiano: vai-se<br />
uma; depois outra... Algumas retornam, muitas ficam<br />
pelo meio do caminho. No meio do caminho<br />
do homem sempre há uma pedra e uma metáfora.<br />
Observo as pessoas ao meu redor: rostos jovens<br />
e desconhecidos. Outras gentes; novos costumes,<br />
cultura e linguagem.<br />
A paisagem desta Avaré em seus 158 anos é<br />
outra; as ruas estão diferentes, as fachadas dos<br />
prédios acompanharam esses tempos de acrílicos,<br />
plásticos, luzes e vidros. Carros atropelam<br />
semáforos e nossos tímpanos.<br />
Um tempo de ruídos, no motor que roda e nas<br />
falas das pessoas, cada vez mais beligerantes e<br />
intolerantes. Ah, o primeiro carro que ousei dirigir<br />
foi o Gordini do meu pai. O chamávamos de<br />
dauphine; fazia 17 quilômetros com 1 litro, e se<br />
o motorista fosse pé na tábua podia chegar aos<br />
120 por hora! Mas, a suspensão ia “prosaco”, em<br />
pouco tempo.<br />
E as equinas? Perderam os encontros, os<br />
acasos, as conversas soltas, e o beijo roubado;<br />
não há mais as damas-da-noite perfumando (o<br />
mais sensual dos perfumes) os muros nas madrugadas.<br />
Havia também outras damas, impossíveis<br />
aos jovens de então. Na minha esquina, em<br />
certas noites, um acordeonista fantasma tocava<br />
para as estrelas...<br />
As esquinas, hoje, em determinados horários,<br />
podem surpreender o pedestre, aquele que pisa<br />
em astros distraídos, com um cano de revolver.<br />
Então estou diante da geladeira do supermercado,<br />
equilibrando alguns pacotes – preguiça de<br />
usar o carrinho de compras –: o menino de rosto<br />
sem barba e musculatura saltando (hoje qualquer<br />
moleque de 14 anos supera-nos na altura e na<br />
força física) mostra-se gentil:<br />
- Seguro a porta para o senhor, tio...”. E acrescenta,<br />
quando movimento os braços para buscar<br />
o produto: “Vai com Deus”.<br />
Diabo! Por que o “Vai com Deus”? Só para que<br />
eu possa alcançar uma bandeja de sorvete diet?<br />
Já estou precisando de ajuda divina para um ato<br />
tão simples assim?<br />
Dia desses, caminhando pela Santa Catarina,<br />
ao chegar no Bradesco, um piralho na bicicleta<br />
veio rasgando. Quando dei por mim: Vapt-vupt!<br />
Sorte que o breque da Caloi e a lucidez do piloto<br />
foram suficientes para evitar o atropelamento.<br />
Nem deu tempo de gritar uns impropérios, tipo<br />
Cáspite!, que o sujeitinho sapecou um “descurpaí,<br />
tio. Foi mal!”, e saiu pedalando ainda com mais vigor.<br />
Parecia a Dilma na contabilidade do governo.<br />
Agora sou tio...<br />
O tempo passou, como a cidade passa agora<br />
com seus acrílicos, uma farmácia em cada esquina,<br />
carros entupindo as ruas; os amigos como as<br />
pombas do poeta...<br />
Menos mal que há sorvete diet para enganar<br />
o diabete, esse mal que quando não te pega na<br />
montante te pega na jusante. Mas te pega! Talvez<br />
por isso devemos, os que “vimos” a cidade nascer<br />
na ponta do cajado do Domiciano, aceitar um<br />
“vai com Deus” mesmo diante de uma geladeira<br />
em busca de um bandeja de sorvete, cuidando<br />
depois dos passos trôpegos, que esses carros híbridos<br />
fazem 120, mesmo estando estacionados.<br />
é uma publicação semanal da Editora Vieira Aires Ltda<br />
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