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Revista Alô Doutor 26ª Edição

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Dr. Eduardo Braga<br />

Pediatra do HSM e CSSJD<br />

COMO ALIMENTAR<br />

NOSSOS BEBÊS<br />

E CRIANÇAS<br />

DE FORMA SAUDÁVEL E SEM SACRIFÍCIOS<br />

A previsão dos estudiosos<br />

da universidade inglesa Imperial<br />

College of London e pela Organização<br />

Mundial da Saúde, é que,<br />

se nenhuma providência urgente<br />

for tomada e os níveis de obesidade<br />

continuarem subindo, já em<br />

2024, a obesidade entre crianças<br />

e adolescentes terá superado a<br />

dos que hoje se encontram abaixo<br />

do peso ideal.<br />

Difícil. Impossível dirão<br />

os avós. Não “tem<br />

como” asseguram<br />

pais, tios, membros ou<br />

não da família.<br />

Fato é que controlar a alimentação<br />

das crianças, desde a<br />

sua mais tenra idade até quando<br />

chegam à fase adulta, não é tarefa<br />

fácil.<br />

E os números estão aí para<br />

comprovar.<br />

Estudo recentemente publicado<br />

pela prestigiada revista<br />

sobre saúde, The Lancet, mostra<br />

que a taxa global de obesidade<br />

em crianças disparou nos últimos<br />

41 anos.<br />

O dado bom – se é que se<br />

pode afirmar isto – é que o índice<br />

de baixo peso caiu.<br />

O resultado desse padrão será<br />

uma taxa de elevação muito forte<br />

das principais enfermidades<br />

associadas à obesidade.<br />

Doenças do fígado, pressão<br />

arterial elevada e diabetes vão se<br />

tornar ainda mais comuns, sobrecarregando<br />

os sistemas de saúde<br />

e reduzindo a qualidade de vida –<br />

e de trabalho – do cidadão.<br />

O estudo demonstra que junto<br />

às meninas a obesidade global<br />

saltou de 0,7% em 1975, para<br />

5,6% em 2016. Os meninos não<br />

ficam atrás. A alta foi ainda maior<br />

– de modestos 0,9% em 1975,<br />

para perigosos 7,8% em 2016.<br />

Munido dos dados, foi possível<br />

aferir que 124 milhões de crianças<br />

e adolescentes – de 5 a 19<br />

anos – entraram na categoria de<br />

obesos em 2016.<br />

O que os pais ou responsáveis<br />

podem fazer?<br />

Como afirmamos no início<br />

deste artigo, mudar hábitos é<br />

complexo, exige dedicação e<br />

disciplina. Nós, adultos, bem o<br />

sabemos.<br />

O excesso de doces, alimentos<br />

gordurosos e, ao mesmo<br />

tempo, a ausência de frutas, vegetais<br />

e legumes, infelizmente é<br />

o padrão junto às nossas crianças<br />

e adolescentes.<br />

Minha indicação, no lugar de<br />

proibir determinados alimentos,<br />

é variar o cardápio.<br />

Balancear as refeições ao invés<br />

de proibir tudo de vez é a solução<br />

ideal.<br />

E o exemplo é sempre motivador.<br />

Não adianta querer que o filho<br />

coma bem se na sua casa ou quando<br />

se visita um restaurante os próprios<br />

pais não fizerem a sua parte.<br />

Introduza uma fruta após as<br />

refeições. Um vegetal aqui, outro<br />

acolá.<br />

O prato acaba ficando mais<br />

bonito, colorido e alegre e – assim<br />

– irá auxiliar a criança ou adolescente<br />

a começar a se interessar,<br />

e saborear, os alimentos mais<br />

saudáveis.<br />

Nestes, é preciso incluir também<br />

os alimentos integrais, com<br />

boa proporção de fibras, que ajudarão<br />

a manter a saciedade e fazem<br />

com que a digestão seja facilitada.<br />

Claro que não vamos deixar<br />

totalmente de lado os “amados”<br />

fast-foods. Porém, o ideal – e um<br />

acordo neste sentido é sempre<br />

bem vindo – é que a visita a estabelecimentos<br />

que trabalham com<br />

este tipo de alimentos se reduza<br />

aos finais de semana, um dia apenas<br />

seria o ideal.<br />

Uma dica é fazer em casa mesmo<br />

os molhos para salada à base<br />

de azeite de oliva, limão, mostarda,<br />

temperos como pimenta do reino<br />

e alguma erva (alecrim, hortelã,<br />

salsa, manjericão, entre outros).<br />

Nem é preciso acrescentar<br />

sal, pois o limão e as ervas já dão<br />

o toque mais picante.<br />

Fugir completamente dos doces<br />

é também uma tarefa bem<br />

árdua. Mas dá para fazer os doces<br />

em casa mesmo e ir reduzindo<br />

aos poucos a quantidade de<br />

açúcar. Utilizar ingredientes que<br />

tem menos calorias, sal e açúcar<br />

acaba contribuindo para uma alimentação<br />

mais rica, variada e –<br />

claro – saudável.<br />

Por fim, não podemos nunca<br />

nos esquecer de que ficar horas<br />

sentado em frente a um computador<br />

ou um smartphone é um<br />

enorme incentivo para que o corpo<br />

acumule gorduras e deixe de<br />

fortalecer ossos e músculos como<br />

crianças e adolescentes precisam.<br />

Entrar para uma academia e<br />

transformar esta atividade numa prática<br />

a mais presente possível é, junto<br />

com uma alimentação correta e coerente,<br />

mais um passo em direção à<br />

qualidade de vida que queremos.<br />

Uma dica: faça uma aposta<br />

dentro de casa para ver quem<br />

emagrece mais em determinado<br />

período e escolha um prêmio<br />

(não vale doce ou hambúrguer)<br />

para o, ou os, vencedores.<br />

O que nunca se deve fazer é<br />

dar “a coisa” como caso perdido.<br />

Sem esforço, não há recompensa.<br />

Então, vamos mudar nossos hábitos<br />

– dos adultos e das crianças?<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Alô</strong> <strong>Doutor</strong> na Sala de Espera Agosto / Setembro | 2019<br />

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