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outubro-2019

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Confira a opinião dos nossos colunistas<br />

Dr. Humberto Marques Tibúrcio<br />

“Área física do laboratório e do seu posto de coleta: impactos da<br />

regulamentação sanitária na atividade econômica° CBAC”, pág. 10<br />

Dr. Wilson Shcolnik<br />

“Canal Direto. Para frente e avante!”, pág. 14<br />

Dr. Irineu Grinberg<br />

“CP 725 - RDC 50 – Revisão”, pág. 18<br />

Dr. Paulo Cesar Naoum<br />

“ Tecnologias arrojadas investem em medicina analítica”, pág. 22<br />

Dr. Dácio Eduardo Leandro Campos<br />

“O ROSA e o AZUL”, pág. 24<br />

Dr. Yussif Ali Mere Jr<br />

“A hora do crescimento sustentável”, pág. 24<br />

Daniele Goeking<br />

“Gestão de pessoas e o marketing”, pág.26<br />

Dra. Maria de Lourdes Pires Nascimento<br />

“Anemia falciforme: uso da hidroxiurea e questões a esclarecer”, pág. 28<br />

Editorial<br />

Realidade científica impactante<br />

Cada vez mais nos<br />

deparamos com o avanço<br />

tecnológico e científico da<br />

ciência. E muito mais de seus<br />

autores. Não se cansam de<br />

pesquisar e estudar. Todo dia<br />

aprendemos. Todo dia nos<br />

surpreendemos. Admiramos<br />

esses apaixonados pela vida<br />

humana.<br />

Nosso jornal está prestes a uma maturidade conquistada com<br />

a ajuda e colaboração de nobres profissionais do setor médico,<br />

diagnóstico, laboratorial. Só podemos agradecer.<br />

ÍNDICE<br />

Entrevista<br />

As tendências da medicina<br />

laboratorial<br />

04<br />

Dra. Heloisa da Rocha Picado Copesco<br />

“Dicas do que NÃO fazer para ter uma pele linda! (Parte 2)”, pág.28<br />

Alexandre Calegari<br />

“A importância da medicina laboratorial na prevenção de doenças”, pág.30<br />

Dr. Rodrigo Masini<br />

“A Inteligência Artificial no Laboratório clínico”, pág. 32<br />

A opinião aqui manifesta é de plena responsabilidade dos seus autores.<br />

Para o leitor, fica a liberdade de contatá-los diretamente através de seus próprios e-mails.<br />

Estudo<br />

USP e Harvard criam bateria feita de<br />

gelatina para uso na área médica<br />

Boas Vindas<br />

Vitor Muniz Jr. chega à Roche<br />

Diagnóstica como diretor de<br />

Desenvolvimento de Novos Negócios<br />

12<br />

24<br />

3


Entrevista<br />

Labornews – Dos cinco tipos de hepatites conhecidas<br />

(A, B, C, D e E), no Brasil não é encontrada a de tipo E, e a D<br />

é pouco frequente. Quais são as mais comuns?<br />

Galoro - No Brasil, as hepatites virais mais comuns são<br />

as causadas pelos vírus A, B e C. Existem, ainda, os vírus D e<br />

E, esse último mais frequente na África e na Ásia. De 1999 a<br />

2018, foram notificados mais de 600 mil casos de hepatites<br />

virais. Destes, 26% são referentes aos casos de hepatite A,<br />

37% de hepatite B, 36% de hepatite C e 1% de hepatite D.<br />

L - O fato de os primeiros sintomas de hepatite serem<br />

inespecíficos (febres, náuseas e vômitos, urina escura e<br />

fezes esbranquiçadas), o diagnóstico deveria ser investigado<br />

antes dos sinais mais característicos, como a icterícia? Os<br />

profissionais de saúde fazem uma notificação satisfatória<br />

das ocorrências?<br />

Galoro - As hepatites virais são silenciosas na grande<br />

maioria dos casos, o que reforça a necessidade de ir ao médico<br />

regularmente e fazer os exames de rotina que detectam os vários<br />

tipos de hepatites. Quando os sintomas aparecem, geralmente<br />

a doença já está em estágio mais avançado. Os sintomas mais<br />

comuns são enjoo, vômitos, urina escura (cor de café); Icterícia<br />

(olhos e pele amarelados); Fezes esbranquiçadas (como massa<br />

de vidraceiro). As hepatites virais integram a Lista Nacional<br />

de Doenças de Notificação Compulsória e os casos positivos<br />

devem ser notificados às autoridades de saúde por médicos,<br />

profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos<br />

de saúde, públicos e privados.<br />

Texto: Regina Prado<br />

As tendências da medicina laboratorial<br />

L – A hepatite, por ser silenciosa, o diagnóstico é<br />

normalmente feito na vida adulta? Ou o contágio ou sua<br />

progressão independe da idade do paciente?<br />

Galoro - Com exceção da Hepatite A, cuja faixa etária<br />

mais frequente para diagnóstico é inferior aos 10 anos, faixa<br />

etária mais frequente para diagnóstico das demais Hepatites<br />

é nos adultos jovens, entre os 30 e 50 anos para a Hepatite B e<br />

entre os 50 e 60 anos para a Hepatite C. Isto se justifica pelas<br />

diferentes formas de contágio destes tipos de hepatites. Para<br />

a Hepatite A, cuja principal via é a fecal-oral, a maioria dos<br />

casos acontece em crianças e adolescentes, enquanto para as<br />

Hepatites B e C, que possuem transmissão sanguínea e sexual,<br />

o contágio acontece em adultos.<br />

L – No caso da transmissão de mães para filhos, durante<br />

o parto, durante a gestação ou na amamentação, os bebês<br />

podem ter a doença latente e só se manifestar na vida<br />

adulta? Os bebês podem ser curados?<br />

Galoro - A transmissão vertical das hepatites B e C, de<br />

mãe para o filho, acontecem por via sanguínea, em sua<br />

maioria durante o parto, não havendo diferença caso o parto<br />

seja por via vaginal ou cesariana. O vírus das hepatites B<br />

(VHB) e C (VHC) não são transmitidos pelo leite materno e,<br />

portanto, a amamentação não deve ser contraindicada para<br />

recém-nascidos (RN) de mães infectadas por estes vírus.<br />

Caso não seja realizada a profilaxia, o risco de transmissão<br />

perinatal em mães infectadas pelo VHB depende da atividade<br />

de replicação viral da mãe. Para gestantes com HBsAg e<br />

HBeAg positivos, a transmissão ocorre em 90% dos casos,<br />

enquanto em gestantes apenas com o HBsAg positivo, a<br />

transmissão ocorre em 10% dos casos. A maioria dos recémnascidos<br />

infectados durante o parto serão assintomáticos,<br />

com diagnóstico apenas na vida adulta e 25% evoluirão com<br />

cirrose ou carcinoma hepático. As medidas de prevenção da<br />

transmissão vertical do VHB perinatal são altamente eficazes<br />

e envolvem a imunização ativa, com a vacina contra o VHB<br />

e passiva, com o uso de imunoglobulina humana hiperimune<br />

anti hepatite B, reduzindo-se a incidência de infecção em<br />

85 a 95% dos casos. Para o vírus da hepatite C (VHC), a<br />

transmissão vertical é baixa, em torno de 5 a 6% dos casos<br />

e até o momento não há profilaxia para evitá-la, indicandose<br />

o seguimento das crianças, para diagnóstico e tratamento<br />

precoce.<br />

4<br />

Patologista Clínico Alex Galoro, gestor médico do Laboratório<br />

Franco do Amaral, fundado em 1950 em Campinas e desde 2017<br />

associado ao Grupo Sabin, atualmente com 225 unidades no país.<br />

Alex Galoro presidiu a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/<br />

Medicina Laboratorial SBPC/ML (2016-2017), é especialista em<br />

Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (TEPAC), possui MBA<br />

em Gerência da Saúde (2003) pela Fundação Getúlio Vargas, e<br />

doutorado em Ciências (2008) pela Faculdade de Medicina da<br />

Universidade de São Paulo (USP). Também atuou na Clinical<br />

Chemistry and Laboratory Management, no Jewish General Hospital,<br />

da Universidade McGill, em Montreal, Canadá.<br />

L – No caso das hepatites A e E, que podem ser adquiridas<br />

com a ingestão de alimentos contaminados, há maior risco<br />

em locais onde o saneamento básico não é satisfatório?<br />

Como é o contágio dos outros tipos?<br />

Galoro - A transmissão das hepatites varia conforme<br />

o tipo de vírus. Para os vírus A e E, o contágio é fecal-oral,<br />

devido a condições precárias de saneamento básico e água,<br />

de higiene pessoal e dos alimentos. Para os vírus B, C e D, a<br />

transmissão é sanguínea, pela prática de sexo desprotegido ou<br />

compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear,<br />

alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam; ou<br />

ainda da mãe para o filho durante a gravidez, o parto e a<br />

amamentação.<br />

L - Vemos que atualmente os jovens já não estão se<br />

protegendo de doenças sexualmente transmissíveis como<br />

deveriam. Já há registro do aumento de casos de hepatite de<br />

transmissão sanguínea, como a B e a C, no país? Há outras<br />

situações de risco para o contágio destes vírus?<br />

Galoro - A prevenção é diferente, conforme a forma de<br />

transmissão. Para as hepatites A e E, que têm transmissão<br />

fecal-oral, a prevenção deve ser com cuidados de higiene e<br />

saneamento básico porque a infecção acontece através da<br />

ingesta de água ou alimentos contaminados. Para as hepatites<br />

B, C e D, que têm transmissão sanguínea, as formas de<br />

prevenção também variam conforme o tipo de contágio:<br />

- para contágio através do sexo, recomenda-se a prática do<br />

sexo seguro, com uso de preservativos;<br />

- para o compartilhamento de objetos que possam estar<br />

contaminados, recomenda-se que isto não ocorra. O ideal é o uso de<br />

equipamentos próprios ou esterilizados, como no caso de alicates<br />

de unhas e lâminas de barbear, por exemplo;<br />

Cont. na pág. 6


5


- para o contágio de mãe para filho, que pode<br />

acontecer no parto ou amamentação, recomendase<br />

o tratamento prévio da mãe e, se necessário,<br />

posteriormente do filho.<br />

Em 2007, a taxa de incidência da Hepatite A<br />

era superior às Hepatites B e C, porém vem caindo<br />

desde então, atingindo 1,0/ 100 mil habitantes<br />

em 2016. Neste mesmo período, as Hepatites B e<br />

C apresentaram tendência de aumento, sendo que<br />

a Hepatite C superou a incidência da Hepatite B a<br />

partir de 2015, quando houve mudança na definição<br />

dos casos, para fins epidemiológicos, sendo a<br />

contaminação sexual a principal causa para o VHB e<br />

o uso de drogas e transmissão sanguínea para o VHC.<br />

L – Já existem vacinas contra os tipos A e B. A<br />

melhor forma de se prevenir ainda é a vacina? Há<br />

mais adultos que podem ser vulneráveis à hepatite<br />

por não terem sido vacinados?<br />

Galoro - A vacina é a mais importante forma de<br />

prevenção. Contra as hepatites do tipo A e B, entretanto<br />

quem se vacina para o tipo B, se protege também<br />

para hepatite D, e está disponível gratuitamente no<br />

SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina. A<br />

vacinação para a Hepatite B foi disponibilizada para a<br />

população brasileira a partir de 1991 e atualmente sua<br />

cobertura vacinal atinge cerca de 50% da população<br />

em geral, com maior taxa nas populações mais jovens<br />

e decréscimo gradativo para mais idosos, resultando<br />

em grande exposição de adultos jovens ao vírus. Já a<br />

vacinação para a Hepatite A, também disponível no<br />

calendário anual de imunização do Sistema Público<br />

brasileiro, também apresenta baixa cobertura vacinal,<br />

com cerca de 50% da população jovem vacinada.<br />

L – A gravidade pode variar, desde a tipo A, que<br />

evolui para a cura espontaneamente (raramente<br />

levando a óbito); e as de tipos B e C, que podem<br />

evoluir para forma crônica, a cirrose hepática e<br />

até para o câncer. Hoje em dia há medicamentos<br />

que conseguem reverter mesmos os quadros<br />

mais graves?<br />

Galoro - Menos de 1% dos casos de Hepatite A<br />

evoluem para hepatite fulminante, que é a condição<br />

mais grave, podendo levar a óbito a metade dos<br />

acometidos, sendo muitas vezes indicado o transplante<br />

hepático. As hepatites B e C podem evoluir para cirrose<br />

hepática, onde o tecido do fígado fica fibroso e deixa<br />

de realizar tarefas primordiais para o organismo,<br />

como o processamento de nutrientes e medicamentos,<br />

a fabricação de proteínas e a produção da bile, que<br />

atua na digestão. Por último, pacientes com cirrose<br />

hepática tem maior chance de ter hepatocarcinoma,<br />

que é um tipo de câncer do fígado, bastante agressivo<br />

e que pode causar a morte. Os vírus A e E apresentam<br />

apenas formas agudas de hepatite, que significa que<br />

o indivíduo pode se recuperar completamente, sem<br />

tratamento específico, apenas com sintomáticos e<br />

repouso. Já as hepatites B e C podem se tornar crônicas<br />

e neste caso estão indicados os tratamentos. Felizmente<br />

hoje existem diferentes opções de tratamento, com<br />

boa eficácia e relativamente poucos efeitos colaterais,<br />

com drogas como Interferon, Alfapeguinterferona,<br />

Entecavir, Tenofovir, entre outras. O tratamento está<br />

disponível na rede pública.<br />

L - Cada tipo de hepatite pode receber um<br />

tratamento diferente?<br />

Galoro - Sim, o tratamento é específico para cada<br />

tipo de hepatite, variando conforme o vírus, o paciente<br />

e sua evolução. O Ministério da Saúde disponibiliza<br />

manuais técnicos para o tratamento das Hepatites<br />

B e C, com fluxogramas de orientação da equipe de<br />

saúde para cada uma das situações clínicas.<br />

L – Como é a fidelidade ao tratamento, que<br />

pode levar até anos? O abandono do tratamento<br />

depois da melhora clínica pode levar ao<br />

ressurgimento da doença?<br />

Galoro - O tratamento das Hepatites B e C tem<br />

muitas variáveis, conforme o tipo de vírus, quadro<br />

clínico e a resposta às medicações. Tem duração<br />

mínima de alguns meses, mas pode se prolongar<br />

por anos. Os efeitos colaterais são comuns e<br />

compreendem cansaço, dores musculares e articulares,<br />

emagrecimento, cefaleia, irritabilidade, febre, entre<br />

outros. Apesar deles, a taxa de abandono varia em<br />

torno de apenas 5%. Mesmo quando o tratamento é<br />

realizado corretamente, uma quantidade significativa<br />

de pacientes não obtém a Resposta Viral Sustentada<br />

(RVS), ou seja, pacientes voltam a ter a presença de<br />

vírus circulante após a suspensão do tratamento.<br />

Para pacientes que interrompem o tratamento, o<br />

reaparecimento do vírus é mais frequente e pode levar<br />

às complicações da Hepatite.<br />

L – Qual a diferença entre os testes sorológicos,<br />

os de biologia molecular e os testes rápidos<br />

oferecidos pela rede pública para o diagnóstico da<br />

hepatite?<br />

Galoro - O diagnóstico é feito através de exames<br />

laboratoriais, como sorologias e testes de biologia<br />

molecular, que detectam o vírus no organismo. As<br />

sorologias levam de 30 a 60 dias para se tornarem<br />

positivas, após o contágio, pois dependem da<br />

produção de anticorpos pelo organismo, enquanto<br />

os testes de biologia molecular podem detectar o<br />

vírus circulante de forma mais precoce, com poucos<br />

dias após a infecção. Embora hoje já haja testes<br />

rápidos de biologia molecular, os utilizados hoje<br />

para as hepatites compreendem Imunoensaios<br />

para detecção de antígenos e anticorpos das<br />

Hepatites. As características de desempenho destes<br />

testes variam conforme o fornecedor e são causas<br />

importantes de variação na interpretação de seus<br />

resultados, devendo ser avaliados previamente<br />

pelos laboratórios que desejam implantá-los em<br />

suas rotinas.<br />

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Opinião<br />

Dr. Humberto Marques Tibúrcio<br />

CRF MG 32 16 – TEACSBAC<br />

Presidente do SindLab – Sindicato dos Laboratórios de Minas Gerais<br />

Coordenador do GMQL – Grupo Mineiro da Qualidade no Laboratório<br />

Gestor do ABNT CB36 Comitê Brasileiro de Análise Clínicas e Diagnóstico In Vitro<br />

Vice-Presidente da Regional de Minas Gerais da SBAC<br />

tiburciohumberto@msn.com<br />

Área física do laboratório e do seu posto de coleta:<br />

impactos da regulamentação sanitária na atividade econômica<br />

Edificar, ampliar ou reformar é condição inerente<br />

para o crescimento e desenvolvimento dos laboratórios,<br />

seja no mercado local ou no regional.<br />

A liberdade econômica declarada na lei dos direitos<br />

a ela contém normas de proteção à livre iniciativa e ao<br />

livre exercício de atividades econômicas, no limite desta<br />

lei, claro.<br />

O poder constituído pelo agente público ou<br />

autoridade pública não pode gerar ônus de abuso<br />

de autoridade, nem prejudicar outrem ou beneficiar<br />

diferente e distintamente os que não estão amparados<br />

por estes benefícios, assim como não pode incluir o<br />

mero capricho ou a mera satisfação pessoal.<br />

A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do<br />

Ministério da Economia – SEPRT, por intermédio da<br />

Norma Regulamentadora de número 24, que dispõe<br />

sobre as condições de higiene e de conforto nos locais<br />

de trabalho, ou seja, nos laboratórios e nos seus postos<br />

de coleta, não pode de maneira alguma ser relegada ou<br />

meramente desconsiderada no cenário da CP 724:19 da<br />

ANVISA.<br />

Todos os estabelecimentos de serviços de saúde são<br />

alcançados pela NR 24 e isso inclui os laboratórios e seus<br />

postos de coleta. Como consequência deste provimento,<br />

é o mínimo se esperar que não ocorra nenhum tipo de<br />

confronto entre as especificações da norma sanitária<br />

proposta pela ANVISA na CP 725:19 com as requeridas<br />

pela norma trabalhista contida na NR 247.<br />

Os laboratórios são hipossuficientes diante da<br />

regulação que os alcança e assim não devem ser<br />

subjugados ao atendimento de conflitos normativos<br />

que devam cumprir para realizarem suas atividades<br />

econômicas no mercado.<br />

A convergência normativa é também um fenômeno<br />

naturalmente esperado, já que a existência dela é o que<br />

se objetiva com a publicação das normas, sejam elas<br />

sanitárias ou trabalhistas.<br />

Estes princípios introdutórios estão aqui descritos<br />

para que possam apoiar nossas propostas à Consulta<br />

Pública 725 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –<br />

ANVISA referente ao regulamento, elaboração, análise e<br />

aprovação de projetos de laboratórios, postos de coleta<br />

e outros serviços de saúde.<br />

A proposta da ANVISA que se encontra em seu<br />

site, anvisa.gov.br, receberá sugestões até o dia 08 de<br />

novembro de <strong>2019</strong>, decorrentes no prazo de 45 dias<br />

contados após 7dias da publicação do texto no DOU –<br />

Diário Oficial da União.<br />

Pouco tempo para manifestar sugestão para um<br />

tema tão impactante no futuro do laboratório? Sim,<br />

estes dias não são os suficientes para que a proposta da<br />

ANVISA seja analisada individual ou coletivamente. No<br />

entanto, este é o prazo e o que se deve fazer é cumpri-lo<br />

com antecedência.<br />

A alternativa, isto é, não participar da CP 725:19 da<br />

ANVISA, é ainda de maior risco, gravidade e severidade<br />

para todos os que empreendem ou querem crescer,<br />

ampliar ou diversificar suas operações no mercado local<br />

ou regional.<br />

A proposta da ANVISA contém a seguinte forma<br />

organizativa em seu texto:<br />

1 – Descreve, por artigos, os requisitos sanitários<br />

que devam ser atendidos por quem se propuser a<br />

edificar, reformar ou ampliar a área física de laboratório,<br />

posto de coleta ou outro serviço de saúde;<br />

Para isso são oferecidos 123 artigos que requerem<br />

a conformidade com 35 normas técnicas da Associação<br />

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, de acordo com o<br />

artigo 119.<br />

Não é esperado que profissionais de saúde estejam<br />

com competência suficiente para opinarem diante deste<br />

universo da engenharia; ocorre que este universo é o<br />

que impactará no custeio da obra – e isso pode não<br />

favorecer a liberdade econômica ou exigir esforço<br />

econômico excessivo, além do razoável ou que chame<br />

pelo endividamento.<br />

2 - Por intermédio de anexos ao texto dos artigos, a<br />

CP 725:19 a ANVISA apresenta a “lista de atividades dos<br />

serviços de saúde”.<br />

Procurado no artigo 3, dos termos e das definições,<br />

não aparecem ambos para serem aplicados ao anexo I –<br />

Lista das atividades dos serviços de saúde.<br />

Consultado este anexo I da CP 725:19 da ANVISA, é<br />

fácil de se encontrar a unidade “apoio ao diagnóstico”,<br />

que em seus números 15 e 16 descrevem as atividades<br />

para os laboratórios de anatomia patológica e<br />

citopatologia e para os laboratórios de patologia clínica.<br />

Numa simples leitura desta lista de atividades<br />

dos serviços de saúde, ressalvando-se que do<br />

posto de vista sanitário e não outro, é verificável<br />

a ausência do “posto de<br />

coleta”. Ora, o PC está<br />

regulado sanitariamente<br />

pela própria ANVISA<br />

por intermédio da RDC<br />

302:05 – Funcionamento<br />

de Laboratórios Clínicos. Na<br />

proposta da CP 725:19, teria<br />

sido excluído ou esquecido?<br />

O fato é que, do ponto<br />

de vista sanitário, sem a<br />

previsão das atividades que<br />

serão desenvolvidas no PC,<br />

o único prejudicado será o<br />

laboratório. A inclusão das<br />

atividades sanitárias que<br />

são exercidas no PC entre<br />

as sugestões à ANVISA é<br />

uma alternativa que deve<br />

ser considerada para que os<br />

laboratórios não fiquem no<br />

prejuízo desta falta.<br />

Ocorre aqui um<br />

fenômeno relevante: qual<br />

é a garantia de acolhimento<br />

pela ANVISA desta<br />

sugestão e do conteúdo<br />

10<br />

que a acompanhará? Vê-se que não é uma situação de<br />

segurança para o futuro dos laboratórios e que poderá<br />

requerer ainda mais dedicação e gastos financeiros para<br />

que a adequação seja feita.<br />

Convém deixar aclarado que a lista de atividades<br />

dos serviços de saúde, número 105 e 16, poderá ter<br />

outros impactos no ambiente setorial, como, por<br />

exemplo, nas inspeções sanitárias ou na limitação das<br />

atividades.<br />

Veja um exemplo no número 16. A primeira<br />

atividade proposta pela ANVISA CP 725:19 e “16.1<br />

– receber ou proceder à coleta de material”: não se<br />

considera aqui, entre outros, o aconselhamento ao<br />

paciente, o fornecimento de instruções de preparo do<br />

paciente ou de coleta, armazenamento ou transporte<br />

da amostra coletada pelo paciente; em contrapartida,<br />

acrescenta uma nova atividade para os laboratórios:<br />

“16.8 – prestar assistência nutricional ao paciente”.<br />

Quais são os processos que contemplariam esta nova<br />

atividade laboratorial?<br />

3 - No anexo II do texto da CP 725:19 da ANVISA se<br />

encontra a lista de ambientes e unidades.<br />

Considerando o disposto no artigo 3 desta CP da<br />

ANVISA<br />

I – Ambiente<br />

II – Ambiente de apoio<br />

V – Área<br />

VI – Boxe<br />

XXIV – Sala<br />

XXV – Segurança do paciente<br />

XXVI – Serviço de saúde<br />

A unidade funcional “3 – Apoio ao diagnóstico –<br />

Análises clínicas”, com a atividade “16 – Patologia clínica<br />

estão previstas na proposta da ANVISA descrita na CP<br />

725:19; os seguintes, pelo menos:<br />

3.1 - Itens 16.3, 16.5 e 16.7<br />

Sala de análises – Ambiente obrigatório<br />

3.2 - Infraestrutura mínima necessária<br />

Bancada com pia por tipo de análise requerente.<br />

Como são requeridos 8 tipos de análises, o<br />

laboratório que for atender a estes terá 8 pias.<br />

3.3 - Infraestrutura mínima necessária técnica<br />

A sala de análise de imunologia deve ter câmara de<br />

imunofluorescência. Observa-se que o verbo é “deve” e,<br />

portanto, obrigatório.<br />

O serviço de bioquímica, uma área de eletroforese,<br />

observe que faltou o verbo e o tempo verbal apropriado<br />

para obrigar, “deve, ou para facultar, “pode”.<br />

Não há dificuldade em compreender o grau de<br />

dificuldade e a exigibilidade de tempo concedido pela<br />

ANVISA para o envio de sugestão ao texto da CP 725:19,<br />

bem como o grau e tipo de esforço técnico, operacional<br />

e financeiro que são requeridos para prover a oferta de<br />

sugestão.<br />

Convém acrescentar a importância da participação<br />

individual sem que haja planos ou viabilidades de<br />

crescimento, mas chegará o dia da reforma quando<br />

encontraremos estes requisitos sanitários para serem<br />

vencidos.<br />

Para participar, acesse o site da ANVISA na internet<br />

em “anvisa.gov.br”, clique em consulta pública e escolha<br />

a de número 725. Isso abrirá o formulário eletrônico.<br />

Referências<br />

1- Brasil, Lei 13.874, 20 de setembro de 2.019<br />

2- Brasil, Lei 13.869, 05 de setembro e 2.019<br />

3- ANVISA, RDC 32, 13 de <strong>outubro</strong> de 2.005<br />

4- ANVISA, RDC 63, 25 de novembro de 2.011<br />

5- ANVISA, RDC 20, 10 de abril de 2.014<br />

6- ANVISA, RDC 50, 21 de fevereiro de 2.002<br />

7- ANVISA, RDC 222, 28 de março de 2.018<br />

8- Norma Regulamentadora 24, 23 de setembro<br />

de 2.019


11


Estudo<br />

Texto e fotos: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do IQSC/USP<br />

USP e Harvard criam bateria feita de gelatina<br />

para uso na área médica<br />

Graziela e Frank desenvolveram estudo em parceria com pesquisadores de Harvard. Foto: Henrique Fontes/IQSC<br />

Uma microbateria inédita desenvolvida por<br />

pesquisadores do Instituto de Química de São<br />

Carlos (IQSC) da USP e da Universidade Harvard<br />

promete levar mais segurança a uma série de<br />

dispositivos médicos. Produzida a partir de<br />

gelatina vegetal, a tecnologia é menos tóxica<br />

que as baterias tradicionalmente utilizadas na<br />

área da saúde, feitas de prata ou lítio. O novo<br />

dispositivo pode ainda ser ingerido sem riscos<br />

ao paciente ou até mesmo descartado em lixos<br />

orgânicos e no meio ambiente.<br />

Por serem fabricadas com materiais nocivos<br />

aos seres humanos, as baterias convencionais<br />

estão entre as principais preocupações dos<br />

implantes médicos. “Caso elas vazem dentro<br />

do paciente, sérios danos podem ser causados,<br />

como a perfuração do esôfago e intestino, além<br />

de graves queimaduras. A ideia foi desenvolver<br />

uma bateria mais segura e composta por<br />

elementos abundantes no meio ambiente”,<br />

explica Graziela Sedenho, doutoranda do IQSC e<br />

uma das autoras do trabalho.<br />

Revestida de silicone - material totalmente<br />

biocompatível, a nova bateria é feita a base de<br />

agarose, um biopolímero constituído de açúcar,<br />

que pode ser extraído de algas marinhas.<br />

Vendido comercialmente como gelatina vegetal,<br />

o produto é responsável por manter a estrutura<br />

da bateria e foi escolhido por ser amplamente<br />

disponível, mecanicamente versátil, seguro<br />

para consumo humano, estável à temperatura<br />

corporal e de baixo custo. Com cerca de R$ 4, é<br />

possível comprar agarose para produzir até 700<br />

microbaterias.<br />

Mais segura e sustentável, a nova tecnologia<br />

poderá ser utilizada, por exemplo, para<br />

alimentar pílulas ingeríveis em exames de<br />

endoscopia, além de biossensores e microchips<br />

implantáveis, capazes de avaliar as condições da<br />

flora intestinal, detectar bactérias e monitorar<br />

os níveis de glicose no sangue. Esses produtos<br />

fazem parte de uma nova linha de dispositivos<br />

em desenvolvimento que deve ganhar cada<br />

vez mais espaço na medicina, uma vez que são<br />

menos invasivos e mais precisos que os exames<br />

já conhecidos. No futuro, a ideia é que a bateria<br />

possa ser aplicada em equipamentos cada<br />

vez maiores, como marca-passos e aparelhos<br />

eletrônicos em geral.<br />

Como funciona? – Para viabilizar<br />

a produção de energia, os cientistas<br />

investigaram o desempenho de duas moléculas<br />

eletroquimicamente ativas compostas por,<br />

principalmente, três elementos abundantes<br />

na natureza: carbono, nitrogênio e hidrogênio.<br />

Essas moléculas foram sintetizadas em parceria<br />

com os pesquisadores norte-americanos e<br />

inseridas na gelatina, onde passaram a reagir<br />

e gerar eletricidade. “O maior desafio foi<br />

identificar compostos seguros para serem<br />

utilizados nas baterias e, que ao mesmo tempo,<br />

apresentassem propriedades específicas,<br />

as quais chamamos de redox. Felizmente, a<br />

natureza nos fornece alguns desses compostos.<br />

Muitos deles, inclusive, são encontrados nas<br />

próprias células dos seres humanos e vêm sendo<br />

estudados pelo nosso grupo de pesquisa há mais<br />

de 10 anos”, conta Frank Crespilho, professor do<br />

IQSC e coordenador do estudo.<br />

Para esse tipo de aplicação, as moléculas<br />

devem seguir alguns critérios, entre eles,<br />

ser solúvel em água, quimicamente estável,<br />

garantindo sua estabilidade, além de apresentar<br />

reação química reversível, o que significa<br />

que elas devem favorecer o carregamento e o<br />

descarregamento da bateria. Embora existam<br />

algumas moléculas que atendam a esses<br />

requisitos, o estudo precisou superar outro<br />

desafio: “Nós conseguimos desenvolver essa<br />

bateria com compostos químicos similares aos<br />

encontrados no corpo humano”, afirma Sedenho,<br />

que passou um ano em Harvard colaborando<br />

com os pesquisadores norte-americanos e<br />

teve sua pesquisa financiada pela Fundação<br />

de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo<br />

(FAPESP).<br />

Os sistemas microeletrônicos utilizados<br />

na área médica são projetados para serem<br />

12<br />

alimentados por microbaterias, como é o caso<br />

da nova tecnologia feita a base de gelatina,<br />

capaz de gerar em torno de 0,75 volts. Essa<br />

bateria é pioneira na literatura científica em<br />

termos de utilização sustentável de energia<br />

para alimentar, de forma segura, dispositivos<br />

biomédicos. Os pesquisadores dizem que<br />

sua voltagem e corrente elétrica podem ser<br />

facilmente ajustadas de acordo com a aplicação<br />

pretendida. Com apenas uma carga, a nova<br />

bateria é capaz de fornecer eletricidade para<br />

um biossensor ingerível por, aproximadamente,<br />

100 horas. “Precisamos aliar eficiência com<br />

sustentabilidade”, reitera Crespilho, que<br />

também é vice coordenador do Instituto de<br />

Estudos Avançados (IEA) - Polo de São Carlos.<br />

Reconhecimento no exterior – Os resultados<br />

obtidos com o novo dispositivo geraram o<br />

artigo científico Non-corrosive, low-toxicity<br />

gel-based microbattery from organic and<br />

organometallic molecules, publicado na Journal<br />

of Materials Chemistry A, revista britânica<br />

da área de energia. Considerada uma “green<br />

battery” (bateria verde) devido a seu caráter<br />

sustentável, a tecnologia se encaixa no conceito<br />

conhecido como economia circular, processo<br />

em que devolvemos um produto utilizado para<br />

a sua origem. No caso da bateria desenvolvida<br />

pelos pesquisadores da USP e Harvard, ela<br />

seria enviada de volta à natureza, local onde os<br />

compostos que lhe dão “vida” estão presentes.<br />

Mais sustentável e menos tóxica que as baterias convencionais,<br />

tecnologia aumentará segurança de dispositivos eletrônicos<br />

utilizados em exames e implantes.<br />

Segundo Crespilho, a bateria já está pronta<br />

para ser fabricada, partindo do protótipo em<br />

funcionamento. Agora, a ideia dos pesquisadores<br />

é explorar a utilização de novos compostos<br />

cada vez mais baratos e abundantes, além de<br />

trabalhar no design e miniaturização da bateria.<br />

“Esperamos transferir essa tecnologia para a<br />

sociedade o mais breve possível. Já estamos<br />

recebendo contatos de algumas empresas<br />

visando sua comercialização, ou seja, ela está<br />

muito próxima da aplicação no dia-a-dia”,<br />

finaliza o professor.


13


Opinião<br />

Dr. Wilson Shcolnik<br />

Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML),<br />

Diretor da Câmara Técnica da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed)<br />

e Relações Institucionais do Grupo Fleury<br />

presidente@sbpc.org.br<br />

Encerramos com sucesso absoluto mais<br />

uma edição de nosso congresso e ficamos muito<br />

felizes com os resultados alcançados no 53º<br />

CBPC/ML.<br />

No momento em que o país ainda busca<br />

a retomada do crescimento econômico,<br />

mantivemos o índice de mais de 4 mil<br />

congressistas a quem proporcionamos<br />

atividades científicas e sociais de alto nível,<br />

conforme já é tradição na SBPC/ML.<br />

Fomos prestigiados com a presença de<br />

Prevenção<br />

A próstata é uma glândula de<br />

aproximadamente 25 gramas, no adulto jovem,<br />

que fica abaixo da bexiga e na frente do reto<br />

(parte terminal do intestino). A sua função está<br />

relacionada à reprodução (produção do líquido<br />

ejaculado) e ao prazer sexual (orgasmo), além<br />

de atuar como barreira às infecções e manter a<br />

continência urinária.<br />

O câncer de próstata é a neoplasia sólida<br />

mais comum e a segunda maior causa de óbito<br />

oncológico no sexo masculino. É o câncer mais<br />

incidente nos homens (excetuando-se o câncer de<br />

pele não melanoma) em todas as regiões do país.<br />

Canal Direto. Para frente e avante!<br />

profissionais e laboratórios estrangeiros, além<br />

de autoridades governamentais, que teceram<br />

elogios ao nosso evento, estrutura e programação<br />

científica.<br />

Houve destaque para atividades do PALC e do<br />

Programa de Indicadores Laboratoriais, motivo<br />

de grande orgulho para nossa Sociedade. É o<br />

CBPC/ML expandindo fronteiras e fazendo jus<br />

ao título de maior evento do setor de medicina<br />

laboratorial da América Latina.<br />

Fechamos com um importante fórum sobre<br />

14<br />

inovação que nos remete a um futuro de sucesso<br />

para o nosso setor, e está muito mais próximo do<br />

que imaginamos. A discussão demonstrou total<br />

aderência com o tema do congresso “A Patologia<br />

Clínica/Medicina Laboratorial fazendo o futuro<br />

acontecer”.<br />

Daremos continuidade ao trabalho realizado<br />

até aqui, orgulhosos de nossos resultados e<br />

certos de que a 54ª edição do CBPC/ML, que<br />

acontecerá em São Paulo no próximo ano, irá<br />

superar as expectativas mais uma vez.<br />

Novembro Azul e a prevenção do câncer de próstata<br />

*Dr. Marco Aurélio Lipay é Doutor em Cirurgia (Urologia)<br />

pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular<br />

em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro<br />

Correspondente da Associação Americana e Latino Americano<br />

de Urologia e Autor do Livro “Genética Oncológica Aplicada<br />

a Urologia”<br />

Segundo dados do Instituto Nacional do<br />

Câncer (INCA), haverá mais de 68.000 novos<br />

casos este ano no Brasil, enquanto nos Estados<br />

Unidos, segundo a Sociedade Americana do<br />

Câncer, a estimativa é de 174.650 novos casos e<br />

31.620 óbitos em <strong>2019</strong>.<br />

É considerado um câncer da terceira idade,<br />

isto é, em três quartos dos casos no mundo<br />

manifesta-se a partir dos 65 anos. O aumento<br />

da incidência no Brasil pode ser justificado pela<br />

evolução dos métodos diagnósticos (exames),<br />

pela melhoria na qualidade dos sistemas<br />

de informação e também pelo aumento na<br />

expectativa de vida.<br />

O INCA e a Sociedade Brasileira de Urologia<br />

(SBU) destacam a alta incidência do câncer<br />

de próstata e, assim, ressaltam a importância<br />

da consulta médica, que tem como objetivo<br />

o diagnóstico precoce. Lembramos que nos<br />

estágios iniciais a doença não manifesta<br />

qualquer sinal ou sintoma, justificando assim<br />

uma visita ao consultório do Urologista, que<br />

fará um histórico clínico detalhado, somado<br />

ao toque prostático e solicitação dos exames<br />

necessários, dentre os quais o famoso PSA<br />

(antígeno prostático específico), que podem<br />

sugerir a suspeita de um câncer. A confirmação<br />

do diagnóstico faz-se por uma biópsia de<br />

próstata.<br />

Os fatores de risco para Câncer de Próstata<br />

são: idade, homens de raça negra, obesidade,<br />

hábitos alimentares ricos em gorduras,<br />

sedentarismo e fator familiar (quando se tem<br />

um parente de primeiro grau com câncer de<br />

próstata, a probabilidade é de até duas vezes<br />

maior; e para aqueles que tem dois parentes de<br />

primeiro grau, essa probabilidade é de até seis<br />

vezes maior).<br />

A SBU recomenda que homens com mais de<br />

50 anos procurem um Urologista, para avaliação<br />

individualizada. Homens da raça negra ou<br />

com parentes de primeiro grau com câncer<br />

de próstata devem começar aos 45 anos. O<br />

rastreamento deverá ser realizado após ampla<br />

discussão de riscos e potenciais benefícios, em<br />

uma decisão compartilhada com o paciente.<br />

Ressaltamos que hoje faz-se um diagnóstico<br />

de câncer de próstata a cada 7 minutos, um<br />

óbito pela doença a cada 40 minutos, 25%<br />

dos portadores de câncer de próstata morrem<br />

devido a doença e 20% dos pacientes com<br />

câncer de próstata são diagnosticados em<br />

estágios avançados.<br />

Quando os sintomas começam a aparecer,<br />

95% dos casos já estão em fase adiantada.<br />

Não é possível evitar a doença, mas é possível<br />

diagnosticá-la precocemente e, desse modo,<br />

as chances de cura são maiores – superiores<br />

a 90 %.<br />

Segundo a SBU, muitos homens têm “medo”<br />

do diagnóstico de câncer, mas os urologistas<br />

enfatizam que a medicina tem evoluído para<br />

proporcionar aos pacientes tratamentos menos<br />

invasivos e cada vez mais eficazes.<br />

Novidades em exames de imagem<br />

são incorporadas ao cotidiano, como a<br />

ressonância magnética multiparamétrica, que<br />

torna mais precisas as indicações de biópsias,<br />

evitando procedimentos desnecessários ou o<br />

PET CT com PSMA, que pode rastrear doenças<br />

metastáticas de pequeno volume em locais<br />

incomuns.<br />

Os tratamentos estão sendo personalizados<br />

e, para isso, prioriza-se o maior número de<br />

informações sobre o tumor, como: volume;<br />

extensão e grau de agressividade do tumor<br />

prostático, além de considerar a perspectiva<br />

de vida do paciente, doenças associadas,<br />

valor do PSA e exames de imagem. Desse<br />

modo, evitam-se tratamentos agressivos e<br />

desnecessários para doenças de baixo risco<br />

de progressão.<br />

Em minha opinião, todos os homens<br />

devem ser esclarecidos sobre o câncer<br />

da próstata e suas implicações. Jamais<br />

podemos deixar de diagnosticá-lo em<br />

homens saudáveis e, assim, discutir a<br />

melhor opção terapêutica. Deixar o câncer<br />

se manifestar espontaneamente é um grande<br />

risco e sofrimento para o paciente e sua<br />

família, considerando a evolução e potencial<br />

agressividade desse tumor.


15


A LumiraDx Brasil, participou do 53º<br />

Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/<br />

Medicina Laboratorial - SBPC realizado no<br />

Centro de Convenções Sul América na cidade<br />

do Rio Janeiro no período de 24 a 27 de<br />

setembro de <strong>2019</strong>, realizando o pré-lançamento<br />

da Plataforma LumiraDx.<br />

O 53º Congresso SBPC contou com<br />

a audiência de mais de 4000 visitantes,<br />

participando os principais líderes de opinião,<br />

profissionais médicos, diretores de laboratórios,<br />

farmacêuticos, biomédicos, biólogos, entre<br />

outros.<br />

Um dos temas mais abordados foi a utilização<br />

de testes Point of Care Testing – POCT como<br />

tendência mundial abrindo novas fronteiras no<br />

Diagnóstico Remoto.<br />

Teste rápido sangue oculto fecal. Wama diagnóstica. Sem dieta!!!<br />

A presença de sangue nas fezes pode ser<br />

uma manifestação precoce de câncer no trato<br />

gastrointestinal e é frequentemente investigada<br />

em pacientes portadores de anemia por<br />

deficiência de ferro. Portanto, a detecção de<br />

sangue nas fezes é uma importante ferramenta<br />

para o diagnóstico e acompanhamento de<br />

certas doenças como essas. Sangramentos<br />

anormais podem ocorrer de qualquer local,<br />

desde o estômago até o reto. O câncer colorretal<br />

é o terceiro tipo de câncer mais comum e a<br />

quarta causa de morte por câncer no mundo,<br />

com 1,2 milhões de novos casos e 600.000<br />

mortes estimadas por ano. No Brasil, estimase<br />

o aparecimento de 35.000 novos casos e<br />

15.000 mortes por ano. A maioria dos casos se<br />

desenvolve a partir de um pólipo adenomatoso<br />

benigno cujo crescimento lento pode ultrapassar<br />

10 anos. Esse longo período permite que muitas<br />

das lesões sejam detectadas e removidas em<br />

um estágio precoce. Somente 5% dos pólipos<br />

tornam-se malignos.<br />

O teste para sangue oculto auxilia<br />

na detecção do câncer gastrointestinal e<br />

Pré-lançamento da Plataforma LumiraDx<br />

Apresentamos a nossa plataforma LumiraDx,<br />

com um destaque especial, realizando a<br />

demonstração dos testes simulados, gerando<br />

pólipos adenomatosos sangrantes através<br />

da identificação do sangue oculto nas fezes<br />

para posterior investigação por colonoscopia.<br />

Diversos são os métodos utilizados para detectar<br />

a presença de sangue oculto nas fezes.<br />

O kit Imuno-Rápido SANGUE OCULTO<br />

FECAL da WAMA Diagnóstica é um teste<br />

imunocromatográfico de fase sólida de ótima<br />

sensibilidade e especificidade que utiliza uma<br />

combinação de anticorpos monoclonais antihemoglobina<br />

humana. Por ser um teste que<br />

16<br />

muito interesse principalmente pela simplicidade<br />

de manuseio, agilidade e o promissor portfólio<br />

de testes que virão a seguir.<br />

A partir de março de 2020, serão realizados<br />

workshops nas principais cidades do Brasil,<br />

como: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,<br />

Salvador, Manaus e Porto Alegre. Nestes<br />

eventos buscaremos agregar os clientes alvo<br />

e referências neste segmento, os quais irão<br />

discutir a importância da realização do teste INR<br />

e D-Dímero em plataforma POCT e estudos de<br />

correlação com equipamentos core labs.<br />

utiliza anticorpos monoclonais anti-hemoglobina<br />

humana, não existe a necessidade de dieta do<br />

paciente para coleta da amostra.<br />

Imuno-Rápido Sangue Oculto Fecal<br />

- Utiliza anticorpos monoclonais altamente<br />

purificados.<br />

- Altíssima especificidade: sem interferência<br />

alimentar (SEM DIETA!).<br />

- Não invasivo.<br />

- Fácil execução.<br />

- Sem necessidade de preparo prévio do<br />

paciente.<br />

- Apresentação: 10, 20, 40 e 80 testes.<br />

- Registro no Ministério da Saúde (nº<br />

10310030084).<br />

- Assessoria técnica e científica para todo o<br />

Brasil.<br />

Relacionamento Wama Diagnóstica:<br />

Tel: +55 16 3377.9977 SAC: 0800 772 9977<br />

wamadiagnostica.com.br<br />

atendimento@wamadiagnostica.com.br<br />

facebook.com/wamadiagnostica<br />

linkedin.com/wamadiagnostica<br />

instagram.com/wamadiagnostica<br />

Valor diagnóstico do teste de Dímero-D na Trombose Venosa Profunda (TVP)<br />

Estudos mostram a confiabilidade do<br />

teste de Dímero-D como um teste de extrema<br />

importância para a exclusão da suspeita de<br />

TVP e EP. Para isto, o ensaio deve apresentar<br />

alto valor preditivo negativo e valor de corte<br />

devidamente comprovado em estudos<br />

clínicos.<br />

A TVP é a terceira doença cardiovascular<br />

mais comum em todo o mundo. Cerca de<br />

80% dos casos são assintomáticos, que pode<br />

progredir para um quadro mais grave, a Embolia<br />

Pulmonar (EP). Mais de 60% dos casos de EP<br />

são fatias e nem sempre detectados a tempo<br />

para a reversão do quadro.<br />

Wells et al. elaboraram um modelo de<br />

classificação do paciente, baseando-se<br />

em sinais e sintomas, fatores de risco e<br />

diagnósticos alternativos, estimando assim a<br />

probabilidade pré-teste em baixo, moderado e<br />

alto risco para TVP. Em pacientes com baixa<br />

probabilidade de TVP, o teste de Dímero-D<br />

(DD), quando negativo, tem valor preditivo<br />

negativo suficiente para reduzir a necessidade<br />

de outros exames de imagem, além disto, o<br />

uso de critérios clínicos associado ao DD tem<br />

boa relação custo-benefício, diferente dos<br />

casos de pacientes com alta probabilidade<br />

para TVP ou EP, cuja a utilidade do DD é<br />

questionável.<br />

O dímero-D é um do produto da degradação<br />

da fibrina e está presente em qualquer<br />

situação na qual haja formação e degradação<br />

de trombo, não sendo, portanto, um marcador<br />

específico de TVP. Porém, como um marcador<br />

de exclusão está bem estabelecida sua<br />

importância.<br />

Existem inúmeros ensaios de DD com<br />

diferentes metodologias no mercado. É de<br />

suma importância que o laboratório decida o<br />

melhor método para liberar resultados precisos<br />

e tragam o custo benefício esperado. Diversos<br />

são os métodos de quantificação de Dímero-D,<br />

incluindo: ensaios semi-quantitativos de látex,<br />

imunoensaios turbidimétricos, e imunoensaios<br />

enzimáticos. Entretanto, as faixas de<br />

sensibilidade e a especificidade do resultado<br />

de Dímero-D variam de tal forma que sua<br />

utilidade diagnóstica tem sido questionada.<br />

Para garantir que o laboratório esteja<br />

oferecendo a melhor ferramenta diagnóstica,<br />

deve-se atentar aos seguintes pontos: Valor de<br />

corte seguindo os requisitos do CLIS (H59-A) de<br />

VPN > 98%, Sensibilidade > 97%; Estudo clínico<br />

multicêntrico comprovando seu ponto de corte<br />

de exclusão; Esteja disponível para o hospital<br />

24 horas/ 7 dias<br />

O estudo DiET, estudo multicêntrico<br />

internacional e prospectivo (seguindo as regras<br />

do CLSI H59-A), comprovou a excelente<br />

performance do reagente de Dímero-D da Stago.<br />

O STA®-Liatest® D-Di é um reagente com uma<br />

excelente performance, garantindo 100% de<br />

Valor Preditivo Negativo (VPN) para exclusão da<br />

TVP e 99,7% para exclusão da EP<br />

O CQC Tecnologia em Sistemas Diagnósticos<br />

preocupada em fornecer sempre produtos de<br />

alta qualidade e performance do mercado,<br />

em parceria com a Stago, oferece um sistema<br />

confiável de dosagem de Dímero-D sendo<br />

reagentes Líquidos com ótima estabilidade<br />

on board, pronto para uso, pré-calibrado e<br />

completamente automatizado.<br />

www.cqc.com.br<br />

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+55 (67) 33274566


17


Opinião<br />

Dr. Irineu Grinberg<br />

Ex-Presidente da SBAC<br />

Diretor da Lab Farm Consult<br />

irineugrinberg@gmail.com<br />

Em 17/09/<strong>2019</strong> a ANVISA publicou a<br />

Consulta Pública Nº725, abrindo espaços para<br />

sugestões à revisão da RDC 50, que estabelece<br />

conceitos e parâmetros relacionados aos<br />

espaços físicos dos estabelecimentos de saúde.<br />

A seção II que visa os aspectos de abrangência<br />

do novo texto da RDC 50, quando focada nos<br />

Laboratórios de Análises Clínicas deveria<br />

priorizar, na análise desses estabelecimentos,<br />

em primeiro lugar seus portes:<br />

Existem no país aproximadamente 10.000<br />

estabelecimentos que executam testes<br />

laboratoriais. 90% deles de pequeno e médio<br />

porte, distribuídos em cerca de 5.000 municípios,<br />

em estruturas de, no máximo, 100 metros<br />

quadrados, a maioria em pontos comerciais ou<br />

residências adaptadas às finalidades laboratoriais.<br />

Esses estabelecimentos são responsáveis pela<br />

recepção de aproximadamente 70% dos<br />

exames solicitados no país e executam, em suas<br />

dependências a grande maioria, remetendo os<br />

restante para serviços de apoio laboratorial,<br />

cerca de meia dúzia de grandes corporações<br />

especializadas na realização dos exames de mais<br />

baixa solicitação, ou daqueles que necessitam<br />

equipamentos mais dispendiosos, ou de execuções<br />

revestidas de maior complexidade.<br />

Exame CGT<br />

Peça importante para casais em fase de<br />

planejamento familiar, o CGT é um teste<br />

de rastreamento genético baseado no<br />

sequenciamento massivo validado clinicamente.<br />

Em outras palavras, um exame de DNA que<br />

rastreia possíveis mutações nos genes dos pais<br />

e que pode identificar um potencial risco de que<br />

um futuro bebê nasça com doenças genéticas<br />

recessivas.<br />

O exame, que deve ser realizado antes<br />

da gravidez, analisa por meio da tecnologia<br />

de sequenciamento de nova geração (NGS),<br />

mutações mais frequentes envolvidas em<br />

doenças como a fibrose cística, anemia<br />

falciforme, atrofia muscular espinhal, síndrome<br />

do X frágil, entre muitas outras. “Usualmente, os<br />

portadores de mutações genéticas recessivas<br />

são saudáveis e não manifestam a doença, mas<br />

quando ambos os componentes do casal são<br />

portadores de uma alteração no mesmo gene, o<br />

risco de seus descendentes apresentarem uma<br />

doença recessiva alcança uma taxa de 25%”,<br />

explica Nelson Gaburo gerente geral do DB<br />

Molecular, unidade do Diagnósticos do Brasil,<br />

laboratório exclusivo de apoio que oferece o<br />

mais alto padrão de qualidade e serviços de<br />

excelência na área.<br />

Segundo a Organização Mundial da Saúde<br />

(OMS), a estimativa global de incidências<br />

de doenças genéticas é de 10 a cada 1.000<br />

CP 725 - RDC 50 – Revisão<br />

Os laboratórios de pequeno ou médio porte<br />

realizam, portanto, aqueles exames que podem<br />

ser considerados os de mais simples execução,<br />

ou aqueles que, pelo número de solicitações,<br />

compensam a aquisição, aluguel ou comodato<br />

dos equipamentos.<br />

Os sistemas fechados favorecem a<br />

diminuição e simplificação da área física,<br />

pois a miniaturização das plataformas e<br />

interfaciamentos colaboram na diminuição<br />

da área física. Os resultados dos exames, após<br />

liberação técnica são encaminhados à recepção<br />

do laboratório ou ao cliente médico ou paciente<br />

via web. São tecnologias da informação,<br />

disponíveis a todos os laboratórios, inclusive<br />

aos de porte mínimo.<br />

Portanto, é de pleno conhecimento que<br />

as instalações desses estabelecimentos<br />

não poderão estar enquadradas aos mais<br />

completos níveis de exigência em estrutura<br />

física. Entretanto fundamentam 70% dos<br />

diagnósticos clínicos e 90% dos critérios de<br />

cura de enfermidades, ou alta hospitalar.<br />

Fica também evidenciado que em<br />

situações como as acima citadas, muitos<br />

desses estabelecimentos não poderão estar<br />

localizados em instalações que primam pelos<br />

18<br />

mais avançados níveis de estrutura física<br />

e nem deles essas exigências poderiam ser<br />

pautadas.<br />

Ao oferecerem qualidade comprovada<br />

em seus laudos (RDC 302) e garantirem<br />

a segurança do paciente como formas<br />

primordiais de trabalho, alguns itens voltados<br />

às instalações físicas podem e devem ser<br />

tolerados, e o cumprimento das exigências<br />

legais postergados.<br />

Evidente está que as novas estruturas de<br />

saúde deverão estar o mais perto possível<br />

dos níveis ideais, entretanto há que se ter<br />

compreensão e tolerância com exames<br />

executados com qualidade e segurança.<br />

Os serviços públicos que os regulam e<br />

fiscalizam tem a mesma paternidade daqueles<br />

que remuneram um hemograma a R$ 4,11 e<br />

uma glicemia ou outras dosagens bioquímicas<br />

a R$ 1,85.<br />

Portanto, atenção e vigilância são<br />

absolutamente necessários para que seja<br />

evitado o surgimento de mais um frequentador<br />

na fila dos problemas que incidem nos pequenos<br />

e médios laboratórios, apesar dos incalculáveis<br />

benefícios que conduzem a todos os usuários e à<br />

cadeia do diagnóstico.<br />

Novo teste de compatibilidade pode identificar o risco de<br />

6 mil doenças hereditárias<br />

nascimentos. Por esse motivo, a realização do<br />

teste CGT é indicada para casais que pretendem<br />

engravidar com planejamento familiar, para<br />

descartar o risco de transmitir possíveis doenças<br />

aos futuros filhos de casais consanguíneos,<br />

que por compartilharem informação genética<br />

possuem um risco aumentado de transmitir<br />

doenças recessivas. Por fim, o teste também é<br />

indicado antes da realização de um tratamento<br />

de reprodução humana assistida com gametas<br />

próprios ou doados, para ajudar a determinar o<br />

melhor protocolo e prevenir o risco de doenças<br />

genéticas.<br />

O Teste de Compatibilidade Genética<br />

possui uma sensibilidade de 98% e é realizado<br />

através de uma simples coleta de sangue. Em<br />

caso de resultado positivo, quando apenas uma<br />

pessoa do casal tem a mutação não há risco<br />

de os filhos desenvolverem a doença, embora<br />

possam ser portadores, como um dos pais.<br />

Se os dois são portadores de uma mutação<br />

no mesmo gene, o bebê terá 25% de chances<br />

de receber em sua carga genética o gene<br />

mutante, e o casal poderá optar pelo PGT-M<br />

com gametas próprios, doação de gametas<br />

ou adoção. O resultado negativo indica que<br />

a pessoa não é portadora de nenhuma das<br />

mais de 6.000 alterações analisadas, restando<br />

apenas um pequeno risco residual relativo<br />

às doenças não incluídas no teste. “Cerca<br />

de 20% da mortalidade infantil nos países<br />

desenvolvidos está relacionada a transtornos<br />

hereditários, e a maior parte dessas alterações<br />

não apresenta casos anteriores no histórico<br />

da família. Apesar de não possuírem cura<br />

conhecida, graças ao Teste de Compatibilidade<br />

Genética, essas doenças, muitas vezes graves,<br />

podem ser evitadas”, completa Nelson Gaburo.<br />

Se porventura o casal for diagnosticado<br />

com a mesma mutação genética, medidas<br />

podem ser tomadas para prevenir o risco do<br />

desenvolvimento de doenças hereditárias<br />

graves, entre elas a utilização de óvulo ou<br />

espermatozoide de doadores que não tenham<br />

a alteração em questão e o tratamento de<br />

diagnóstico genético pré-implantacional<br />

(PGD), que requer realização de fertilização<br />

in vitro.


19


Novembro Azul: campanha incentiva a prevenção<br />

contra o câncer de próstata<br />

O Dia Mundial de Combate ao Câncer<br />

de Próstata ocorre anualmente em 17 de<br />

novembro. Por conta disso, o mês inteiro<br />

ficou conhecido como Novembro Azul, com<br />

campanhas para estimular a conscientização e<br />

o diagnóstico dessa que é uma das principais<br />

doenças do sexo masculino.<br />

Segundo o Instituto Nacional do Câncer<br />

(INCA), o câncer de próstata é o segundo<br />

de maior incidência entre os homens, com<br />

cerca de 70 mil novos casos por ano só no<br />

Brasil. O número de óbitos também é alto:<br />

aproximadamente 13 mil anualmente.<br />

A próstata é a glândula masculina<br />

responsável pela produção do líquido branco<br />

viscoso que, junto com os espermatozoides,<br />

forma o sêmen. Ela também secreta o antígeno<br />

prostático específico (PSA), uma proteína<br />

responsável por manter o sêmen em seu<br />

estado líquido. Por fim, a próstata também tem<br />

a função de auxiliar no controle da eliminação<br />

da urina.<br />

O que é o câncer de próstata?<br />

Por razões até hoje desconhecidas,<br />

algumas células da próstata podem<br />

apresentar crescimento anormal, eliminando<br />

células saudáveis. Isso acaba gerando o<br />

câncer, que faz a glândula aumentar seu<br />

tamanho habitual de cerca de 3 cm de<br />

diâmetro e 20 gramas de peso, pressionando<br />

a bexiga e trazendo uma série de desconfortos<br />

e perigos ao homem.<br />

Nos estágios iniciais, o câncer de próstata<br />

não apresenta sintomas. Por conta disso,<br />

muitos homens só descobrem a doença quando<br />

as chances de cura são mais reduzidas. Em<br />

muitos casos, as células cancerígenas já se<br />

espalharam para outras partes do corpo,<br />

comprometendo ainda mais a saúde do<br />

paciente.<br />

Em estágios mais avançados, o câncer<br />

de próstata pode causar problemas ao urinar,<br />

sêmen com presença de sangue, disfunção<br />

erétil, fluxo de urina enfraquecido, desconforto<br />

na região pélvica, fratura óssea, edema e<br />

inchaço dos pés e nas pernas, perda de peso<br />

e dor nas costas.<br />

A idade média de descoberta desse câncer<br />

é aos 66 anos, por isso recomenda-se que<br />

já a partir dos 45 os homens façam o exame<br />

de toque retal para detectar anomalias na<br />

glândula. O teste dura apenas 10 segundos e<br />

avalia o tamanho e a consistência da próstata.<br />

Homens negros possuem uma incidência<br />

maior de desenvolvimento do câncer de<br />

próstata, sem razões descobertas para isso.<br />

Normalmente, eles apresentam tumores mais<br />

agressivos, necessitando de cuidados ainda<br />

mais rigorosos. Já homens obesos podem ter<br />

complicações agravadas por conta do peso,<br />

prejudicando ainda mais o tratamento.<br />

Diagnóstico da doença<br />

Além do toque retal, é possível detectar<br />

o câncer de próstata através de exames de<br />

sangue. A contagem do antígeno prostático<br />

específico (PSA) pode indicar a possibilidade<br />

de um câncer estar em desenvolvimento.<br />

Normalmente, os homens possuem<br />

quantidades inferiores a 4,0 nanogramas da<br />

proteína por mililitro de sangue (ng/ml). Valores<br />

entre 4 e 10 ng/ml indicam 25% de chance de<br />

o paciente estar com câncer. Acima de 10 ng/<br />

ml, a probabilidade é maior do que 50%.<br />

No DB Diagnósticos, além dos exames<br />

PSA, também é possível medir o inovador<br />

Índice de Saúde da Próstata (PHI), que<br />

fornece informações mais precisas caso o<br />

nível de PSA do paciente esteja elevado.<br />

O exame PHI calcula a probabilidade de<br />

desenvolvimento do câncer de próstata<br />

através da combinação de 3 outros testes<br />

(PSA, PSA livre e p2PSA), resultando em um<br />

laudo muito mais preciso. A técnica usada<br />

é a de quimiluminescência com partículas<br />

paramagnéticas, que determina os valores<br />

dos três índices que formam a base de<br />

cálculo para o PHI.<br />

Tratamentos possíveis<br />

O tratamento irá depender do estágio da<br />

doença, da idade do paciente e do risco que<br />

o tumor apresenta. As opções são variadas:<br />

a cirurgia é uma das mais comuns, retirando<br />

a próstata e reconstruindo o trato urinário e<br />

os canais da bexiga. A radioterapia é outra<br />

alternativa, usando raios energizados para<br />

destruir as células cancerígenas.<br />

Caso o paciente não esteja apto à cirurgia<br />

ou à radioterapia, a crioterapia é uma opção.<br />

Trata-se de um congelamento controlado<br />

da próstata para a eliminação das células<br />

afetadas, mas pode acarretar efeitos colaterais<br />

mais incômodos, como incontinência urinária e<br />

fecal. Já a quimioterapia só é indicada quando<br />

há metástase, normalmente sendo associada<br />

a outros tratamentos.<br />

PapilloCheck ® da Greiner Bio-One contribui para a<br />

prevenção de câncer no colo do útero<br />

Genotipagem simultânea e confiável de 24 subtipos de Papilomavírus Humano (HPV)<br />

DB – Diagnósticos do Brasil<br />

Tel.: (41)3299-3400<br />

www.diagnosticosdobrasil.com.br<br />

db@dbdiagnosticos.com.br<br />

A infecção persistente com o carcinogênico<br />

Papilomavírus Humano (HPV) é encontrada<br />

em praticamente todos os casos de câncer<br />

no colo do útero. De acordo com o Instituto<br />

Nacional do Câncer (INCA), à infecção<br />

persistente por subtipos oncogênicos do vírus<br />

HPV (Papilomavírus Humano), especialmente<br />

pelos subtipos HPV-16 e HPV-18, resultam<br />

em cerca de 70% dos cânceres cervicais.<br />

Com a existência dos subtipos classificados<br />

como baixo risco, a detecção da genotipagem<br />

do HPV identifica os pacientes com maiores<br />

riscos de desenvolver câncer cervical e lesões<br />

precursoras de alto grau.<br />

Essa detecção pode ser realizada com o<br />

kit PapilloCheck ® , um teste para diagnóstico<br />

baseado na análise de DNA para identificação<br />

e genotipagem simultânea de 24 subtipos<br />

diferentes de HPV. Destes, 18 são classificados<br />

como de alto risco e 6 como de baixo risco,<br />

sendo esses últimos, os agentes causadores<br />

de verrugas benignas.<br />

O PapilloCheck ® permite o diagnóstico<br />

rápido (menos de 5 horas) e, com uma<br />

sensibilidade de 98%, detecta pacientes<br />

colonizados com subtipos de HPV que ainda<br />

não apresentam quadros clínicos ou lesões<br />

visíveis. Possibilita o monitoramento de<br />

infecções agudas, persistentes e múltiplas,<br />

além de controles internos que avaliam a<br />

qualidade da amostra e ajudam a evitar<br />

resultados falsos negativos.<br />

Validado de acordo com as diretrizes<br />

internacionais para testes de HPV na triagem<br />

de câncer de colo do útero, estudos clínicos<br />

demonstraram que o PapilloCheck ® é um<br />

teste de genotipagem com potencial alto<br />

para o rendimento de amostras em ambiente<br />

clínico.<br />

As amostras dos pacientes podem ser<br />

20<br />

processadas manualmente, bem como em<br />

plataformas de automação, que permitem<br />

uma alta taxa de transferência com mínimo<br />

manuseio. O CX NIMBUS ® e o CX STARlet,<br />

também desenvolvidos pela Greiner Bio-<br />

One, combinam as vantagens da automação<br />

com uma metodologia inteligente, eficiente<br />

e precisa para a triagem e genotipagem<br />

simultâneas do Papilomavírus Humano.<br />

Os produtos atendem a todos os requisitos<br />

das leis e normas exigidos pela ANVISA<br />

(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para<br />

produtos e equipamentos para diagnóstico in<br />

vitro.<br />

Para mais informações, entre em contato:<br />

info@br.gbo.com, ou acesse: www.gbo.com.br<br />

www.gbo.com


21


Opinião<br />

PROF. DR. PAULO CESAR NAOUM<br />

Professor Titular pela UNESP<br />

Diretor da Academia de Ciência e Tecnologia,<br />

Acadêmico da ARLC<br />

a.c.t@terra.com.br<br />

Tecnologias arrojadas investem em medicina analítica<br />

Tendência, qualidade e rapidez sustentam as<br />

bases de quase todas as empresas de sucesso. Na<br />

área de prestação de serviços em diagnósticos<br />

médicos, esta tríade fundamenta tecnologias<br />

cada vez mais arrojadas com objetivos de<br />

realizarem grandes quantidades de exames<br />

laboratoriais com baixos custos operacionais.<br />

O melhor exemplo de tecnologia rápida<br />

direcionada para a medicina analítica são os<br />

diversos auto-testes que avaliam a glicose<br />

sanguínea em portadores de diabetes mellitus.<br />

Estes testes estão pavimentando o futuro<br />

das avaliações de patologias importantes<br />

como ascardíacas, hepáticas, metabólicas,<br />

infecciosas, toxicológicas e genéticas, entre<br />

outras, para uso informal ou profissional.<br />

Conhecidos porpoint ofcaretests, ou testes<br />

para exames específicos, eles têm se<br />

tornado abrangentes para aplicações em<br />

consultórios médicos, ambulatórios e centros<br />

de atendimento de emergências. A principal<br />

justificativa para seu uso se deve ao baixo custo,<br />

fácil operacionalidade e decisão terapêutica<br />

imediata. Entre as tecnologias que poderão<br />

atender as expectativas destes tipos de análises<br />

laboratoriais destaca-se o cartão de grafeno.<br />

Com as dimensões de um cartão de crédito e<br />

com leitoras similares às desses cartões, este<br />

tipo de tecnologia analítica poderá conter<br />

até 100 canais para exames, por exemplo:<br />

dosagens de hemoglobina, colesterol HDL e<br />

LDL, triglicerídeos, glicose, gama GT,troponina,<br />

IgG, IgM, tipagens sanguíneas, etc. usando<br />

apenas 50 a 100 microlitros de sangue.<br />

O grafeno é uma das formas cristalizadas<br />

de carbono que, após reações químicas<br />

que envolvem misturas de grafite, água<br />

e detergentes específicos, se dispõe<br />

espacialmente como se fossem favos de<br />

mel, onde os pontos de intersecção de cada<br />

hexágono são átomos de carbonos. Quando<br />

essa mistura viscosa é despejada em uma<br />

placa apropriada para este fim, forma-se<br />

uma película muito fina similarao celofane,<br />

que se dispõe em formas denanotubos de<br />

carbonos cristalizados. Descoberto em 1962<br />

pelo químico alemão Hanns Peter Boehm,<br />

suas possibilidades de aplicações foram<br />

pesquisadas na Universidade de Manchester<br />

da Inglaterra, onde descobriram que o grafeno<br />

poderia ser usado para a transmissão de<br />

energia, na informática, em smartphones, e<br />

no uso analítico para diagnósticos médicos.<br />

Nos espaços nanométricos desses hexágonos<br />

é possível acoplar, também, anticorpos<br />

monoclonais para análises laboratoriais<br />

de diversas proteínas, enzimas, vitaminas,<br />

metabolitos etc. Da mesma forma, a introdução<br />

de substâncias fluorescentes nos espaços<br />

nanométricos pode determinar a presença<br />

de células tumorais em eluatos de tecidos<br />

tumorais e, inclusive, estimar quantidades<br />

aproximadas destas células cancerosas.<br />

Para diagnósticos de doenças genéticas,<br />

por sua vez, as análises se realizam por meio<br />

de fragmentos de genes, com vantagens para<br />

a emissão de resultados em poucos minutos<br />

e baixo custo operacional. No entanto, todo<br />

este encanto tecnológico prestes a ser usado<br />

no auxílio ao diagnóstico de clínico de muitas<br />

doenças, precisará sempre da supervisão de<br />

profissionais das áreas médica e biológica<br />

especializados nestes tipos de análises. Mesmo<br />

que surjam algoritmos capazes de efetuarem<br />

suposições interpretativas, é o conhecimento<br />

humano que continuará delineando os<br />

progressos das tecnologias científicas aplicadas<br />

à saúde.<br />

22


23


Opinião<br />

DR. DÁCIO EDUARDO LEANDRO CAMPOS<br />

Presidente do CRBM – 1ª Região<br />

presidencia@crbm1.gov.br<br />

As campanhas de conscientização para a<br />

importância do cuidado das mulheres e dos<br />

homens com a saúde, são reforçadas nestes meses,<br />

mas o cuidado com a saúde e a prevenção devem<br />

acontecer ao longo de cada ano. As mudanças de<br />

hábitos e consultas de rotina podem prevenir ou<br />

detectar precocemente graves doenças.<br />

No mês de <strong>outubro</strong> intensificam-se as<br />

campanhas para as mulheres e no mês de<br />

novembro para os homens. Dados do IBGE<br />

apontam que as mulheres têm expectativa de vida<br />

de quase oitenta anos e os homens quase setenta<br />

e três, uma diferença considerável que talvez se<br />

deva pelo pouco cuidado com a saúde por parte<br />

dos homens.<br />

Dados do INCA apontam que nos homens o<br />

O ROSA e o AZUL<br />

câncer de localização primária de próstata soma<br />

31,7% dos casos e nas mulheres o câncer de mama<br />

soma 29,5% dos casos. Os dados são significativos<br />

e a mortalidade conforme a localização primária do<br />

tumor e sexo apontam 13,4% para CA de próstata<br />

e 16% para o CA de mama.<br />

O Ministério da Saúde mostra que dois terços<br />

dos homens não mantem cuidados com sua<br />

saúde, mas em contrapartida dados apontam<br />

uma situação alarmante quando comparamos o<br />

diagnóstico de câncer no Brasil. O tempo médio<br />

para o diagnóstico é de 270 dias e 80% dos<br />

pacientes começam o tratamento em estágio<br />

avançado da doença diminuindo muito a chance<br />

de cura. A cada hora 27 pessoas morrem vitimadas<br />

pelo câncer no Brasil e 55,5% dos Brasileiros<br />

atendidos na rede pública começaram a luta contra<br />

o câncer no estágio final da doença.<br />

A preocupação que fica é justamente o fato<br />

que, investir na conscientização da população<br />

deve acontecer é fundamental mas deve ter seus<br />

programas aliados à medida que os investimentos<br />

em saúde pública também aconteçam e a agilidade<br />

no atendimento idem. Se o diagnóstico acontece já<br />

em nível três, a probabilidade de sobrevivência cai<br />

para 43%, no último nível, chega a apenas 7,9%.<br />

Por isso, tratar um câncer é uma corrida contra o<br />

tempo.<br />

Com todos os avanços e conquistas ao longo<br />

dos anos, ainda temos muito a fazer e esperamos<br />

que este quadro seja revertido.<br />

Saudações Biomédicas.<br />

O Senado Federal concluiu, em 23 de <strong>outubro</strong>,<br />

a votação da reforma da Previdência. Trata-se<br />

de uma decisão muito aguardada pelo governo,<br />

investidores e sociedade, pois ela abre um bom<br />

caminho para que outras reformas importantes<br />

para o desenvolvimento econômico e social do país<br />

sejam debatidas e implementadas. A reforma da<br />

Previdência ocupou o centro dos debates durante<br />

quase todo o ano de <strong>2019</strong> e a expectativa, até o<br />

fechamento desta edição, era a promulgação das<br />

novas regras previdenciárias até 19 de novembro.<br />

Vamos começar 2020, portanto, com uma boa luz<br />

no horizonte.<br />

Em dez anos, a economia que as novas regras<br />

da Previdência trarão ao país são da ordem de<br />

R$ 800 bilhões, inferior, portanto, ao R$ 1,2<br />

trilhão almejado inicialmente pelo governo. É<br />

óbvio que a reforma da Previdência por si só não<br />

vai resolver todos os problemas do Brasil, mas<br />

ela dá um bom fôlego e permite que uma agenda<br />

focada na modernização e no desenvolvimento<br />

Boas vindas<br />

DR. YUSSIF ALI MERE JR<br />

Presidente da Federação e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e<br />

Laboratórios do Estado de São Paulo<br />

(FEHOESP e SINDHOSP) e do SindRibeirão<br />

presidencia@sindhosp.org.br<br />

Vitor Muniz Jr. é o novo diretor de<br />

Desenvolvimento de Novos Negócios da<br />

Roche Diagnóstica. No desafio, reforçará a<br />

estrutura comercial e será responsável por<br />

abrir portas em diferentes mercados, com<br />

modelos de negócios e uma abordagem<br />

inovadora com foco do cliente.<br />

Com mais de 20 anos dedicados à<br />

indústria da saúde, Muniz passou os últimos<br />

quatro na Abbott, como Gerente Geral da<br />

A hora do crescimento sustentável<br />

avance. Agora, temos que debater as reformas<br />

tributária e administrativa. E isso também não<br />

será tarefa simples, pois há muitos interesses em<br />

pauta.<br />

Estados e municípios ficaram de fora da<br />

reforma da Previdência, mas há uma Proposta<br />

de Emenda Constitucional (PEC) paralela que<br />

prevê a possibilidade de ambos aderirem às<br />

novas regras de aposentadoria e pensão no<br />

país. A Comissão de Constituição e Justiça do<br />

Senado deve votar a PEC ainda em novembro,<br />

e ela precisa passar em dois turnos no Senado<br />

(são necessários 49 votos) e depois ter o aval da<br />

Câmara dos Deputados, com 308 votos a favor.<br />

A medida geraria uma economia esperada de<br />

aproximadamente R$ 350 bilhões em dez anos e<br />

resolveria um grande problema para os Estados:<br />

o rombo em seus regimes de aposentadoria, que<br />

atingiu R$ 100 bi em 2018.<br />

A aprovação da reforma da Previdência<br />

enalteceu algumas lideranças, como a dos<br />

Divisão Diagnósticos e Diretor de Soluções<br />

Empresariais, tendo atuado também em<br />

posições estratégicas na Coloplast, como<br />

Diretor Geral, e BD (Becton, Dickinson and<br />

Company) como Diretor de Negócios. O<br />

executivo é formado em Administração com<br />

pós-graduação em Gestão de Marketing,<br />

pela FAAP, MBA em Gestão Estratégica, pela<br />

USP, e liderança executiva, pelo INSEAD<br />

(França).<br />

24<br />

presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado,<br />

e o bom senso. Mas, como cidadãos, precisamos<br />

estar vigilantes, pois ao mesmo tempo em que<br />

a reforma previdenciária caminhava, os fundos<br />

partidários receberam boa injeção de dinheiro<br />

público e a aprovação da distribuição dos recursos<br />

do leilão do pré-sal foi condicionada à Previdência.<br />

A velha política anda sempre à espreita.<br />

Temos problemas urgentes para<br />

enfrentar, como a questão tributária, o grave<br />

desequilíbrio fiscal de estados e municípios, a<br />

baixa produtividade da economia e a enorme<br />

desigualdade de renda e de oportunidades. Na<br />

área da saúde, uma iniciativa que certamente trará<br />

melhoria significativa nos indicadores sociais,<br />

como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),<br />

é um programa nacional de saneamento básico e<br />

tratamento de água, em parceria com a iniciativa<br />

privada. Sim, uma agenda positiva nos espera.<br />

É hora de arregaçar as mangas e trabalhar pelo<br />

crescimento sustentável.<br />

Vitor Muniz Jr. chega à Roche Diagnóstica como diretor de<br />

Desenvolvimento de Novos Negócios


25


Opinião<br />

Daniele Goeking<br />

Relações Públicas de formação, trabalhou com assessoria de comunicação para empresas de diversos segmentos, até que<br />

foi convidada para compor a equipe de marketing de um grande laboratório clínico, em 2011. Desde então, tem atuado<br />

exclusivamente desenvolvendo estratégias de Marketing para empresas do setor de saúde. É consultora na You Care há 4 anos e<br />

responsável pelo núcleo de atendimento à Laboratórios e clínicas.<br />

danielegoeking@youcare.com.br<br />

Gestão de pessoas e o marketing<br />

Nos projetos que minha equipe e eu<br />

implantamos para os clientes da YouCare,<br />

observamos em menor ou maior grau, a falta<br />

de envolvimento das equipes sobre a visão das<br />

empresas e os passos que elas darão pensando<br />

no futuro . Não porque as pessoas estão<br />

desmotivadas, mas pela falta de comunicação<br />

e engajamento entre as instituições e seus<br />

times.<br />

Esta observação dos alertou de que era<br />

preciso ajudar as empresas a prepararem seus<br />

recursos humanos, com comunicação clara e<br />

transparência, a fim de empoderar o time para<br />

que o planejamento seja de fato implementado<br />

e traga os resultados esperados.<br />

O primeiro passo para empoderar o<br />

colaborador é comunicar e garantir seu<br />

entendimento sobre os princípios institucionais<br />

da empresa (missão, visão, valores) e a<br />

política de qualidade da organização. Este<br />

entendimento tem como principal objetivo<br />

auxiliar todos a navegarem no mesmo barco,<br />

para a mesma direção além de estabelecer<br />

limites, minimizar conflitos e antecipar<br />

possíveis problemas.<br />

A cultura de uma organização se define pelo<br />

modo como ela faz seus negócios, como trata seus<br />

clientes e colaboradores. Em suma, é o conjunto<br />

de hábitos e crenças estabelecidos através<br />

de normas, valores, atitudes e expectativas<br />

compartilhadas pelos membros da organização<br />

e que reflete a sua mentalidade predominante.<br />

Por isso influencia a gestão das pessoas.<br />

Definir a cultura de uma organização não é<br />

tarefa fácil, uma vez que temos dentro da nossa<br />

empresa pessoas, que pensam, agem e sentem<br />

diferente uma das outras. Embora a cultura de<br />

uma organização seja feita pelas pessoas que<br />

dela fazem parte, o papel da alta liderança aqui<br />

é fundamental, pois a equipe copia as atitudes<br />

de seu líder.<br />

Tanto a cultura, como o entendimento sobre<br />

os princípios institucionais da empresa são<br />

fatores críticos de sucesso de uma organização,<br />

pois têm impacto direto no resultado. Do<br />

mesmo modo, a gestão e principalmente, a<br />

comunicação entre empresa e equipe refletem<br />

diretamente nos resultados das ações de<br />

marketing implementadas. Veja um exemplo<br />

simples:<br />

O laboratório definiu incorporar um exame<br />

diferenciado, ainda não coberto pelos planos<br />

de saúde, mas que possui alto valor agregado<br />

e grande potencial de aceitação. O marketing<br />

então desenvolveu material de divulgação para<br />

médicos e pacientes e lançou uma campanha<br />

de comunicação integrada por redes sociais,<br />

e-mail marketing, panfletagem, Google Ads e<br />

visitação médica. Então os primeiros pacientes<br />

começam a aparecer, a equipe de atendimento<br />

não conhece o novo exame e informam a eles<br />

que o laboratório não realiza. Isso por que<br />

os colaboradores não foram envolvidos na<br />

campanha. Parece difícil, mas infelizmente é<br />

comum em empresas que não dão a devida<br />

atenção à comunicação interna.<br />

Diante dessa fragilidade, a YouCare tem<br />

atuado não só em projetos, mas também na<br />

capacitação de gestores, a fim de que sejam<br />

líderes estrategistas e que consigam se comunicar,<br />

engajar e extrair o melhor de suas equipes. Isso<br />

porque nos comprometemos em oferecer uma<br />

visão 360° da gestão em saúde, não apenas nos<br />

projetos que desenvolvemos, mas na entrega de<br />

valor a toda a cadeia de saúde.<br />

26


27


Opinião<br />

Maria de Lourdes Pires Nascimento, MD<br />

Hematologista, Universidade Federal da Bahia / UFBA<br />

mlpnascimento@uol.com.br<br />

Anemia falciforme: uso da hidroxiurea e questões a esclarecer<br />

Anemia Falciforme são os casos que apresentam<br />

homozigose para um tipo herdado e patológico da<br />

Hemoglobina, denominada Hemoglobina S (Hb<br />

S), em vez de ter herdado o tipo de hemoglobina<br />

normal que é a Hemoglobina A (Hb A). Existem 5<br />

tipos de Hb S, são os Haplótipos, sendo que entre<br />

estes, o tipo CAR (Central African Republic) é o que<br />

apresenta quadro clínico mais grave: vasculopatia<br />

obliterante, falhas renais, doenças crônicas<br />

hepáticas e pulmonares, úlceras maleolares e mortes<br />

nos adultos jovens. Estudos relacionados com a<br />

presença dos diversos Haplótipos, evidenciou que<br />

o estado da Bahia apresentou maiores frequências<br />

para os casos do tipo CAR (1, 2).<br />

A Hidroxiureia, têm também os nomes comerciais<br />

de Hydrea, Droxia, é um medicamento quimioterápico<br />

oral, usado nas desordens mieloproliferativas<br />

e doenças neoplásicas, ex.: leucemia mielóide<br />

crônica, leucemia mielogênica aguda, melanoma<br />

maligno, câncer de ovário, certos tipos de câncer de<br />

pele (câncer de células escamosas da cabeça e do<br />

pescoço), policitemia , etc. A Hidroxiureia provoca<br />

uma inibição imediata reduzindo a síntese de DNA,<br />

através do bloqueio de uma enzima denominada<br />

Ribonucleatide Redutase, reduzindo o crescimento<br />

das células cancerosas (3, 4).<br />

Em condições normais existe Hemoglobina F,<br />

Fetal ou Hb F, em maior quantidade nas hemácias<br />

do recém-nascido, sendo que após o nascimento<br />

a sua produção vai diminuindo e geralmente a<br />

partir de 1 ano de idade existe + 1.5%. Após o<br />

nascimento determinados fatores tem mostrado<br />

que são capazes de aumentar a produção da Hb F,<br />

entre estes temos: a) Hipóxia induz ao<br />

maior número de divisões nos Eritroblastos e a<br />

maturação eritropoiética de hemácias com maior<br />

teor de Hb F no seu interior (5). b) Substâncias<br />

farmacológicas, tais como: Eritropoietina (nos dois<br />

sexos) e no sexo feminino, os hormônios sexuais<br />

do tipo Progesterona (6, 7). c) Drogas Citotóxicas:<br />

hidroxiuréia, ácido butírico, 5-azacytidine, cytosine<br />

arabnoside, butirato de arginina, fenilbutirato de<br />

sódio (8, 9, 10, 11, 12).<br />

A Hidroxiureia não cura a Anemia Falciforme,<br />

sendo usada para reduzir os episódios de dores e a<br />

necessidade de transfusões sanguíneas em pessoas<br />

com Anemia Falciforme. Entretanto a Hidroxiureia<br />

pode ter os seguintes efeitos colaterais: diminuição<br />

do número de plaquetas (Trombocitopenia), níveis<br />

altos de ácido úrico, doenças hepáticas, doenças<br />

renais, aumento do risco para o desenvolvimento de<br />

outros tipos de câncer tais como leucemia, câncer<br />

de pele. Enquanto estiver tomando a Hidroxiureia<br />

não se deve tomar vacinas, tais como: sarampo,<br />

papeira, rubéola, poliomielite, rotavirus, febre<br />

tifoide, febre amarela, varicela, influenza. O uso da<br />

Hidroxiureia também pode ter efeitos secundários<br />

que necessitem de atendimento de emergência, tais<br />

como: manchas arroxeadas, dificuldade de respirar,<br />

edema (na face, lábios, língua e garganta), dor ou<br />

dificuldade de urinar, formigamento e dor com<br />

sensação de queimação em mãos e pés, calafrios,<br />

sensação de desmaio, falta de ar, sangramentos<br />

fáceis, dor na parte superior do estomago, náuseas<br />

e vômitos, batimentos cardíacos rápidos, urina<br />

escura, problemas hepáticos (13, 14, 15).<br />

Em pacientes com Anemia Falciforme,<br />

questiona-se:<br />

A) Qual é o real mecanismo de atuação da<br />

Hidroxiureia quando aumenta o valor da Hb F? Para<br />

Rodgers et al (16) o aumento da Hb F promovido pela<br />

Hidroxiureia nos pacientes com Anemia Falciforme<br />

ocorre após 3 meses de uso do medicamento.<br />

B) Como “ficam” os mecanismos da<br />

Hematopoiese, na medula óssea, ou seja as gerações<br />

das Hemácias, Leucócitos e Plaquetas, durante e<br />

após o uso da Hidroxiureia?<br />

C) Quantos anos os Doentes Falciformes podem<br />

usar a Hidroxiureia?<br />

Em caráter experimental, diversas substâncias<br />

estão sendo estudadas, com o objetivo de melhorar,<br />

sem maiores efeitos colaterais, os casos com<br />

Doenças Falciformes, entre elas temos: Vitamina<br />

D (17), Magnésio (18), Sulfato de Zinco (19),<br />

Piracetam (20), Sulfasalazine (21), Redução da<br />

Hidratação das Hemácias através de Sulfato de<br />

Zinco e Piracetam (22, 23), Prevenção dos Infartos<br />

Cerebrais na Doença Falciforme (24).<br />

Referências<br />

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Inc. Disclaimer. AHFS Patient Medication Information. Copyright,<br />

2017. The American Society of Health-System Pharmacists, Inc,<br />

7272 Wisconsin Avenue, Bethesda, Maryland. All Rights reserved.<br />

Duplication for commercial use must be authorized by ASHP.<br />

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medicinenet.com/hydroxyurea-oral/article.htm Consulta em 06 / 08<br />

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fetal hemoglobin in adult humans exposed to high altitude hypoxia.<br />

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6) Nascimento MLP, Ladipo AO, Coutinho EM. Nomegestrol acetate<br />

contraceptive implant use by women with sickle cell disease. Clin<br />

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7) Rachmilrwitz EA, Aker M. The role of recombinant human<br />

erythropoietin in the treatment of thalassemia. Ann N Y Acad Sci. 850:<br />

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augmentation of fetal hemoglobin production in patients with<br />

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S. Treatment of sickle cell with 5-azacytidine results in increased<br />

fetal hemoglobin production and is associated with non-random<br />

hypomethylation of DNA around the alpha-beta globulin gene<br />

complex. Proc Natl Acad Sci USA. 80: 4842-6, 1983.<br />

11) El-Hazmi MA, Al-Momen A, Warsy AS, et al. The<br />

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hydroxyurea and recombinant human erythropoietin. Acta Haematol.<br />

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12) Olivieri NF, Weatherall. The therapeutic reactivation of fetal<br />

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13) Araújo BSP. Recursos Terapêuticos em Doença Falciforme:<br />

Hidroxiureia, Quelação de Ferro e Transplante de Medula Óssea. www.<br />

hemoce.gov.br Consulta em 08/08/2017<br />

14) AHFS Patient Medication Information. Copyright, 2017. The<br />

American Society of Health-Aystem Pharmacists, Inc, 7272 Wisconsin<br />

Avenue, Bethesda, ASHP.Maryland. All Rights reserved. Duplication for<br />

commercial use must be authorized by<br />

ASHP – American Society of Health System Phamarcists, Inc.<br />

Disclaimer.<br />

15) Zago MA, Pinto ACS. Fisiopatologia das doenças falciformes:<br />

da mutação genética a insuficiência de múltiplos órgãos. Rev Bras<br />

Hematol Hemoter. 29 (3): 207-214, 2007.<br />

16) Rodgers GP, Dover GJ, Noguchi CT, et al. Hematologic responses<br />

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17) Soe HH, Abas AB, Than NN, et al. Vitamin D supplementation<br />

for sickle cell disease. Cochrane database Syst Rev, 2017 Jan 20; 1:<br />

CD010858.<br />

18) Than NN, Soe HHK, Palaniappan SK, et al. Magnesium for<br />

treating sickle cell disease. Cochrane Database Syst Rev, 2017 Apr<br />

13;4. CD011358.<br />

19) Singh PV, Ballas SK. Drugs for preventing red blood cell<br />

dehydration in people with sickle cell diasease.Cochrane Database<br />

Syst Rev. 2007 Oct 174): CD003426.<br />

20) Al Hajeri A, Fedorowicz Z. Piracetam for reducing the<br />

incidence of painful Sickle cell disease crises. Cochrane Database Syst<br />

Rev. Feb 12.2, 2016.<br />

21) Solovey AA, Solovey AN, Harkness J, Hebbel RP. Modulation of<br />

endothelial cell activation in sickle cell disease: a pilot study. Blood. 1<br />

(97); 1937-1941, 2001.<br />

22) Riddington C, De Franceschi L. Drugs for preventing red blood<br />

cell dehydration in people with sickle cell disease. Cochrane Database<br />

Syst Rev. 2002;(4): CD003426.<br />

23) Nagalla S, Ballas SK. Drugs for preventing red blood cell<br />

dehydration in people with sickle cell disease. Cochrane Database Syst<br />

Rev. 2016 Mar 4: 3: CD003426.<br />

24) Estcourt LJ, Fortin PM, Hopewell S, et al. Interventions for<br />

preventing silent cerebral infarcts in people with sickle cell disease.<br />

Cochrane Database Syst Rev. 2017 May 13;5.<br />

Dra. Heloisa da Rocha Picado Copesco<br />

Médica Dermatologista. Especialização em Dermatologia pelo Hospital das Clínicas da<br />

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo - HC - FMRP- USP.<br />

Título de Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD.<br />

Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD.<br />

heloisapicado@gmail.com<br />

Dicas do que NÃO fazer para ter uma pele linda! (Parte 2)<br />

Costumamos ler muito sobre o que devemos<br />

fazer para ter uma pele saudável e bonita. No<br />

entanto, o que vejo com frequência em meu<br />

consultório dermatológico, são erros de rotina de<br />

cuidados com a pele, ou seja, o que NÃO devemos<br />

fazer para ter uma pele melhor. Então, vamos<br />

falar nessa e nas próximas colunas sobre DICAS<br />

DERMATOLÓGICAS, com foco em 5 erros comuns<br />

e como os corrigir. A cada mês, um erro! Esta é a<br />

segunda sessão das 5. Vamos lá:<br />

Erro 2: Não usar protetor solar diariamente!<br />

É comum que as pessoas se lembrem de usar<br />

o protetor solar nos dias ensolarados mas não nos<br />

dias de chuva ou nublados. E isso é um grande erro.<br />

Mesmo nos dias nublados ele é extremamente<br />

necessário, já que os raios ultravioletas são<br />

capazes não somente de manchar e envelhecer a<br />

pele, como gerar câncer.<br />

Dicas rápidas sobre proteção solar: não<br />

economize neste momento. Não use produtos<br />

28<br />

vencidos e sempre cheque a data de validade.<br />

Aplique a quantidade adequada de protetor<br />

solar, pois é um erro comum usar quantidades<br />

inferiores. Para saber a quantidade certa de protetor<br />

solar em cada parte do corpo, lembre-se da regra<br />

das “colheres de chá”, preconizada pela Sociedade<br />

Brasileira de Dermatologia: uma colher de chá de<br />

protetor solar no rosto, no pescoço e na cabeça,<br />

uma colher de chá para a frente e outra para atrás<br />

do tronco, e uma colher de chá para cada braço.


29


Opinião<br />

ALEXANDRE CALEGARI<br />

Mais de 16 anos de experiência em Tecnologia da Informação na área de Medicina Diagnóstica.<br />

Graduado em Tecnologia e Processamento de Dados pela UNIRP e pós-graduado em Administração de<br />

Empresas pela FGV, atualmente lidera projetos estratégicos da Shift e a área de Gestão de Produtos.<br />

Gerente de Produto da Shift.<br />

alexandre@shift.com.br<br />

A importância da medicina laboratorial na prevenção de doenças<br />

A medicina laboratorial apoia a tomada<br />

de decisões médicas mais assertivas e dá a<br />

possibilidade de fazer um diagnóstico precoce<br />

para um tratamento mais efetivo. Nesse sentido,<br />

é preciso conscientização das pessoas sobre a<br />

importância do checkup preventivo que, além<br />

de prevenir doenças, ainda diminui as despesas<br />

do segmento de saúde como um todo.<br />

Porém, pesquisas apontam que, no Brasil,<br />

oito em cada dez pessoas não realizam<br />

checkups preventivos. Esse número ainda<br />

é bastante significativo num momento em<br />

que a tecnologia permite o fácil acesso à<br />

saúde. No caso da medicina laboratorial, a<br />

tecnologia tem revolucionado os processos de<br />

diagnóstico e o tratamento de doenças, uma<br />

vez que exames, procedimentos e resultados<br />

tornaram-se mais simples, rápidos e seguros,<br />

facilitando a tomada de decisões dos médicos<br />

no tratamento mais adequado. Esse avanço<br />

é bastante significativo para o setor já que<br />

70% das decisões tomadas pelos profissionais<br />

de saúde estão baseadas nos resultados dos<br />

exames laboratoriais.<br />

Além disso, os laboratórios contam com<br />

softwares muito mais eficientes, com verificação<br />

automática de resultados, mínima necessidade<br />

de digitação, alertas para resultados alterados,<br />

redução de recoleta, entre outros benefícios que<br />

reduzem chances de erros e, consequentemente,<br />

de custos operacionais.<br />

Em meio a essas transformações também<br />

observamos um novo perfil de consumidor,<br />

muito mais conectado e informado, tornandose<br />

cada vez mais exigente em relação a sua<br />

saúde e bem-estar. Na busca de atender esse<br />

novo consumidor, laboratórios apostam em<br />

plataformas tecnológicas que disponibilizam<br />

serviços em tempo real ao paciente, desde o<br />

pré-agendamento de exames até a consulta de<br />

resultados.<br />

Mesmo com todas essas facilidades<br />

disponíveis pela tecnologia, a baixa adesão aos<br />

checkups ainda é expressiva, o que está levando<br />

importantes associações ligadas à saúde<br />

organizarem campanhas para conscientização<br />

das pessoas em relação à importância dos<br />

checkups preventivos.<br />

Uma delas é a campanha #ImportantePrevenir,<br />

da SBPC/ML - Sociedade Brasileira de Patologia<br />

Clínica/Medicina Laboratorial, com o objetivo<br />

de alertar a população da importância dos<br />

exames laboratoriais no diagnóstico precoce e<br />

prevenção de diversas doenças.<br />

No mesmo caminho segue o movimento<br />

Valorizalab da SBAC - Sociedade Brasileira de<br />

Análises Clínicas para valorização das análises<br />

clínicas no Brasil. A campanha tem duas<br />

frentes: uma voltada para o gestor laboratorial<br />

(disponibilizando conteúdo para ajudar o<br />

laboratório a se comunicar melhor com o público)<br />

e outra para o grande público (conscientizando<br />

a sociedade sobre a importância dos exames<br />

laboratoriais e das análises clínicas).<br />

Levando em consideração esses aspectos,<br />

embora a tecnologia ofereça agilidade aos<br />

processos laboratoriais, garantindo exames<br />

cada vez mais simples, com resultados precisos<br />

para facilitar a decisão médica, é preciso<br />

maior conscientização das pessoas sobre a<br />

importância dos checkups preventivos. Além<br />

de prevenir doenças, o checkup de rotina ainda<br />

evita gastos e tempos desnecessários, tanto por<br />

parte do paciente, quanto do setor de saúde<br />

como um todo.<br />

Os testes bioquímicos mais importantes<br />

para o estudo das hepatopatias são<br />

aqueles que avaliam a atividade de<br />

certas enzimas presentes no hepatócito<br />

tais como, alanina aminotransferase,<br />

aspartato aminotransferase, fosfatase<br />

alcalina, gama glutamil transferase. A<br />

fosfatase alcalina e a gama glutamil<br />

transferase são enzimas caniculares que<br />

raramente se elevam em casos de lesão<br />

hepática, elas se encontram alteradas<br />

nos processos hepáticos obstrutivos.<br />

Diante do exposto, será abordado a<br />

importância das aminotranferases na<br />

lesão hepática.<br />

A transaminase glutâmico-oxalacética<br />

TGO, atualmente denominada aspartato<br />

aminotransferase sérica (AST), e a<br />

transaminase glutâmico pirúvica (TGP),<br />

chamada também de glutamato piruvato<br />

transaminase sérica (SGTP), e conhecida<br />

ainda como alanina aminotransferase<br />

(ALT).<br />

A ALT-TGP é uma enzima específica do<br />

tecido hepático apresentando baixíssimas<br />

concentrações em outros tecidos. Ao<br />

contrário a AST-TGO, pode ser encontrada<br />

Avaliação enzimática da lesão hepática<br />

em altas concentrações em outros órgãos<br />

tais como coração, rins, cérebro e músculo<br />

esquelético. Outra diferença importante<br />

que se faz entre AST-TGO e ALT-TGP,<br />

é que a primeira é encontrada tanto no<br />

citoplasma dos hepatócitos quanto nas<br />

mitocôndrias, sendo que a segunda está<br />

presente somente no citoplasma. Os<br />

valores normais da AST-TGO são < 31<br />

U/L (mulheres) e < 37 U/L (homens) e os<br />

da ALT-TGP são < 32 U/L (mulheres) e <<br />

42 U/L (homens).<br />

O sinal característico de lesão<br />

hepatocelular aguda é o aumento<br />

das atividades de aminotransferases,<br />

tipicamente em mais de oito vezes os<br />

valores de referência.<br />

A relação AST/ALT (Índice DeRitis) pode<br />

ser utilizada para auxiliar no diagnóstico<br />

diferencial das hepatopatias. Elevações<br />

pequenas de ambas, ou apenas de ALT em<br />

pequena proporção, são encontradas na<br />

hepatite crônica (especialmente hepatite<br />

C e esteato-hepatite não alcoólica). Como<br />

na hepatite alcoólica há maior lesão<br />

mitocondrial, proporcionalmente, do que<br />

nas outras hepatopatias, observa-se<br />

30<br />

tipicamente elevação mais acentuada (o<br />

dobro ou mais) de AST (que é encontrada<br />

nas mitocôndrias) do que de ALT, ambas<br />

geralmente abaixo de 300 U/L. Elevações<br />

de ambas acima de 1.000 U/L são<br />

observadas em hepatites agudas virais ou<br />

por drogas.<br />

Dada a importância desses marcadores<br />

no diagnóstico das hepatopatias, a<br />

BioTécnica disponibiliza os kits AST-TGO<br />

e ALT-TGP em sua linha de produtos.<br />

Anderson A. B. Silva<br />

www.biotecnica.ind.br<br />

sac@biotecnicaltda.com.br +55 (35) 3214-4646


31


Opinião<br />

DR. RODRIGO MASINI DE MELO<br />

CEO||DATA SCIENTIST||PROJECT MANAGER, IBusinessHealth<br />

rodrigo@ibusinesshealth.com.br<br />

No laboratório clínico, os departamentos de<br />

Química e Hematologia foram os primeiros a adaptar<br />

robótica e algoritmos ao seu fluxo de trabalho.<br />

Desde 1984, o “EXPERT”, uma ferramenta de criação<br />

de sistemas de consulta, que é um programa de<br />

Inteligência Artificial (IA) baseado em conhecimento,<br />

foi desenvolvido na Universidade Rutgers para<br />

permitir testes e interpretações laboratoriais<br />

sequenciais.<br />

As tecnologias de IA agora são comumente<br />

denominadas ‘engenharia do conhecimento’ e o<br />

software de computador inteligente que incorpora o<br />

conhecimento é chamado de ‘sistemas especialistas’.<br />

Por ter sido bastante difícil desenvolver aplicativos<br />

práticos de aprendizado automático, os sistemas<br />

especialistas geralmente não incluem a capacidade<br />

de aprender sozinhos. No entanto, esses sistemas<br />

especialistas são capazes de tomar decisões com<br />

base no conhecimento acumulado com o qual são<br />

programados e, portanto, são geralmente incluídos<br />

na definição de sistemas de IA. Um número cada vez<br />

maior de publicações na área de IA mostra o crescente<br />

interesse e escopo de sua aplicação na área da saúde.<br />

Uma pesquisa rápida do Pubmed revela quase 83.000<br />

publicações relacionadas à IA na área da saúde nos<br />

últimos anos.<br />

Com o aumento impressionante no volume de<br />

dados de assistência médica ao paciente, um aumento<br />

constante nas expectativas do paciente e escassez<br />

de recursos, a IA será o motor que impulsiona as<br />

melhorias no continuum do atendimento. Os médicos<br />

se adaptarão e usarão a tecnologia de IA no seu diaa-dia.<br />

Enfermeiros e outros profissionais de saúde<br />

aumentados pela IA podem oferecer um nível mais<br />

alto de atendimento a uma população maior.<br />

Com rápidos avanços na patologia, como mudanças<br />

de paradigma na patologia digital, sequenciamento<br />

de próxima geração, medicina de precisão e<br />

tratamentos personalizados, os patologistas serão<br />

o primeiro ponto em que as decisões clínicas serão<br />

tomadas. A Patologia Computacional aplica-se a<br />

modelos computacionais, aprendizado de máquina e<br />

visualizações para tornar a saída do laboratório mais<br />

útil e fácil de entender para o tomador de decisões<br />

clínicas. A patologia computacional tem valor clínico<br />

em todos os aspectos da medicina, concentrandose<br />

em métodos computacionais que incorporam<br />

patologia clínica, patologia anatômica (incluindo<br />

imagens digitais) e conjuntos de dados de patologia<br />

molecular / genômica.<br />

A detecção remota contínua de pacientes que<br />

usam “dispositivos vestíveis”, como dispositivos de<br />

monitoramento de glicose, oximetria, temperatura,<br />

freqüência cardíaca e monitores de freqüência<br />

respiratória conectados a um dispositivo de<br />

A Inteligência Artificial no Laboratório clínico<br />

computação central através da onipresente<br />

“Internet das Coisas”, será a norma, com a AI<br />

”Mudando a maneira como o atendimento futurista<br />

ao paciente será fornecido. A previsão de sepse<br />

é um importante enigma diagnóstico, onde a<br />

terapia apropriada precoce pode salvar vidas. Um<br />

estudo controlado randomizado de Shimabukuro<br />

et al. No UCSF Medical Center em 2017 usou um<br />

preditor baseado em aprendizado de máquina, que<br />

resultou em reduções significativas no tempo de<br />

permanência e na taxa de mortalidade hospitalar. O<br />

estudo demonstrou a superioridade do uso de um<br />

preditor algorítmico em relação ao atual sistema<br />

eletrônico de vigilância de registros eletrônicos de<br />

saúde atual do hospital, baseado em regras e grave<br />

sepse. Os microfluídicos aprimorados para IA e os<br />

pequenos laboratórios POCT interativos compactos<br />

são definidos para alterar a maneira como o<br />

diagnóstico é realizado. Um exemplo é o “Maverick<br />

Detection System” da Genalyte. Usando sondas<br />

biológicas ligadas a chips de biossensores de silício,<br />

ele liga macromoléculas no soro, cuja ligação é<br />

detectada por uma alteração na ressonância<br />

luminosa, que é determinada fotometricamente.<br />

Eles planejam detectar até 128 analitos usando<br />

chips descartáveis de uma única amostra.<br />

As alterações no DNA tumoral são importantes,<br />

pois influencia a terapia. Após o sequenciamento<br />

de nova geração, são geradas grandes quantidades<br />

de dados genômicos, que são analisados por uma<br />

combinação de ferramentas computacionais e<br />

especialistas humanos para entender os tipos de<br />

mutações genéticas presentes no tumor. Estes<br />

atuam como um guia para o prognóstico e a<br />

terapia personalizada. Os métodos mais recentes<br />

de análise envolvem aprendizado de máquina, que<br />

automatiza o processo de diagnóstico do DNA do<br />

tumor e melhora a precisão dessa identificação em<br />

comparação com as técnicas existentes, permitindo<br />

a prescrição precisa de terapias específicas para<br />

mutações.<br />

Os laboratórios clínicos de hoje já estão usando<br />

robótica avançada para testar pequenos volumes de<br />

sangue, soro e outros fluidos corporais de milhares<br />

de amostras em um dia para fornecer respostas<br />

altamente precisas e reproduzíveis às perguntas<br />

clínicas, em escalas quase difíceis de serem imitadas<br />

humanamente.<br />

Essas máquinas são acionadas por programas<br />

algorítmicos convencionais, que representam e<br />

usam dados, iteram repetidamente e exaustivamente<br />

usando uma sequência de decisão, usando números<br />

e equações, finalmente apresentando um número<br />

ou resultado dentro dos limites de confiança. No<br />

futuro, os robôs usados no laboratório clínico serão<br />

heurísticos (autoaprendizagem), usando processos<br />

inferenciais, com inúmeras maneiras de obter a<br />

melhor decisão possível, mesmo permitindo a falta<br />

de informações. Programas de Inteligência Artificial<br />

combinados com bancos de dados, mineração<br />

de dados, estatísticas, modelagem matemática,<br />

reconhecimento de padrões, visão computacional,<br />

todo o processamento da linguagem, realidade<br />

mista e computação ambiental mudarão a maneira<br />

como nossos laboratórios geram e exibem<br />

informações clínicas no futuro.<br />

O futuro - Patologista aumentado com AI é o<br />

futuro. A IA ajudará a alavancar o conhecimento, a<br />

sabedoria e a experiência humana. As descobertas<br />

sugerem que, em vez de substituir os médicos,<br />

os algoritmos de IA podem funcionar melhor ao<br />

lado deles na área da saúde. A IA e o software<br />

de aprendizado de máquina estão começando<br />

a se integrar como ferramentas para eficiência<br />

e precisão na patologia. O software está sendo<br />

desenvolvido por empresas iniciantes, geralmente<br />

em conjunto com instituições educacionais<br />

importantes ou grandes laboratórios de pesquisa<br />

hospitalar, abordando diferentes doenças e<br />

condições, principalmente formas de câncer.<br />

Uma revisão das funcionalidades da IA e do<br />

software de aprendizado de máquina no campo<br />

da patologia revela uso predominante na análise<br />

e diagnóstico de imagens de slides inteiros, na<br />

genômica de tecidos tumorais e sua correlação<br />

com a terapia e, finalmente, nos dispositivos de<br />

diagnóstico complementares. A UTI do futuro terá<br />

programas de IA, que avaliarão simultaneamente<br />

os fluxos contínuos de dados de vários monitores e<br />

dispositivos de coleta de dados para agrupar suas<br />

informações e apresentar uma imagem abrangente<br />

da saúde do paciente para os médicos que ajustam<br />

autonomamente as configurações do equipamento<br />

para manter o paciente em repouso. condição ideal.<br />

Gostaria de concluir citando um conceito sobre<br />

“Singularidade” de Ray Kurzweil, datado de 2045. A<br />

singularidade tecnológica é uma hipótese de que a IA<br />

desencadeará crescimento tecnológico logarítmico,<br />

resultando em mudanças insondáveis na civilização<br />

humana. As mudanças nos cuidados de saúde e na<br />

longevidade depois que atingimos a “Singularidade”<br />

estão além do nosso entendimento atual.<br />

Ele disse: “2029 é a data consistente que eu<br />

previ para quando uma IA passaria em um teste<br />

de Turing válido e, portanto, atingisse níveis<br />

humanos de inteligência. Eu marquei a data<br />

de 2045 para a “Singularidade”, que é quando<br />

multiplicaremos nossa inteligência efetiva<br />

um bilhão de vezes ao nos fundirmos com a<br />

inteligência que criamos “.<br />

Alerta<br />

Tumor no trato digestivo<br />

Internado para tratar uma doença de<br />

pele, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas,<br />

realizou exames que também diagnosticaram<br />

um tromboembolismo pulmonar. Feito um<br />

pet scan, posteriormente, foi identificado o<br />

surgimento de um possível tumor no trato<br />

digestivo, no estômago. No domingo (27), foi<br />

submetido a uma endoscopia digestiva, para<br />

coleta de material para biópsia e confirmação<br />

do diagnóstico.<br />

Sabe-se que, no Brasil, somente em 2018, o<br />

32<br />

câncer no estômago atingiu mais de 13,5 mil<br />

homens adultos, sendo o quarto tipo de tumor<br />

mais comum na população masculina, segundo<br />

dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).<br />

Exames como a endoscopia, realizados por<br />

médicos endoscopistas e gastroenterologistas,<br />

e a biópsia do material coletado, realizada por<br />

médicos patologistas, são fundamentais para<br />

um diagnóstico preciso e correto de tumores,<br />

bem como para a indicação do melhor<br />

tratamento.


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Artigo<br />

Via de parto e autonomia do paciente: discussão pode chegar ao Judiciário<br />

O nascimento de uma criança é um momento<br />

sublime para uma família. Entretanto, o<br />

acontecimento pode se transformar em um momento<br />

de conflito no que se refere, por exemplo, ao direito<br />

da gestante em relação a escolha via de parto: se<br />

cirúrgico ou parto vaginal (natural). Em alguns<br />

caso, porém, essa decisão pode sair dos hospitais e<br />

consultórios e ganhar as cadeiras do Judiciário.<br />

Recentemente, um caso no Reino Unido<br />

reacendeu a discussão sobre o tema. Um juiz<br />

da alta corte do país decidiu que uma grávida<br />

de 25 anos poderia ser secretamente sedada<br />

durante uma visita ao hospital para permitir que<br />

os médicos realizassem uma cesariana contra<br />

a sua vontade. De acordo com o jornal The Sun,<br />

a mulher seria chamada para o hospital para<br />

uma consulta de rotina, onde seria drogada por<br />

algum medicamento colocado em sua bebida<br />

e, posteriormente, encaminhada para o centro<br />

cirúrgico a fim de se realizar a cesárea. Caso ela<br />

não pudesse ir ao hospital, a equipe médica estava<br />

autorizada ainda a ir à casa da paciente, sedá-la<br />

secretamente ou contê-la à força, se necessário,<br />

para depois levá-la ao hospital e realizar a cirurgia.<br />

Para justificar a ação, o juiz alegou que a grávida<br />

não tinha condições de tomar decisões por conta<br />

de dificuldades de aprendizagem.<br />

A mulher, contudo, deu à luz naturalmente<br />

(como desejava) antes que o plano, revelado há<br />

poucas semanas, fosse colocado em prática.<br />

Até que ponto é possível respeitar a autonomia<br />

da paciente? Há limites?<br />

Um outro exemplo, brasileiro, que envolve o<br />

tema da autonomia do paciente teve repercussão<br />

na mídia. Encontra-se no STF um Recurso<br />

Extraordinário, interposto com fundamento no<br />

art. 102, III, a, da Constituição Federal, apontando<br />

violação aos artigos 1º, III; 5º, caput, incisos II, VI e<br />

VIII; e 196 do texto constitucional.<br />

O processo envolve uma paciente que, em<br />

razão de doença cardíaca, foi encaminhada pelo<br />

Sistema Único de Saúde (SUS) para a Santa Casa de<br />

Misericórdia de Maceió, a fim de realizar cirurgia<br />

de substituição de válvula aórtica. Mas, por ser<br />

testemunha de Jeová, decidiu submeter-se ao<br />

tratamento de saúde sem o uso de transfusões de<br />

sangue alogênico (sangue de terceiros).<br />

A parte recorrente alega que a discussão dos<br />

autos cinge-se a saber se é legítima a recusa à<br />

transfusão de sangue no tratamento de saúde<br />

por paciente testemunha de Jeová. Se a paciente<br />

tiver uma hemorragia e precisar de transfusão de<br />

sangue no SUS, os médicos não poderiam atuar<br />

segundo a boa praxis. Se a paciente for a óbito, a<br />

responsabilidade será do médico? Novamente<br />

pergunta-se: qual o limite da autonomia do<br />

paciente?<br />

Ainda na esteira da autonomia e decisões<br />

médicas, no último dia 16 de setembro, o Conselho<br />

Federal de Medicina (CFM) publicou novas regras<br />

para a atuação de médicos nos casos em que um<br />

paciente recusa algum tipo de tratamento. Pelo<br />

viés da Resolução Nº 2.232/<strong>2019</strong>, a escolha da via<br />

de parto “deve ser analisada na perspectiva do<br />

binômio mãe e feto, podendo o ato de vontade da<br />

mãe caracterizar abuso de direito dela em relação<br />

ao feto”.<br />

A resolução também permite que pacientes<br />

recusem procedimentos médicos desde que não<br />

haja risco para a saúde de terceiros ( como o feto,<br />

por exemplo) ou doença transmissível que, se não<br />

tratada, contaminará a outros.<br />

Outra polêmica em torno do parto acontece<br />

com a discussão sobre uma nova lei , oriunda de um<br />

projeto de lei da deputada estadual de São Paulo<br />

Janaína Paschoal (PSL), que define que as mulheres<br />

poderão optar pelo procedimento cirúrgico<br />

independentemente de indicação médica. A lei<br />

sancionada recentemente pelo governo paulista<br />

combate a “ditadura do parto normal” e autoriza<br />

Sandra Franco*<br />

o a gestante usuária do Sistema Único de Saúde<br />

(SUS) a optar pelo parto cirúrgico a partir da 39ª<br />

semana de gestação. O texto garante o direito da<br />

mulher em receber analgesia no parto natural e<br />

optar pela cesariana, a partir da 39ª semana de<br />

gestação, mesmo que não haja indicação médica<br />

para isso.<br />

A esse respeito, emanam críticas de entidades<br />

alegando-se que o ensejaria uma discussão<br />

técnica aprofundada sobre o momento do parto e<br />

a saúde da mulher e do feto. A deputada diz que<br />

sua intenção é defender a vida e a autonomia das<br />

mulheres em relação ao que chama de “obsessão”<br />

por parto normal. Interessante ressaltar que a OMS<br />

(Organização Mundial de Saúde) preconiza que o<br />

percentual de cesarianas ideal estaria entre 15%<br />

e, somente na rede privada de saúde no Brasil,<br />

tem-se uma taxa de 88% de partos através do<br />

procedimento cirúrgico. Com a aprovação da Lei,<br />

o percentual de cesarianas no SUS irá aumentar<br />

consideravelmente.<br />

A decisão sobre a via do parto deve ser resultado<br />

de escolhas responsáveis. Por exemplo, a cesariana<br />

não precisa ser uma opção para a mulher que não<br />

quer sentir dor, pois é possível haver analgesia<br />

também durante um parto normal. A mulher, no<br />

entanto, precisa de informações para decidir.<br />

A Constituição Federal garante a liberdade do<br />

cidadão. Aliás, a autonomia do paciente está entre<br />

os princípios da Medicina. Resta evidente, porém,<br />

que nenhuma escolha sem informação está cravada<br />

pela consciência das consequências. É importante<br />

esclarecer que, independente da escolha, a saúde e<br />

a integridade física da mãe e do bebê devem ser a<br />

prioridade.<br />

A autonomia da mãe termina quando sua<br />

escolha possa causar danos ao bebê e, em nome do<br />

bebê, o Estado é chamado a intervir muitas vezes.<br />

A autonomia é um bem jurídico do ser humano,<br />

valor reconhecido pela legislação brasileira e que<br />

precisa ser tratado como tal.<br />

*Sandra Franco é consultora jurídica especializada em<br />

Direito Médico e da Saúde, doutoranda em Saúde Pública,<br />

MBA/FGV em Gestão de Serviços em Saúde, ex-presidente<br />

da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São<br />

José dos Campos (SP), membro do Comitê de Ética para<br />

pesquisa em seres humanos da UNESP (SJC) e presidente da<br />

Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde<br />

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