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outubro-2019

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- para o contágio de mãe para filho, que pode<br />

acontecer no parto ou amamentação, recomendase<br />

o tratamento prévio da mãe e, se necessário,<br />

posteriormente do filho.<br />

Em 2007, a taxa de incidência da Hepatite A<br />

era superior às Hepatites B e C, porém vem caindo<br />

desde então, atingindo 1,0/ 100 mil habitantes<br />

em 2016. Neste mesmo período, as Hepatites B e<br />

C apresentaram tendência de aumento, sendo que<br />

a Hepatite C superou a incidência da Hepatite B a<br />

partir de 2015, quando houve mudança na definição<br />

dos casos, para fins epidemiológicos, sendo a<br />

contaminação sexual a principal causa para o VHB e<br />

o uso de drogas e transmissão sanguínea para o VHC.<br />

L – Já existem vacinas contra os tipos A e B. A<br />

melhor forma de se prevenir ainda é a vacina? Há<br />

mais adultos que podem ser vulneráveis à hepatite<br />

por não terem sido vacinados?<br />

Galoro - A vacina é a mais importante forma de<br />

prevenção. Contra as hepatites do tipo A e B, entretanto<br />

quem se vacina para o tipo B, se protege também<br />

para hepatite D, e está disponível gratuitamente no<br />

SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina. A<br />

vacinação para a Hepatite B foi disponibilizada para a<br />

população brasileira a partir de 1991 e atualmente sua<br />

cobertura vacinal atinge cerca de 50% da população<br />

em geral, com maior taxa nas populações mais jovens<br />

e decréscimo gradativo para mais idosos, resultando<br />

em grande exposição de adultos jovens ao vírus. Já a<br />

vacinação para a Hepatite A, também disponível no<br />

calendário anual de imunização do Sistema Público<br />

brasileiro, também apresenta baixa cobertura vacinal,<br />

com cerca de 50% da população jovem vacinada.<br />

L – A gravidade pode variar, desde a tipo A, que<br />

evolui para a cura espontaneamente (raramente<br />

levando a óbito); e as de tipos B e C, que podem<br />

evoluir para forma crônica, a cirrose hepática e<br />

até para o câncer. Hoje em dia há medicamentos<br />

que conseguem reverter mesmos os quadros<br />

mais graves?<br />

Galoro - Menos de 1% dos casos de Hepatite A<br />

evoluem para hepatite fulminante, que é a condição<br />

mais grave, podendo levar a óbito a metade dos<br />

acometidos, sendo muitas vezes indicado o transplante<br />

hepático. As hepatites B e C podem evoluir para cirrose<br />

hepática, onde o tecido do fígado fica fibroso e deixa<br />

de realizar tarefas primordiais para o organismo,<br />

como o processamento de nutrientes e medicamentos,<br />

a fabricação de proteínas e a produção da bile, que<br />

atua na digestão. Por último, pacientes com cirrose<br />

hepática tem maior chance de ter hepatocarcinoma,<br />

que é um tipo de câncer do fígado, bastante agressivo<br />

e que pode causar a morte. Os vírus A e E apresentam<br />

apenas formas agudas de hepatite, que significa que<br />

o indivíduo pode se recuperar completamente, sem<br />

tratamento específico, apenas com sintomáticos e<br />

repouso. Já as hepatites B e C podem se tornar crônicas<br />

e neste caso estão indicados os tratamentos. Felizmente<br />

hoje existem diferentes opções de tratamento, com<br />

boa eficácia e relativamente poucos efeitos colaterais,<br />

com drogas como Interferon, Alfapeguinterferona,<br />

Entecavir, Tenofovir, entre outras. O tratamento está<br />

disponível na rede pública.<br />

L - Cada tipo de hepatite pode receber um<br />

tratamento diferente?<br />

Galoro - Sim, o tratamento é específico para cada<br />

tipo de hepatite, variando conforme o vírus, o paciente<br />

e sua evolução. O Ministério da Saúde disponibiliza<br />

manuais técnicos para o tratamento das Hepatites<br />

B e C, com fluxogramas de orientação da equipe de<br />

saúde para cada uma das situações clínicas.<br />

L – Como é a fidelidade ao tratamento, que<br />

pode levar até anos? O abandono do tratamento<br />

depois da melhora clínica pode levar ao<br />

ressurgimento da doença?<br />

Galoro - O tratamento das Hepatites B e C tem<br />

muitas variáveis, conforme o tipo de vírus, quadro<br />

clínico e a resposta às medicações. Tem duração<br />

mínima de alguns meses, mas pode se prolongar<br />

por anos. Os efeitos colaterais são comuns e<br />

compreendem cansaço, dores musculares e articulares,<br />

emagrecimento, cefaleia, irritabilidade, febre, entre<br />

outros. Apesar deles, a taxa de abandono varia em<br />

torno de apenas 5%. Mesmo quando o tratamento é<br />

realizado corretamente, uma quantidade significativa<br />

de pacientes não obtém a Resposta Viral Sustentada<br />

(RVS), ou seja, pacientes voltam a ter a presença de<br />

vírus circulante após a suspensão do tratamento.<br />

Para pacientes que interrompem o tratamento, o<br />

reaparecimento do vírus é mais frequente e pode levar<br />

às complicações da Hepatite.<br />

L – Qual a diferença entre os testes sorológicos,<br />

os de biologia molecular e os testes rápidos<br />

oferecidos pela rede pública para o diagnóstico da<br />

hepatite?<br />

Galoro - O diagnóstico é feito através de exames<br />

laboratoriais, como sorologias e testes de biologia<br />

molecular, que detectam o vírus no organismo. As<br />

sorologias levam de 30 a 60 dias para se tornarem<br />

positivas, após o contágio, pois dependem da<br />

produção de anticorpos pelo organismo, enquanto<br />

os testes de biologia molecular podem detectar o<br />

vírus circulante de forma mais precoce, com poucos<br />

dias após a infecção. Embora hoje já haja testes<br />

rápidos de biologia molecular, os utilizados hoje<br />

para as hepatites compreendem Imunoensaios<br />

para detecção de antígenos e anticorpos das<br />

Hepatites. As características de desempenho destes<br />

testes variam conforme o fornecedor e são causas<br />

importantes de variação na interpretação de seus<br />

resultados, devendo ser avaliados previamente<br />

pelos laboratórios que desejam implantá-los em<br />

suas rotinas.<br />

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