outubro-2019
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
- para o contágio de mãe para filho, que pode<br />
acontecer no parto ou amamentação, recomendase<br />
o tratamento prévio da mãe e, se necessário,<br />
posteriormente do filho.<br />
Em 2007, a taxa de incidência da Hepatite A<br />
era superior às Hepatites B e C, porém vem caindo<br />
desde então, atingindo 1,0/ 100 mil habitantes<br />
em 2016. Neste mesmo período, as Hepatites B e<br />
C apresentaram tendência de aumento, sendo que<br />
a Hepatite C superou a incidência da Hepatite B a<br />
partir de 2015, quando houve mudança na definição<br />
dos casos, para fins epidemiológicos, sendo a<br />
contaminação sexual a principal causa para o VHB e<br />
o uso de drogas e transmissão sanguínea para o VHC.<br />
L – Já existem vacinas contra os tipos A e B. A<br />
melhor forma de se prevenir ainda é a vacina? Há<br />
mais adultos que podem ser vulneráveis à hepatite<br />
por não terem sido vacinados?<br />
Galoro - A vacina é a mais importante forma de<br />
prevenção. Contra as hepatites do tipo A e B, entretanto<br />
quem se vacina para o tipo B, se protege também<br />
para hepatite D, e está disponível gratuitamente no<br />
SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina. A<br />
vacinação para a Hepatite B foi disponibilizada para a<br />
população brasileira a partir de 1991 e atualmente sua<br />
cobertura vacinal atinge cerca de 50% da população<br />
em geral, com maior taxa nas populações mais jovens<br />
e decréscimo gradativo para mais idosos, resultando<br />
em grande exposição de adultos jovens ao vírus. Já a<br />
vacinação para a Hepatite A, também disponível no<br />
calendário anual de imunização do Sistema Público<br />
brasileiro, também apresenta baixa cobertura vacinal,<br />
com cerca de 50% da população jovem vacinada.<br />
L – A gravidade pode variar, desde a tipo A, que<br />
evolui para a cura espontaneamente (raramente<br />
levando a óbito); e as de tipos B e C, que podem<br />
evoluir para forma crônica, a cirrose hepática e<br />
até para o câncer. Hoje em dia há medicamentos<br />
que conseguem reverter mesmos os quadros<br />
mais graves?<br />
Galoro - Menos de 1% dos casos de Hepatite A<br />
evoluem para hepatite fulminante, que é a condição<br />
mais grave, podendo levar a óbito a metade dos<br />
acometidos, sendo muitas vezes indicado o transplante<br />
hepático. As hepatites B e C podem evoluir para cirrose<br />
hepática, onde o tecido do fígado fica fibroso e deixa<br />
de realizar tarefas primordiais para o organismo,<br />
como o processamento de nutrientes e medicamentos,<br />
a fabricação de proteínas e a produção da bile, que<br />
atua na digestão. Por último, pacientes com cirrose<br />
hepática tem maior chance de ter hepatocarcinoma,<br />
que é um tipo de câncer do fígado, bastante agressivo<br />
e que pode causar a morte. Os vírus A e E apresentam<br />
apenas formas agudas de hepatite, que significa que<br />
o indivíduo pode se recuperar completamente, sem<br />
tratamento específico, apenas com sintomáticos e<br />
repouso. Já as hepatites B e C podem se tornar crônicas<br />
e neste caso estão indicados os tratamentos. Felizmente<br />
hoje existem diferentes opções de tratamento, com<br />
boa eficácia e relativamente poucos efeitos colaterais,<br />
com drogas como Interferon, Alfapeguinterferona,<br />
Entecavir, Tenofovir, entre outras. O tratamento está<br />
disponível na rede pública.<br />
L - Cada tipo de hepatite pode receber um<br />
tratamento diferente?<br />
Galoro - Sim, o tratamento é específico para cada<br />
tipo de hepatite, variando conforme o vírus, o paciente<br />
e sua evolução. O Ministério da Saúde disponibiliza<br />
manuais técnicos para o tratamento das Hepatites<br />
B e C, com fluxogramas de orientação da equipe de<br />
saúde para cada uma das situações clínicas.<br />
L – Como é a fidelidade ao tratamento, que<br />
pode levar até anos? O abandono do tratamento<br />
depois da melhora clínica pode levar ao<br />
ressurgimento da doença?<br />
Galoro - O tratamento das Hepatites B e C tem<br />
muitas variáveis, conforme o tipo de vírus, quadro<br />
clínico e a resposta às medicações. Tem duração<br />
mínima de alguns meses, mas pode se prolongar<br />
por anos. Os efeitos colaterais são comuns e<br />
compreendem cansaço, dores musculares e articulares,<br />
emagrecimento, cefaleia, irritabilidade, febre, entre<br />
outros. Apesar deles, a taxa de abandono varia em<br />
torno de apenas 5%. Mesmo quando o tratamento é<br />
realizado corretamente, uma quantidade significativa<br />
de pacientes não obtém a Resposta Viral Sustentada<br />
(RVS), ou seja, pacientes voltam a ter a presença de<br />
vírus circulante após a suspensão do tratamento.<br />
Para pacientes que interrompem o tratamento, o<br />
reaparecimento do vírus é mais frequente e pode levar<br />
às complicações da Hepatite.<br />
L – Qual a diferença entre os testes sorológicos,<br />
os de biologia molecular e os testes rápidos<br />
oferecidos pela rede pública para o diagnóstico da<br />
hepatite?<br />
Galoro - O diagnóstico é feito através de exames<br />
laboratoriais, como sorologias e testes de biologia<br />
molecular, que detectam o vírus no organismo. As<br />
sorologias levam de 30 a 60 dias para se tornarem<br />
positivas, após o contágio, pois dependem da<br />
produção de anticorpos pelo organismo, enquanto<br />
os testes de biologia molecular podem detectar o<br />
vírus circulante de forma mais precoce, com poucos<br />
dias após a infecção. Embora hoje já haja testes<br />
rápidos de biologia molecular, os utilizados hoje<br />
para as hepatites compreendem Imunoensaios<br />
para detecção de antígenos e anticorpos das<br />
Hepatites. As características de desempenho destes<br />
testes variam conforme o fornecedor e são causas<br />
importantes de variação na interpretação de seus<br />
resultados, devendo ser avaliados previamente<br />
pelos laboratórios que desejam implantá-los em<br />
suas rotinas.<br />
6