Opinião Maria de Lourdes Pires Nascimento, MD Hematologista, Universidade Federal da Bahia / UFBA mlpnascimento@uol.com.br Anemia falciforme: uso da hidroxiurea e questões a esclarecer Anemia Falciforme são os casos que apresentam homozigose para um tipo herdado e patológico da Hemoglobina, denominada Hemoglobina S (Hb S), em vez de ter herdado o tipo de hemoglobina normal que é a Hemoglobina A (Hb A). Existem 5 tipos de Hb S, são os Haplótipos, sendo que entre estes, o tipo CAR (Central African Republic) é o que apresenta quadro clínico mais grave: vasculopatia obliterante, falhas renais, doenças crônicas hepáticas e pulmonares, úlceras maleolares e mortes nos adultos jovens. Estudos relacionados com a presença dos diversos Haplótipos, evidenciou que o estado da Bahia apresentou maiores frequências para os casos do tipo CAR (1, 2). A Hidroxiureia, têm também os nomes comerciais de Hydrea, Droxia, é um medicamento quimioterápico oral, usado nas desordens mieloproliferativas e doenças neoplásicas, ex.: leucemia mielóide crônica, leucemia mielogênica aguda, melanoma maligno, câncer de ovário, certos tipos de câncer de pele (câncer de células escamosas da cabeça e do pescoço), policitemia , etc. A Hidroxiureia provoca uma inibição imediata reduzindo a síntese de DNA, através do bloqueio de uma enzima denominada Ribonucleatide Redutase, reduzindo o crescimento das células cancerosas (3, 4). Em condições normais existe Hemoglobina F, Fetal ou Hb F, em maior quantidade nas hemácias do recém-nascido, sendo que após o nascimento a sua produção vai diminuindo e geralmente a partir de 1 ano de idade existe + 1.5%. Após o nascimento determinados fatores tem mostrado que são capazes de aumentar a produção da Hb F, entre estes temos: a) Hipóxia induz ao maior número de divisões nos Eritroblastos e a maturação eritropoiética de hemácias com maior teor de Hb F no seu interior (5). b) Substâncias farmacológicas, tais como: Eritropoietina (nos dois sexos) e no sexo feminino, os hormônios sexuais do tipo Progesterona (6, 7). c) Drogas Citotóxicas: hidroxiuréia, ácido butírico, 5-azacytidine, cytosine arabnoside, butirato de arginina, fenilbutirato de sódio (8, 9, 10, 11, 12). A Hidroxiureia não cura a Anemia Falciforme, sendo usada para reduzir os episódios de dores e a necessidade de transfusões sanguíneas em pessoas com Anemia Falciforme. Entretanto a Hidroxiureia pode ter os seguintes efeitos colaterais: diminuição do número de plaquetas (Trombocitopenia), níveis altos de ácido úrico, doenças hepáticas, doenças renais, aumento do risco para o desenvolvimento de outros tipos de câncer tais como leucemia, câncer de pele. Enquanto estiver tomando a Hidroxiureia não se deve tomar vacinas, tais como: sarampo, papeira, rubéola, poliomielite, rotavirus, febre tifoide, febre amarela, varicela, influenza. O uso da Hidroxiureia também pode ter efeitos secundários que necessitem de atendimento de emergência, tais como: manchas arroxeadas, dificuldade de respirar, edema (na face, lábios, língua e garganta), dor ou dificuldade de urinar, formigamento e dor com sensação de queimação em mãos e pés, calafrios, sensação de desmaio, falta de ar, sangramentos fáceis, dor na parte superior do estomago, náuseas e vômitos, batimentos cardíacos rápidos, urina escura, problemas hepáticos (13, 14, 15). Em pacientes com Anemia Falciforme, questiona-se: A) Qual é o real mecanismo de atuação da Hidroxiureia quando aumenta o valor da Hb F? Para Rodgers et al (16) o aumento da Hb F promovido pela Hidroxiureia nos pacientes com Anemia Falciforme ocorre após 3 meses de uso do medicamento. B) Como “ficam” os mecanismos da Hematopoiese, na medula óssea, ou seja as gerações das Hemácias, Leucócitos e Plaquetas, durante e após o uso da Hidroxiureia? C) Quantos anos os Doentes Falciformes podem usar a Hidroxiureia? Em caráter experimental, diversas substâncias estão sendo estudadas, com o objetivo de melhorar, sem maiores efeitos colaterais, os casos com Doenças Falciformes, entre elas temos: Vitamina D (17), Magnésio (18), Sulfato de Zinco (19), Piracetam (20), Sulfasalazine (21), Redução da Hidratação das Hemácias através de Sulfato de Zinco e Piracetam (22, 23), Prevenção dos Infartos Cerebrais na Doença Falciforme (24). Referências 1) Costa FF, Gesteira F, Carvalho MH, et al. βS-Gene Cluster Haplotypes in Brazil: the car type predominates in the southeast and the Benin type in the northeast. Revista Paulista de Medicina, Volume 110 (5); Set / Out, 1992. São Paulo Medical Journal. 2) Gonçalves MS, Maciel GCBE, Lyra IC, et al. βS-Haplotypes in Sickle cell anemia patients from Salvador, Bahia, Northeaster Brazil. Braz J Med Biol Res 36 (10): 1283-1288, 2003. 3) ASHP – American Society of Health System Phamarcists, Inc. Disclaimer. AHFS Patient Medication Information. Copyright, 2017. The American Society of Health-System Pharmacists, Inc, 7272 Wisconsin Avenue, Bethesda, Maryland. All Rights reserved. Duplication for commercial use must be authorized by ASHP. 4) OGBRU O. Generic name: hydroxyurea (Hydrea, Droxia) www. medicinenet.com/hydroxyurea-oral/article.htm Consulta em 06 / 08 / 2017. 5) Risso A, Fabbro D, Damante G, Antonutto G. Expression of fetal hemoglobin in adult humans exposed to high altitude hypoxia. Blood Cells, Molecules, and Disease. 48 (3): 147-153, 2012. 6) Nascimento MLP, Ladipo AO, Coutinho EM. Nomegestrol acetate contraceptive implant use by women with sickle cell disease. Clin Pharmacol Ther.64. 433-438, 1998. 7) Rachmilrwitz EA, Aker M. The role of recombinant human erythropoietin in the treatment of thalassemia. Ann N Y Acad Sci. 850: 129-138, 1998. 8) Blau A, Constantoulakis P, Shaw CM, Stamatoyannoupoulos G. Fetal hemoglobin induction with butyric acid: efficacy and tpxicity. Blood 81.81: 529-537, 1993. 9) Carache S, Dover GJ, Moyer MA, Moore JW. Hydroxyureainduced augmentation of fetal hemoglobin production in patients with sickle cell anaemia. Blood. 69: 109-116, 1987. 10) Carache, S; Dover, GJ; Smith, KD; Talbot, CC; Moyer, M; Boyer, S. Treatment of sickle cell with 5-azacytidine results in increased fetal hemoglobin production and is associated with non-random hypomethylation of DNA around the alpha-beta globulin gene complex. Proc Natl Acad Sci USA. 80: 4842-6, 1983. 11) El-Hazmi MA, Al-Momen A, Warsy AS, et al. The pharmacological manipulation of fetal haemoglobin: trials using hydroxyurea and recombinant human erythropoietin. Acta Haematol. 93 (2-4), 57-61, 1995. 12) Olivieri NF, Weatherall. The therapeutic reactivation of fetal haemoglobin. Human Molecular Genetics. 7 (10): 1655-1658, 1998. 13) Araújo BSP. Recursos Terapêuticos em Doença Falciforme: Hidroxiureia, Quelação de Ferro e Transplante de Medula Óssea. www. hemoce.gov.br Consulta em 08/08/2017 14) AHFS Patient Medication Information. Copyright, 2017. The American Society of Health-Aystem Pharmacists, Inc, 7272 Wisconsin Avenue, Bethesda, ASHP.Maryland. All Rights reserved. Duplication for commercial use must be authorized by ASHP – American Society of Health System Phamarcists, Inc. Disclaimer. 15) Zago MA, Pinto ACS. Fisiopatologia das doenças falciformes: da mutação genética a insuficiência de múltiplos órgãos. Rev Bras Hematol Hemoter. 29 (3): 207-214, 2007. 16) Rodgers GP, Dover GJ, Noguchi CT, et al. Hematologic responses of patients with sickle cell disease to treatment with hydroxyurea. N Engl J Med. 322 (15): 1037-1045, 1990. 17) Soe HH, Abas AB, Than NN, et al. Vitamin D supplementation for sickle cell disease. Cochrane database Syst Rev, 2017 Jan 20; 1: CD010858. 18) Than NN, Soe HHK, Palaniappan SK, et al. Magnesium for treating sickle cell disease. Cochrane Database Syst Rev, 2017 Apr 13;4. CD011358. 19) Singh PV, Ballas SK. Drugs for preventing red blood cell dehydration in people with sickle cell diasease.Cochrane Database Syst Rev. 2007 Oct 174): CD003426. 20) Al Hajeri A, Fedorowicz Z. Piracetam for reducing the incidence of painful Sickle cell disease crises. Cochrane Database Syst Rev. Feb 12.2, 2016. 21) Solovey AA, Solovey AN, Harkness J, Hebbel RP. Modulation of endothelial cell activation in sickle cell disease: a pilot study. Blood. 1 (97); 1937-1941, 2001. 22) Riddington C, De Franceschi L. Drugs for preventing red blood cell dehydration in people with sickle cell disease. Cochrane Database Syst Rev. 2002;(4): CD003426. 23) Nagalla S, Ballas SK. Drugs for preventing red blood cell dehydration in people with sickle cell disease. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Mar 4: 3: CD003426. 24) Estcourt LJ, Fortin PM, Hopewell S, et al. Interventions for preventing silent cerebral infarcts in people with sickle cell disease. Cochrane Database Syst Rev. 2017 May 13;5. Dra. Heloisa da Rocha Picado Copesco Médica Dermatologista. Especialização em Dermatologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo - HC - FMRP- USP. Título de Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD. heloisapicado@gmail.com Dicas do que NÃO fazer para ter uma pele linda! (Parte 2) Costumamos ler muito sobre o que devemos fazer para ter uma pele saudável e bonita. No entanto, o que vejo com frequência em meu consultório dermatológico, são erros de rotina de cuidados com a pele, ou seja, o que NÃO devemos fazer para ter uma pele melhor. Então, vamos falar nessa e nas próximas colunas sobre DICAS DERMATOLÓGICAS, com foco em 5 erros comuns e como os corrigir. A cada mês, um erro! Esta é a segunda sessão das 5. Vamos lá: Erro 2: Não usar protetor solar diariamente! É comum que as pessoas se lembrem de usar o protetor solar nos dias ensolarados mas não nos dias de chuva ou nublados. E isso é um grande erro. Mesmo nos dias nublados ele é extremamente necessário, já que os raios ultravioletas são capazes não somente de manchar e envelhecer a pele, como gerar câncer. Dicas rápidas sobre proteção solar: não economize neste momento. Não use produtos 28 vencidos e sempre cheque a data de validade. Aplique a quantidade adequada de protetor solar, pois é um erro comum usar quantidades inferiores. Para saber a quantidade certa de protetor solar em cada parte do corpo, lembre-se da regra das “colheres de chá”, preconizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia: uma colher de chá de protetor solar no rosto, no pescoço e na cabeça, uma colher de chá para a frente e outra para atrás do tronco, e uma colher de chá para cada braço.
29
- Page 1 and 2: 1
- Page 3 and 4: Confira a opinião dos nossos colun
- Page 5 and 6: 5
- Page 7 and 8: 7
- Page 9 and 10: 9
- Page 11 and 12: 11
- Page 13 and 14: 13
- Page 15 and 16: 15
- Page 17 and 18: 17
- Page 19 and 20: 19
- Page 21 and 22: 21
- Page 23 and 24: 23
- Page 25 and 26: 25
- Page 27: 27
- Page 31 and 32: 31
- Page 33 and 34: 33
- Page 35 and 36: 35