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Experiências que Transformam

Compartilhar

e inspirar

Bruna Gurgel, 24 anos

Desde criança, a carioca estudante de

medicina sofre de bulimia e anorexia

e, recentemente, passou a dividir sua

história no Instagram. Viu que publicar

o que viveu e ainda vive faz com que

ela se sinta bem – mais do que isso,

ajuda outras pessoas que lidam com

os mesmos distúrbios

“C

om 9 anos, comecei a sofrer de

bulimia. Minha família descobriu

dois anos depois e fui fazer tratamento.

Mas não melhorei, e ainda passei a ter

anorexia. Sempre me preocupei muito

com minha imagem, nunca me achava

magra o suficiente. Cheguei a pesar 32

quilos, fui internada várias vezes. Foi

por volta dos 18 anos que comecei a

perceber que eu tinha que mudar, que

estava jogando minha vida fora. Mas,

mesmo sabendo disso, era difícil. Passei

a me cuidar mais e a fazer academia,

mas, quando eu comia qualquer coisa

fora do que considerava normal, como

um doce, me forçava a vomitar. Minhas

preocupações com o meu corpo me

levaram a procurar procedimentos

estéticos e cirurgias plásticas. Mas,

por volta dos 20 anos, vivi um ponto

de virada ao me questionar por que eu

precisava tanto da aceitação dos outros.

Entrei na faculdade de medicina porque

queria que meu corpo parasse de ser

objeto de sofrimento e passasse a ser

visto como objeto de estudo. Minha

chave virou, e ajudar outras pessoas

com os distúrbios que eu tenho começou

a ser meu objetivo. No ano passado,

dei mais um passo: estou usando meu

Instagram (@gurgelbruu) para ajudar

outras pessoas. É difícil compartilhar

minhas histórias, mas me faz bem.

Ainda tomo medicamentos e lido com as

minhas questões, mas me expor acaba

me ajudando, porque vejo que ajudo

outras pessoas também.”

Fotos: Arquivo pessoal

Imagem distorcida

Solange Cassanelli, 36 anos

Olhos saltados, sardas demais e

dentes tortos eram alguns dos

defeitos que a publicitária catarinense

imaginava ver no espelho. Depois de

idas e vindas a psicólogos e muita

pesquisa, ela descobriu que tinha

uma doença psicológica chamada

transtorno dismórfico corporal e

criou um blog para informar outras

pessoas sobre o distúrbio

eus pais me encaminharam

“Mpara uma psicóloga quando

eu tinha por volta de 8 anos, porque

eu chorava dizendo que era feia. Fiz

tratamento por um tempo, mas não senti

nenhuma mudança. Aos 19, entrei em

uma agência de modelos acreditando

que poderia perceber qualidades em

mim que não reconhecia. Mas, de novo,

não adiantou. Eu me achava feia, com

olhos grandes e saltados, muitas sardas,

muito alta... Fiz outras tentativas de

tratamento, aos 21 anos e depois aos 27,

mas parei por não ver avanços. Entrei

em um modo automático: acordava,

trabalhava, ia à faculdade e dormia, até

que, em 2009, estava com depressão.

Comecei a pesquisar sobre o que poderia

ter e descobri a dismorfia corporal, ou

transtorno dismórfico corporal (TDC).

Fui ao psiquiatra, que me diagnosticou e

me afastou do trabalho por 15 dias. Com

o diagnóstico, comecei a fazer terapia e

tomar medicamentos e consegui voltar

a fazer o básico, como tomar banho, até

que, aos poucos, fui recuperando minha

vida. Tentei achar, pela internet, outras

pessoas que tivessem dismorfia, mas não

encontrei. Foi quando decidi que deveria

contar a minha história, já que outras

pessoas com a mesma doença também

deveriam estar buscando relatos sem

nem saber o que tinham. Assim, criei

o diariodeumadismorfia.com.br. Hoje,

superei a dismorfia, mas continuo com o

blog como um espaço para que os leitores

se identifiquem e se sintam bem.”

60 LEVE 12 . SET/NOV 2019

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