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O pensamento filosófico de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
Arquivo <strong>Revista</strong><br />
Santinho de Santa Teresinha de Menino<br />
Jesus pertencente a <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
to o desejo de coisas extraordinárias,<br />
não expressas, mas<br />
nas quais entrava a graça. Porém<br />
pouco mais tarde a minha<br />
atenção foi, não inteira,<br />
mas fortemente, desviada desse<br />
campo de cogitação para os<br />
problemas referentes à minha<br />
perseverança, à interlocução e<br />
polêmica com o pensamento<br />
revolucionário, à necessidade<br />
de me agarrar na minha fidelidade<br />
para não me deixar levar<br />
e, portanto, para a luta.<br />
Assim, essas cogitações superiores<br />
saíram um tanto de<br />
minha atenção, sem que jamais<br />
eu as recusasse. Mas era<br />
como se não coubesse na minha<br />
mente tanta coisa para<br />
pensar ao mesmo tempo. Então,<br />
isso ficou um pouco de<br />
lado como um quadro que se<br />
tem dentro de casa, do qual<br />
se gosta muito, mas que a vida<br />
cotidiana obriga a não estar<br />
prestando atenção sempre<br />
nas excelências do quadro.<br />
Assim também era isso dentro<br />
da minha alma.<br />
Eu tinha a ideia de que dia<br />
viria no qual teria tempo de<br />
cogitar e de somar o que ia conquistando<br />
na luta, na polêmica, na concepção<br />
da sociedade temporal com<br />
aquelas alcandoradas e anteriores<br />
elucubrações, percepções, conaturalidades,<br />
apetências naturais elevadas,<br />
etc. A isso juntou-se o fato de<br />
que, ao começar a frequentar o mundo<br />
do entre deux guerres, ele me oferecia,<br />
mesmo dentro do lícito, muitas<br />
delícias. E eu, “truculento” em<br />
tudo, embora negando-me categoricamente<br />
qualquer complacência<br />
com o ilícito, era muito apreciador<br />
do lícito material: o luxo, a boa comida,<br />
o conforto, a vida agradável.<br />
Essas coisas passaram a se representar<br />
para mim como muito desejáveis<br />
e criavam a ilusão, mais ou menos<br />
implícita, de que o homem, possuindo<br />
virtude, prestígio e grande luxo,<br />
teria atingido o teto do que esta vida<br />
pode dar. Até certo ponto, isso projetava<br />
a poeira de um olvido sobre as<br />
apetências alcandoradas de outrora.<br />
As felicidades apresentadas<br />
pelo mundo eram<br />
festivais do demônio<br />
Nos primeiros cinco anos do que<br />
eu poderia chamar minha conversão,<br />
caiu-me nas mãos uma biografia de<br />
Santa Teresa de Jesus, em dois volumes,<br />
escrita por uma carmelita de<br />
Caen, na França. A descrição dos êxtases<br />
deliciosíssimos feita pela autora,<br />
acrescida ao fato de que eu estava<br />
numa fase onde nadava nas consolações<br />
muito mais deleitáveis do<br />
que o prestígio, conforto e luxo<br />
dentro da virtude, isso tudo<br />
me levou a compreender<br />
que havia outra gama de felicidade<br />
para a qual a minha<br />
alma estava desatenta, em<br />
virtude do curso das coisas.<br />
Comecei, então, a procurar<br />
o que era isso. Para Santa<br />
Teresa de Jesus gostar tanto<br />
daqueles êxtases fantásticos,<br />
deveria haver na alma dela<br />
uma aptidão natural, que o<br />
sobrenatural satisfazia.<br />
Fazendo a introspecção de<br />
mim mesmo, eu notava uma<br />
violentíssima vontade de degustar<br />
aquilo porque era a<br />
união com Deus, mas também<br />
– devo dizer – e muito,<br />
pelo gáudio inseparável dessa<br />
união. Quer dizer, essa união<br />
em si mesma, e salvo as noites<br />
escuras e provações, é cheia<br />
de gáudio como uma esponja<br />
pode estar cheia de água.<br />
Então me perguntava: onde<br />
existe na minha alma uma<br />
apetência dessas coisas, tão<br />
dormente que eu não percebia,<br />
mas tão viva que, posto<br />
diante da descrição, levanto-<br />
-me inteiro como que num bramido?<br />
Muitos anos depois, lendo fragmentos<br />
de literatura grega, em geral,<br />
um pouco de Platão e, depois, Padres<br />
do Oriente, percebi que a alma deles<br />
se movia numa atmosfera de delícias<br />
do espírito. Nos gregos, eram delícias<br />
naturais, mas andando na linha da<br />
transesfera 3 ; nos Padres gregos, eram<br />
sobrenaturais e também naturais, visto<br />
que eles eram algum tanto herdeiros<br />
da cultura grega.<br />
Perguntando-me qual o suporte dessas<br />
coisas, cheguei à conclusão de que<br />
aqueles arroubos da infância indicavam<br />
a zona natural da alma voltada para o<br />
desejo dessas graças, e na qual, entrando<br />
a graça, aquilo se desenvolve.<br />
Deveria, pois, haver uma educação<br />
na qual a pessoa compreendesse<br />
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