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Revista Minaspetro nº 124 - Dezembro 2019 /Janeiro 2020

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Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, o

regime de partilha, que ele classifica como “herança

institucional ruim”, determinou o resultado aquém

do esperado. Maílson se diz um antigo crítico do

modelo e concorda com o ministro. “Vários estudos

mostram que a partilha é recomendada em países

cujas instituições são reconhecidamente fracas –

neste caso, as empresas preferem receber sua parte

em petróleo a depender de um fluxo de divisas que

pode não se viabilizar no futuro. Já o modelo de concessão,

adotado em áreas fora do pré-sal, é típico de

nações que possuem instituições fortes como Reino

Unido, Holanda e Noruega. O Brasil, por sua vez, tem

instituições sólidas e faz parte de um grupo de elite.

O regime de partilha é mais comum na África.” Por

essas razões, faz sentido cogitar a adoção do regime

de concessão em todos os campos. No caso especificamente

do pré-sal, em que os riscos diminuíram

substancialmente, de acordo com estudos, seria recomendável

estabelecer níveis mais altos de taxa

de participação – além do bônus de assinatura e dos

royalties –, que levassem em conta essa realidade.

O bônus, inclusive, foi uma das críticas feitas ao

superleilão. No governo de Dilma Rousseff, a opção

foi aumentar o bônus em número de barris em vez

do valor do pagamento no momento da assinatura,

como foi feito pela equipe de Guedes. Maílson acredita

que há uma justificativa plausível para a opção,

tendo em vista a situação econômica delicada das

contas públicas. “Dada a crise fiscal que o país atravessa,

fazia mais sentido buscar obter mais receitas

de bônus de assinatura no curto prazo, e não maiores

receitas na partilha do petróleo mais à frente.”

ENTREGA OU VENDA JUSTA?

Nem todos os economistas concordam com o modelo

proposto. Alguns acreditam que os campos deveriam

permanecer sob o controle da Petrobras. Para

estes, o pacote de privatizações seria como “vender

a prataria da família para jantar fora.” “Esse tipo de

visão sustentava que o país deveria deixar o petróleo

debaixo da terra, em favor das futuras gerações. Isso

parece ter influenciado o governo do PT, que ficou

Lei criada em 2010 para regular a exploração

de petróleo nas áreas do pré-sal. O objetivo, segundo

o governo da época, era “preservar o interesse

nacional”. Por isso, a Petrobras tem a preferência

na exploração. Manifestando em atuar

como operadora, basta à estatal informar em

quais áreas deseja exercer o direito, em consórcio

com a iniciativa privada. Nesse regime, vence o

que oferece a maior parcela de lucro à União.

oito anos sem realizar leilões de novas áreas. Foi uma

grande perda de oportunidade, quando o petróleo

estava a US$ 100 o barril. Aí, sim, foi um grande equívoco.

Além do mais, as jazidas de petróleo não durarão

para sempre. Como dizia um ministro do petróleo

da Arábia Saudita, ‘a Idade da Pedra não acabou por

falta de pedra; logo, a Idade do Petróleo também vai

acabar.’ Deixar petróleo sem extrair seria a rigor um

crime contra todas as gerações, pois ele seria vendido

no futuro a preços muito baixos”, opina Maílson.

A previsão do governo é que o Brasil dobre sua produção

de petróleo até 2030 e se torne um dos cinco

maiores produtores do mundo – hoje o país se encontra

na décima posição. Em longo prazo, portanto, a maior

oferta de petróleo brasileiro, paralelamente à abertura

do refino, tende a baratear o preço dos combustíveis no

mercado interno. Por outro lado, a condenação do uso

de combustíveis fósseis e a popularização dos veículos

elétricos poderão frustrar a expectativa daqueles que

viram no pré-sal um passaporte para o futuro do país.

A resposta virá com o tempo.

O leilão em números

Arrecadação

R$ 69,96 bilhões

Áreas

4 oferecidas

2 arrematadas

Petrobras desembolsou

R$ 63,14 bilhões

pelos blocos arrematados

Previsões

Estimativa

ANP prevê entre 6 bilhões

e 15 bilhões de barris

de óleo no pré-sal

Futuro

Produção pode chegar

a 7,5 milhões de

barris por dia até 2030

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