04.02.2020 Views

RCIA - ED. 83 - JUNHO 2012

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

opinião

Junho: um mês especial

LUIZ CARLOS

BEDRAN*

Nem bem começou o inverno - 21 de junho, em nosso hemisfério, quando a Terra fica

mais inclinada em relação ao sol, os raios solares se reduzem e daí o frio - e já neste

mês se iniciam as festas que comemoram esse solstício, com as eternas feijoadas e caipirinhas,

os quentões, os vinhos e os chocolates. Um regalo!

São aquelas festas tradicionais folclóricas, típicas do interior rural que lentamente

migraram para a zona urbana, comemoradas até mesmo por pessoas que nunca saíram

das cidades, não conhecem o campo a não ser pelo computador e pela TV. Mas parece

que há em todos nós, um pré-histórico atavismo cultural que nos força instintivamente

a um retorno às nossas origens primitivas das cavernas, das florestas, do fogo, quando

os mistérios da natureza nos incutiam profundos temores e, para tentar aplacá-los, necessitávamos

agradar aos deuses, oferecendo-lhes prendas, danças e libações.

Junho sempre é um mês especial. No primeiro dia inicia-se a Semana do Meio

Ambiente, comemorado no dia 5, uma data que não deve ser esquecida, sobretudo pelos

estudantes, os maiores interessados, pois deles é o futuro da Terra. Por coincidência,

em meados do mês, haverá no Rio de Janeiro um importante encontro internacional

promovido pelas Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável da Terra, o

Rio+20, onde já preveem muitas e acaloradas discussões.

No dia 7 comemora-se o Dia Liberdade da Imprensa, coisa que o governo tem tentado

cerceá-la, mais de uma vez, sob o pretexto de regulamentá-la para evitar abusos da

mídia. Conversa fiada, pura enganação. É preciso que estejamos atentos a esse movimento

e não esquecer o que, há tempos, disse um político norte-americano: “o preço da

liberdade é a eterna vigilância”.

Os dias 8 e 9 são ‘hors concours’, especialíssimos para este cronista porque eles

marcam uma rara diferença de um século na família: o do aniversário da Natália e o da

D. Splende, sua bisavó.

Já o 12 é o mais esperado de todos, considerado o Dia dos Namorados, quando então

há a habitual troca de presentes entre os jovens apaixonados - e até mesmo entre os

casais já de certa idade para, saudosamente, não esquecer os ‘velhos tempos da juventude’

e, de uma forma agradável, quebrar a rotina conjugal.

Esse é o dia consagrado a São Valentim, aquele bispo da Idade Média que se casou

secretamente e por essa razão foi condenado à morte. Mas, também, mesmo na prisão,

apaixonou-se pela filha cega de seu carcereiro e que lhe teria devolvido a visão. Um milagre

certamente. Por que os bispos também não podem se apaixonar?

Nos confusos e agitados tempos modernos, no entanto, a paixão ou o amor dos homens

pelas mulheres e vice-versa, felizmente continua sólido para a sobrevivência da

espécie. Porém já há complexas variações: homem com homem, mulher com mulher...

Afinal, o que importa mesmo é não relegar ao esquecimento essa efeméride, com a tradicional

troca de presentes, prova de eterno amor.

Ainda no mês, o 13, é o de Santo Antonio, considerado o santo casamenteiro que,

também o é do turista. Mera coincidência, pois, a não ser por maliciosa inferência, não

há relação alguma entre casamento e turismo, muito embora muitos casais costumam

fazer da união um turismo ocasional, sempre de passagem, para conhecer novas e estimulantes

paragens...

Dezessete é o dia do funcionário público aposentado. Até ele tem o seu dia, quem diria!

Invenção de político da área para bajulá-lo, mesmo porque há aposentado que, apesar

da idade, ainda faz questão de votar para tentar melhorar um pouquinho mais o fim

de sua vida, louvado nas mirabolantes promessas dos políticos. Funcionário público:

uma categoria profissional ainda tão menosprezada pela sociedade capitalista, como se

ele fosse um parasita, sustentado pelos impostos dos cidadãos.

Depois vêm as datas dos santos: São João, São Pedro, São Paulo. No entanto o 29 é

o mais importante de todos para este cronista, pois é considerado o dia dele, o do pescador.

Esse então tem de ser reverenciado com todo respeito, mais ainda que o do Papa

(também nesse dia), como homenagem suprema à natureza e à vida.

Junho: sempre um mês especial...

*Sociólogo, jornalista e articulista da

Revista Comércio & Indústria

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!