You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
complexo de Édipo. Sua identificação com o pai assume então uma coloração hostil e transformase
num desejo de livrar-se dele, a fim de ocupar o seu lugar junto à mãe. Daí por diante, a sua
relação com o pai é ambivalente; parece como se a ambivalência, inerente à identificação desde o
início, se houvesse tornado manifesta. Uma atitude ambivalente para com o pai e uma relação
objetal detipo unicamente afetuoso com a mãe constituem o conteúdo do complexo de Édipo
positivo simples num menino.
Juntamente com a demolição do complexo de Édipo, a catexia objetal da mãe, por parte do
menino, deve ser abandonada. O seu lugar pode ser preenchido por uma de duas coisas: uma
identificação com a mãe ou uma intensificação de sua identificação com o pai. Estamos
acostumados a encarar o último resultado como o mais normal; ele permite que a relação afetuosa
com a mãe seja, em certa medida, mantida. Dessa maneira, a dissolução do complexo de Édipo
consolidaria a masculinidade no caráter de um menino. De maneira precisamente análoga, o
desfecho da atitude edipiana numa menininha pode ser uma intensificação de sua identificação
com a mãe (ou a instalação de tal identificação pela primeira vez) - resultado que fixará o caráter
feminino da criança.
Essas identificações não são o que esperaríamos [pela descrição anterior ([1])], visto que
não introduzem no ego o objeto abandonado, mas este desfecho alternativo também pode ocorrer,
sendo mais fácil observá-lo em meninas do que em meninos. A análise muito amiúde mostra que
uma menininha, após ter de abandonar o pai como objeto de amor, colocará sua masculinidade em
proeminência e identificar-se-á com seu pai (isto é, com o objeto que foi perdido), ao invés da mãe.
Isso, é claro, dependerá de ser a masculinidade em sua disposição - seja o que for em que isso
possa consistir - suficientemente forte.
Pareceria, portanto, que em ambos os sexos a força relativa das disposições sexuais
masculina e feminina é o que determina se o desfecho da situação edipiana será uma identificação
com o pai ou com a mãe. Esta é uma das maneiras pelas quais a bissexualidade é responsável
pelas vicissitudes subseqüentes do complexo de Édipo. A outra é ainda mais importante, pois ficase
com a impressão de que de modo algum o complexo de Édipo simples é a sua forma mais
comum, mas representa antes uma simplificação ou esquematização que é, sem dúvida,
freqüentemente justificada para fins práticos. Um estudo mais aprofundado geralmente revela o
complexo de Édipo mais completo, o qual é dúplice, positivo e negativo, e devido à bissexualidade
originalmente presente na criança. Isto equivale a dizer queum menino não tem simplesmente uma
atitude ambivalente para com o pai e uma escolha objetal afetuosa pela mãe, mas que, ao mesmo
tempo, também se comporta como uma menina e apresenta uma atitude afetuosa feminina para
com o pai e um ciúme e uma hostilidade correspondentes em relação à mãe. É este elemento
complicador introduzido pela bissexualidade que torna tão difícil obter uma visão clara dos fatos
em vinculação com as primitivas escolhas de objeto e identificações, e ainda mais difícil descrevêlas
inteligivelmente. Pode mesmo acontecer que a ambivalência demonstrada nas relações com os
pais deva ser atribuída inteiramente à bissexualidade e que ela não se desenvolva, como