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Para quem não conhece o seu trabalho
artístico, de que é feito e que ilações
podemos tirar do mesmo?
- Desde sempre gostei de desenhar e
criar. Interesso-me por arquitetura e
nos meus trabalhos procuro transmitir
uma mensagem significativa. Uma
das minhas preocupações é utilizar a
obra de arte no sentido de alertar a sociedade
para algumas situações problemáticas
da nossa contemporaneidade.
Foco-me em diversos assuntos
como a globalização, o excesso de
consumismo, a manipulação a que
estamos sujeitos perante a permanente
publicidade que nos envolve, os
problemas da poluição dos oceanos
ou a hipocrisia política. Procuro utilizar
uma articulação de objetos quotidianos
com o intuito de despertar e
fazer refletir sobre uma sociedade cada
vez mais globalizada. Procuro que
todos os elementos da composição
sejam cuidadosamente pensados para
que o resultado final provoque reflexão
e consciencialização.
A que materiais/técnicas recorre?
- Utilizo diversas técnicas e materiais
como a técnica mista sobre papel,
tinta da China sobre papel, aguarela,
cores de pau, esferográficas, canetas
caligráficas ou marcadores. Gosto
muito do desenho sobre papel mas
também da colagem sobre papel,
cujas montagens permitem uma certa
libertação criativa e imaginativa.
Também já realizei trabalhos a tinta
vitral sobre vidro, acrílico sobre tela
ou óleo sobre tela.
Apresentou-se pela primeira vez ao
grande público com “Fragmentado”
no Museu da Casa da Luz em
meados de 2019. Como é que foi
conceber esta exposição?
- Representou o encontro de todos
os trabalhos por mim realizados ao
longo destes últimos três anos (2017,
2018 e 2019). Foi a minha primeira
exposição a título individual. Nesta
exposição, parti da ideia de algo fracionado,
sendo a mostra um conjunto
de pedaços de um percurso nestes
últimos anos realizado. Através dos
vários fragmentos, pretendo convocar
o pensamento e o espírito crítico
dos observadores, inspirando-os para
a consciencialização da nossa contemporaneidade.
Tentei retratar as
diversas realidades e incitar o pensamento
crítico que apele ao real quotidiano,
desde a poluição ambiental ao
excesso de consumo provocado pela
decontrolada globalização do mundo
atual.
Tudo isso consubstanciado numa
exposição dividida em quatro grandes
momentos, que representaram
o quê?
- Dividiu-se em quatro coleções, a saber:
“Elementos”, “És Espaço!”, “Visões”
e “Daqui d`Acolá”. “Elementos”
foi a coleção com maior ênfase,
com trabalhos de desenho e de colagem
sobre papel. Grande parte das
obras desta coleção assentaram na
articulação de vários objetos com o
intuito de despertar para uma sociedade
cada vez mais irrefletida nos
seus atos diários. A obra “Paula Rego
à Minha Maneira” ocupou lugar
de destaque nesta mostra. Na coleção
“És Espaço!” evidenciei diversos
locais conhecidos da Madeira (ruas,
praças ou monumentos) com trabalhos
em tinta da China, aguarela sobre
papel ou cores de pau em papel
creme. Com isto pretendi destacar o
património material e imaterial da
nossa comunidade bem como reavivar
as vivências ao longo do tempo.
Relativamente à coleção “Visões”,
debrucei-me exclusivamente na fotografia
e vídeo. Ângulos, direções e
perspetivas foram explorados em fotografia
e na curta metragem “Inside
the Green”. Querendo dar ênfase ao
facto das contruções arquitetónicas
poderem complementar a natureza,
pretendi valorizar e estabelecer uma
simbiose criativa e sedutora entre as
duas. A coleção “Daqui d´Acolá” remeteu
para a possibilidade de cada
situação ou objeto se apresentar
como motivo de contemplação
ou como mote para a representação
gráfica, sempre com o intuito de
transmitir ideias e provocar o pensamento.
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