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A Formação Profissional
e o Sucesso Empresarial
Nutrição: Depressão e Peso Corporal
Pedro Fino
O investimento em
obras públicas permitiu
impulsionar todo o sector
da construção civil
Anos
€2,50 | N.º299 | ANO XXIV
mensal abril 2022
5 602930 003431
História do Cinema
no Funchal
Rui e Javier
Idálio Sá
e Carla Camacho
Conversas
com a Saber
sumario
04 ENTREVISTA
A Secretaria Regional de
Equipamentos e Infraestruturas
tem sob a sua tutela um
importante número de obras e
projetos que estão contemplados
no Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR). Os desafios do
setor que é um motor económico
nesta entrevista ao secretário
regional Pedro Fino.
22
28
09 Educação
Pré-requisitos para aprender a Ler
e Escrever
10
12
14
Em Análise...
Mais uma trapalhada ocidental
Caprichos de Goes
A Educação não pode ser um luxo
de uma elite – Parte 2
formação Profissional
Formação Profissional, uma chave
para o Sucesso Empresarial
16 Atualidade
“A classe artística no ocidente está
a posicionar-se contra a guerra”
Cantinho da Poesia
17
Chuva de Girassóis
18 Cultura
“Cine Madeira - A História do
Cinema no Funchal”
32 Casual&Chic
Cores, q.b.
34
20 Saúde
O tratamento da incontinência
urinária feminina
21 Nutrição
Depressão e peso corporal
22
24
28
30
Madeira Aves
Andorinha-do-mar-árctica
e Pardela-sombria
Conversas com a Saber
O casal Idálio Sá e Carla Camacho
Viajar com Saber
Cinque Terre, no Golfo de Génova
Marcas Icónicas
Starbucks
31 Decoração
Plantas naturais, um essencial
no interior da casa
Dicas de Moda
Bordado Madeira
36 Makeover
Casamento de sonho
38
Fashion Advisor
Tendências primavera-verão 2022
40 Motores
O novo Yaris Cross
42
Agenda Cultural
Abril
44 Instantâneo
O mundo veste-se de azul e amarelo
45 Social
52
54
À mesa com... Fernando Olim
Estatuto Editorial
A Saber Madeira errou:
Saber Madeira 298, página 36 da rubrica Dicas de
Moda, onde se lê: Fotos: Pedro M.A.Faria, leia-se:
Fotos: Pedro Miranda.
saber abril 2022
3
ENTREVISTA
Pedro Fino
O setor das obras públicas, assim como
a construção civil privada, são dos mais
importantes motores da economia,
contemplando grandes e avultados
investimentos e empregando um grande
número de trabalhadores. Na Madeira,
a Secretaria Regional de Equipamentos e
Infraestruturas (SREI) tem sob a sua tutela um
importante número de obras e, até 2026, um
desafiante Plano de Recuperação e Resiliência
(PRR). À frente desta Secretaria Regional está
o engenheiro civil Pedro Fino, com o qual
conversámos no edifício da SREI, situado no
Campo da Barca, no Funchal, sobre o setor das
obras públicas nas suas diversas variantes,
projetos e perspetivas para o futuro.
Pedro Fino trabalhou no setor privado da
construção civil na Madeira durante 15 anos.
Entre 2002 e 2017, trabalhou numa grande
empresa do setor. Em 2017, ingressou no
conselho de administração da Investimentos
Habitacionais da Madeira (IHM). Em 2019, foi
convidado para assumir a pasta da SREI no
XIII Governo Regional da Madeira. Pedro Fino,
casado e pai de dois filhos, nasceu no Funchal
há 43 anos. Formou-se no Instituto Superior
Técnico em Engenharia Civil. Tem uma Pós-
Graduação do curso de Mestrado em Construção
de Edifícios, da Faculdade de Engenharia e
Universidade do Porto, e uma Pós-Graduação
do curso de Mestrado em Gestão Executiva para
Engenheiros, do ISCTE.
Dulcina Branco
D.R.
4 saber abril 2022
Tivemos mais de 40
anos em que passámos
de uma das regiões mais
atrasadas para uma
das mais desenvolvidas
a nível nacional
O que faz e que tipo de trabalho tem sob
a sua tutela na SREI, de uma forma geral?
- A SREI promove as obras públicas do Governo
Regional em várias áreas de atuação,
nomeadamente nos equipamentos sociais,
nas obras de reabilitação, educação e saúde,
na prevenção e mitigação de riscos naturais,
na reabilitação urbana, nas Estradas Regionais
e infraestruturas públicas. Desde outubro
do ano passado, para além das Sociedades
de Desenvolvimento, também estão sob
a nossa tutela a Habitação e a Empresa de
Eletricidade da Madeira (EEM).
Secretaria esta que assumiu como um
novo desafio na sua carreira profissional.
É engenheiro civil, veio do setor privado...
- Fui convidado pelo Sr. Presidente do Governo
Regional para integrar o XIII Governo,
com a pasta da SREI, e abracei o desafio com
toda a dedicação. Trabalhei 15 anos no setor
privado e, neste momento, é um desafio
muito gratificante poder servir a causa pública.
Tenho o privilégio de poder fazer isso
neste cargo e dá-me gosto, sem dúvida. É
uma grande responsabilidade, mas com trabalho
e dedicação tudo se consegue.
O seu dia de trabalho começa cedo...
- Sim. Começo a trabalhar cedo no gabinete
e geralmente acabo tarde. Tento acabar
tarde de modo a não levar trabalho para
casa. Levo por vezes apenas preocupação.
Sou casado e pai de dois filhos, sempre trabalhei
muito e, neste cargo, não é diferente.
Sinto-me enquadrado na função, pois é a
minha área e estou familiarizado com todas
as questões da Secretaria. A única coisa que
me fazia confusão quando aqui entrei, em
2019, era o mediatismo do cargo – sempre
fui muito reservado e ainda o sou –, mas
descobri que não tinha de ser outra pessoa.
O aspeto do mediatismo foi desafiante no
início, mas acho que consegui ultrapassar e
sou a mesma pessoa de sempre. O mais importante
é que a população fique bem servida
e satisfeita com o nosso trabalho.
Está aí o Plano de Recuperação e Resiliência
para cumprir até 2026. Como é que vai
ser executado?
- É um desafio enorme cumprir o PRR num
curto espaço de tempo. O PRR prevê para a
SREI uma verba muito avultada para a Habitação
– é o setor que leva a maior fatia de
dinheiro, no que diz respeito à nossa Secretaria.
São 136 milhões de euros que irão ser
aplicados de duas formas: aquisição de habitação,
quer através da iniciativa privada,
quer através das empreitadas de obras públicas.
Atendendo ao curto espaço de tempo
de execução das obras, temos de atuar
destas duas formas. Por iniciativa privada,
conseguimos sinergias importantes com os
promotores de construção, com as câmaras
municipais e com o Governo Regional.
Com estas sinergias iremos atingir os objetivos
que nos propusemos. Relativamente
às empreitadas das obras públicas, iremos
aproveitar os terrenos da IHM para construir
habitações em locais como São Gonçalo
e outros. Estamos a dar passos concretos
para a concretização do PRR. Em março, foi a
resolução do Conselho do Governo, a mandatar
a IHM para manifestar a intenção para
a aquisição de 286 habitações construídas
por iniciativa privada, cumprindo os requisitos
de construção de habitações a custos
controlados e as características previstas no
PRR. Já lançámos também o primeiro concurso
de empreitada de obra pública para a
construção de 54 habitações em São Gonçalo.
O objetivo principal é tornar a habitação
mais acessível, quer para os casais jovens
que estão a iniciar a sua vida e que não têm
capacidade para ir ao mercado privado de
arrendamento e de aquisição, quer para a
classe média e as classes mais vulneráveis.
O PRR também prevê uma verba avultada
de investimentos da EEM. Investimentos inseridos
no eixo da transição climática. São
69 Milhões de Euros que estão previstos.
Os objetivos dos projetos estão orientados
para a produção de energia com base em
fontes renováveis, reforço da fonte hídrica,
armazenamento de energia através de sistemas
de baterias e o desenvolvimento de
redes inteligentes.
Quais são as obras determinantes para o
futuro da Madeira?
- É incontornável falar da obra do Hospital
Central e Universitário da Madeira que,
pela sua dimensão, por envolver uma área
tão sensível como a saúde e por ser estruturante
para o futuro da Madeira e dos madeirenses,
é, de facto, a ‘obra do século’ na
Madeira.
É a última grande obra na Madeira?
- Não posso afirmar isso. O trabalho não
se esgota nesta obra, pretendemos e pretenderemos
sempre continuar a satisfazer
as necessidades prementes da população.
Essas necessidades são dinâmicas e poderá
haver obras no futuro também muito
importantes. Todavia, neste momento, por
ser uma infraestrutura de saúde modelar
e pela sua dimensão, é uma obra muito
importante. Neste momento, em termos
de edifício, é a maior obra do país. Apesar
do contexto pandémico que a todos afetou
nestes últimos dois anos e a indefinição que
ainda existe do financiamento por parte do
Estado português, conseguimos dar início a
esta importante obra, o que é de realçar e
deve-se ao trabalho e empenho do Governo
Regional e ainda de uma vasta equipa da
SREI que muito se empenhou. Desta forma,
saber abril 2022
5
pudemos dar início a esta importante obra.
Aliás, de uma forma geral e não só neste
projeto, enalteço o trabalho e o empenho
de todos os profissionais da SREI, pois foram
e têm sido incansáveis no trabalho diário e
com os quais tenho a maior honra e prazer
em trabalhar.
Voltando à obra do Hospital, a obra decorre
a bom ritmo. Contamos iniciar a fase de
estrutura de betão armado ainda este ano
[em agosto ou setembro]. A obra deverá
estar concluída em 2027. Outras obras determinantes
para o futuro da Madeira e dos
madeirenses, na área da Saúde, são, por
exemplo, a reabilitação do Centro de Saúde
do Arco da Calheta e a reabilitação do Bloco
Operatório dos Hospitais Dr. Nélio Mendonça
e a Reabilitação do Hospital dos Marmeleiros.
Na Habitação, desde o ano passado
que a SREI passou a tutelar esta área, que
acarreta um desafio gigantesco, pois é pública
a dificuldade atual de os jovens e a classe
média não conseguirem aceder a uma habitação.
É uma área prioritária, pois a habitação
representa uma necessidade e um
direito fundamental. Muito foi feito nestes
últimos 40 anos na área da habitação com
fins sociais na Madeira. Passámos das regiões
mais atrasadas para a Região com melhores
indicadores. Dados do INE de 2015
indicam que a taxa de cobertura de habitação
com fins sociais na Região, por cada cem
mil habitantes, é o dobro [4,2%] do todo nacional
[2,3%]. Estes números demonstram
Nestes dois anos,
a economia não
parou, muito devido
à corajosa política
do Governo Regional
em continuar com
os investimentos
programados
muito bem o trabalho que os sucessivos
Governos Regionais fizeram nestas últimas
décadas. Esse trabalho é para continuar. O
PRR tem uma verba muito avultada para a
Habitação: 136 milhões de euros, em que
128,4 milhões são para a construção e aquisição
de habitações, 6 milhões para a reabilitação
energética de habitações próprias e
permanentes e 1,6 milhões para tecnologias
de informação ligadas à Habitação. É um
desafio grande porque temos este volume
enorme de investimento previsto no PRR,
mas também temos que manter todos os
outros programas de apoio da IHM, como
a reabilitação do parque habitacional, ou
a atribuição de apoios complementares da
habitação (apoio a desempregados, apoio à
renda, entre outros).
Os investimentos realizados e os que estão
previstos na Habitação têm correspondido
às necessidades da população?
- O parque habitacional madeirense é vasto
e houve um período largo em que não
houve construção de habitações, quer no
sector privado como público. O que se verifica
atualmente é que há uma pressão forte,
tanto a nível do mercado de aquisição e o de
arrendamento, o que faz com que os preços
estejam proibitivos para a classe média e
para as classes menos favorecidas. São preços
muito elevados e a classe média e os casais
jovens têm dificuldade no acesso a uma
habitação, pelo que nos compete arranjar
soluções para que as pessoas consigam aceder
a uma habitação condigna. É importante
enaltecer a capacidade do Governo Regional,
pois conseguiu em boa hora alocar uma
verba significativa, para este sector, no PRR.
A sua Secretaria contempla ainda o investimento
para a prevenção e mitigação de
riscos naturais. Fale-nos desta vertente.
- A prevenção e mitigação de riscos naturais
é um trabalho fundamental numa ilha de
orografia acidentada e esta caraterística faz
com que a Madeira seja suscetível aos riscos
naturais, nomeadamente aluviões, incêndios,
derrocadas e galgamentos costeiros.
Estes fenómenos são cada vez mais evidentes
devido aos efeitos das alterações climáticas.
A procura de soluções para reduzir o
impacto destes riscos é um trabalho em que
esta Secretaria Regional está a atuar através
de vários investimentos, como a consolidação
de taludes sobranceiros às Estradas
Regionais e a canalização das ribeiras, bem
como na conservação e manutenção das linhas
de água. O LREC, também tutelado por
esta Secretaria, tem um grande trabalho na
investigação. Por exemplo, encontra-se em
fase de desenvolvimento o Sistema Integrado
e de Monitorização de Riscos Naturais,
que constitui uma ferramenta fundamental
para detetar incêndios florestais e antecipar
a probabilidade da ocorrência de uma aluvião.
Os sismos não estão contemplados em
termos de investimento nesta ferramenta
de prevenção e monitorização?
- Tivemos dois sismos recentes na Madeira,
mas a Região não é uma zona que tenha um
risco sísmico assinalável, contrariamente,
por exemplo, aos Açores ou a Lisboa. No entanto,
os edifícios e infraestruturas públicas
que foram construídos, aqui na Madeira, tiveram
em consideração, na elaboração do
seu projeto de estabilidade, as ações sísmicas
definidas pela legislação em vigor.
A Região está hoje melhor preparada
para enfrentar um fenómeno natural
como aquele que atingiu a Madeira em
2010?
- Sim, sem dúvida, mas refira-se que este
trabalho de prevenção e mitigação de riscos
naturais é um trabalho contínuo. Ouve-se
dizer ‘quando é que as obras do 20 de fevereiro
terminam?’. As obras do 20 de fevereiro
já terminaram. A reconstrução do 20 de
fevereiro já terminou e, neste momento, estamos
a preparar-nos para uma futura ocorrência,
trabalho este que é interminável. As
aluviões, a queda de pedras nos taludes são
riscos naturais e temos de viver com esta
realidade devido à orografia da ilha. A nossa
orografia desafia sempre a Engenharia Civil
a encontrar soluções adequadas para mitigar
os riscos naturais, é isto que estamos a
fazer e iremos continuar a fazer para minimizar
o impacto das aluviões. A Engenharia
é, de facto, uma área fundamental de trabalho
aqui na Madeira.
A dependência energética é uma questão
na ordem do dia da agenda mundial. As
infraestruturas e equipamentos que a
Madeira dispõe atualmente estão a corresponder
às necessidades?
- Estamos a viver tempos conturbados, em
6 saber abril 2022
que os preços do petróleo e do gás estão
a subir para valores muito elevados. O objetivo
do Governo Regional nesta matéria
é reduzir a dependência dos combustíveis
fósseis na produção da energia elétrica.
Este é um caminho que tem vindo a ser seguido
pelo Governo Regional na produção
de energia, mas também na implementação
das medidas que reduzam o consumo
energético nos equipamentos e infraestruturas
públicas. Há duas formas de reduzir a
dependência do consumo de combustíveis
fósseis: 1) atuando na produção, que são
investimentos da EEM, com a introdução de
energias renováveis na produção de energia
elétrica e 2) atuando na redução do consumo,
implementando medidas de eficiência
energética nas infraestruturas públicas e
parque habitacional público. Dou alguns
exemplos: No parque habitacional público
estamos a iniciar intervenções de reabilitação
nos bairros, implementando medidas de
eficiência energética, garantindo poupanças
energéticas para os nossos inquilinos e conforto.
Estamos também a implementar em
algumas infraestruturas públicas soluções
energeticamente eficientes. Na produção,
a introdução de energia produzida pelas
fontes renováveis, de que são exemplos a
Barragem do Pico da Urze, a Central Hidroelétrica
da Calheta, a Central de Baterias, que
está a ser executada nos Socorridos, a montagem
de parques eólicos, entre outros. No
Porto Santo, concluímos a Central de Baterias
de 4 MWh e está em concurso a Central
de Baterias de 6 MWh, que vai permitir estabilizar
a rede, porque as energias renováveis
são intermitentes, mas também irá permitir
a introdução de mais energias renováveis
na produção de energia elétrica no Porto
Santo. Os investimentos previstos a nível do
PRR na EEM representam investimentos de
69 milhões de euros na transição climática
e irão ser todos promovidos pela EEM, investimentos
estes que preveem o aumento
da capacidade de produção de energia com
base na fonte hídrica, a remodelação integral
da Central Hidroelétrica da Serra D’Água
e da Calheta, o sistema de baterias, como
reforço da capacidade de produção de eletricidade
através das fontes renováveis e o
desenvolvimento de redes inteligentes, que
são os contadores inteligentes. O contador
inteligente permitirá ao consumidor, através
da aplicação associada a uma rede de
telecomunicações, visualizar no telemóvel
a conta da eletricidade. Os contadores vão
permitir uma melhor gestão do consumo
energético por parte do consumidor. Os
contadores já foram instalados no Porto
Santo e na Madeira serão instalados cerca
de 130 mil contadores. Relativamente às tarifas
de eletricidade, recordo que a EEM está
no mercado regulado. Os valores a aplicar
aos consumidores são definidos pela ERSE.
Por isso mesmo não esperamos grandes
variações nos valores a cobrar aos consumidores.
É importante congratularmo-nos
e lembrar a boa opção que foi tomada pelo
Governo Regional há uns anos, ao ter aderido
ao mercado regulado, pois é o garante da
estabilidade dos preços e consegue atenuar
os picos nos preços dos combustíveis.
Quando olha para o que existe ao nível
de equipamentos e de infraestruturas na
Madeira, que balanço é que faz?
- A Madeira encontra-se muito bem infraestruturada.
Tivemos mais de 40 anos em que
passámos de uma das regiões mais atrasadas
para uma das mais desenvolvidas a nível
nacional. A visão estratégica e a capacidade
de execução dos sucessivos Governos Regionais,
desde o início do processo autonómico
até aos dias de hoje, foi de facto notável.
Porém, não podemos dizer que esse
trabalho está concluído. Vão existir sempre
necessidades da população que são preciso
atender. Temos que apostar na reabilitação
das infraestruturas, mas também na prevenção
e mitigação de riscos naturais, que cada
vez são mais prementes. Temos várias obras
previstas nas ribeiras e Estradas Regionais
e também de apostar na investigação das
aluviões e, portanto, há uma panóplia de
trabalhos que são determinantes para o futuro
pelo que, nestes cargos, há que atender
sempre às necessidades específicas da
população e esse trabalho nunca se esgota.
Gostaria de realçar o trabalho que foi feito
pelo Governo Regional no período da pandemia,
em todas as áreas governativas, foram
implementadas medidas fundamentais
para a contenção da pandemia na saúde e
na educação, mas não se travou o investimento
público. Isto é de louvar. Nestes dois
anos, a economia não parou, muito devido
à corajosa política do Governo Regional em
continuar com os investimentos programados
para esta legislatura. Iniciámos todos
os investimentos previstos no Programa do
Governo. O investimento em obras públicas
permitiu impulsionar todo o setor da construção
civil, o qual apresenta uma forte dinâmica
e contribui decisivamente para a dinamização
da economia. E realça um facto,
que por vezes é desconsiderado por alguns,
também se apoia o sector privado investindo
no sector público.
A habitação é uma necessidade, assim
como os centros de saúde e escolas.
Como é que a sua Secretaria atua ao nível
das necessidades do parque escolar?
- Foi uma grande obra dotar todos os concelhos
e freguesias da Região de escolas.
Temos um parque de infraestruturas muito
Também se apoia
o sector privado
investindo no sector
público
saber abril 2022
7
grande e há sempre necessidade de acudir
a situações pontuais e priorizar outras, mas
estamos a fazer investimento na reabilitação
e todas as que necessitem terão obras
de reabilitação. Intervimos há pouco tempo
na Escola Secundária Jaime Moniz e outras
estão a ser intervencionadas. Estivemos, até
2010, muito vocacionados em garantir que
todos os concelhos tivessem uma escola.
Houve um foco muito grande na construção
nova e, nos últimos anos, começou-se,
de facto, a direcionar o investimento mais
na reabilitação. Temos um parque habitacional
e escolar vasto e temos muitas reabilitações
para fazer. No Liceu Jaime Moniz
tivemos uma reabilitação recente, no anexo
onde havia infiltrações, na Francisco Franco
a reabilitação da cobertura do pavilhão. Vamos
lançar concurso para a reabilitação da
Escola Dr. Ângelo Augusto da Silva, que irá
ser reabilitada integralmente em duas fases:
a primeira, para transformar a piscina
num pavilhão multiusos e depois estender a
reabilitação por toda a escola. Terminámos
ainda a reabilitação da Escola do Estreito
de Câmara de Lobos, a Escola da Ladeira e
dos Lamaceiros irão ser alvo de reabilitação.
Reabilitámos igualmente a Escola do Porto
da Cruz, construímos a Escola da Ribeira
Brava, terminámos a Escola do Porto Santo,
entre muitas outras intervenções.
Como é que olha para as necessidades do
setor da construção civil no que diz respeito
à mão de obra?
- Lembro que a SREI não representa o setor
da construção civil, mas tenho todo o gosto
em dar a minha opinião. Faço-o até pois tenho
experiência no setor privado e público.
Neste momento, o setor da construção civil
está com muita dinâmica e o dinamismo é
tal que até há carências de mão de obra.
Estamos num ciclo de recrutamento de novos
quadros e gosto de olhar sempre para o
lado positivo desta questão. A situação presente
é muito diferente de há 10 anos, em
que quase diariamente se assistia ao despedimento
de trabalhadores na construção
civil. É certo que a falta de mão de obra é um
problema que está a afetar alguns prazos
de conclusão de algumas obras, mas este
cenário é uma demonstração inequívoca
de que se está a iniciar a recuperação económica
– ou já se iniciou - porque a falta de
mão de obra já vem de alguns meses. Nesta
fase é natural que as empresas tenham
de reajustar os recursos de mão de obra e
de equipamentos, face ao trabalho que têm
no momento e ao que se perspetiva para o
futuro. Isto é normal numa fase de recuperação
económica. Neste momento, temos
um ciclo em que as empresas terão de reajustar
o trabalho aos recursos que necessitam,
reajustamento esse que irá ser feito de
forma gradual do ponto de vista da mão de
obra. Encaro, por isso, esta problemática da
mão de obra com normalidade. Mas constato,
infelizmente, que o setor da construção
civil é um setor muito atingido por picos e
decréscimos acentuados de investimento.
Considero até que a grande falha no PRR é
essa: o ter de executar muito investimento
em muito pouco tempo, o que não é bom
para quem quer contratar, mas também
para quem é trabalhador. Quando existem
muitos picos de investimento é sempre
complicado e todos os setores económicos
precisam de alguma estabilidade e sustentabilidade.
Faço esta crítica ao PRR, mas naturalmente
estamos a trabalhar para cumprir
os prazos. A Região sempre foi cumpridora
destas metas e irá sê-lo, mas acho que poderia
ser mais espaçado no tempo para garantir
alguma estabilidade no investimento
e no sector.
Como é que se concilia engenharia e sustentabilidade?
- Com a subida das matérias-primas, não tenho
dúvidas de que o caminho é conseguir
sermos sustentáveis, apostar na economia
circular. O novo hospital é um bom exemplo.
Estamos a proceder às escavações e
está a haver a reutilização de muitos materiais
que estão a ser extraídos da obra. Porém,
é sim um dos grandes desafios deste
setor, a introdução de novos materiais na
construção que garantam sustentabilidade
e permitam minimizar o impacto da falta
de mão de obra e a subida dos preços das
matérias-primas. A adoção de práticas mais
sustentáveis nos novos projetos é o desafio
futuro no setor da construção civil, sem dúvida
alguma. A inovação tecnológica, a digitalização,
a descarbonização da economia e
a economia circular são medidas no combate
às alterações climáticas e garantem também
a sustentabilidade a este setor.
A guerra na Ucrânia de que forma está
a interferir no setor e na economia, em
geral?
- Na pandemia verificou-se já a inflação de
preços e a falta de mão de obra. Neste momento,
a situação agravou-se. No preço de
energia, haverá ligeiros aumentos, porque
estamos num mercado regulado. Mas esta
crise só reforça a política regional dos últimos
anos, de cada vez mais depender menos
dos combustíveis fósseis. No que diz
respeito às matérias-primas e bens de consumo,
iremos ser afetados, tal como todos
os outros. A guerra na Ucrânia veio agravar
os custos das obras, mas, para mim, mais
preocupante do que a mão de obra é a inflação
do preço das matérias-primas, que se
agravou na fase de pandemia e ficou ainda
mais visível agora com esta guerra. É um
problema que afetará o valor das obras, que
ficarão naturalmente mais caras. É incontornável
não se refletir no valor das obras.
Aliás, isto já se verifica no preço do ferro,
que tem batido valores recorde.
Do seu ponto de vista de engenheiro civil,
como é que se recupera um país devastado
pela guerra?
- Em primeiro lugar, quero deixar uma palavra
de solidariedade para com o povo ucraniano.
Falamos destas crises económicas,
mas a maior crise que está a acontecer é
humanitária. Há mais de 90 mil milhões de
estragos provocados. A guerra tem de parar
rapidamente. O povo ucraniano e o povo
russo não merecem o que está a acontecer
pela atitude irrefletida de um líder autocrático.
Temos de estar solidários para com o
povo ucraniano. É injustificável a atitude de
um só homem que põe em causa o bem-
-estar e a segurança mundial.
Disse atrás que a Engenharia Civil tem futuro
na Madeira. O que é que o levou para
esta área?
- Fui muito pragmático na minha decisão de
ser engenheiro civil. Sempre gostei de matemáticas
e Física e da área de Engenharia
Civil e o maior conselho que dou, do ponto
de vista pessoal, aos mais jovens é que não
usem só o coração e usem também a razão,
na escolha da profissão. É importante que
os jovens escolham um curso que gostem,
mas que tenha saída profissional. A Engenharia
Civil tem muita saída profissional na
Madeira. É escolher tendo em conta o que
o mercado de trabalho tem para oferecer.
Convém ter uma perspetiva de futuro e não
escolher a profissão só com o coração. No
meu caso, sempre gostei de Engenharia Civil,
mas também gostava de outras áreas
como a Medicina. A minha escolha recaiu
pela área de Engenharia Civil por ser uma
área abrangente. É um curso que permite
diversas saídas profissionais, não só construção
civil, mas também nos gabinetes de
projetos, no planeamento, nas infraestruturas
de transporte, no abastecimento de
água, na reabilitação urbana, entre outras.
Há também muitos engenheiros civis que
enveredaram pela carreira de gestão, portanto,
é uma área muito boa e com saída
profissional.
Temos bons engenheiros madeirenses?
- Com certeza. Na crise de 2010 exportámos
conhecimento para todas as partes do mundo,
muitos engenheiros saíram da Madeira
para Angola, Europa, Estados Unidos... Temos
excelentes profissionais, sem dúvida.s
8 saber abril 2022
EDUCAÇÃO
Tânia Fernandes
Tânia Fernandes
Docente de Educação Especial
Pré-Requisitos
para Aprender
a LER e ESCREVER
São muitas as dúvidas face aos pré-requisitos
necessários para uma criança
aprender a LER e ESCREVER. Antes
de uma criança ingressar ao 1.º ciclo é
fundamental que desenvolva um conjunto de
competências basilares para a futura aquisição
da leitura e da escrita. A maturidade percetiva,
a memória a curto e a longo prazo, as noções
de esquema corporal e de orientação espaciotemporal
são algumas das competências a
ter em conta. Para além destas é essencial um
bom domínio da linguagem oral e possuir uma
diversidade de vocabulário. Quanto maior for
o campo lexical de uma criança maior facilidade
terá aquando da leitura e na construção
da ideia mental, pois o conhecimento lexical
sustenta a descoberta da forma fonológica
das palavras escritas, o que se repercutirá em
termos futuros no ensino formal. Conhecer
um vasto número de palavras e os seus significados
são fulcrais tanto para a descodificação,
como para a compreensão. A falta de vocabulário
tem um efeito cumulativo ao longo da
escolaridade, dado que o vocabulário interfere
na compreensão oral e consequentemente na
compreensão da leitura e da escrita. Se uma
criança revela dificuldades em termos de compreensão
oral, como poderá a posteriori compreender
o que lê?. A criança deverá ser capaz
de descrever acontecimentos, ações, filmes e
recontar sequencialmente uma história. Para
isso, é imperioso incentivá-la para o reconto de
histórias sobre o que ouviu ler, questionando-a
e levando-a a realizar inferências e extrair informações.
Também o domínio da consciência
fonológica é imprescindível para a aprendizagem
do sistema alfabético, sendo um forte preditor
no sucesso escolar na leitura e na escrita.
Quando a criança não identifica corretamente
os sons da fala, reproduzirá essas imprecisões
na escrita e poderá ainda apresentar lacunas
na leitura. Antes da aprendizagem do código
alfabético, a criança deve perceber que os sons
associados às letras são os mesmos sons produzidos
na fala. Se a criança perceber que as
palavras podem ser divididas em fonemas e
que estes podem ser combinados formando
palavras, podem estabelecer a relação biunívoca
grafema/ fonema para tentar ler e construir
palavras. Outro pré-requisito para a aprendizagem
da leitura e da escrita prende-se com a
habilidade motora. É importante que a criança
comece a escrever, efetuando corretamente
a coordenação óculo-manual (olho/mão) para
conseguir controlar as ferramentas de escrita
(lápis canetas), sendo necessária uma atenção
redobrada do adulto para realizar as correções
e os ajustes mais adequados aquando
do manuseio destes materiais. A identificação
das letras é outra competência a ter em conta
nas atividades de pré-leitura e de pré-escrita.
A criança deve reconhecer que as palavras
são formadas a partir de vários grafemas com
diversos formatos (maiúsculas, minúsculas,
manuscrito e imprensa), posições gráficas e
tamanhos diferentes (grandes, médias, pequenas)
(Viana, 2009), o que irá facilitar a distinguir
as letras dos números. Assim sendo, os pais
devem ajudar os seus educandos a identificar
o nome das letras e os respetivos sons. A
motivação para querer aprender a ler e a escrever
é outra competência que uma criança
deve possuir antes de ingressar ao 1.º ano de
escolaridade. Quando a desmotivação impera,
a aprendizagem da leitura e da escrita tornam-
-se mais custosas e morosas. Todos estes pré-
-requisitos são os alicerces para a proficiência
leitora e escrita e facilitam grandemente todo
o desenvolvimento académico de uma criança.
Quando há défices nestas habilidades de
pré-leitura e de pré-escrita, a criança incorre
o risco de apresentar grandes dificuldades na
aprendizagem, levando, no futuro, ao aparecimento
das Dificuldades de Aprendizagem Específicas:
dislexia, disortografia. Como forma
de prevenção de futuras dificuldades é urgente
avaliar as competências de pré-leitura e pré-escrita,
cruciais para a iniciação da aprendizagem
formal e facilitar o processo de decisão acerca
da entrada no 1.º ciclo. É de capital importância
identificar o estádio de desenvolvimento da
criança em termos destes pré-requisitos mais
concretamente das crianças com 5 e 6 anos de
idade a frequentar o último ano de Educação
Pré-escolar. A equipa educativa é a primeira
a fornecer informações acerca do desenvolvimento
da criança e sempre que necessário
os pais podem recorrer a terapeutas da fala e
psicólogos para fazer o despiste. Estes últimos
profissionais poderão realizar uma avaliação
completa, aplicando a Bateria de Avaliação de
Competências iniciais para a Leitura e Escrita e
perceber em que patamar se encontra a criança
em termos destes pré-requisitos. s
saber abril 2022
9
em análise...
Francisco Gomes
Analista político
Mais uma
trapalhada
ocidental
Já vimos este filme. Não acaba
bem. E quem sofre não são os
tais senhores e as senhoras
que produzem inócuas
declarações que enchem os
telejornais. Quem sofre são
aqueles que ficaram presos nos
abrigos subterrâneos de Kiev,
que fugiram da sua terra com a
sua vida dentro de uma mala,
que viram as suas famílias
quebradas, que viram os seus
mais queridos serem mortos.
Carolina rodrigues
Antes de tudo o mais, tem de ficar
bem claro que não há nada – nenhum
interesse estratégico, nenhum
objectivo financeiro, nenhuma
contenta histórica e nenhuma disputa
territorial – que justifique uma guerra. A
guerra é a negação da inteligência e da capacidade
de diálogo que nos definem como
seres humanos, e, como tal, é a rejeição da
nossa própria humanidade e a sua substituição
pelos instintos da sobrevivência e da
violência, que, na realidade, não nos levam
a lado nenhum e são geradores apenas de
mais violência, animosidade e destruição.
Dito isto, e apesar de todo o coro de condenação
pública gerado pela comunicação
social e pelas redes sociais em torno do
governo russo, o qual, sem dúvida, merece
uma boa dose de reprovação pelo conflito
gerado na Ucrânia, é justo e importante que
se ponha nos pratos da balança o que foi
a conduta dos governos europeus e americanos
em todo este processo, pois carregam
uma impagável e grande da culpa pelo
drama humanitário vivido naquela zona do
globo. Aquando o colapso da União Soviética,
no início dos anos noventa, o Ocidente,
liderado pelo governo americano, assumiu
vários compromissos com a liderança soviética,
já em fase de clara decadência. Entre
esses compromissos estavam o de respeitar
a posição geopolítica da futura Federação
Russa e o de não agravar as tesões militares
entre os blocos russo e ocidental. Na mesma
altura, ficou acertado que os canais políticos
através dos quais estes dois pontos seriam
prosseguidos seria a redução significativa
do arsenal nuclear acumulado pelos EUA e
pela Rússia (algo que tem vindo a ser feito) e
a não-expansão da aliança NATO para as zonas
fronteiriças da Federação Russa. Como
é hoje claro, este segundo compromisso –
assumido, se não na letra, então no espírito
– foi feito tábua-rasa por europeus e americanos,
como demonstrado pela entrada na
NATO de várias repúblicas que previamente
10 saber abril 2022
oliberal.com
integravam o bloco soviético, incluindo a
Estónia e a Letónia, que fazem fronteira, a
leste, com o estado russo. Neste contexto,
a intenção de integrar a Ucrânia na aliança
militar ocidental foi a gota de água que fez
transbordar um copo que há muito tinha
vindo a ser, sem necessidade, preenchido.
Mais do que a riqueza agrícola e mineral daquele
país, que tem a capacidade para alimentar
seiscentos milhões de pessoas, foi
a possibilidade de ver armas e tropas ocidentais
a meia dúzia de quilómetros do seu
território, algo que nem ocorreu durante a
Guerra Fria, que contribuiu para a resposta
russa, a qual qualquer um poderia prever,
por muito básico que fosse o seu conhecimento
de política mundial. Os brasileiros
usam a expressão ‘cutucar a onça com vara
curta’ – e a mesma cai que nem uma luva
no contexto da Europa de Leste, onde americanos
e europeus têm andado, há muito,
a interferir na política dos estados que lá
existem de uma maneira que nunca teriam
aceite que a Rússia fizesse junto dos seus
vizinhos. Por exemplo, nem o México, nem a
Irlanda, são membros da NATO. Que fariam
americanos e europeus se os russos lá colocassem
as suas armas e os seus exércitos?
Ficariam impávidos e serenos? A julgar pelo
que se passou em Outubro de 1962, quando
a União Soviética colocou mísseis em
Cuba, a resposta talvez fosse uma crise nuclear,
pois foi exactamente isso que então
se passou. Não nos esqueçamos da História!.
Para agravar a trapalhada, europeus e
americanos continuam a provar que andam
a navegar à vista no complexo mundo da
política internacional. Depois de terem criado
expectativas de protecção ao povo ucraniano,
ficaram sentados nos seus gabinetes
quando armas russas caíram sobre aquele
território. Ninguém avançou, ninguém pegou
em armas. Pelo contrário, impuseram
sanções económicas (facilmente contornáveis)
e ergueram vozes em coro, como se o
exército russo, um dos mais poderosos do
mundo, fosse contido com páginas de jornal,
protestos na porta de embaixadas ou
declarações de senhores com gravata em
frente às câmaras da domesticada imprensa
ocidental. Faltou-lhes honrar palavra.
Faltou-lhes humanismo. Nem tínhamos esquecido
o pântano que americanos e europeus
criaram no Afeganistão, fugindo com a
cauda entre as pernas e deixando para trás
crianças, mulheres, jornalistas e um enorme
arsenal que os talibãs hoje usam para impor
a sua violência e obscurantismo, fomos deparados
com a crise ucraniana, resultante,
em grande escala, de líderes ocidentais que
não percebem como funciona a arena internacional,
não cumprem as suas promessas
e não defendem aqueles que prometem
ajudar. Já vimos este filme. Não acaba bem.
E quem sofre não são os tais senhores e as
senhoras que produzem inócuas declarações
que enchem os telejornais. Quem sofre
são aqueles que ficaram presos nos abrigos
subterrâneos de Kiev, que fugiram da sua
terra com a sua vida dentro de uma mala,
que viram as suas famílias quebradas, que
viram os seus mais queridos serem mortos.
São eles as verdadeiras e maiores vítimas
de um Ocidente sem noção, sem rumo, sem
moral, sem ética e sem vergonha. s
saber abril 2022
11
CAPRICHOS DE GOES
Diogo goes
Professor do Ensino Superior e Curador
A Educação
não pode ser
um luxo de
uma elite
– parte 2
Recentes estudos internacionais
têm vindo a confirmar as relações
existentes entre a pobreza,
a falta de estímulos cognitivos,
as dificuldades na aprendizagem
e o seu caráter transnacional.
“Keep and Calm” - Pintura de Diogo Goes
Os recentes dados tornados públicos
(INE, 2022, 2021), sobre o
abandono escolar precoce na Região
e sobre as condições de vida
são, além de preocupantes, exemplificativos
do decadentismo das instituições e da incapacidade
do poder político e da sociedade civil
incluir os mais pobres e desfavorecidos no
processo democrático invertendo o ciclo de
empobrecimento. A incapacidade de efetivar
uma verdadeira democracia cultural e um
livre acesso à Educação e à Cultura, em concordância
com o disposto na Constituição da
República Portuguesa [Artigo 9º] (Miranda,
2006), é também uma evidência da relação
entre o baixo “consumo cultural” e a diminuta
frequência de espaços culturais, e o rendimento
familiar disponível e a escolaridade.
O recente Inquérito às Práticas Culturais dos
Portugueses 2020 (Pais, Magalhães & Antunes,
2022) concluiu que a escolaridade e o
rendimento são decisivos para a diversidade
e frequência de hábitos de consumo cultural.
No período pré-pandemia, 93% dos inquiridos
tinham um “baixo consumo cultural” e
61% não leram nenhum livro. Identificou-
-se que o consumo cultural é “socialmente
estratificado” e que tem “origem na posição
social dos indivíduos, tendo em conta o nível
de escolaridade dos pais”, sendo amplificado
pelos “efeitos do capital escolar do próprio”
(Pais, Magalhães & Antunes, 2022). Recentes
estudos internacionais têm vindo a confirmar
as relações existentes entre a pobreza, a
falta de estímulos cognitivos, as dificuldades
na aprendizagem e o seu caráter transnacional.
Uma investigação publicada no “Proceedings
of National Academy of Sciences”,
relativa à sociedade norte-americana, destaca
que, “a dotação de rendimento mensal a
uma família com baixos rendimentos pode
ter um impacto positivo na atividade cerebral
infantil” (Troller-Renfree et al., 2022).
Nessa investigação procurou demonstrar-
-se que, os bebés em contexto familiar com
baixos rendimentos “apresentam uma atividade
cerebral distinta daquela registada
em bebés que crescem em agregados com
maior disponibilidade financeira” (Troller-
-Renfree et al., 2022) e que, “tais mudanças
refletem neuroplasticidade e adaptação ambiental
e exibem um padrão que tem sido associado
ao desenvolvimento de habilidades
cognitivas subsequentes” (Troller-Renfree et
al., 2022). Anteriores estudos já refletiam essas
preocupações (Hair, et al., 2015; Pac, et
al., 2017; Pollak & Wolfe, 2020). Também a
investigadora Roberta Bocchi - Doutora em
Educação e Especialista em Neurociência -
destacava no seu artigo “O efeito da pobreza
social no cérebro” (2021), publicado no Jornal
da Comunidade Científica de Língua Portuguesa
- A Pátria, que, “as crianças expostas
a ambientes pobres em estímulos cognitivos
e inseridas em condições de vulnerabilidade,
apresentam desenvolvimento mental abaixo
da média esperada para a sua faixa etária”. A
autora debruçou a sua análise sobre alguns
estudos relativos à realidade brasileira, nomeadamente:
“A Pobreza e a Mente: Pers-
12 saber abril 2022
pectiva da Ciência Cognitiva” (Engel de Abreu
et al., 2015) e o “Relatório Económico OCDE
Brasil” (OECD, 2018). De acordo com a OECD
(2018), citada por Bocchi (2021), “uma criança
brasileira exposta ao ambiente de pobreza
infantil precisaria viver nove gerações para
atingir uma renda financeira considerada
média”. A propósito da realidade brasileira,
o relatório da OECD (2018), citado por Bocchi
(2021), salienta “papel importante” que a
Educação tem na mitigação da transmissão
intergeracional da pobreza, destacando que,
o rendimento das famílias está relacionado
com a frequência do ensino pré-escolar
Bocchi (2021). Revela que cerca de 70% das
crianças brasileiras mais pobres não têm
acesso ao ensino pré-escolar ou são as que
menos frequentam (OECD, 2018), citado por
Bocchi, 2021). A autora refere que “no ensino
obrigatório, são estas crianças - de meios
socioeconómicos mais desfavorecidos - que
tiveram os piores resultados escolares” (Bocchi,
2021). Em 2021, Portugal confrontava-se
com o facto de 10,7% das crianças (<16 anos)
estarem inseridas em agregados familiares,
alvo de privação material e social. De acordo
com o INE (2022), os resultados recolhidos
em 2021 permitem concluir que as dificuldades
económicas impedem que 9,7% das
crianças possam participar regularmente
numa atividade extracurricular ou de lazer;
6,6% possam participar atividades escolares
não gratuitas; impossibilitam que 4,3%
das crianças tenham possibilidade de substituição
de roupa usada por alguma roupa
nova; 1,5% possam convidar amigos de vez
em quando para brincarem e comerem juntos
(INE, 2022). De acordo com o relatório
da OECD (2021), intitulado “Beyond Academic
Learning”, salienta-se a importância dos
sistemas educativos valorizarem o “desenvolvimento
das habilidades socioemocionais
das crianças” pois estas competências,
constituem “importantes impulsionadores
da saúde mental”, principalmente junto das
crianças mais desfavorecidas e vulneráveis
pois estas “soft skills” são ferramentas diferenciadoras
que podem constituir uma vantagem
competitiva na perspectiva do futuro
mercado laboral (OECD, 2021). O abandono
escolar precoce, a falta de literacia e de qualificação
profissional, a desigualdade de género
ou entre grupos sociais e etnico-culturais
são algumas das causas subjacentes à fenomenologia
da pobreza e da exclusão social (
EAPN Portugal, 2021). Por isso, o combate
à pobreza terá de passar, necessariamente,
pelo reforço dos apoios sociais, associados
à capacitação e valorização do potencial humano.
Urge um estudo que, com coragem,
mensure o impacto social da pobreza no
sistema educativo regional, nomeadamente,
aferindo o sucesso escolar das crianças e jovens
mais vulneráveis e o abandono escolar
precoce. O desenvolvimento de ações integradas,
de prevenção e mitigação dos riscos,
em consonância com os objetivos de desenvolvimento
sustentável da Agenda 2030 das
Nações Unidas, é um dever, não apenas do
decisor público, como também, dos agentes
económicos, da sociedade civil e de todos os
cidadãos providos de humanidade. Parafraseando
Daniel Goleman, “o caminho para
sair da pobreza é a Educação”. s
Referências:
Bocchi, R. (2021). O efeito da pobreza social no cérebro.
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Língua Portuguesa - A Pátria. Ponte Editora. https://
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estatistica.madeira.gov.pt/download-now/multitematicas-pt/mutitematicas-anuario-pt/multitema-
ticas-anuario-em-foco-pt/send/468-anuario-em-
-foco/14315-em-foco-2020.html
EAPN Portugal. (2021). Poverty Watch Portugal 2021.
Porto https://eapn.pt/on/wp-content/uploads/Em-
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Engel de Abreu, P. M. J., Tourinho, C. J., Puglisi, M. L., Nikaedo,
C., Abreu, N., Miranda, M. C., Befi-Lopes, D. M.,
Bueno, O. F. A., & Martin, R. (2015). A Pobreza e a Mente:
Perspectiva da Ciência Cognitiva. Walferdange, Luxembourg:
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Goes, D. (2022, janeiro). O Combate à pobreza: uma
questão de justiça social e liberdade. Saber Madeira,
296. O Liberal
Hair, N. L., Hanson, J. L., Wolfe, B. L., & Pollak, S. D.
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and Academic Achievement. JAMA pediatrics,
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2020. Lisboa: INE. https://www.ine.pt/xurl/
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Instituto Nacional de Estatística. (2021). Inquérito ao
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INE, EU-SILC. (2021). Inquérito às Condições de Vida e
Rendimento - Retrospectiva 2016-2021. Lisboa: INE
Miranda, J. (2006). Notas sobre cultura, Constituição e
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Pollak, S. D., & Wolfe, B. L. (2020). How developmental
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Troller-Renfree, S. V., Costanzo, M. A., Duncan, G. J.,
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Proceedings of the National Academy of Sciences
of the United States of America, 119(5), e2115649119.
https://doi.org/10.1073/pnas.2115649119
saber abril 2022
13
FORMAÇÃO
profissional
João Miguel
Rodrigues
João Miguel Macedo Rodrigues
Psicólogo Social e das Organizações e
Orientação Profissional Jovens
joaomiguelpsicologia@gmail.com
Tlm 93 1958912
D.R.
Formação
Profissional,
uma chave
para o Sucesso
Empresarial
A Formação constitui,
sem dúvida, a ferramenta
essencial para alinhar
as pessoas com os objectivos
organizacionais e,
deste modo, consolidar
uma Marca e prestigiá-la.
Falar de Formação é falar de Desenvolvimento.
Sim, Desenvolvimento
Pessoal e Empresarial, pois o valor
de qualquer Empresa ou Instituição
está diretamente relacionada com a qualidade
dos seus Recursos Humanos. Empresas
que valorizam e desenvolvem os seus
recursos humanos são empresas que têm
muito maior probabilidade de sucesso.
Uma das estratégias ao dispor da Gestão,
para proporcionar melhores resultados
empresariais é, sem dúvida, a Formação
Pessoal e Profissional, contínuas. Por isso, é
muito importante que os líderes e as chefias
saibam incutir e pelo Exemplo – repito,
pelo Exemplo, uma cultura organizacional
de aprendizagem e desenvolvimento constantes.
Pertenci a uma empresa privada de
Consultoria e Formação [durante 11 anos
em Lisboa] onde vivi esse espírito. A “fome”
de saber e aprender era norma entre todos.
A frequência de acções formativas diferentes,
inovadoras e, sobretudo pertinentes ou
necessárias, bem como a leitura, eram hábitos
normais. Mas mais. Existia um verdadeiro
espírito de equipe e a partilha do conhecimento
era fator de enriquecimento de
todos e, consequentemente, da Empresa.
Mas para que a formação seja de facto eficaz,
é necessário [diria mesmo determinante]
existir um levantamento de necessidades
de formação e, isso requer experiência,
por um lado de quem as faz e, sobretudo,
ser tecnicamente bem realizada. Noto que,
muitas empresas utilizam apenas inquéritos
com várias áreas onde as pessoas colocam
uma cruzinha - ou naquela que necessita
ou naquela mais apelativa ou interessante.
Só que, inquéritos e muito óbvios não detetam
nada, mas mesmo quase nada. Porquê?
Porque as pessoas não estão preparadas ou
treinadas para se “autoanalisarem” por um
lado e, por outro, têm vergonha e/ou medo
em evidenciá-las (as suas necessidades). Segundo:
para que os inquéritos sejam úteis,
precisam de ser validados, o que é isso?.
Necessitam de ser aprofundados através de
entrevistas, individuais ou mesmo em grupo.
Claro que isto implica que estas devem
ser efetuadas por pessoas treinadas e com
conhecimentos de Psicologia Organizacional.
Só deste modo podemos confirmar, e/
ou detetar outras necessidades ocultas -
melhor, não mencionadas. Recolhida a informação,
é preciso analisá-la e elaborar um
diagnóstico para depois intervir de forma
eficaz, quer com formação, quer com outro
tipo de abordagem dentro da Organização.
14 saber abril 2022
No caso da Formação poder ser uma solução,
a organização das mesmas deve estar
adequada aos participantes e, sobretudo,
satisfazer as reais necessidades das pessoas.
Mas isto é mais complexo do que, por
vezes, parece ser. Por exemplo: melhorar o
atendimento, em que consiste? Em saber
atender telefonicamente? Em saber receber
bem o cliente? Em saber prestar o serviço, o
que implica conhecer muito bem os produtos
bem como fazer apresentações? É saber
comunicar de forma cativante e positiva?
É saber detetar necessidades latentes dos
clientes para adequar o melhor produto à
sua condição? É saber lidar com dúvidas e
objeções? E que tal saber lidar com reclamações
e até transformá-las em vendas? Saber
despedir-se do cliente de forma a deixar
uma imagem de real satisfação dos clientes
e, desta forma, fidelizá-los? Depois de realizadas
as ações, deve existir uma monitorização
dos resultados, bem como existir um
acompanhamento para facilitar a aplicação
prática dos mesmos e, com isso, melhorar
o desempenho de cada colaborador. Ora,
isto implica que as chefias sejam de facto
“Competentes e Conhecedoras” para poderem
ser verdadeiros tutores e facilitadores
de mudanças reais e positivas nos seus
colaboradores. Reforçar e dar “feed-back”
positivo. Muitos “CEOs”, líderes e chefias
fazem-no “constantemente” e por variadas
razões, nomeadamente: implementar e aferir
e os resultados e, sobretudo, motivar e
entusiasmar fortemente, para além de incutir
a capacidade e crença em produzir bons/
ótimos resultados. Deve ser feito de imprevisto,
de preferência à frente dos demais, se
forem elementos exteriores à empresa melhor
e, claro, de forma positiva. Exemplos:
Obrigado pelo teu esforço. Parabéns pelo
vosso-nosso desempenho. Graças a vós
estamos mais fortes e competitivos. Tenho
uma equipe muito dedicada e competente.
Porque as pessoas são o foco e o centro das
Organizações, a colocação de Psicólogos
Organizacionais ou do Trabalho nos departamentos
de Recursos Humanos das nossas
empresas ou instituições constitui, há
muito, uma necessidade imperiosa e, desta
forma, tudo poderá ser mais fácil. Quando
estamos apaixonados pelo que fazemos,
quando estamos empenhados, motivados
e satisfeitos, as empresas têm uma enorme
capacidade de adaptação e transformação,
e isto significa SUCESSO. A Formação constitui,
sem dúvida, a ferramenta essencial para
alinhar as pessoas com os objectivos organizacionais
e, deste modo, consolidar uma
Marca e prestigiá-la. Termino com o título
do meu flyer de apresentação que foi elaborado
em 1998 e que dizia apenas: “PESSOAS
FELIZES, EMPRESAS DE SUCESSO”. s
sochiirsh.com
saber abril 2022
15
ATUALIDADE
Henrique Amoedo
A classe artística
no ocidente está
a posicionar-se
contra a guerra
É uma baixa indireta da guerra na
Ucrânia. Senão vejamos: depois da temporada
no Mudas-Museu de Arte Contemporânea
da Madeira, o espetáculo
“Gabo”, do Grupo Dançando com a Diferença,
tinha apresentação prevista na
cidade de Moscovo no final de fevereiro,
o que não viria a acontecer por causa da
invasão russa à Ucrânia. O espetáculo
que é uma criação de Patrick Murys para
o Dançando com a Diferença e coproduzido
pelo Teatro Viriato, iria ser apresentado
no Proteatr.International Meetings,
no Meyehold Theatre Centre, na capital
russa. O diretor artístico do Dançando
com a Diferença, Henrique Amoedo, diz
que o grupo vai continuar a trabalhar em
espetáculos que sensibilizem também
para a problemática da guerra.
“Gabo” tinha apresentação prevista em
Moscovo mas tal não veio a acontecer.
Fale-nos disto.
H.A.: “Gabo” é um espetáculo onde os intérpretes
do elenco de Viseu do grupo Dançando
com a Diferença apresentam o universo
mágico criado por Patrick Murys, coreografia
de Romulus Neagu, música original de
Norberto Gonçalves da Cruz e vocais de Lidiane
Duailibi, a colaboração do ilusionista
Zé Mágico e desenho de luz de Cristóvão
Cunha. Sim. De facto, a viagem da equipa
que compõe a circulação do espetáculo
GABO aconteceria na manhã de 24 de março
de 2022. Para entrada na Rússia tínhamos
que apresentar testes à Covid-19, com resultados
negativos, com no máximo 48h de
antecedência. Um dos intérpretes de GABO
testou positivo e outro teve um resultado
inconclusivo. Num elenco de três pessoas
tínhamos duas impossibilitadas de viajar.
Para além desta situação, o início da invasão
russa da Ucrânia aconteceu na mesma manhã,
levando ao cancelamento do nosso voo.
A associação da Covid-19 e o cancelamento
do voo, aspetos que não conseguiríamos
nunca controlar, levaram ao cancelamento
do espetáculo que aconteceria no dia 26 de
março de 2022. Não chegamos a ir até Moscovo.
Toda a operação relacionada com esta
digressão de GABO acabou no aeroporto do
Porto. No entanto, “Gabo” continuará em
cena. Temos uma apresentação já confirmada
para o Teatro Municipal de Bragança e
outras em negociação.
Como é que a classe artística, e o Henrique
enquanto artista, olha para o conflito
na Ucrânia?
H.A.: A classe artística no ocidente, de uma
forma geral, está posicionar-se contra esta
guerra que se inicia com a invasão da Ucrânia
pela Rússia. Olho para esta guerra com muita
apreensão e até alguma revolta. A soberania
da Ucrânia está a ser atacada. Civis estão a
abandonar as suas vidas e a morrer todos os
dias. Isso é injustificável, sempre! No espetáculo
ENDLESS que criei e que estreamos com
a Dançando com a Diferença em 2012, abordamos
o Holocausto e a II Guerra Mundial. Já
foram feitas diferentes versões desde então
e estamos a trabalhar na próxima apresentação,
que esperamos venha a acontecerá
no mês de abril na cidade de Guimarães, no
Centro Cultural Vila Flor, numa parceria com
A´Oficina. Sempre disse que esta era uma
criação com os olhos postos no futuro. Que
observávamos a II Guerra Mundial mas que
o nosso foco deveria estar no futuro e não
no passado. Parece-me pertinente que continuemos
em cena. s
Dulcina Branco
©Júlio Silva Castro
16 saber abril 2022
Cantinho da poesia
Rosa Mendonça
Escritora
facebook.com/rosa.6823mendonca/
[rosa mendonça autora]
CHUVA
DE GIRASSÓIS
Chegam-nos imagens de bombardeamentos na Ucrânia, aterrorizadoras!
Nosso vizinho acorda esmagado por disparos de bombas, crueldade desumana
Discórdia sem explicação, ambição desmedida desencadeou esta guerra
A pouca esperança vacila nas chamas de uma fogueira sangrenta
Horrenda luta entre poder, monopólio, tirania…
Cresce a lista anónima de inocentes, que do nada formaram uma guerrilha
O céu veste-se de negro, carregando a maldade que se instalou sem pudor
O mundo diplomático e civil não dorme, não há descanso
Povos de todo o mundo manifestam profundo pesar pelo povo Ucraniano,
nosso irmão!
Uma onda de solidariedade alastra a cada amanhecer.
Gritos inconformados ecoam: “Parem a guerra, queremos paz. PAZ!”
Querem girassóis em vez de canhões, sorrisos no lugar das armas
Concórdia em vez de disputas inconsequentes, pão em vez de balas
Que a música tome o lugar das sirenes, que os sinos repiquem de alegria
Nesta quadra quaresmal caminhemos unidos para a Páscoa
É tempo de conversão, de acolhimento para a graça divina
“O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o…”
Papa Francisco
Nunca nos cansemos de fazer e espalhar o bem
Elevemos as nossas preces pelo povo que foi arrastado para a desgraça
Como poderemos festejar a ressurreição de Cristo Redentor,
Se as imagens que nos fazem companhia ao jantar são de sangue?
Se sabemos que por elas alguns repórteres pagaram com a vida?
Como celebraremos a Páscoa, se o nosso irmão não pode fazê-lo?
Como acordar com esperança no dia de amanhã,
Se muitos serrarão os olhos para a vida ainda hoje?
Como sonhar com um futuro melhor,
Se as atrocidades do passado continuam a repetir-se no presente?
Porque lutamos por garrafas de óleo, quando ao nosso irmão tudo é usurpado?
Quando a destruição massiva tenta apagar a identidade de um povo?
Como o Homem é pequeno e insignificante, perante a louca ditadura!
Os rostos relatam sem palavras a dor atroz,
o sofrimento gagueja na garganta seca
O desdém do atacante prepotente regozija-se com os refugiados sem pátria.
Desorientados caminham assustados pela encruzilhada bélica
Enlouquecidos de dor, despedem-se dos filhos, das esposas e dos idosos!
No sangue ferve a vontade de defender o seu torrão natal com bravura
Para que na terra fecunda e próspera volte a reinar o azul e o amarelo
E que o girassol prevaleça como flor nacional da Ucrânia.
Que a inocência das crianças amoleça os corações de pedra,
amargurados pela cólera e pela ganância
Que em cada Homem re (nasça) a chama viva do amor fraternal
Que a Paz tome as rédeas do caminho, da verdade e da união.
E que uma chuva de girassóis cale para sempre as armas e os canhões.
s
D.R.
saber abril 2022
17
CULTURA
Como é que o cinema chegou ao
Funchal? Esta é uma pergunta
que andava na mente dos dois
amigos Rui Rodrigues e Javier
Santos, produtores, realizadores
e amantes de cinema, e que, na
senda de encontrar respostas
foram à procura de histórias das
primeiras sessões e de todo o
movimento cinéfilo que surgiu
na Madeira no final do século
XIX. Começaram há dois anos
a trabalhar no projeto que se
apresenta agora no formato de
documentário, com 35 minutos.
Para a sua apresentação, foi
escolhido o local na Madeira
onde se viu cinema pela primeira
vez: o Teatro Municipal Baltazar
Dias. O documentário pela visão
de Javier e Rui deu o mote a esta
entrevista com a grande arte que
é o cinema em pano de fundo.
Dulcina branco
Oliberal
‘Cine Madeira – A História
do Cinema no Funchal’
Em que consiste esta “história do cinema
no Funchal”?
Javier.: Começou a ser preparado há dois
anos e conta um pouco da história do cinema
no Funchal, focando a história na primeira
sessão de cinema que aconteceu no
Funchal em 1897. Foi dividido em três partes,
dos primórdios passando pelos anos 60
com o foco no espetador e na importância
e contributo do Cine Forum para o desenvolvimento
do cinema na cidade do Funchal,
encerrando com o cinema a partir dos anos
80 com o cinema digital, o encerramento de
salas de cinema, o aparecimento de festivais
de cinema no Funchal... O nosso trabalho
consistiu na pesquisa e de procura, através
dos intervenientes e convidados que falam
de uma forma histórica e outros que fizeram
parte do movimento cinéfilo na cidade.
Tivemos como ponto de partida a tese de
mestrado da Ana Paula de Almeida [investigadora
de Cinema e colaborada do Centro
de Estudos de História do Atlântico], tese
esta que é o único documento escrito sobre
história do cinema na Madeira. A partir
destas conversas com a Ana Paula e com o
Rui Carita, que orientou a tese, começámos
o trabalho de investigação e de entrevistas
que contaram ainda com as colaborações
de Teresa Silva, Carlos Valente e Manuel
Vasconcelos e que, ao partilharem as suas
vivências no ramo do cinema e da história,
contribuíram para a concretização deste documentário
que se apresenta com imagens
a preto e branco e imagens a cor. Foi fundamental
a parceria da Câmara Municipal
do Funchal com o Shortcutz, no seguimento
dos apoios ao associativismo.
Rui: Este documentário tem uma curta que
é, do nosso ponto de vista uma curta dentro
de um documentário e que é sobre a vida e
obra do senhor Manuel Vasconcelos, que é o
último projecionista de fita ainda vivo. O senhor
Manuel reformou-se em 2019, e então
podemos ver imagens do senhor Manuel a
trabalhar na cabine de projeção do Teatro
Municipal Baltazar Dias, imagens estas que
foram filmadas por mim. Deixámos pontas
18 saber abril 2022
soltas para um segundo documentário sobre
outros temas e outras histórias mas o
que pretendíamos mesmo era deixar uma
pequena marca - a nossa marca - do que
foi e como foram estes 125 anos no que ao
cinema diz respeito na cidade do Funchal.
E porquê a apresentação do documentário
no Teatro Municipal Baltazar Dias?
J.: Porque foi o primeiro local onde se exibiu
cinema na Madeira pela primeira vez. Foi no
dia 12 de maio de 1897, dois anos depois da
primeira exibição mundial da imagem em
movimento ou da primeira sessão de cinema
dos irmãos Lumiére, em Paris, em 1895.
Dois anos depois o Funchal recebia o animatógrafo
que não era dos irmãos Lumiére,
conforme se explica no documentário.
O Teatro Municipal teve essa primeira sessão
e foi a base de tudo. Refira-se que, não
existem imagens dessa primeira exibição no
Funchal. Depois, as salas de cinema da cidade
que começaram a surgir, cerca de seis,
sete, em redor do Teatro, como o Barracão
e o Aviador. Esta última sala desapareceu
em virtude de um incêndio nas fitas de projeção.
Foi para nós um prazer e uma honra
criar e mostrar o que aconteceu e o que representa
esta sala que é o Teatro Municipal
para o cinema aqui, na região
O Cine Fórum do Funchal é, de facto, uma
instituição incontornável que traz o novo cinema
para a Madeira. Qual foi o seu papel?
J.: Sim. O Cine Fórum surge nos finais dos
anos 50 e teve um papel muito importante
ao trazer ao Funchal um outro tipo de cinema,
nomeadamente o cinema de autor
ou alternativo. Teve ainda o mérito de criar
novos hábitos com os debates que se proporcionavam
após a visualização dos filmes.
Teve como grande figura o advogado José
Maria Silva, presidente do Cine Fórum do
Funchal. Refira-se ainda que coube ao Cine
Fórum trazer ao Funchal a primeira assembleia
Mundial de Realizadores e que foi um
acontecimento inédito de nível mundial.
Dessa assembleia saíu o documento que estabeleceu
os direitos de autor dos realizadores,
ainda hoje em vigor. Para além de que,
através dos eventos que realizava, combinava
o cinema com outros géneros artísticos
como a dança e a música, o que até então
nunca tinha acontecido.
Hoje já não se vai tanto ao cinema porquê?
R.: O declínio do cinema, das salas de cinema
e do público começou com os filmes
VHS, continuou com os DVDs, e os clubes de
vídeo. As pessoas começaram a ver os filmes
em casa e a tendência é para continuar
devido às plataformas de streamings, Netflix
e outras.
A grande indústria do cinema não desaparecerá,
na vossa opinião...
R.: Isso não. De facto, os dados estatíticos
dizem que cada vez menos pessoas vão ao
cinema mas o setor vai adaptar-se, ou está
a adaptar-se, com a redução do número de
lugares para os espetadores, por exemplo
mas as salas de cinema não irão desaparecer.
Os blockbusters não vão desaparecer
como há outras coisas que vão ganhar força
como exibições muito específicas ou que
vão à procura de algo mais genuíno, mais de
autor ou alternativo. Na Madeira, existem
três eventos de cinema alternativo e que são
o Screemings Funchal, os ciclos de cinema
da Ponta de Sol e o Shortcutz. Estes são os
mais regulares, têm público e vão continuar
a acontecer.
Depois do Funchal, pretendem levar este
documentário a eventos internacionais?
J: Por enquanto foi uma sessão única, não
temos mais agendamentos mas haverá novidades
e novas exibições no futuro. Devermos
concorrer a festivais de cinema e ir às
escolas. É importante mostrar aos mais novos,
que desconhecem a história, como foi
que aconteceu.
Quem são o Javier Santos e o Rui Rodrigues?
R.: Há 13 anos a esta parte tenho vindo a trabalhar
na área do audiovisual, área na qual
me formei. Criei uma empresa e em 2010 fiz
a minha primeira curta metragem. A partir
daí tenho trabalhado sempre na área. Nos
últimos anos tenho viajado pela Europa e
pelo Mundo a promover destinos turísticos,
com a pandemia tenho ficado mais em casa
com projetos para a associação Detalhes Mirabolantes,
com o Javier.
J.: Sou lusodescendente, formado na área
de Marketing e Comunicação e estou ligado
à Detalhes Mirabolantes, associação que organiza
o festival de curtas Shortcutz Funchal,
que é um projeto internacional que eu e o
Rui trouxemos para a Madeira em 2016. Conheço
o Rui há alguns anos e o gosto pelo
cinema juntou-nos a nível profissional.
Vale a pena ir ao cinema e qual é o vosso
filme de eleição?
J: Vale sempre a pena ir ao cinema. Gosto
muito de ir ao cinema e de ver de tudo um
pouco. O cinema tem uma coisa que para
mim é fundamental que é a partilha. A maior
parte das pessoas não vai sozinha ao cinema
e depois do filme há aquele momento
de troca de impressões e isso torna o cinema
muito especial. O cinema é uma partilha
constante e isto fascina-me. Tenho muitos
filmes mas diria que há dois filmes que gosto
bastante e que são do Kubrick: 1) A Laranja
Mecânica – pela componente artística e que
é espetacular, e 2) Shining – um terror ou um
thriller que é uma mistura de vários estilos e
que se vê de uma forma muito intensa.
R.: Sou fã de “Cães Danados” do Tarantino,
uma história simples e que tem tudo o que é
preciso para ser um grande filme. É um belo
workshop para quem é ator, realizador. O
que interessa é a história e o resto é filmar. s
saber abril 2022
19
SAÚDE
Drª Raquel Jacinto
Dr.ª Raquel Jacinto
Especialista em Fisioterapia Materno-Infantil e Saúde Pélvica
A Incontinência
urinária
feminina tem
tratamento!
AIncontinência Urinária (IU) é um
problema de saúde muito frequente
na nossa sociedade e estima-
-se que 25% a 45% das mulheres
sofra de incontinência urinária em alguma
fase da sua vida. A Incontinência urinária é
definida como a “queixa de qualquer perda
involuntária de urina”, sejam apenas umas
gotas ou em muita quantidade, e que pode
afetar mulheres de todas as idades. Existem
vários tipos de incontinência urinária, sendo
as mais comuns: a incontinência urinária de
esforço (perdas urinárias ao tossir, rir, prática
desportiva, saltar, correr etc…), de emergência
(perdas de urina por vontade súbita e
não conseguir chegar a tempo ao WC) e mista
(perdas urinárias em ambas as situações
anteriormente descritas). Apesar da sua elevada
prevalência, são poucas as mulheres
que procuram ajuda e tratamento. Os motivos
podem ser culturais que vão passando
de geração em geração (as nossas avós, as
nossas mães também tiveram perdas urinárias,
porque se foi mãe há muito ou pouco
tempo, porque a barriga está grande na gravidez),
sociais (por vergonha em assumir o
problema e falar sobre ele) ou assumir que
é um problema que não tem tratamento.
As perdas urinárias podem estar presentes
em várias fases da vida da mulher como na
gravidez, pós- parto e menopausa mas também
em situações mais específicas como
na presença de patologia respiratória com
tosse persistente ou crónica, multiparidade,
alterações hormonais, prolapso dos órgãos
pélvicos, prática de exercícios de alto impacto,
cirurgias pélvicas (histerectomias), obesidade,
esforços que impliquem cargas elevadas,
entre outras, no entanto, qualquer que
seja a situação NÃO podem ser assumidas
como algo normal. Relativizar ou normalizar
a situação não será o melhor nem vai fazer
com que o problema desapareça porque a
incontinência urinária tem um impacto negativo
na qualidade de vida das mulheres,
levando muitas vezes ao isolamento social,
desistência da prática desportiva, inibição
da realização de atividades recreativas e
exercício físico e com impacto na vida profissional
e sexual. Está também associada a
ansiedade e depressão. A incontinência urinária
tem tratamento. Têm causas, métodos
de diagnóstico e tratamento diferentes, pelo
que carecem sempre de uma cuidada avaliação.
A Fisioterapia em Saúde Pélvica é uma
área da Fisioterapia que ajuda a tratar e a
prevenir a incontinência urinária e é primeira
opção de tratamento nestes casos. Como
pode a fisioterapia Pélvica ajudar?. Uma das
possíveis causas da incontinência urinária
são as alterações ao nível da musculatura do
pavimento pélvico (fraqueza, lesão, aumento
da tensão ou força exagerada dos músculos
do pavimento pélvico, falta de coordenação
dos músculos). Os músculos do pavimento
pélvico, são músculos que envolvem a nossa
vagina e ânus e que se vão inserir ao nível
da nossa pélvis na parte inferior, sacro e coxis,
superficialmente e profundamente. Na
posição de sentados nós estamos sentados
em cima dos músculos do pavimento pélvico.
Podemos olhar para eles como o chão de
uma casa e desta forma facilmente perceber
que eles são responsáveis por dar suporte,
em conjunto com outras estruturas, às vísceras
pélvicas: à bexiga, útero e intestino e
perceber que existe então uma relação entre
os músculos e as vísceras pélvicas. São
ainda responsáveis por manter a continência,
isto é, de contrair e relaxar de forma
consciência para que seja possível urinar e
defecar. Muitos se fala nos exercícios de Kegel
na gravidez, no pós- parto e a evidência
diz-nos que estes exercícios são eficazes no
tratamento e prevenção da incontinência
urinária, no entanto, é importante perceber,
como vimos anteriormente, que o pavimento
pélvico pode estar com várias alterações
e por isso a abordagem irá ser diferente em
cada situação e por esse motivo nunca deverão
ser realizados sem uma avaliação prévia.
É necessário primeiro perceber a causa
que está a provocar a incontinência urinária.
O tratamento e a prescrição de exercício
dos músculos do pavimento pélvico deverão
ser sempre individualizados e prescritos
pelo fisioterapeuta. Até porque podem não
ser indicados para situações especificas. A
alterações comportamentais e de hábitos
de vida, assim como ganho de consciência
corporal e postural fazem também parte do
tratamento. s
20 saber abril 2022
NUTRIÇÃO
Alison Karina
de Jesus
Alison Karina de Jesus
Nutricionista (2874N)
facebook.com/nutricionalmentebem
instagram.com/nutricionalmentebem
info@nutricionalmentebem.com
https://nutricionalmentebem.com/
HypeScience.com
Depressão e peso corporal
Adepressão é uma doença psiquiátrica
em que as células do cérebro
não comunicam de forma adequada,
e, consequentemente, algumas
mensagens que deviam ser transmitidas ao
longo do sistema nervoso, acabam por não
chegar ao destino. O que determina se uma
pessoa engorda, emagrece, ou mantém o
peso estável é a diferença entre a quantidade
de energia que é consumida e a quantidade
de energia que é gasta no dia-a-dia. Ou
seja, para eu engordar, tenho que consumir
mais calorias do que as que gasto. Nesse
sentido, facilmente se percebe que a depressão,
por si só, não faz engordar nem emagrecer,
tudo vai depender do balanço entre a
alimentação e o gasto energético diário. No
entanto, há algumas particularidades nessa
doença que podem, de facto, fazer com
que possa ocorrer um aumento de peso,
nomeadamente o facto da depressão estar
associada a uma menor atividade física,
seja, por desmotivação, falta de resposta do
corpo, ou mesmo porque a pessoa prefere
resguardar-se de contactos sociais. Convém
realçar que há pessoas que, num quadro
depressivo, tendem a comer mais, e, consequentemente,
o risco de engordar aumenta.
Contudo, também há pessoas que tendem a
comer menos. Por último, a própria medicação
pode afetar o apetite, sendo que nalguns
casos o doente sente mais vontade de comer.
Já são vários os estudos que têm vindo
a revelar que um padrão alimentar menos
saudável aumenta o risco de depressão. Falo
do consumo de refrigerantes, alimentos refinados,
fritos, carnes processadas e alimentos
ricos em gordura (nomeadamente bolachas
e produtos de pastelaria). Por outro
lado, o consumo de fruta, hortícolas, azeite,
frutos secos, laticínios e peixe parecem ter
o efeito contrário. Convém também não esquecer
que a aparência física e, em particular,
o peso, estão muitas vezes intimamente
relacionados com a depressão, pois podem
promover a baixa autoestima. Neste contexto,
manter um peso adequado pode ser um
fator decisivo para evitar a depressão. Do
ponto de vista nutricional e de uma maneira
geral, o consumo adequado de magnésio,
cálcio, ferro e zinco parece diminuir o aparecimento
da doença, e dos seus sintomas.
Também o consumo de ácidos gordos ómega-3,
têm sido associados a um menor risco
de depressão. O crómio é um mineral que
está relacionado no metabolismo dos hidratos
de carbono e, consequentemente, poderá
ter um papel importante na depressão.
O consumo de quantidades adequadas de
cálcio, assim como vitamina D, tem também
sido sugerido como um elemento importante
para prevenir casos de depressão. O consumo
de antioxidantes, nos quais se inclui
a vitamina C, bem como outros compostos
bioativos, parecem ser importantes aliados
nalguns contextos de depressão. s
saber ABRIL 2022
21
MADEIRA AVES
JOSÉ FRADE
Fotógrafo autoditata
José Frade nasceu no concelho
de Cascais. Trabalha no sector
automóvel mas foi a sua paixão
pela fotografia, principalmente a
fotografia de natureza, que o fez
aprofundar os seus conhecimentos
sobre as aves e consequentemente
aderir ao grupo "Aves de Portugal
Continental", grupo esse criado
pelo Armando Caldas, mas, como
membro desde o primeiro dia,
foi convidado pelo fundador, em
conjunto com ele, administrar
o referido grupo, vendo aí uma
oportunidade para partilhar os
seus conhecimentos e incentivar as
pessoas à protecção da natureza.
Dulcina Branco
José Frade,
administrador do grupo “Aves de Portugal Continental”,
que gentilmente nos cede as fotos que ilustram
esta rubrica
www.madeira-live.com/pt/bird-watching
Observação de aves
na Madeira
O
arquipélago da Madeira é um destino
para a observação de aves.
Devido à sua localização única e ao
seu ecossistema, aqui se encontram
grande variedade de aves terrestres e
marinhas - 42 espécies nidificam neste arquipélago
e algumas espécies endémicas à
Macaronésia só existem na Madeira. Podem
observar-se aves terrestres como o pombo
trocaz (Columba trocaz), o corre-caminhos
(Anthus berthelotii), a manta (Butteo butteo
harterti) e o francelho (Falco tinnunculus
canariensis), para além das aves marinhas
como a freira do Bugio (Pterodroma feae),
a freira (Pterodroma madeira), a cagarra-
-de-cory (Calonectris diomedea), o patagarro
(Puffinus puffinus), o pintaínho (Puffinus
assimilis), a cagarra-de-colarinho (Puffinus
gravis), o roque de castro (Oceanodroma
castro), a gaivota de patas amarelas (Larus
michahellis atlantis), a gaivota d'asa escura
(Larus fuscus) e a gaivota de bico riscado (Larus
delawarensis). s
22 saber abril 2022
Andorinha-do-mar-árctica
(Sterna paradisaea)
Uma ave da família Laridae.
Nidifica nas zonas costeiras do Oceano
Árctico e nas regiões subárcticas da Europa,
Ásia e América do Norte, após a qual migra
para águas subantárticas e antárticas.
Migrador de passagem na Madeira.
Pardela-sombria
(Puffinus puffinus)
Ave da família Procellariidae.
Esta espécie nidifica no Atlântico Norte,
maioritariamente no Reino Unido e na Irlanda.
Reproduz-se na ilha da Madeira.
saber abril 2022
23
CONVERSAS COM A SABER
&
Idálio Sá
Carla Camacho
Entrevista António Barroso Cruz
D.R. (direitos reservados)
Agradecimentos Hotel Meliã Mare Madeira e A Tulipa
24 saber ABRIL 2022
Na nossa comunidade
temos de respeitar para
sermos respeitados.
E eu sabia que ao
escolher a Carla
para viver comigo
seria para sempre
Uma das prerrogativas mais
gratificantes das Conversas
com a Saber é poder ter o
privilégio de me cruzar com
pessoas que, em registo de
casal, se revelam imensos na
sua forma de estar na vida e
se relacionarem. Seja entre
eles, seja para com o próximo.
Idálio Sá e Carla Camacho são
a prova viva e consistente
dos valores familiares, do
saber estar em sociedade,
da ajuda ao próximo, da
discrição e da cumplicidade
que pode existir entre duas
pessoas. Presidente da Mesa
da Assembleia Geral da
Associação dos Ciganos da
Madeira, Idálio tem propósitos
bem definidos para o que quer
para si e para a sua família.
Carla, com uma reconhecida
carreira enquanto treinadora
de voleibol e também
enquanto profissional do
ramo hoteleiro, é o resultado
de uma vida bem estruturada
e leva em si a força e a energia
positivas para que tudo
resulte em bem. E em melhor,
se possível. No agradável
espaço do Meliã Mare, esta foi
mais uma conversa de se lhe
tirar o chapéu!
A.C.: Idálio, dizias anteriormente que o
que fazes atualmente em termos profissionais
não é o teu sonho. Então, o que é o
teu sonho em termos de profissão?
I.: Antes de mais, obrigado pelo convite. Respondendo
à pergunta, o meu sonho é trabalhar
na área social, ou seja, ajudar. A experiência
que tivemos durante a pandemia serviu
para mostrar um lado que não conhecíamos,
ou fazíamos ideia do que era, mas serviu
para confirmar aquilo que eu já sentia. E
o que sentia era uma necessidade de ajudar
e de fazer alguma coisa para melhorar a vida
de alguém. Acho que, durante a pandemia,
conseguimos realizar esse objetiv, o de ajudar
o próximo.
Essa necessidade e essa sensibilidade que
trazes em ti - de ajudar o próximo – foi-
-te incutida durante infância, durante o
teu crescimento? De onde trazes esses
valores?
- Vêm da família. Não venho de uma família
rica, mas no meio onde nasci e cresci, entre a
minha família, sempre sentimos essa necessidade
de ajudar o próximo e de nos ajudarmos
uns aos outros. Acho que o termo família
quer dizer isto mesmo, ajuda. O facto de
vermos alguém passar por dificuldades, e
nós que passámos também por dificuldades,
impele-nos a ajudar e querer fazer mais
e melhor. Este sentimento e forma de ser foi
passando ao longo dos anos e ficou.
Carla, a que é o Idálio se refere quando
fala sobre esta questão de, durante a pandemia,
terem entrado nesta realidade da
ajuda? O que é que vocês andaram exactamente
a fazer?
C.: Associámo-nos a um projeto de confeção
de comida para pessoas ou famílias que ficaram
sem trabalho durante a pandemia. Intervimos
no sentido de ajudar essas pessoas
que ficaram sem trabalho a terem a refeição
na mesa. Foi muito gratificante poder participar
neste projecto e poder ajudar. Acho
que este tipo de trabalho torna-nos mais
humanos.
Esse projeto primava por alguma originalidade
em termos da confeção das refeições?
C.: Sim. A maior parte das pessoas envolvida
no projecto trabalhava, de forma directa
ou indirecta, na hotelaria. Eram pessoas que
estavam em casa por causa da pandemia e
que meteram mãos à obra confeccionando
refeições para pessoas que ficaram sem o
seu trabalho. Estamos a falar de cozinheiros
que trabalhavam em hotéis de cinco estrelas
e que dentro das respectivas experiências,
disponibilizaram-se para a confecção
de refeições que foram gratuitamente entregues
a diversas pessoas e famílias. As refeições
foram confeccionadas a partir de doações
de privados e de empresas. De muitas
pessoas oriundas do concelho de Ponta de
Sol que não tendo forma de escoar os seus
produtos os doavam para o projecto. Lembro-me
que foi confecionada uma soberba
salada com um molho de iogurte, o que para
pessoas que não tinham por hábito comer
iogurte foi espectacular. Foram confeccionadas
refeições por chefs de hotéis de cinco
estrelas de uma forma gratuita e com muito
amor e carinho.
Falaste na atividade hoteleira que foi, de
facto, especialmente atingida pela pandemia
e que, entretanto, retomou a actividade,
felizmente. No teu caso, que trabalhas
na hotelaria, o que fazes e qual é o
teu percurso neste sector?
- Comecei como “baby sitter” numa casa que
me deu a oportunidade para evoluir, era o
Hotel Crown Plaza, depois passou a pertencer
à cadeia CS. Passei pela coordenação de
grupos, experiência essa que me deu muita
bagagem. O ano de 2008 foi especialmente
fértil em eventos. Passei depois para chefe
da equipa de relações públicas do hotel e,
nos últimos quatro anos até à actualidade,
sou supervisora do departamento de SPA do
hotel [Vida Mar].
És a pessoa que gere o SPA do Hotel Vida
Mare, o que significa que também fazes
massagens. Tens clientes com alguns
pedidos estranhos?
- Às vezes [risos]
Idálio, és uma pessoa que entra na minha
vida de uma forma muito interessante,
via evento Madeira 7 Talks. E, porque
andava à procura de alguém que representasse
uma comunidade que ainda é
olhada com alguma desconfiança e muito
preconceito, proporcionaste-me, e às
pessoas que estavam presentes no evento,
um momento inesquecível que foi o
teres pedido a Carla em casamento perante
uma plateia. O que é que te passou pela
cabeça naquele momento?
I.: Até hoje estou para saber o que me deu
[risos]. No dia anterior ao evento pensei em
pedir a Carla em casamento naquele evento.
Entre alguma indecisão, acabou mesmo por
acontecer e correu bem. E agora não há volta
a dar porque tive muitas testemunhas [risos].
Carla, a propósito do que o Idálio disse, tu
eras o “objecto” daquela declaração, achas
que ele tomou a decisão de o fazer publicamente
porque lhe era mais confortável?
C.: Acho que o evento proporcionou que tal
momento acontecesse e mostrou que com
amor tudo é possível, e que o amor e o respeito
podem unir pessoas de culturas diferentes.
Para o Idálio foi libertar-se e dizer
saber ABRIL 2022
25
O namoro e o casamento
são uma situação séria
na comunidade cigana.
Ela compreendeu e
aceitou. Acompanhou o
processo e adaptou-se
muito bem, e isso foi
brilhante no processo
de integração na família
já que nos damos todos
muito bem
«isto é quem sou e ela é a pessoa com quem
quero seguir a minha vida, apesar de ser de
uma cultura diferente». Ele foi corajoso. É
preciso ter coragem para fazer o que ele fez.
O Idálio é tímido, acanhado. Não seria
mais lógico fazer o pedido numa floresta
ou à mesa de um restaurante à luz das
velas? São os dois românticos?
C.: Não. Eu sou uma eterna romântica.
Ele não.
I.: Já tentei ser, mas não resulta [risos]. É contra
a minha natureza. É isso e dançar...
A.C: Já somos dois [risos]
I.: A Carla adora dançar! Eu não sei dançar
nem gosto de dançar.
A.C.: À minha mulher digo para ela ir dançar
com os vizinhos do prédio se estiver
muito necessitada de dançar...
C.: Adoro dançar e de tudo o que está relacionado
com dança. Gosto muito das músicas
e das danças africanas, como a kizomba.
Quando começámos a namorar, desafiei-o
para a dança numa noite africana, num bar
da cidade. Eu não sabia se ele gostava de
dançar ou se iria dançar. Ele ficou espantado
com aquele ambiente, eu fui dançar e ele
ficou no balcão a observar, o que para ele é
óptimo porque fica no seu canto e eu vou
para o bailarico.
Em que contexto é que vocês se conhecem?
I.: É uma história muito curiosa. Eu estava
de férias em Lisboa (onde nasci), na casa da
minha mãe. Eu já conhecia a Carla de vista,
mas o facto de ser tímido não me permitiu
avançar mais. Há um dia em que faço um
post relacionado com a área da hotelaria, ela
faz um comentário no post e eu respondo
com um gosto no comentário dela. Começámos
a trocar simples mensagens, sempre na
temática do turismo. O clique deu-se quando
um dia ela envia a mensagem: “bff”. Eu olhei
para aquilo e não percebi o que queria dizer.
Fiquei a matutar e escrevi «desculpa a minha
ignorância, mas o que queres dizer com bff?»
Ela respondeu «bom fim de semana». A partir
daí começámos a conversar mais e a trocar
mensagens.
A partir deste “bff”, Carla, o que é que se
segue?
C.: Seguem-se muitas conversas, olhares.
I.: Entretanto eu disse-lhe que a achava uma
pessoa diferente e que eu tinha uma cultura
diferente.
C.: Não percebi o que ele queria dizer com
essa coisa de ser diferente ou de ter uma cultura
diferente. Até ao dia em que ele me diz
que é cigano. E eu… «e...?»
O que me leva à questão do preconceito.
A Carla poderia já gostar de ti ou sentir
uma atracção por ti. Porque é que o facto
de vires de uma etnia diferente faria
com que ela deixasse de gostar de ti? Não
faria sentido. E a brincar, a brincar, estão
juntos há...
I.: Há mais de cinco anos.
C.: Conhecemo-nos há mais de cinco anos,
mas estamos juntos faz cinco anos no dia 9
de junho.
Têm o Lucas com dois anos. Como é que
foi para a tua família, ou para a tua comunidade,
receber a informação de que ias
casar ou viver com uma não cigana, e
como é que foi para a tua família, Carla,
saber que estavas apaixonada por um
cigano?
I.: Da minha parte, foi mais complicado. Na
nossa comunidade temos de respeitar para
sermos respeitados. E eu sabia que ao escolher
a Carla para viver comigo seria para
sempre. A minha mãe não queria que eu
andasse a saltar de relação em relação e tive
um tio que me disse «não gosta, não estraga».
E foi assim. Quando disse à minha mãe
e aos meus irmãos que era a Carla a pessoa
de quem gostava e queria ter a meu lado na
minha, houve previamente uma preparação
porque não queria defraudar as espectativas
e não queria errar. Disse à Carla que
não iria ser fácil esta coisa de explicar à família
o nosso relacionamento. Na nossa comunidade
não andamos a saltar de relação em
relação. O namoro e o casamento são uma
situação séria na comunidade cigana. Ela
compreendeu e aceitou. Acompanhou o processo
e adaptou-se muito bem, e isso foi brilhante
no processo de integração na família
já que nos damos todos muito bem. Ela relaciona-se
muito bem com os meus irmãos e a
minha mãe. Tem sido espetacular.
Carla, em algum momento ouviste algum
tipo de comentário menos favorável por
causa da etnia cigana do Idálio?
C.: Não, mas senti no meu local de trabalho
essa sensação de preconceito. Não na
minha família. A minha mãe aceitou super
bem. Disse-me «não quero saber se é cigano,
se é preto ou é amarelo. Só quero que ele
te trate bem». No primeiro jantar de família,
o Idálio foi bombardeado com muita curiosidade,
mas correu tudo bem e com normalidade.
Tudo corre bem quando há respeito e
educação.
Quando entraste no relacionamento com
o Idálio já tinhas uma filha com 12 anos.
Como é que foi a aceitação por parte da
Fabiana relativamente ao Idálio?
C.: São muito amigos. Simpatizaram logo
um com o outro. O Idálio é um confidente.
A Fabiana respeita e sabe as regras da cultura
cigana, há coisas na cultura cigana que ela
entende, mas as quais não se identifica. Tem
o seu ponto de vista, e expressa-o, mas aceita
e respeita a cultura cigana.
A comunidade cigana na Madeira está dispersa
geograficamente ou está mais concentrada
no Funchal?
I.: Está concentrada no bairro da Nazaré. Há
uma ou duas famílias na Camacha, mas a
grande comunidade está no Funchal, no Bairro
da Nazaré.
És o presidente da mesa da Assembleia-
-geral da Associação dos Ciganos da
Madeira. O que é que a Associação se propõe
fazer e em que pode ajudar a comuni-
26 saber ABRIL 2022
dade cigana na Região?
- Temos muito trabalho pela frente. Temos
projectos para pôr em prática nas áreas do
ensino e do mercado de trabalho, projectos
de integração das crianças nas escolas locais,
por exemplo. Numa das últimas reuniões
que tivemos, um projeto que propus está
relacionado com a aprendizagem das mulheres
adultas ciganas, porque a mim custa-me
ver uma mulher cigana ir a um supermercado
e pedir a alguém que lhe leia um rótulo de
produtos. Custa-me ver isto, e estou a falar
de mulheres jovens que não sabem ler nem
escrever. Ler, escrever e assinar o nome é
uma aprendizagem essencial e que a mulher
cigana também merece e deve ter. Isto é um
passo grande para a comunidade cigana e
levar este projecto adiante leva o seu tempo.
Porque tem a ver com a mudança de mentalidade...
I.: Também.
A mulher cigana não tem de passar pela
escolaridade? Não tem essa obrigatoriedade?
- Infelizmente, não. Na cultura cigana os
rapazes podem estudar e têm liberdade para
estudar o que quiserem, o que não acontece
com as raparigas. As meninas chegam ao
quarto ano e param os estudos. Se quiserem
continuar os estudos fazem-no em casa. Já
está melhor e nota-se, sobretudo no norte
de Portugal, onde há mulheres ciganas que
estudam e concluem os seus cursos.
Carla, ligada ao desporto desde sempre.
Vem de família esta ligação ao desporto.
Treinadora de voleibol do Club Sport
Madeira. Como é que chegas a treinadora?
É porque seres uma rapariga que sempre
foi muito disciplinada ou que gosta de
impor alguma coisa aos outros?
C.: Note-se que nunca fui uma grande atleta.
Era um protótipo de atleta, mas era aquele
elemento da equipa que dava força e que
puxava pela equipa, de gritar e tal. Há seis
anos achei que estava na altura de pendurar
as botas. Na altura o meu treinador fez a pré
convocatória para o início da época e mandou-me
uma mensagem a dizer que precisava
falar comigo, e eu que já tinha dito que
não ia jogar mais, achei estranho. Fui à reunião
e ele diz «estou a convidar-te para seres
minha adjunta». E eu «agradeço muito mas
não tenho curso e não faço a mínima ideia do
que é treinar uma equipa». E ele «é verdade.
Não tens nada disso, mas podes tirar um curso
e tens uma coisa que é fundamental «tens
capacidade de liderança e sabes motivar a
equipa». E assim foi. Tirei o curso de treinadora,
estou no nível 2 e ainda por cá continuo.
E tens uma filha que já é seleccionada
para representar as cores da nação.
C.: Sim, o que me deixa muito orgulhosa. A
Fabi tem ainda poucos anos de voleibol, mas
tem uma coisa que me deixa especialmente
orgulhosa que é ter conseguido tudo pelo
seu pulso. Sem usar o nome de ninguém,
subiu a pulso e por ela.
Idálio, passados estes anos de relação
com a Carla o que mais valorizas na vossa
relação?
I.: A família, sem dúvida. É o compromisso, a
cumplicidade, o respeito, e é bonito e que seja
sempre assim. Falamos muito e consideramo-
-nos como sendo pessoas muito “antigas”.
C.: O amor.
Vocês são “anormais” para a vossa geração
[risos]
C.: Sim, muito anormais...
I.: Sim, não somos exemplo para ninguém
mas tem resultado.
Uma palavra ou uma frase que queiras
dedicar neste momento ao Idálio. Uiiii…
C.: “Sempre tua, sempre tu, sempre nós”.
A.C.: Muito obrigado a ambos. s
PUB
saber ABRIL 2022
27
viajar coM saber
ANTÓNIO CRUZ
AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt
Cinque Terre
E aquela costa da Ligúria que comporta um dédalo de
localidades como se se tratasse de um fio de pérolas
que se estende por alguns quilómetros do golfo de
Génova? Aquele pedacinho de litoral que tanta gente
anseia conhecer, pelo qual batem corações e se
suspendem respirações. Que traz em si o sonho dos
lugares belos e coloridos, a fonética da um idioma
doce ao ouvido, musical. Que é prenúncio de belos
passeios, de gente animada, de charme e gireza.
Pois é, Cinque Terre soa bem no ouvido. E na
imaginação. E no olhar quando por elas vamos e por
lá nos perdemos em devaneios.
1] Tudo tem um início. E o início desta incursão pelas Cinque Terre deu-se em
São Marino (ver última edição da SABER), tendo depois decidido atravessar a
Toscana, sem me deter a não ser para um excelente almoço e umas fotografias
de estrada. A ideia era chegar ao final da tarde a Riomaggiore. E cheguei. E fui
conhecê-la já a noite ia escura para a ela voltar dois dias depois.
1]
António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia
28 saber abril 2022
2]
3]
2] A cor, e o colorido que o ensemble edificado provoca, é
como que a imagem de marca das cinco terras cosmopolitas.
De ruas inclinadas, por vezes difíceis de caminhar, de acessos
nem sempre fáceis, todas elas têm encantos próprios e
gente amistosa que gosta de receber. No dia seguinte ao da
chegada, Monterosso seria a primeira paragem.
3] E como longe não estava de dois lugares que há muito pretendia
visitar, porque também eles faziam parte do meu imaginário de
viajante que anda nisto há alguns anos, seria quase que crime
lesa-pessoal, não passar por Portofino e perceber o seu significado
idiossincrático e arquitectónico.
4] 5]
4] Sendo que ali mesmo coladinha se encontrava Santa Margarita
Ligure, que em tempos tive oportunidade de folhear numa revista
de viagens e sempre me ficou debaixo de olho. Com uma malha
urbana mais vasta que a de Portofino, com um mesmo glamour
existencial, não ficou de forma alguma aquém das minhas
expectativas antigas e alimentadas no fio do tempo.
6]
6] Mas talvez que entre
todas a que me tenha
sido mais querida foi a de
Corniglia. Se calhar por ser
mais pequena das cinco
terras, se calhar por ser a
mais mimosa e delicada,
se calhar pelo facto de a
experiência gastronómica
ter sido absolutamente
insuperável. Ou pelos seus
recantos românticos. Ou
pelo seu sossego. Ou por
tudo o que contribui para
um conjunto de reacções
inesperadas e insuspeitas.
5] Vernazza seria, já no terceiro dia por estas bandas, a terra seguinte
a visitar. Que não fugindo à lógica de cor, de bulício turístico (mas longe
dos anos antecedentes da pandemia), não frustrou o final de uma
caminhada exigente, mas prazerosa, ladeada pela natureza em verde e
encimada por um céu em azul.
7]
7] Para depois terminar na que é considerada a mais fotogénica e
animada. A mais badalada e instagramável. A mais divertida e com
uma oferta de panorâmicas e (re)cantos intimistas que nos fazem cair
em súbito enamoramento. Foram 4 dias bonitos e enriquecedores que
contribuíram para mais um sonho concretizado. Graças à minha filha,
que me acompanhou em mais uma aventura geográfica.
saber abril 2022
29
MARCAS ICÓNICAS
Conta com mais de meio século de história esta
que é a maior cadeia mundial de cafetarias. A
primeira loja Starbucks abriu em 1971 na cidade
norte-americana de Seattle, impulsionada por três
sócios - os professores Jerry Baldwin e Zev Siegel, e o
escritor Gordon Bowkem. Inspirados por Alfred Peet,
fundador da Peet’s Coffee & Tea, abriram a loja na
Pike Place Market onde começaram a vender grãos
de café de alta qualidade e equipamentos – a loja
ainda está aberta mas não no mesmo local em que
foi inaugurada. O nome Starbucks foi inspirado na
personagem Starbuck, do livro Moby Dick e o logotipo
é um entalhe escandinavo do século XVI de uma
sereia com duas caudas. Em 1984, os donos originais
da Starbucks, liderados por Baldwin, compraram
o Peet’s. Em 1987, a cadeia Starbucks foi vendida
à Il Giornale de Schultz, que trocou as marcas do
Il Giornale pelas da Starbucks, o que deu origem à
grande expasão da empresa ao nível internacional.
A Starbucks abriu a sua primeira loja fora de Seattle
em Vancouver, no Canadá. Na atualidade,
a Starbucks conta com mais de 20 mil
lojas em todo o mundo. A empresa abriu
a sua primeira loja em Portugal em
2008, no centro comercial em Alfragide
e a segunda na zona de Belém, e ambas
tornaram-se grandes êxitos. Existem 23
lojas em Portugal, incluindo a Madeira.
Cada loja possui pelo menos dois baristas
altamente formados. As lojas Starbucks
oferecem uma variedade de cafés
coados do modo tradicional, alternados
em intervalos de tempo (geralmente
semanal, dependendo da disponibilidade
dos grãos) para proporcionar aos clientes
uma maneira fácil de experimentar os
diferentes cafés. Serve também uma
gama de bebidas quentes, baseadas
ou não no café expresso. Para manter
o aroma do café, é proibido fumar
em praticamente todas as lojas ou os
funcionários proibidos de trabalhar com perfumes
fortes. A maioria das bebidas consumidas nas lojas da
marca podem ser personalizadas usando por exemplo
leite ou soja, adicionando sabores (ou xaropes),
chantilly e cappuccinos, ou nos copos da marca, em
que o cliente pode imprimir o seu nome ou também
pode escolher um entre quatro tamanhos de copos
para bebidas quentes, ou um entre três tamanhos
para bebidas frias. Uma outra característica é que
os os grãos de café da Starbucks são torrados em
uma dentre quatro unidades de torrefação. Os grãos
torrados são embalados após a torra numa bolsa
com uma válvula que permite aos grãos continuarem
a emitir gases dentro da embalagem sem danificála.
O cliente pode solicitar que o mesmo seja moído
conforme o método de preparação utilizado. Há três
tipos diferentes de torrefação: clara, média ou escura
– quanto mais escura a torrefação, mais forte o sabor
do café. s
Dulcina Branco
Wikipédia - www.starbucks.pt - pixabay
30 saber abril 2022
DECORAÇÃO
Plantas que purificam o ar da casa
As plantas naturais são uma das grandes tendências para
este ano na decoração da casa. Se a ideia é levar plantas
para dentro da casa, há que saber quais são as mais indicadas.
De uma forma geral, as plantas que purificam o ar
são um precioso aliado à saúde e conferem elegância aos ambientes
fechados. Além disso, ter plantas que purificam o ar acaba por
ser uma escolha terapêutica, pois ajudam a minimizar os níveis de
stress e ansiedade e têm o poder de melhorar o humor. O site Habitissimo
lançou um artigo que aborda esta questão de uma forma
prática e útil. As plantas podem ser colocadas em qualquer divisão
da casa e a função é só uma: purificar o ar no interior. As plantas
naturais são uma maneira de reduzir o uso de purificadores de ar,
velas ou ambientadores. Representam um método natural para
equilibrar o nível de humidade, absorver dióxido de carbono ou
substâncias químicas e libertar oxigénio, através da fotossíntese.
Com o ar mais limpo, mantêm-nos afastados de substâncias tóxicas
encontradas em sprays, tintas, inseticidas, e vernizes. A lista
de plantas da Habitíssimo apresenta: Antúrio. Os antúrios são
belas plantas que purificam o ar dos ambientes internos mas que
também se adaptam bem no exterior. Se procura uma planta que
purifique o ar e consiga destacar-se em salas ou quartos pequenos,
os antúrios são a escolha perfeita. Lírio da Paz. Cozinhas e casas de
banho com janelas são espaços adequados para esta planta que é
muito eficaz contra produtos químicos como o formaldeído, identificado
em produtos de limpeza. Espada de São Jorge. Consegue
eliminar compostos orgânicos encontrados em detergentes e em
produtos químicos, habitualmente acumulados em casas de banho
e lavandarias. Esta é das plantas que purificam o ar à noite por produzir
quantidades abundantes de oxigénio durante este período.
Gerbera. Purifica o ar e absorve o xileno de ambientes fechados,
como o quarto de dormir. Há outras plantas que purificam o ar tais
como: dracena de Madagáscar, aloe vera, begónia, cacto, planta-
-aranha, orquídea-borboleta, crisântemo, flor-de-natal, hera-inglesa,
azália, palmeira-bambu...Por último mas não menos importante,
abra as janelas durante 10 minutos durante o dia. s
Dulcina Branco
dci.com, mundon.com
idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2022
saber abril 2022
31
CASUAL CHIC
&
Carmo Gomes
Lifestyle Blogger › Instagram mumlife_bymc
CORES, Q.B.
Malas e Acessórios
madamsissipt
facebook.com/cateept
cate.pt
Agradecimento › Pestana CR7 Hotel
Carolina Rodrigues › naikerodrigues & Manuel Freitas
Sem dúvida, é a época das cores. Todavia,
isto não quer dizer que o corpo
feminino deva tornar-se numa palete
que recebe todas as combinações
que nos chegam através das revistas e das
redes sociais. Para quem não quer apostar
nas sugestões dos grandes estilistas mundiais,
que até nos podem encher os olhos
de alegria, uma solução prática pode ser
a mistura de tons mais neutros (ou pastel)
com tons mais vivos, assim como de texturas
mais simples com outras mais arrojadas.
Outro aspecto a ter em conta é de que as
peças escolhidas devem combinar com o
nosso gosto pessoal e com a nossa personalidade,
pois embora seja verdade que não
são as roupas que nos fazem, não é menos
verdade que as roupas espelham um pouco
de nós. Os combinados aqui apresentados
foram fotografados no ambiente acolhedor
do ‘Pestana CR7 Hotel’, um exemplo fantástico
do que um ‘lifestyle hotel’ deve ser e onde
encontramos uma equipa jovem, dinâmica e
motivada para proporcionar uma experiência
única. As peças escolhidas valorizam a
oferta do comércio local, desta feita na ‘Cátê’
e na ‘Madam Sissi’, onde a cliente beneficia
de uma preocupação constante em evidenciar
a individualidade de cada mulher. Afinal,
quem não gosta de ser mimada?! . s
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saber abril 2022
33
DICAS DE MODA
Lúcia Sousa
Fashion Designer Estilista › 914110291
WWW.luciasousa.com
FACEBOOK › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista
Emilia Santos (4affection Agency)
Maquilhagem › Maria Gambino
Cabeleireiro › Hulli Baxtter
Pedro M.A.Faria › www.pedrofariaphotos.com
Evento › Madeira Flower Collection
BORDADO MADEIRA
Nesta edição, apresento-vos uma peça
de Moda de Autor, estilo Avant-Garde,
uma espécie de “ode” à nossa tradicional
arte de bordar à mão: o Bordado
Madeira. Desenhei esta peça com decote
em “V”, sem costas e que prende na cintura.
O tecido é a seda e o desenho original do bordado
é inspirado em plantas vistas de cima, a
“barrilha”. A acompanhar, uns calções largos
de cor verde. Pequenos detalhes completam o
visual os acessórios também desenhados por
mim. s
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saber abril 2022
35
MAKEOVER
Mary Correia de Carfora
Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup
Um dia com...
Casamento de sonho
Olá gente linda !. Nesta edição, trago-vos uma maravilhosa sessão
de noiva!. Vêm aí os meses mais procurados pelos noivos para
os casamentos e esta opção é uma linda sugestão para compor
aquele momento que se quer ter para sempre. Uma noiva fresca,
descontraída mas igualmente refinada e elegante! Um vestido de uma
coleção “low-cost” da loja Noir Noivas que se adapta a todas as idades e a
todos os estilos. O penteado foi elaborado de acordo com o estilo do vestido
e os acessórios - originais e joviais – complementam o “look” pela diferença.
Há um sem fim de opções para ajudá-la no seu dia especial, à sua
espera, na loja Noir Noivas, no Funchal, onde encontra tudo o que precisa
para o dia que será um dos mais marcantes da sua vida. Todas as noivas
são únicas, as personalidades e rasgos também e, por essa razão, vou ao
encontro do gosto e personalidade da pessoa e tenho tido a sorte de ser
bem sucedida neste trabalho, já que gostam e aceitam as minhas ideias
e sugestões. As minhas noivas são todas especiais - são a minha carta de
apresentação - e é um gosto enorme poder participar num dia que será
certamente o mais feliz das suas vidas. Espero que gostem desta sugestão
para noiva que teve como cenário o incontornável Saccharum Resort&Spa
Hotel que se localiza na linda freguesia do Arco da Calheta.s
Mary de Carfora
Agradecimentos
Loja Noir Noivas Vestido Noir Noivas - Fotografia Mariana Pita - Cabelos/Maquilhagem/Acessórios Mary Carfora
Cenário Saccharum Resort&Spa Hotel
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saber abril 2022
37
FASHION ADVISOR
JORGE LUZ
www.facebook.com/jorgeluz83/
Tendências primavera-verão 2022
O
lá amigas! Chegou a nova estação
e com ela, novas peças e materiais.
Os vestidos esvoaçantes,
cheios de estilo e cor são uma
das grandes tendências desta temporada.
A cor veio para ficar, depois de termos estados
estes dois últimos anos confinados
em nossas casas por casa da pandemia. Os
vestidos e túnicas coloridas, em tecidos leves
e frescos adequam-se a qualquer idade
e a qualquer estilo. Deixo-vos com algumas
sugestões para vestir nesta temporada que
chega cheia de peças lindas e estilosas e que
deixarão as senhoras ainda mais bonitas.
Sejam felizes. s
Jorge Luz Jorge Luz Fernanda Barry
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MOTORES
Novo
Yaris Cross
traz
felicidade!
Nélio Olim
Milton Nóbrega
Combinando um design arrojado com
uma vista espaçosa e imponente sobre
a estrada, o Yaris Cross oferece
a verdadeira atitude SUV. Eletrificado
com a mais avançada tecnologia Full
Hybrid, o novo citadino da Toyota está preparado
para qualquer dia-a-dia, garantindo
sempre estabilidade, potência e aderência.
Destinado aos segmentos A e B, ou seja,
dos pequenos utilitários e citadinos, o Toyota
Yaris Cross chega ao mercado nacional
com cinco níveis de equipamento – Comfort,
Comfort Plus, Exclusive, Square Edition e
Luxury -, mas também com uma edição
especial de lançamento, intitulada Premier
Edition. E que se destaca pela disponibilização
do nível mais recheado de equipamento
e com acabamentos exclusivos. Com a
sua maior distância ao solo e uma posição
de condução mais alta, o compacto Yaris
Cross dá a confiança certa para enfrentar a
rotina agitada da cidade. Desde a sua tecnologia
híbrida ao interior espaçoso e versátil,
o mais recente membro da familia Yaris
chegou para o manter em movimento sem
que deixe nada para trás. Com a tecnologia
avançada Full Hybrid incorporada no Yaris
Cross, a sua condução é muito agradável
em todo o tipo de percursos. O seu sistema
híbrido de auto-carregamento marcam
uma nova era ao nível da performance de
condução e eficiência na sua classe. Ao longo
da viagem, nada poderá tornar menos
agradável a sua condução, já que este modelo
vem recheado de um conjunto de argumentos
que não torna nenhuma viagem
monótona. Nem o trânsito!. Recorde-se que,
o Toyota Yaris Cross tem por base a mesma
plataforma GA-B que serve, igualmente,
as restantes versões do modelo, embora
e neste caso, com uma maior distância ao
solo e posição de condução mais elevada.
Quanto à motorização híbrida, trata-se de
um quatro cilindros 1,5 litros, apoiado por
um motor elétrico, a anunciar uma potência
combinada de 116 cv e consumos de 4,5-5,0
l/100 km, além de emissões de 101-113 g/
km, ao que se junta um sistema de tracção
dianteira ou, opcionalmente, um sistema de
tracção integral inteligente, com dois modos
de funcionamento específicos: Trail e Snow.
Disponível, mas por encomenda, vai estar,
igualmente, uma motorização a gasolina,
traduzida no mesmo 1,5 litros, mas sem ajuda
elétrica e a debitar 125 cv de potência, a
par de um consumo de 5,9 l/100 km. Com o
Toyota Smart Connect, não há motivos para
um dia-a-dia stressado. O novo display toutch
HD de 9 permite aceder ao trânsito em
tempo real, fornecendo informações importantes
da viagem, bem como, a integração
sem fios com o seu smartphone através da
tecnologia Apple CarPlay e Android Auto.
No Yaris Cross, o conforto e o controlo estão
sempre ao seu alcance. Conduzir o Yaris
Cross significa viver uma verdadeira experiência
SUV. Desenhado como nenhum outro
da sua classe, as rodas em liga leve 18“,
as suas linhas inspiradas num diamante e
a sua postura elevada, reforçam as credenciais
de autêntico SUV. O Yaris Cross dá a
confiança que precisa para encarar qualquer
cidade, sempre com a qualidade que a
Toyota nos habituou. Estará o leitor preparado
para esta nova experiência? Claro que
sim, já que falamos duma gama acessível a
partir de 23900 euros na gama hibrida e na
versão confort, enquanto que, a motorização
a gasolina está disponível a partir dos
21500 euros. s
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saber abril 2022
41
agenda cultural
Agenda
Cultural
da Madeira –
abril 2022
SECRETARIA REGIONAL De TURISMO E CULTURA
D.R.
Exposições
“Sistema Circulatório”
Até 7 de abril
Na Galeria Espaçomar - Escola Básica e Secundária
Gonçalves Zarco
Um projeto de Martinho Mendes e David
Oliveira “que procura refletir acerca do papel
da água na modelação da paisagem
cultural da Madeira, reunindo diferentes
representações vinculáveis à sensibilidade
de quem habita, cultiva e projeta neste
território, e que problematizam, também, a
procura pelo equilíbrio entre o ser humano,
a cultura e o lugar.”
“Musealização da Lapinha do Caseiro”
Até 16 de abril
No Museu Etnográfico da Madeira
Exposição
temporária
A Lapinha do Caseiro foi um dos mais célebres
presépios da Ilha. O seu autor Francisco
Ferreira, nasceu na freguesia do Monte, a
11 de outubro de 1848. Herdou o ofício de
42 saber ABRIL 2022
Pixabay [by David Mark / Pixabay]
carpinteiro e a alcunha do seu pai, que era
antigo caseiro do Monte, zelando por terrenos
pertencentes às religiosas do Convento
de Santa Clara. Artista autodidata, cedo começou
a talhar a madeira, esculpindo desde
os 14 anos. Tornou-se santeiro de profissão.
Iniciou o presépio na sua juventude e
nele trabalhou até morrer, em 1931, tinha
então 82 anos. Usava madeira de cedro e
raramente fazia uma figura de uma só vez,
preferindo ter várias entre mãos. Francisco
Ferreira não tinha instrução, era a sua mulher
e, mais tarde, a sua filha que lhe liam
passagens do Antigo e do Novo Testamento.
Assim se inspirava para melhor interpretar
e executar os vários episódios bíblicos que
ia introduzindo no seu Presépio. Em relação
aos pastores, são figuras ingénuas ou caricatas
que retratam a sociedade urbana e
rural madeirense, espelhando lides e ofícios
quotidianos, vivências locais, relacionadas
sobretudo com a freguesia do Monte.
“Don’t Waste Time”
Até 22 de abril
Na Casa da Cultura de Santa Cruz | Quinta
do Revoredo
Da autoria da artista Fedra Espiga
Mostra, com preocupações de alerta e sensibilização
para as questões ambientais. O
tempo deixa de ser abstrato sempre que
uma folha cai. A queda das folhas é um temporizador
permanente. A queda de uma folha
revela o Tempo. É o relógio do Planeta.
Marca os nossos segundos, minutos, horas,
dias, semanas, anos, décadas… Este relógio
é fiel a si próprio com um mecanismo
construído por células em constante mitose,
por isso nunca se atrasa. O relógio do Planeta
nunca se atrasa, ao contrário de nós.
O nosso atraso passou a ser a enfermidade
do Planeta Terra que, a todo o custo e com
elevados prejuízos, tenta restabelecer o seu
equilíbrio, que é o nosso equilíbrio, e que há
muito perdemos. É urgente desperdiçarmos
o nosso tempo na resolução dos problemas
que criámos.
“Impasse número vinte e um”
Até 22 de abril
Na Torre do Capitão - Núcleo Histórico e Museológico
de Santo Amaro
Mostra coletiva que resulta de uma iniciativa
de cooperação entre a Secretaria Regional
de Turismo e Cultura, através da Direção
Regional da Cultura e do MUDAS.Museu de
Arte Contemporânea da Madeira e a Universidade
da Madeira (UMa). Beatriz Henriques,
Cláudia Sousa, José Carlos Pereira, Lícia Ferraz,
Teresa Vieira, Tiago Pinto são os artistas
que integram esta exposição coletiva de ex-
-alunos da UMa. Apresentam obras de de-
senho, escultura, instalação, realizadas com
diversos materiais.
“Os Bettencourt Perestrelo de
Vasconcelos: Uma Família e o seu
Arquivo”
Até 30 de abril
No átrio do Arquivo e Biblioteca da Madeira
Esta exposição apresenta o arquivo da família
Bettencourt Perestrelo de Vasconcelos,
com mais de 300 documentos (séculos XVII
a XX), datados na sua maioria do Antigo Regime
e do Liberalismo e amplifica a informação
sobre os Perestrelos madeirenses. São
também integrados documentos de outros
fundos e instituições, que apontam outros
rumos de pesquisa para a área da Genealogia
e História das Famílias.
“TRINUS”
Até 4 de junho
Galeria do MUDAS.Museu de Arte Contemporânea
da Madeira
De Cláudio Garrudo
Mostra composta por obras de fotografia e
vídeo, com a curadoria de Ana Matos.
“O CIGANO - Fogão de Farelo”
Até 2 de julho
No átrio do Museu Etnográfico da Madeira
Exposição temporária no âmbito do seu
projeto semestral “Acesso às Coleções em
Reserva”
Com o objetivo de proporcionar uma maior
rotatividade das coleções, o museu dá continuidade
ao projeto denominado “Acesso
às Coleções em Reserva”, sendo apresentada,
semestralmente, uma nova temática.
Neste semestre, o museu recuperou e dá
a conhecer, uma técnica secular de cozinhar
os alimentos. A lenha, utilizada para
cozinhar os alimentos, embora abundante
em algumas localidades foi, em tempos
mais remotos, um bem escasso, devido à
sua grande procura e utilização. Para obtê-
-la, era necessário percorrer longas distâncias
nas serras e em lugares inacessíveis.
Foi então que surgiu o cigano, utilizado um
pouco por toda a ilha, uma forma sábia
de aproveitamento do farelo de madeira,
proveniente da laboração das carpintarias
e serragens. Este material, de difícil combustão,
tornava-se combustível, quando
prensado dentro de uma pedra de tufo,
construída para o efeito, ou, mais recentemente,
dentro de um recipiente em folha de
flandres, reutilizando-se as “latas de tinta”.
“Augusto Cabrita – Índia Portuguesa”
Até 16 de julho
No Museu de Fotografia da Madeira - Atelier
Vicente’s
Esta mostra reúne um conjunto de sublimes
imagens da Índia Portuguesa,
captadas em 1960 por Augusto Cabrita
(1923-1993), uma das maiores
referências nacionais da fotografia.
Espólio que nos chega através do filho do
autor, seu homónimo e também fotógrafo.
É exibido na nossa região pela primeira vez.
“DA RAÍZ AO NÚCLEO”
Até 31 de julho
Na Assembleia Legislativa da Madeira
De Teresa Gonçalves Lobo
“Formas Encontradas” e “(Un)Disclosed”
Até 31 de agosto
No MUDAS.Museu de Arte Contemporânea
da Madeira
“Formas Encontradas”, de Sandra Baía com
curadoria de David Barro e “(Un)Disclosed”,
de Julião Sarmento com a curadoria de Benjamin
Weil.
“Museu de Arte Contemporânea: A
Fundação”
Até 31 de outubro
No Museu Quinta das Cruzes
Projeto com organização conjunta do MU-
DAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira
e do Museu da Quinta das Cruzes
Esta mostra marca o arranque das comemorações
do trigésimo aniversário da fundação
do Museu de Arte Contemporânea da Madeira.
“Subaquática”
De 3 de maio até 15 de julho
No Museu de Fotografia da Madeira – Atelier
Vicente’s
Mostra de fotografia subaquática da autoria
de Gonçalo Gomes
Tem como principal objetivo sensibilizar o
público em geral e mobilizar a sociedade
para a conservação da vida marinha. Em
exposição estão fotografias captadas de espécies
várias do fundo do mar, por Gonçalo
Gomes, madeirense que ao longo de há mais
de três décadas tem se dedicado à fotografia
e vídeo subaquáticos. No espaço de exposições
temporárias do MFM-AV estão imagens
captadas não só no mar da Madeira, como
também dos Açores e das Maldivas, assim
como o equipamento que Gonçalo Gomes
utiliza habitualmente nestes mergulhos e
que pesa mais de 20 quilos. Além da mostra
de fotografias, o autor preparou ainda dois
vídeos com imagens subaquáticas que será
exibido de forma contínua na sala multimédia
do Museu. Estes vídeos mostram, por
um lado, a imensa biodiversidade do mar do
arquipélago, revelando espécies com raias,
moreias, meros, badejos ou os lobos-marinhos,
mas também outras menos conhecidos
como lesmas do mar, camarões listrados,
entre outros; o outro vídeo mostra as
cinco espécies que estão mais ameaçadas,
devido ao aumento da poluição marinha ou
da atividade piscatória.
OUTROS EVENTOS
ESPETÁCULO “ECHO”
Dias 1 e 2 de abril
No Auditório do Centro de Congressos do
Casino da Madeira
Bailado de Dança Contemporânea inspirado
na curta metragem “Alike”
Direção e criação artística: Casey Lee Binns
Direção e composição musical: Márcio Faria
Dia 1 | 11h30 (sessões para as escolas)
Dia 2 | 20h30 (público em geral)
Reservas:
937 575 913
caseysdancestudio@gmail.com
ESPETÁCULO “ECOGRAFIA”
Dias 2 e 3 de abril
No Centro Cultural John dos Passos – Ponta
do Sol
Dia 2 de abril | 21h00
Dia 3 de Abril| 17h00
Encenação de Mariça da Silva, com texto e
interpretação de Pedro Araújo Santos.
Uma exibição que pretende levar os espectadores
numa viagem ‘cavalgante’ sobre
múltiplos episódios da vida, com início no
nascimento e um fim...algures.
Reservas:
963 355 528 / reservas@avesso.pt
ESPETÁCULO “Fatum: 10 anos de Fado”
Dia 29 de abril | 21h00
No Teatro Municipal Baltazar Dias
Produção: Académica da Madeira
Pelo Grupo de Fados da Académica da Madeira.
s
saber ABRIL 2022
43
Instantâneo
O mundo veste-se de azul e amarelo
Tal como acontece em diversas cidades, a cidade do Funchal
também tem cidadãos que se manifestam no apoio à Ucrânia.
A imagem refere-se ao momento em que cidadãos ucranianos,
russos e outros participaram numa vigília pela paz em frente à
Sé do Funchal. Na Madeira vivem algumas centenas de pessoas que,
ou nasceram na Ucrânia ou nasceram na Madeira mas têm familiares
no país que foi invadido militarmente pelo regime de Putin. O mundo
não é indiferente à tragédia humanitária que acontece na Ucrânia. s
Dulcina branco
D.B.
44 saber abril 2022
LUGARES DE CÁ
SOCIAL
›
›
Mulheres saíram à rua
no Dia da Mulher
› Escolas de Porto Santo festejaram o Carnaval
› Taskaki Club no Porto Santo organizou noite dedicada ao Carnaval
› Comemorações do Dia Mundial da Proteção Civil na Praça do Povo
› Teatro Municipal Baltazar Dias foi palco das IV Jornadas do Teatro
› Organização do Miss Queen Madeira organizou donativo para a Ucrânia
› Arruada no Dia da Mulher apelou à Igualdade
› Entrega de prémios do concurso do IA Saúde, “A pandemia ainda não acabou”
› Conservatório promoveu sessão de cinema sobre ‘Igualdade de Oportunidades’
› Acordenistas do Conservatório brilham no Festival FoleFest’22
› Museu Atelier Vicente’s exibe “Subaquática”, mostra de fotografia de Gonçalo Mendes
saber abril 2022
45
social
Carnaval nas escolas
de Porto Santo
Devido à situação pandémica, o município de Porto Santo não
organizou o tradicional desfile de carnaval das escolas nas ruas
da cidade. No entanto, foi possível levar a alegria e a folia com
festas que foram animadas pelos palhaços Axé e Fininho, uma
iniciativa do município que decorreu nas escolas do 1.º ciclo. s
DB
Câmara Municipal de Porto Santo (Fábio Brito)
46 saber abril 2022
Carnaval no Taskaki Klub Kafé
É um dos bares mais frequentados de Porto Santo e que, em plena
época de carnaval, abriu portas à animação carnavalesca com
brindes e prémios para os melhores disfarces. Foram muitos os
que se associaram às noites de carnaval no Taskaki Klub Kafé,
espaço este que fica no centro da cidade Vila Baleira. s
DB
Câmara Municipal de Porto Santo (Fábio Brito)
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saber abril 2022
47
social
IV Jornadas do Teatro
A sala de espetáculos do Teatro Municipal
Baltazar Dias foi palco da edição 2022 das
“Jornadas do Teatro”, iniciativa esta que
contou com a participação de importantes
nomes do panorama artístico nacional que
refletiram sobre “Gestão Cultural e o Estatuto
Profissional do Artista”. Foi a quarta
edição deste evento organizado pelo departamento
responsável do Teatro Baltazar
Dias, da Câmara Municipal do Funchal. s
DB
Luís Miguel de Castro
Comemorações
do Dia Mundial
da Proteção Civil
O Dia Mundial da Proteção Civil foi assinalado
na Praça do Povo, no Funchal, com
uma exposição de meios e a realização de
exercícios de salvamento e de resgate. O
Presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque,
entrte outras individualidades,
marcaram presença na abertura desta exposição
que teve a participação de agentes
da proteção civil, bombeiros e outros operacionais
de socorro. s
DB
d.r.
48 saber abril 2022
Donativo para a Ucrânia
A organização Miss Queen Madeira efetuou uma recolha
de alimentos, roupas e bens essenciais, de forma
a efetuar um donativo para o povo da Ucrânia,
que vive um período difícil. Eduardo Jorge Gonçalves,
da organização do Miss Queen Madeira, contou que
“foi convidada Kate Telesheva, natural da Ucrânia a
viver na Madeira, para estar presente com o grupo
das finalistas da edição de 2021 e um pequeno grupo
das inscritas na edição 2022, para falar sobre o momento
que se vive na Ucrânia, o seu país natal. Os donativos
arrecadados foram entregues numa empresa
de transporte da Região para seguirem para Lisboa,
onde a Associação dos Ucranianos em Portugal tem
uma plataforma para coordenar a ajuda disponibilizada
e satisfazer os pedidos de apoio no âmbito da
invasão da Ucrânia, garantindo a entrega pelas vias
existentes em corredores humanitários e fronteiras
seguras. A organização Miss Queen Madeira, que tem
aulas, passeios e atividades aos sábados, voltou a reunir
mais alimentos, roupas, medicamentos e outros
bens essenciais, para reforçar a ajuda solidária ao
povo da Ucrânia”. s
DB
Miss Queen Madeira
Arruada Dia da Mulher
Com palavras de ordem
contra a guerra na Ucrânia,
igualdade e melhores condições
salariais para as mulheres,
a União dos Sindicatos
(USAM) saíu à rua para lembrar
que muitos dos direitos
das mulheres ainda estão
por concretizar. A arruada
partiu da placa central da
Avenida Arriaga em direção
à Assembleia Legislativa Regional
da Madeira onde foi
lida e entregue a resolução
“A igualdade tem de existir
para o país evoluir”. A iniciativa
decorreu no âmbito das
comemorações da Semana
da Igualdade, convocada
pela CGTP-IN. s
DB
Oliberal
saber abril 2022
49
social
Igualdade de oportunidades no Dia da Mulher
O Conservatório – Escola das Artes, promoveu no dia 08 de
março, Dia Mundial da Mulher, uma sessão de cinema dirigida
a alunos dos Cursos Profissionais sobre a ‘Igualdade de Oportunidades’.
Para reflexão sobre este tema foi escolhido o filme
‘O sonho de Wadjda’, que retrata o papel da mulher na Arábia
Saudita, refletindo uma sociedade onde a igualdade de género e
a tolerância religiosa e étnica são diferentes das sociedades ocidentais.
A sessão decorreu no Polo de São Martinho e contou
com a presença de cerca de 40 alunos do secundário. s
DB
Conservatório-Escola das Artes
IA Saúde premiou alunos
O Presidente do Governo Regional da Madeira
presidiu na escola Dr. Horácio Bento de Gouveia à
cerimónia de entrega de prémios aos alunos que
se distinguiram no concurso “A pandemia ainda
não acabou”. O concurso, do IA Saúde, recebeu
239 trabalhos, sendo que, destes, 35 foram selecionados
pelo júri do concurso e deixados à votação
do público. Foram atribuídos três prémios
por cada ciclo de ensino. Miguel Albuquerque lançou
o desafio para um novo concurso nas escolas
e que terá como mote a evolução das tecnologias
e do progresso das empresas tecnológicas madeirenses.
s
DB
Governo Regional da Madeira
50 saber abril 2022
Pódio do FoleFest 2022
com dois acordeonistas
do Conservatório
PUB
Maria Inês Vieira Ornelas e Lucas Ismael Azevedo Faria
arrecadaram dois troféus do 15.º Concurso de Acordeão
do Festival FoleFest ‘2022 que decorreu no Instituto
Superior de Economia e Gestão, em Lisboa. Após um
período de participações e afirmações em concursos
internacionais, realizados à distância devido à situação
pandémica, os jovens músicos madeirenses voltaram a
comprovar as suas qualidades também num formato
presencial. Os alunos do 4º ano do curso do Ensino Artístico
Especializado do Conservatório iniciaram o seu
percurso artístico nos Cursos Livres da instituição. A
responsabilidade pedagógica e artística das participações
foi do professor Slobodan Sarcevic. s
DB
Conservatório
– Escola Profissional das Artes da Madeira
“Subaquática”
O Museu de Fotografia da Madeira – Atelier
Vicente’s tem patente ao público esta mostra
de fotografia da autoria de Gonçalo Mendes.
São fotografias do ambiente marinho captadas
pelo madeirense que ao longo de mais
de três décadas se tem dedicado à fotografia
e vídeo subaquáticos nos mares da Madeira,
Açores e Maldivas; a exposição mostra também
o equipamento que Gonçalo Gomes
utiliza nos mergulhos. São exibidos dois vídeos
com imagens subaquáticas de forma
contínua na sala multimédia do Museu e
que mostram quer a biodiversidade quer
as espécies que estão mais ameaçadas devido
ao aumento da poluição marinha ou da
atividade piscatória. Presente na abertura,
o secretário regional de Turismo e Cultura,
Eduardo Jesus, enalteceu o trabalho que
tem vindo a ser desenvolvido por Gonçalo
Gomes em prol da divulgação e da proteção
da biodiversidade aquática. s
DB
SRTC
saber abril 2022
51
À MESA COM...
As sugestões de
FERNANDO OLIM
A
comida reconfortante entrou no léxico atual. Mas do
que estamos a falar? Na verdade, comida reconfortante
é aquele prato que pensamos em ter à mesa quando
precisamos de nos sentir bem. Alimenta a alma. Está
associado à comida caseira. A canja de galinha caseira, o frango
no forno, um simples gelado de chocolate ou uma sanduiche de
queijo ou fiambre acompanhada de uma chávena de café são
exemplos deste tipo de comida que carrega em si o valor nostálgico
que nos transporta à casa da infância. s
PRODUÇÃO FERNANDO OLIM
DULCINA BRANCO
FERNANDO OLIM
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52 saber abril 2022
entrada
Bandeja Rainha
Esta entrada de queijos é composta por queijo curado
e queijo mozzarela. Acompanhe com pão de casa ou
fatias de pão torrado.
prato
principal
Costeleta de borrego
com legumes salteados
Costeleta de borrego frita selada em manteiga.
Acompanha com legumes salteados em manteiga,
azeite e molho de carne.
sobremesa
Doce de chocolate
Este muffin de chocolate tradicional acompanha
com frutos exóticos como maracujá, fisilis e pêssego
caramelizado. Finalize com creme de amora e baunilha,
coco ralado e chocolate em pó.
saber abril 2022
53
ESTATUTO EDITORIAL
Estatuto Editorial
A Revista Saber Madeira é uma revista mensal
de informação geral que dá, através do texto
e da imagem, uma ampla cobertura dos mais
importantes e significativos acontecimentos
regionais, em todos os domínios de interesse,
não esquecendo temáticas que, embora saindo
do âmbito regional, sejam de interesse geral,
nomeadamente para os conterrâneos espalhados
pelo mundo.
É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente
aos quadros médios e de topo, gestores,
empresários, professores, estudantes, técnicos
superiores, profissionais liberais, comerciantes,
industriais, recursos humanos e marketing.
Identifica-se com os valores da autonomia, da
democracia pluralista e solidária, defendendo
o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder
assumir as suas próprias posições.
Mais do que a mera descrição dos factos, tenta
descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,
antecipando tendências, oportunidades
informativas.
Pauta-se pelo princípio de que os factos e
as opiniões devem ser claramente separadas:
os primeiros são intocáveis e as segundas são
livres.
Como iniciativa privada, tem como objetivo o
lucro, pois só assim assegura a sua independência
editorial e económico-financeira face aos
grupos de pressão.
Através dos seus acionistas, direção, jornalistas
e fotógrafos, rege-se, no exercício da sua
atividade, pelo cumprimento rigoroso das normas
éticas e deontológicas do jornalismo.
A Revista Saber Madeira respeita os princípios
deontológicos da imprensa e a ética profissional,
de modo a não poder prosseguir apenas fins
comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,
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54 saber abril 2022
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