13.04.2022 Views

s299(online)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A Formação Profissional

e o Sucesso Empresarial

Nutrição: Depressão e Peso Corporal

Pedro Fino

O investimento em

obras públicas permitiu

impulsionar todo o sector

da construção civil

Anos

€2,50 | N.º299 | ANO XXIV

mensal abril 2022

5 602930 003431

História do Cinema

no Funchal

Rui e Javier

Idálio Sá

e Carla Camacho

Conversas

com a Saber



sumario

04 ENTREVISTA

A Secretaria Regional de

Equipamentos e Infraestruturas

tem sob a sua tutela um

importante número de obras e

projetos que estão contemplados

no Plano de Recuperação e

Resiliência (PRR). Os desafios do

setor que é um motor económico

nesta entrevista ao secretário

regional Pedro Fino.

22

28

09 Educação

Pré-requisitos para aprender a Ler

e Escrever

10

12

14

Em Análise...

Mais uma trapalhada ocidental

Caprichos de Goes

A Educação não pode ser um luxo

de uma elite – Parte 2

formação Profissional

Formação Profissional, uma chave

para o Sucesso Empresarial

16 Atualidade

“A classe artística no ocidente está

a posicionar-se contra a guerra”

Cantinho da Poesia

17

Chuva de Girassóis

18 Cultura

“Cine Madeira - A História do

Cinema no Funchal”

32 Casual&Chic

Cores, q.b.

34

20 Saúde

O tratamento da incontinência

urinária feminina

21 Nutrição

Depressão e peso corporal

22

24

28

30

Madeira Aves

Andorinha-do-mar-árctica

e Pardela-sombria

Conversas com a Saber

O casal Idálio Sá e Carla Camacho

Viajar com Saber

Cinque Terre, no Golfo de Génova

Marcas Icónicas

Starbucks

31 Decoração

Plantas naturais, um essencial

no interior da casa

Dicas de Moda

Bordado Madeira

36 Makeover

Casamento de sonho

38

Fashion Advisor

Tendências primavera-verão 2022

40 Motores

O novo Yaris Cross

42

Agenda Cultural

Abril

44 Instantâneo

O mundo veste-se de azul e amarelo

45 Social

52

54

À mesa com... Fernando Olim

Estatuto Editorial

A Saber Madeira errou:

Saber Madeira 298, página 36 da rubrica Dicas de

Moda, onde se lê: Fotos: Pedro M.A.Faria, leia-se:

Fotos: Pedro Miranda.

saber abril 2022

3


ENTREVISTA

Pedro Fino

O setor das obras públicas, assim como

a construção civil privada, são dos mais

importantes motores da economia,

contemplando grandes e avultados

investimentos e empregando um grande

número de trabalhadores. Na Madeira,

a Secretaria Regional de Equipamentos e

Infraestruturas (SREI) tem sob a sua tutela um

importante número de obras e, até 2026, um

desafiante Plano de Recuperação e Resiliência

(PRR). À frente desta Secretaria Regional está

o engenheiro civil Pedro Fino, com o qual

conversámos no edifício da SREI, situado no

Campo da Barca, no Funchal, sobre o setor das

obras públicas nas suas diversas variantes,

projetos e perspetivas para o futuro.

Pedro Fino trabalhou no setor privado da

construção civil na Madeira durante 15 anos.

Entre 2002 e 2017, trabalhou numa grande

empresa do setor. Em 2017, ingressou no

conselho de administração da Investimentos

Habitacionais da Madeira (IHM). Em 2019, foi

convidado para assumir a pasta da SREI no

XIII Governo Regional da Madeira. Pedro Fino,

casado e pai de dois filhos, nasceu no Funchal

há 43 anos. Formou-se no Instituto Superior

Técnico em Engenharia Civil. Tem uma Pós-

Graduação do curso de Mestrado em Construção

de Edifícios, da Faculdade de Engenharia e

Universidade do Porto, e uma Pós-Graduação

do curso de Mestrado em Gestão Executiva para

Engenheiros, do ISCTE.

Dulcina Branco

D.R.

4 saber abril 2022


Tivemos mais de 40

anos em que passámos

de uma das regiões mais

atrasadas para uma

das mais desenvolvidas

a nível nacional

O que faz e que tipo de trabalho tem sob

a sua tutela na SREI, de uma forma geral?

- A SREI promove as obras públicas do Governo

Regional em várias áreas de atuação,

nomeadamente nos equipamentos sociais,

nas obras de reabilitação, educação e saúde,

na prevenção e mitigação de riscos naturais,

na reabilitação urbana, nas Estradas Regionais

e infraestruturas públicas. Desde outubro

do ano passado, para além das Sociedades

de Desenvolvimento, também estão sob

a nossa tutela a Habitação e a Empresa de

Eletricidade da Madeira (EEM).

Secretaria esta que assumiu como um

novo desafio na sua carreira profissional.

É engenheiro civil, veio do setor privado...

- Fui convidado pelo Sr. Presidente do Governo

Regional para integrar o XIII Governo,

com a pasta da SREI, e abracei o desafio com

toda a dedicação. Trabalhei 15 anos no setor

privado e, neste momento, é um desafio

muito gratificante poder servir a causa pública.

Tenho o privilégio de poder fazer isso

neste cargo e dá-me gosto, sem dúvida. É

uma grande responsabilidade, mas com trabalho

e dedicação tudo se consegue.

O seu dia de trabalho começa cedo...

- Sim. Começo a trabalhar cedo no gabinete

e geralmente acabo tarde. Tento acabar

tarde de modo a não levar trabalho para

casa. Levo por vezes apenas preocupação.

Sou casado e pai de dois filhos, sempre trabalhei

muito e, neste cargo, não é diferente.

Sinto-me enquadrado na função, pois é a

minha área e estou familiarizado com todas

as questões da Secretaria. A única coisa que

me fazia confusão quando aqui entrei, em

2019, era o mediatismo do cargo – sempre

fui muito reservado e ainda o sou –, mas

descobri que não tinha de ser outra pessoa.

O aspeto do mediatismo foi desafiante no

início, mas acho que consegui ultrapassar e

sou a mesma pessoa de sempre. O mais importante

é que a população fique bem servida

e satisfeita com o nosso trabalho.

Está aí o Plano de Recuperação e Resiliência

para cumprir até 2026. Como é que vai

ser executado?

- É um desafio enorme cumprir o PRR num

curto espaço de tempo. O PRR prevê para a

SREI uma verba muito avultada para a Habitação

– é o setor que leva a maior fatia de

dinheiro, no que diz respeito à nossa Secretaria.

São 136 milhões de euros que irão ser

aplicados de duas formas: aquisição de habitação,

quer através da iniciativa privada,

quer através das empreitadas de obras públicas.

Atendendo ao curto espaço de tempo

de execução das obras, temos de atuar

destas duas formas. Por iniciativa privada,

conseguimos sinergias importantes com os

promotores de construção, com as câmaras

municipais e com o Governo Regional.

Com estas sinergias iremos atingir os objetivos

que nos propusemos. Relativamente

às empreitadas das obras públicas, iremos

aproveitar os terrenos da IHM para construir

habitações em locais como São Gonçalo

e outros. Estamos a dar passos concretos

para a concretização do PRR. Em março, foi a

resolução do Conselho do Governo, a mandatar

a IHM para manifestar a intenção para

a aquisição de 286 habitações construídas

por iniciativa privada, cumprindo os requisitos

de construção de habitações a custos

controlados e as características previstas no

PRR. Já lançámos também o primeiro concurso

de empreitada de obra pública para a

construção de 54 habitações em São Gonçalo.

O objetivo principal é tornar a habitação

mais acessível, quer para os casais jovens

que estão a iniciar a sua vida e que não têm

capacidade para ir ao mercado privado de

arrendamento e de aquisição, quer para a

classe média e as classes mais vulneráveis.

O PRR também prevê uma verba avultada

de investimentos da EEM. Investimentos inseridos

no eixo da transição climática. São

69 Milhões de Euros que estão previstos.

Os objetivos dos projetos estão orientados

para a produção de energia com base em

fontes renováveis, reforço da fonte hídrica,

armazenamento de energia através de sistemas

de baterias e o desenvolvimento de

redes inteligentes.

Quais são as obras determinantes para o

futuro da Madeira?

- É incontornável falar da obra do Hospital

Central e Universitário da Madeira que,

pela sua dimensão, por envolver uma área

tão sensível como a saúde e por ser estruturante

para o futuro da Madeira e dos madeirenses,

é, de facto, a ‘obra do século’ na

Madeira.

É a última grande obra na Madeira?

- Não posso afirmar isso. O trabalho não

se esgota nesta obra, pretendemos e pretenderemos

sempre continuar a satisfazer

as necessidades prementes da população.

Essas necessidades são dinâmicas e poderá

haver obras no futuro também muito

importantes. Todavia, neste momento, por

ser uma infraestrutura de saúde modelar

e pela sua dimensão, é uma obra muito

importante. Neste momento, em termos

de edifício, é a maior obra do país. Apesar

do contexto pandémico que a todos afetou

nestes últimos dois anos e a indefinição que

ainda existe do financiamento por parte do

Estado português, conseguimos dar início a

esta importante obra, o que é de realçar e

deve-se ao trabalho e empenho do Governo

Regional e ainda de uma vasta equipa da

SREI que muito se empenhou. Desta forma,

saber abril 2022

5


pudemos dar início a esta importante obra.

Aliás, de uma forma geral e não só neste

projeto, enalteço o trabalho e o empenho

de todos os profissionais da SREI, pois foram

e têm sido incansáveis no trabalho diário e

com os quais tenho a maior honra e prazer

em trabalhar.

Voltando à obra do Hospital, a obra decorre

a bom ritmo. Contamos iniciar a fase de

estrutura de betão armado ainda este ano

[em agosto ou setembro]. A obra deverá

estar concluída em 2027. Outras obras determinantes

para o futuro da Madeira e dos

madeirenses, na área da Saúde, são, por

exemplo, a reabilitação do Centro de Saúde

do Arco da Calheta e a reabilitação do Bloco

Operatório dos Hospitais Dr. Nélio Mendonça

e a Reabilitação do Hospital dos Marmeleiros.

Na Habitação, desde o ano passado

que a SREI passou a tutelar esta área, que

acarreta um desafio gigantesco, pois é pública

a dificuldade atual de os jovens e a classe

média não conseguirem aceder a uma habitação.

É uma área prioritária, pois a habitação

representa uma necessidade e um

direito fundamental. Muito foi feito nestes

últimos 40 anos na área da habitação com

fins sociais na Madeira. Passámos das regiões

mais atrasadas para a Região com melhores

indicadores. Dados do INE de 2015

indicam que a taxa de cobertura de habitação

com fins sociais na Região, por cada cem

mil habitantes, é o dobro [4,2%] do todo nacional

[2,3%]. Estes números demonstram

Nestes dois anos,

a economia não

parou, muito devido

à corajosa política

do Governo Regional

em continuar com

os investimentos

programados

muito bem o trabalho que os sucessivos

Governos Regionais fizeram nestas últimas

décadas. Esse trabalho é para continuar. O

PRR tem uma verba muito avultada para a

Habitação: 136 milhões de euros, em que

128,4 milhões são para a construção e aquisição

de habitações, 6 milhões para a reabilitação

energética de habitações próprias e

permanentes e 1,6 milhões para tecnologias

de informação ligadas à Habitação. É um

desafio grande porque temos este volume

enorme de investimento previsto no PRR,

mas também temos que manter todos os

outros programas de apoio da IHM, como

a reabilitação do parque habitacional, ou

a atribuição de apoios complementares da

habitação (apoio a desempregados, apoio à

renda, entre outros).

Os investimentos realizados e os que estão

previstos na Habitação têm correspondido

às necessidades da população?

- O parque habitacional madeirense é vasto

e houve um período largo em que não

houve construção de habitações, quer no

sector privado como público. O que se verifica

atualmente é que há uma pressão forte,

tanto a nível do mercado de aquisição e o de

arrendamento, o que faz com que os preços

estejam proibitivos para a classe média e

para as classes menos favorecidas. São preços

muito elevados e a classe média e os casais

jovens têm dificuldade no acesso a uma

habitação, pelo que nos compete arranjar

soluções para que as pessoas consigam aceder

a uma habitação condigna. É importante

enaltecer a capacidade do Governo Regional,

pois conseguiu em boa hora alocar uma

verba significativa, para este sector, no PRR.

A sua Secretaria contempla ainda o investimento

para a prevenção e mitigação de

riscos naturais. Fale-nos desta vertente.

- A prevenção e mitigação de riscos naturais

é um trabalho fundamental numa ilha de

orografia acidentada e esta caraterística faz

com que a Madeira seja suscetível aos riscos

naturais, nomeadamente aluviões, incêndios,

derrocadas e galgamentos costeiros.

Estes fenómenos são cada vez mais evidentes

devido aos efeitos das alterações climáticas.

A procura de soluções para reduzir o

impacto destes riscos é um trabalho em que

esta Secretaria Regional está a atuar através

de vários investimentos, como a consolidação

de taludes sobranceiros às Estradas

Regionais e a canalização das ribeiras, bem

como na conservação e manutenção das linhas

de água. O LREC, também tutelado por

esta Secretaria, tem um grande trabalho na

investigação. Por exemplo, encontra-se em

fase de desenvolvimento o Sistema Integrado

e de Monitorização de Riscos Naturais,

que constitui uma ferramenta fundamental

para detetar incêndios florestais e antecipar

a probabilidade da ocorrência de uma aluvião.

Os sismos não estão contemplados em

termos de investimento nesta ferramenta

de prevenção e monitorização?

- Tivemos dois sismos recentes na Madeira,

mas a Região não é uma zona que tenha um

risco sísmico assinalável, contrariamente,

por exemplo, aos Açores ou a Lisboa. No entanto,

os edifícios e infraestruturas públicas

que foram construídos, aqui na Madeira, tiveram

em consideração, na elaboração do

seu projeto de estabilidade, as ações sísmicas

definidas pela legislação em vigor.

A Região está hoje melhor preparada

para enfrentar um fenómeno natural

como aquele que atingiu a Madeira em

2010?

- Sim, sem dúvida, mas refira-se que este

trabalho de prevenção e mitigação de riscos

naturais é um trabalho contínuo. Ouve-se

dizer ‘quando é que as obras do 20 de fevereiro

terminam?’. As obras do 20 de fevereiro

já terminaram. A reconstrução do 20 de

fevereiro já terminou e, neste momento, estamos

a preparar-nos para uma futura ocorrência,

trabalho este que é interminável. As

aluviões, a queda de pedras nos taludes são

riscos naturais e temos de viver com esta

realidade devido à orografia da ilha. A nossa

orografia desafia sempre a Engenharia Civil

a encontrar soluções adequadas para mitigar

os riscos naturais, é isto que estamos a

fazer e iremos continuar a fazer para minimizar

o impacto das aluviões. A Engenharia

é, de facto, uma área fundamental de trabalho

aqui na Madeira.

A dependência energética é uma questão

na ordem do dia da agenda mundial. As

infraestruturas e equipamentos que a

Madeira dispõe atualmente estão a corresponder

às necessidades?

- Estamos a viver tempos conturbados, em

6 saber abril 2022


que os preços do petróleo e do gás estão

a subir para valores muito elevados. O objetivo

do Governo Regional nesta matéria

é reduzir a dependência dos combustíveis

fósseis na produção da energia elétrica.

Este é um caminho que tem vindo a ser seguido

pelo Governo Regional na produção

de energia, mas também na implementação

das medidas que reduzam o consumo

energético nos equipamentos e infraestruturas

públicas. Há duas formas de reduzir a

dependência do consumo de combustíveis

fósseis: 1) atuando na produção, que são

investimentos da EEM, com a introdução de

energias renováveis na produção de energia

elétrica e 2) atuando na redução do consumo,

implementando medidas de eficiência

energética nas infraestruturas públicas e

parque habitacional público. Dou alguns

exemplos: No parque habitacional público

estamos a iniciar intervenções de reabilitação

nos bairros, implementando medidas de

eficiência energética, garantindo poupanças

energéticas para os nossos inquilinos e conforto.

Estamos também a implementar em

algumas infraestruturas públicas soluções

energeticamente eficientes. Na produção,

a introdução de energia produzida pelas

fontes renováveis, de que são exemplos a

Barragem do Pico da Urze, a Central Hidroelétrica

da Calheta, a Central de Baterias, que

está a ser executada nos Socorridos, a montagem

de parques eólicos, entre outros. No

Porto Santo, concluímos a Central de Baterias

de 4 MWh e está em concurso a Central

de Baterias de 6 MWh, que vai permitir estabilizar

a rede, porque as energias renováveis

são intermitentes, mas também irá permitir

a introdução de mais energias renováveis

na produção de energia elétrica no Porto

Santo. Os investimentos previstos a nível do

PRR na EEM representam investimentos de

69 milhões de euros na transição climática

e irão ser todos promovidos pela EEM, investimentos

estes que preveem o aumento

da capacidade de produção de energia com

base na fonte hídrica, a remodelação integral

da Central Hidroelétrica da Serra D’Água

e da Calheta, o sistema de baterias, como

reforço da capacidade de produção de eletricidade

através das fontes renováveis e o

desenvolvimento de redes inteligentes, que

são os contadores inteligentes. O contador

inteligente permitirá ao consumidor, através

da aplicação associada a uma rede de

telecomunicações, visualizar no telemóvel

a conta da eletricidade. Os contadores vão

permitir uma melhor gestão do consumo

energético por parte do consumidor. Os

contadores já foram instalados no Porto

Santo e na Madeira serão instalados cerca

de 130 mil contadores. Relativamente às tarifas

de eletricidade, recordo que a EEM está

no mercado regulado. Os valores a aplicar

aos consumidores são definidos pela ERSE.

Por isso mesmo não esperamos grandes

variações nos valores a cobrar aos consumidores.

É importante congratularmo-nos

e lembrar a boa opção que foi tomada pelo

Governo Regional há uns anos, ao ter aderido

ao mercado regulado, pois é o garante da

estabilidade dos preços e consegue atenuar

os picos nos preços dos combustíveis.

Quando olha para o que existe ao nível

de equipamentos e de infraestruturas na

Madeira, que balanço é que faz?

- A Madeira encontra-se muito bem infraestruturada.

Tivemos mais de 40 anos em que

passámos de uma das regiões mais atrasadas

para uma das mais desenvolvidas a nível

nacional. A visão estratégica e a capacidade

de execução dos sucessivos Governos Regionais,

desde o início do processo autonómico

até aos dias de hoje, foi de facto notável.

Porém, não podemos dizer que esse

trabalho está concluído. Vão existir sempre

necessidades da população que são preciso

atender. Temos que apostar na reabilitação

das infraestruturas, mas também na prevenção

e mitigação de riscos naturais, que cada

vez são mais prementes. Temos várias obras

previstas nas ribeiras e Estradas Regionais

e também de apostar na investigação das

aluviões e, portanto, há uma panóplia de

trabalhos que são determinantes para o futuro

pelo que, nestes cargos, há que atender

sempre às necessidades específicas da

população e esse trabalho nunca se esgota.

Gostaria de realçar o trabalho que foi feito

pelo Governo Regional no período da pandemia,

em todas as áreas governativas, foram

implementadas medidas fundamentais

para a contenção da pandemia na saúde e

na educação, mas não se travou o investimento

público. Isto é de louvar. Nestes dois

anos, a economia não parou, muito devido

à corajosa política do Governo Regional em

continuar com os investimentos programados

para esta legislatura. Iniciámos todos

os investimentos previstos no Programa do

Governo. O investimento em obras públicas

permitiu impulsionar todo o setor da construção

civil, o qual apresenta uma forte dinâmica

e contribui decisivamente para a dinamização

da economia. E realça um facto,

que por vezes é desconsiderado por alguns,

também se apoia o sector privado investindo

no sector público.

A habitação é uma necessidade, assim

como os centros de saúde e escolas.

Como é que a sua Secretaria atua ao nível

das necessidades do parque escolar?

- Foi uma grande obra dotar todos os concelhos

e freguesias da Região de escolas.

Temos um parque de infraestruturas muito

Também se apoia

o sector privado

investindo no sector

público

saber abril 2022

7


grande e há sempre necessidade de acudir

a situações pontuais e priorizar outras, mas

estamos a fazer investimento na reabilitação

e todas as que necessitem terão obras

de reabilitação. Intervimos há pouco tempo

na Escola Secundária Jaime Moniz e outras

estão a ser intervencionadas. Estivemos, até

2010, muito vocacionados em garantir que

todos os concelhos tivessem uma escola.

Houve um foco muito grande na construção

nova e, nos últimos anos, começou-se,

de facto, a direcionar o investimento mais

na reabilitação. Temos um parque habitacional

e escolar vasto e temos muitas reabilitações

para fazer. No Liceu Jaime Moniz

tivemos uma reabilitação recente, no anexo

onde havia infiltrações, na Francisco Franco

a reabilitação da cobertura do pavilhão. Vamos

lançar concurso para a reabilitação da

Escola Dr. Ângelo Augusto da Silva, que irá

ser reabilitada integralmente em duas fases:

a primeira, para transformar a piscina

num pavilhão multiusos e depois estender a

reabilitação por toda a escola. Terminámos

ainda a reabilitação da Escola do Estreito

de Câmara de Lobos, a Escola da Ladeira e

dos Lamaceiros irão ser alvo de reabilitação.

Reabilitámos igualmente a Escola do Porto

da Cruz, construímos a Escola da Ribeira

Brava, terminámos a Escola do Porto Santo,

entre muitas outras intervenções.

Como é que olha para as necessidades do

setor da construção civil no que diz respeito

à mão de obra?

- Lembro que a SREI não representa o setor

da construção civil, mas tenho todo o gosto

em dar a minha opinião. Faço-o até pois tenho

experiência no setor privado e público.

Neste momento, o setor da construção civil

está com muita dinâmica e o dinamismo é

tal que até há carências de mão de obra.

Estamos num ciclo de recrutamento de novos

quadros e gosto de olhar sempre para o

lado positivo desta questão. A situação presente

é muito diferente de há 10 anos, em

que quase diariamente se assistia ao despedimento

de trabalhadores na construção

civil. É certo que a falta de mão de obra é um

problema que está a afetar alguns prazos

de conclusão de algumas obras, mas este

cenário é uma demonstração inequívoca

de que se está a iniciar a recuperação económica

– ou já se iniciou - porque a falta de

mão de obra já vem de alguns meses. Nesta

fase é natural que as empresas tenham

de reajustar os recursos de mão de obra e

de equipamentos, face ao trabalho que têm

no momento e ao que se perspetiva para o

futuro. Isto é normal numa fase de recuperação

económica. Neste momento, temos

um ciclo em que as empresas terão de reajustar

o trabalho aos recursos que necessitam,

reajustamento esse que irá ser feito de

forma gradual do ponto de vista da mão de

obra. Encaro, por isso, esta problemática da

mão de obra com normalidade. Mas constato,

infelizmente, que o setor da construção

civil é um setor muito atingido por picos e

decréscimos acentuados de investimento.

Considero até que a grande falha no PRR é

essa: o ter de executar muito investimento

em muito pouco tempo, o que não é bom

para quem quer contratar, mas também

para quem é trabalhador. Quando existem

muitos picos de investimento é sempre

complicado e todos os setores económicos

precisam de alguma estabilidade e sustentabilidade.

Faço esta crítica ao PRR, mas naturalmente

estamos a trabalhar para cumprir

os prazos. A Região sempre foi cumpridora

destas metas e irá sê-lo, mas acho que poderia

ser mais espaçado no tempo para garantir

alguma estabilidade no investimento

e no sector.

Como é que se concilia engenharia e sustentabilidade?

- Com a subida das matérias-primas, não tenho

dúvidas de que o caminho é conseguir

sermos sustentáveis, apostar na economia

circular. O novo hospital é um bom exemplo.

Estamos a proceder às escavações e

está a haver a reutilização de muitos materiais

que estão a ser extraídos da obra. Porém,

é sim um dos grandes desafios deste

setor, a introdução de novos materiais na

construção que garantam sustentabilidade

e permitam minimizar o impacto da falta

de mão de obra e a subida dos preços das

matérias-primas. A adoção de práticas mais

sustentáveis nos novos projetos é o desafio

futuro no setor da construção civil, sem dúvida

alguma. A inovação tecnológica, a digitalização,

a descarbonização da economia e

a economia circular são medidas no combate

às alterações climáticas e garantem também

a sustentabilidade a este setor.

A guerra na Ucrânia de que forma está

a interferir no setor e na economia, em

geral?

- Na pandemia verificou-se já a inflação de

preços e a falta de mão de obra. Neste momento,

a situação agravou-se. No preço de

energia, haverá ligeiros aumentos, porque

estamos num mercado regulado. Mas esta

crise só reforça a política regional dos últimos

anos, de cada vez mais depender menos

dos combustíveis fósseis. No que diz

respeito às matérias-primas e bens de consumo,

iremos ser afetados, tal como todos

os outros. A guerra na Ucrânia veio agravar

os custos das obras, mas, para mim, mais

preocupante do que a mão de obra é a inflação

do preço das matérias-primas, que se

agravou na fase de pandemia e ficou ainda

mais visível agora com esta guerra. É um

problema que afetará o valor das obras, que

ficarão naturalmente mais caras. É incontornável

não se refletir no valor das obras.

Aliás, isto já se verifica no preço do ferro,

que tem batido valores recorde.

Do seu ponto de vista de engenheiro civil,

como é que se recupera um país devastado

pela guerra?

- Em primeiro lugar, quero deixar uma palavra

de solidariedade para com o povo ucraniano.

Falamos destas crises económicas,

mas a maior crise que está a acontecer é

humanitária. Há mais de 90 mil milhões de

estragos provocados. A guerra tem de parar

rapidamente. O povo ucraniano e o povo

russo não merecem o que está a acontecer

pela atitude irrefletida de um líder autocrático.

Temos de estar solidários para com o

povo ucraniano. É injustificável a atitude de

um só homem que põe em causa o bem-

-estar e a segurança mundial.

Disse atrás que a Engenharia Civil tem futuro

na Madeira. O que é que o levou para

esta área?

- Fui muito pragmático na minha decisão de

ser engenheiro civil. Sempre gostei de matemáticas

e Física e da área de Engenharia

Civil e o maior conselho que dou, do ponto

de vista pessoal, aos mais jovens é que não

usem só o coração e usem também a razão,

na escolha da profissão. É importante que

os jovens escolham um curso que gostem,

mas que tenha saída profissional. A Engenharia

Civil tem muita saída profissional na

Madeira. É escolher tendo em conta o que

o mercado de trabalho tem para oferecer.

Convém ter uma perspetiva de futuro e não

escolher a profissão só com o coração. No

meu caso, sempre gostei de Engenharia Civil,

mas também gostava de outras áreas

como a Medicina. A minha escolha recaiu

pela área de Engenharia Civil por ser uma

área abrangente. É um curso que permite

diversas saídas profissionais, não só construção

civil, mas também nos gabinetes de

projetos, no planeamento, nas infraestruturas

de transporte, no abastecimento de

água, na reabilitação urbana, entre outras.

Há também muitos engenheiros civis que

enveredaram pela carreira de gestão, portanto,

é uma área muito boa e com saída

profissional.

Temos bons engenheiros madeirenses?

- Com certeza. Na crise de 2010 exportámos

conhecimento para todas as partes do mundo,

muitos engenheiros saíram da Madeira

para Angola, Europa, Estados Unidos... Temos

excelentes profissionais, sem dúvida.s

8 saber abril 2022


EDUCAÇÃO

Tânia Fernandes

Tânia Fernandes

Docente de Educação Especial

Pré-Requisitos

para Aprender

a LER e ESCREVER

São muitas as dúvidas face aos pré-requisitos

necessários para uma criança

aprender a LER e ESCREVER. Antes

de uma criança ingressar ao 1.º ciclo é

fundamental que desenvolva um conjunto de

competências basilares para a futura aquisição

da leitura e da escrita. A maturidade percetiva,

a memória a curto e a longo prazo, as noções

de esquema corporal e de orientação espaciotemporal

são algumas das competências a

ter em conta. Para além destas é essencial um

bom domínio da linguagem oral e possuir uma

diversidade de vocabulário. Quanto maior for

o campo lexical de uma criança maior facilidade

terá aquando da leitura e na construção

da ideia mental, pois o conhecimento lexical

sustenta a descoberta da forma fonológica

das palavras escritas, o que se repercutirá em

termos futuros no ensino formal. Conhecer

um vasto número de palavras e os seus significados

são fulcrais tanto para a descodificação,

como para a compreensão. A falta de vocabulário

tem um efeito cumulativo ao longo da

escolaridade, dado que o vocabulário interfere

na compreensão oral e consequentemente na

compreensão da leitura e da escrita. Se uma

criança revela dificuldades em termos de compreensão

oral, como poderá a posteriori compreender

o que lê?. A criança deverá ser capaz

de descrever acontecimentos, ações, filmes e

recontar sequencialmente uma história. Para

isso, é imperioso incentivá-la para o reconto de

histórias sobre o que ouviu ler, questionando-a

e levando-a a realizar inferências e extrair informações.

Também o domínio da consciência

fonológica é imprescindível para a aprendizagem

do sistema alfabético, sendo um forte preditor

no sucesso escolar na leitura e na escrita.

Quando a criança não identifica corretamente

os sons da fala, reproduzirá essas imprecisões

na escrita e poderá ainda apresentar lacunas

na leitura. Antes da aprendizagem do código

alfabético, a criança deve perceber que os sons

associados às letras são os mesmos sons produzidos

na fala. Se a criança perceber que as

palavras podem ser divididas em fonemas e

que estes podem ser combinados formando

palavras, podem estabelecer a relação biunívoca

grafema/ fonema para tentar ler e construir

palavras. Outro pré-requisito para a aprendizagem

da leitura e da escrita prende-se com a

habilidade motora. É importante que a criança

comece a escrever, efetuando corretamente

a coordenação óculo-manual (olho/mão) para

conseguir controlar as ferramentas de escrita

(lápis canetas), sendo necessária uma atenção

redobrada do adulto para realizar as correções

e os ajustes mais adequados aquando

do manuseio destes materiais. A identificação

das letras é outra competência a ter em conta

nas atividades de pré-leitura e de pré-escrita.

A criança deve reconhecer que as palavras

são formadas a partir de vários grafemas com

diversos formatos (maiúsculas, minúsculas,

manuscrito e imprensa), posições gráficas e

tamanhos diferentes (grandes, médias, pequenas)

(Viana, 2009), o que irá facilitar a distinguir

as letras dos números. Assim sendo, os pais

devem ajudar os seus educandos a identificar

o nome das letras e os respetivos sons. A

motivação para querer aprender a ler e a escrever

é outra competência que uma criança

deve possuir antes de ingressar ao 1.º ano de

escolaridade. Quando a desmotivação impera,

a aprendizagem da leitura e da escrita tornam-

-se mais custosas e morosas. Todos estes pré-

-requisitos são os alicerces para a proficiência

leitora e escrita e facilitam grandemente todo

o desenvolvimento académico de uma criança.

Quando há défices nestas habilidades de

pré-leitura e de pré-escrita, a criança incorre

o risco de apresentar grandes dificuldades na

aprendizagem, levando, no futuro, ao aparecimento

das Dificuldades de Aprendizagem Específicas:

dislexia, disortografia. Como forma

de prevenção de futuras dificuldades é urgente

avaliar as competências de pré-leitura e pré-escrita,

cruciais para a iniciação da aprendizagem

formal e facilitar o processo de decisão acerca

da entrada no 1.º ciclo. É de capital importância

identificar o estádio de desenvolvimento da

criança em termos destes pré-requisitos mais

concretamente das crianças com 5 e 6 anos de

idade a frequentar o último ano de Educação

Pré-escolar. A equipa educativa é a primeira

a fornecer informações acerca do desenvolvimento

da criança e sempre que necessário

os pais podem recorrer a terapeutas da fala e

psicólogos para fazer o despiste. Estes últimos

profissionais poderão realizar uma avaliação

completa, aplicando a Bateria de Avaliação de

Competências iniciais para a Leitura e Escrita e

perceber em que patamar se encontra a criança

em termos destes pré-requisitos. s

saber abril 2022

9


em análise...

Francisco Gomes

Analista político

Mais uma

trapalhada

ocidental

Já vimos este filme. Não acaba

bem. E quem sofre não são os

tais senhores e as senhoras

que produzem inócuas

declarações que enchem os

telejornais. Quem sofre são

aqueles que ficaram presos nos

abrigos subterrâneos de Kiev,

que fugiram da sua terra com a

sua vida dentro de uma mala,

que viram as suas famílias

quebradas, que viram os seus

mais queridos serem mortos.

Carolina rodrigues

Antes de tudo o mais, tem de ficar

bem claro que não há nada – nenhum

interesse estratégico, nenhum

objectivo financeiro, nenhuma

contenta histórica e nenhuma disputa

territorial – que justifique uma guerra. A

guerra é a negação da inteligência e da capacidade

de diálogo que nos definem como

seres humanos, e, como tal, é a rejeição da

nossa própria humanidade e a sua substituição

pelos instintos da sobrevivência e da

violência, que, na realidade, não nos levam

a lado nenhum e são geradores apenas de

mais violência, animosidade e destruição.

Dito isto, e apesar de todo o coro de condenação

pública gerado pela comunicação

social e pelas redes sociais em torno do

governo russo, o qual, sem dúvida, merece

uma boa dose de reprovação pelo conflito

gerado na Ucrânia, é justo e importante que

se ponha nos pratos da balança o que foi

a conduta dos governos europeus e americanos

em todo este processo, pois carregam

uma impagável e grande da culpa pelo

drama humanitário vivido naquela zona do

globo. Aquando o colapso da União Soviética,

no início dos anos noventa, o Ocidente,

liderado pelo governo americano, assumiu

vários compromissos com a liderança soviética,

já em fase de clara decadência. Entre

esses compromissos estavam o de respeitar

a posição geopolítica da futura Federação

Russa e o de não agravar as tesões militares

entre os blocos russo e ocidental. Na mesma

altura, ficou acertado que os canais políticos

através dos quais estes dois pontos seriam

prosseguidos seria a redução significativa

do arsenal nuclear acumulado pelos EUA e

pela Rússia (algo que tem vindo a ser feito) e

a não-expansão da aliança NATO para as zonas

fronteiriças da Federação Russa. Como

é hoje claro, este segundo compromisso –

assumido, se não na letra, então no espírito

– foi feito tábua-rasa por europeus e americanos,

como demonstrado pela entrada na

NATO de várias repúblicas que previamente

10 saber abril 2022


oliberal.com

integravam o bloco soviético, incluindo a

Estónia e a Letónia, que fazem fronteira, a

leste, com o estado russo. Neste contexto,

a intenção de integrar a Ucrânia na aliança

militar ocidental foi a gota de água que fez

transbordar um copo que há muito tinha

vindo a ser, sem necessidade, preenchido.

Mais do que a riqueza agrícola e mineral daquele

país, que tem a capacidade para alimentar

seiscentos milhões de pessoas, foi

a possibilidade de ver armas e tropas ocidentais

a meia dúzia de quilómetros do seu

território, algo que nem ocorreu durante a

Guerra Fria, que contribuiu para a resposta

russa, a qual qualquer um poderia prever,

por muito básico que fosse o seu conhecimento

de política mundial. Os brasileiros

usam a expressão ‘cutucar a onça com vara

curta’ – e a mesma cai que nem uma luva

no contexto da Europa de Leste, onde americanos

e europeus têm andado, há muito,

a interferir na política dos estados que lá

existem de uma maneira que nunca teriam

aceite que a Rússia fizesse junto dos seus

vizinhos. Por exemplo, nem o México, nem a

Irlanda, são membros da NATO. Que fariam

americanos e europeus se os russos lá colocassem

as suas armas e os seus exércitos?

Ficariam impávidos e serenos? A julgar pelo

que se passou em Outubro de 1962, quando

a União Soviética colocou mísseis em

Cuba, a resposta talvez fosse uma crise nuclear,

pois foi exactamente isso que então

se passou. Não nos esqueçamos da História!.

Para agravar a trapalhada, europeus e

americanos continuam a provar que andam

a navegar à vista no complexo mundo da

política internacional. Depois de terem criado

expectativas de protecção ao povo ucraniano,

ficaram sentados nos seus gabinetes

quando armas russas caíram sobre aquele

território. Ninguém avançou, ninguém pegou

em armas. Pelo contrário, impuseram

sanções económicas (facilmente contornáveis)

e ergueram vozes em coro, como se o

exército russo, um dos mais poderosos do

mundo, fosse contido com páginas de jornal,

protestos na porta de embaixadas ou

declarações de senhores com gravata em

frente às câmaras da domesticada imprensa

ocidental. Faltou-lhes honrar palavra.

Faltou-lhes humanismo. Nem tínhamos esquecido

o pântano que americanos e europeus

criaram no Afeganistão, fugindo com a

cauda entre as pernas e deixando para trás

crianças, mulheres, jornalistas e um enorme

arsenal que os talibãs hoje usam para impor

a sua violência e obscurantismo, fomos deparados

com a crise ucraniana, resultante,

em grande escala, de líderes ocidentais que

não percebem como funciona a arena internacional,

não cumprem as suas promessas

e não defendem aqueles que prometem

ajudar. Já vimos este filme. Não acaba bem.

E quem sofre não são os tais senhores e as

senhoras que produzem inócuas declarações

que enchem os telejornais. Quem sofre

são aqueles que ficaram presos nos abrigos

subterrâneos de Kiev, que fugiram da sua

terra com a sua vida dentro de uma mala,

que viram as suas famílias quebradas, que

viram os seus mais queridos serem mortos.

São eles as verdadeiras e maiores vítimas

de um Ocidente sem noção, sem rumo, sem

moral, sem ética e sem vergonha. s

saber abril 2022

11


CAPRICHOS DE GOES

Diogo goes

Professor do Ensino Superior e Curador

A Educação

não pode ser

um luxo de

uma elite

– parte 2

Recentes estudos internacionais

têm vindo a confirmar as relações

existentes entre a pobreza,

a falta de estímulos cognitivos,

as dificuldades na aprendizagem

e o seu caráter transnacional.

“Keep and Calm” - Pintura de Diogo Goes

Os recentes dados tornados públicos

(INE, 2022, 2021), sobre o

abandono escolar precoce na Região

e sobre as condições de vida

são, além de preocupantes, exemplificativos

do decadentismo das instituições e da incapacidade

do poder político e da sociedade civil

incluir os mais pobres e desfavorecidos no

processo democrático invertendo o ciclo de

empobrecimento. A incapacidade de efetivar

uma verdadeira democracia cultural e um

livre acesso à Educação e à Cultura, em concordância

com o disposto na Constituição da

República Portuguesa [Artigo 9º] (Miranda,

2006), é também uma evidência da relação

entre o baixo “consumo cultural” e a diminuta

frequência de espaços culturais, e o rendimento

familiar disponível e a escolaridade.

O recente Inquérito às Práticas Culturais dos

Portugueses 2020 (Pais, Magalhães & Antunes,

2022) concluiu que a escolaridade e o

rendimento são decisivos para a diversidade

e frequência de hábitos de consumo cultural.

No período pré-pandemia, 93% dos inquiridos

tinham um “baixo consumo cultural” e

61% não leram nenhum livro. Identificou-

-se que o consumo cultural é “socialmente

estratificado” e que tem “origem na posição

social dos indivíduos, tendo em conta o nível

de escolaridade dos pais”, sendo amplificado

pelos “efeitos do capital escolar do próprio”

(Pais, Magalhães & Antunes, 2022). Recentes

estudos internacionais têm vindo a confirmar

as relações existentes entre a pobreza, a

falta de estímulos cognitivos, as dificuldades

na aprendizagem e o seu caráter transnacional.

Uma investigação publicada no “Proceedings

of National Academy of Sciences”,

relativa à sociedade norte-americana, destaca

que, “a dotação de rendimento mensal a

uma família com baixos rendimentos pode

ter um impacto positivo na atividade cerebral

infantil” (Troller-Renfree et al., 2022).

Nessa investigação procurou demonstrar-

-se que, os bebés em contexto familiar com

baixos rendimentos “apresentam uma atividade

cerebral distinta daquela registada

em bebés que crescem em agregados com

maior disponibilidade financeira” (Troller-

-Renfree et al., 2022) e que, “tais mudanças

refletem neuroplasticidade e adaptação ambiental

e exibem um padrão que tem sido associado

ao desenvolvimento de habilidades

cognitivas subsequentes” (Troller-Renfree et

al., 2022). Anteriores estudos já refletiam essas

preocupações (Hair, et al., 2015; Pac, et

al., 2017; Pollak & Wolfe, 2020). Também a

investigadora Roberta Bocchi - Doutora em

Educação e Especialista em Neurociência -

destacava no seu artigo “O efeito da pobreza

social no cérebro” (2021), publicado no Jornal

da Comunidade Científica de Língua Portuguesa

- A Pátria, que, “as crianças expostas

a ambientes pobres em estímulos cognitivos

e inseridas em condições de vulnerabilidade,

apresentam desenvolvimento mental abaixo

da média esperada para a sua faixa etária”. A

autora debruçou a sua análise sobre alguns

estudos relativos à realidade brasileira, nomeadamente:

“A Pobreza e a Mente: Pers-

12 saber abril 2022


pectiva da Ciência Cognitiva” (Engel de Abreu

et al., 2015) e o “Relatório Económico OCDE

Brasil” (OECD, 2018). De acordo com a OECD

(2018), citada por Bocchi (2021), “uma criança

brasileira exposta ao ambiente de pobreza

infantil precisaria viver nove gerações para

atingir uma renda financeira considerada

média”. A propósito da realidade brasileira,

o relatório da OECD (2018), citado por Bocchi

(2021), salienta “papel importante” que a

Educação tem na mitigação da transmissão

intergeracional da pobreza, destacando que,

o rendimento das famílias está relacionado

com a frequência do ensino pré-escolar

Bocchi (2021). Revela que cerca de 70% das

crianças brasileiras mais pobres não têm

acesso ao ensino pré-escolar ou são as que

menos frequentam (OECD, 2018), citado por

Bocchi, 2021). A autora refere que “no ensino

obrigatório, são estas crianças - de meios

socioeconómicos mais desfavorecidos - que

tiveram os piores resultados escolares” (Bocchi,

2021). Em 2021, Portugal confrontava-se

com o facto de 10,7% das crianças (<16 anos)

estarem inseridas em agregados familiares,

alvo de privação material e social. De acordo

com o INE (2022), os resultados recolhidos

em 2021 permitem concluir que as dificuldades

económicas impedem que 9,7% das

crianças possam participar regularmente

numa atividade extracurricular ou de lazer;

6,6% possam participar atividades escolares

não gratuitas; impossibilitam que 4,3%

das crianças tenham possibilidade de substituição

de roupa usada por alguma roupa

nova; 1,5% possam convidar amigos de vez

em quando para brincarem e comerem juntos

(INE, 2022). De acordo com o relatório

da OECD (2021), intitulado “Beyond Academic

Learning”, salienta-se a importância dos

sistemas educativos valorizarem o “desenvolvimento

das habilidades socioemocionais

das crianças” pois estas competências,

constituem “importantes impulsionadores

da saúde mental”, principalmente junto das

crianças mais desfavorecidas e vulneráveis

pois estas “soft skills” são ferramentas diferenciadoras

que podem constituir uma vantagem

competitiva na perspectiva do futuro

mercado laboral (OECD, 2021). O abandono

escolar precoce, a falta de literacia e de qualificação

profissional, a desigualdade de género

ou entre grupos sociais e etnico-culturais

são algumas das causas subjacentes à fenomenologia

da pobreza e da exclusão social (​

EAPN Portugal, 2021). Por isso, o combate

à pobreza terá de passar, necessariamente,

pelo reforço dos apoios sociais, associados

à capacitação e valorização do potencial humano.

Urge um estudo que, com coragem,

mensure o impacto social da pobreza no

sistema educativo regional, nomeadamente,

aferindo o sucesso escolar das crianças e jovens

mais vulneráveis e o abandono escolar

precoce. O desenvolvimento de ações integradas,

de prevenção e mitigação dos riscos,

em consonância com os objetivos de desenvolvimento

sustentável da Agenda 2030 das

Nações Unidas, é um dever, não apenas do

decisor público, como também, dos agentes

económicos, da sociedade civil e de todos os

cidadãos providos de humanidade. Parafraseando

Daniel Goleman, “o caminho para

sair da pobreza é a Educação”. s

Referências:

​Bocchi, R. (2021). O efeito da pobreza social no cérebro.

A Pátria - Jornal da Comunidade Científica de

Língua Portuguesa - A Pátria. Ponte Editora. https://

apatria.org/sociedade/o-efeito-da-pobreza-social-no-

-cerebro/

DREM. (2021). Anuário Estatístico 2020. https://

estatistica.madeira.gov.pt/download-now/multitematicas-pt/mutitematicas-anuario-pt/multitema-

ticas-anuario-em-foco-pt/send/468-anuario-em-

-foco/14315-em-foco-2020.html

EAPN Portugal. (2021). Poverty Watch Portugal 2021.

Porto https://eapn.pt/on/wp-content/uploads/Em-

-Foco-7-_-Pobreza-entre-jovens.pdf

Engel de Abreu, P. M. J., Tourinho, C. J., Puglisi, M. L., Nikaedo,

C., Abreu, N., Miranda, M. C., Befi-Lopes, D. M.,

Bueno, O. F. A., & Martin, R. (2015). A Pobreza e a Mente:

Perspectiva da Ciência Cognitiva. Walferdange, Luxembourg:

The University of Luxembourg. http://hdl.

handle.net/10993/20933

Goes, D. (2022, janeiro). O Combate à pobreza: uma

questão de justiça social e liberdade. Saber Madeira,

296. O Liberal

Hair, N. L., Hanson, J. L., Wolfe, B. L., & Pollak, S. D.

(2015). Association of Child Poverty, Brain Development,

and Academic Achievement. JAMA pediatrics,

169(9), 822–829. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2015.1475

Instituto Nacional de Estatística. (2022). As Pessoas:

2020. Lisboa: INE. https://www.ine.pt/xurl/

pub/6358658

Instituto Nacional de Estatística. (2021). Inquérito ao

Rendimento e Condições de Vida 2021. Lisboa: INE

INE, EU-SILC. (2021). Inquérito às Condições de Vida e

Rendimento - Retrospectiva 2016-2021. Lisboa: INE

Miranda, J. (2006). Notas sobre cultura, Constituição e

direitos culturais. In O Direito 138º (2006), IV.

OECD. (2021). Beyond Academic Learning: First Results

from the Survey of Social and Emotional Skills. Paris:

OECD Publishing. https://doi.org/10.1787/92a11084-

-en.

OECD. (2018). “Relatório Económico Brasil”. Brasil:

OECD Publishing. http://portalods.com.br/wp-con-

tent/uploads/2019/03/Brazil-2018-OECD-economic-

-survey-overview-Portuguese.pdf

Pac, J., Nam, J., Waldfogel, J., & Wimer, C. (2017). Young

child poverty in the United States: Analyzing trends

in poverty and the role of anti-poverty programs

using the Supplemental Poverty Measure. Children

and youth services review, 74, 35–49. https://doi.

org/10.1016/j.childyouth.2017.01.022

Pais, J. M., Magalhães, P., & Antunes, M.L. (2022). Inquérito

às Práticas Culturais dos Portugueses 2020.

Síntese dos Resultados. Lisboa: Instituto de Ciências

Sociais da Universidade de Lisboa. ISSN 2184-9145.

https://gulbenkian.pt/publication/inquerito-as-praticas-culturais-dos-portugueses/

Pollak, S. D., & Wolfe, B. L. (2020). How developmental

neuroscience can help address the problem

of child poverty. Development and psychopathology,

32(5), 1640–1656. https://doi.org/10.1017/

S0954579420001145

Troller-Renfree, S. V., Costanzo, M. A., Duncan, G. J.,

Magnuson, K., Gennetian, L. A., Yoshikawa, H., Halpern-

-Meekin, S., Fox, N. A., & Noble, K. G. (2022). The impact of

a poverty reduction intervention on infant brain activity.

Proceedings of the National Academy of Sciences

of the United States of America, 119(5), e2115649119.

https://doi.org/10.1073/pnas.2115649119

saber abril 2022

13


FORMAÇÃO

profissional

João Miguel

Rodrigues

João Miguel Macedo Rodrigues

Psicólogo Social e das Organizações e

Orientação Profissional Jovens

joaomiguelpsicologia@gmail.com

Tlm 93 1958912

D.R.

Formação

Profissional,

uma chave

para o Sucesso

Empresarial

A Formação constitui,

sem dúvida, a ferramenta

essencial para alinhar

as pessoas com os objectivos

organizacionais e,

deste modo, consolidar

uma Marca e prestigiá-la.

Falar de Formação é falar de Desenvolvimento.

Sim, Desenvolvimento

Pessoal e Empresarial, pois o valor

de qualquer Empresa ou Instituição

está diretamente relacionada com a qualidade

dos seus Recursos Humanos. Empresas

que valorizam e desenvolvem os seus

recursos humanos são empresas que têm

muito maior probabilidade de sucesso.

Uma das estratégias ao dispor da Gestão,

para proporcionar melhores resultados

empresariais é, sem dúvida, a Formação

Pessoal e Profissional, contínuas. Por isso, é

muito importante que os líderes e as chefias

saibam incutir e pelo Exemplo – repito,

pelo Exemplo, uma cultura organizacional

de aprendizagem e desenvolvimento constantes.

Pertenci a uma empresa privada de

Consultoria e Formação [durante 11 anos

em Lisboa] onde vivi esse espírito. A “fome”

de saber e aprender era norma entre todos.

A frequência de acções formativas diferentes,

inovadoras e, sobretudo pertinentes ou

necessárias, bem como a leitura, eram hábitos

normais. Mas mais. Existia um verdadeiro

espírito de equipe e a partilha do conhecimento

era fator de enriquecimento de

todos e, consequentemente, da Empresa.

Mas para que a formação seja de facto eficaz,

é necessário [diria mesmo determinante]

existir um levantamento de necessidades

de formação e, isso requer experiência,

por um lado de quem as faz e, sobretudo,

ser tecnicamente bem realizada. Noto que,

muitas empresas utilizam apenas inquéritos

com várias áreas onde as pessoas colocam

uma cruzinha - ou naquela que necessita

ou naquela mais apelativa ou interessante.

Só que, inquéritos e muito óbvios não detetam

nada, mas mesmo quase nada. Porquê?

Porque as pessoas não estão preparadas ou

treinadas para se “autoanalisarem” por um

lado e, por outro, têm vergonha e/ou medo

em evidenciá-las (as suas necessidades). Segundo:

para que os inquéritos sejam úteis,

precisam de ser validados, o que é isso?.

Necessitam de ser aprofundados através de

entrevistas, individuais ou mesmo em grupo.

Claro que isto implica que estas devem

ser efetuadas por pessoas treinadas e com

conhecimentos de Psicologia Organizacional.

Só deste modo podemos confirmar, e/

ou detetar outras necessidades ocultas -

melhor, não mencionadas. Recolhida a informação,

é preciso analisá-la e elaborar um

diagnóstico para depois intervir de forma

eficaz, quer com formação, quer com outro

tipo de abordagem dentro da Organização.

14 saber abril 2022


No caso da Formação poder ser uma solução,

a organização das mesmas deve estar

adequada aos participantes e, sobretudo,

satisfazer as reais necessidades das pessoas.

Mas isto é mais complexo do que, por

vezes, parece ser. Por exemplo: melhorar o

atendimento, em que consiste? Em saber

atender telefonicamente? Em saber receber

bem o cliente? Em saber prestar o serviço, o

que implica conhecer muito bem os produtos

bem como fazer apresentações? É saber

comunicar de forma cativante e positiva?

É saber detetar necessidades latentes dos

clientes para adequar o melhor produto à

sua condição? É saber lidar com dúvidas e

objeções? E que tal saber lidar com reclamações

e até transformá-las em vendas? Saber

despedir-se do cliente de forma a deixar

uma imagem de real satisfação dos clientes

e, desta forma, fidelizá-los? Depois de realizadas

as ações, deve existir uma monitorização

dos resultados, bem como existir um

acompanhamento para facilitar a aplicação

prática dos mesmos e, com isso, melhorar

o desempenho de cada colaborador. Ora,

isto implica que as chefias sejam de facto

“Competentes e Conhecedoras” para poderem

ser verdadeiros tutores e facilitadores

de mudanças reais e positivas nos seus

colaboradores. Reforçar e dar “feed-back”

positivo. Muitos “CEOs”, líderes e chefias

fazem-no “constantemente” e por variadas

razões, nomeadamente: implementar e aferir

e os resultados e, sobretudo, motivar e

entusiasmar fortemente, para além de incutir

a capacidade e crença em produzir bons/

ótimos resultados. Deve ser feito de imprevisto,

de preferência à frente dos demais, se

forem elementos exteriores à empresa melhor

e, claro, de forma positiva. Exemplos:

Obrigado pelo teu esforço. Parabéns pelo

vosso-nosso desempenho. Graças a vós

estamos mais fortes e competitivos. Tenho

uma equipe muito dedicada e competente.

Porque as pessoas são o foco e o centro das

Organizações, a colocação de Psicólogos

Organizacionais ou do Trabalho nos departamentos

de Recursos Humanos das nossas

empresas ou instituições constitui, há

muito, uma necessidade imperiosa e, desta

forma, tudo poderá ser mais fácil. Quando

estamos apaixonados pelo que fazemos,

quando estamos empenhados, motivados

e satisfeitos, as empresas têm uma enorme

capacidade de adaptação e transformação,

e isto significa SUCESSO. A Formação constitui,

sem dúvida, a ferramenta essencial para

alinhar as pessoas com os objectivos organizacionais

e, deste modo, consolidar uma

Marca e prestigiá-la. Termino com o título

do meu flyer de apresentação que foi elaborado

em 1998 e que dizia apenas: “PESSOAS

FELIZES, EMPRESAS DE SUCESSO”. s

sochiirsh.com

saber abril 2022

15


ATUALIDADE

Henrique Amoedo

A classe artística

no ocidente está

a posicionar-se

contra a guerra

É uma baixa indireta da guerra na

Ucrânia. Senão vejamos: depois da temporada

no Mudas-Museu de Arte Contemporânea

da Madeira, o espetáculo

“Gabo”, do Grupo Dançando com a Diferença,

tinha apresentação prevista na

cidade de Moscovo no final de fevereiro,

o que não viria a acontecer por causa da

invasão russa à Ucrânia. O espetáculo

que é uma criação de Patrick Murys para

o Dançando com a Diferença e coproduzido

pelo Teatro Viriato, iria ser apresentado

no Proteatr.International Meetings,

no Meyehold Theatre Centre, na capital

russa. O diretor artístico do Dançando

com a Diferença, Henrique Amoedo, diz

que o grupo vai continuar a trabalhar em

espetáculos que sensibilizem também

para a problemática da guerra.

“Gabo” tinha apresentação prevista em

Moscovo mas tal não veio a acontecer.

Fale-nos disto.

H.A.: “Gabo” é um espetáculo onde os intérpretes

do elenco de Viseu do grupo Dançando

com a Diferença apresentam o universo

mágico criado por Patrick Murys, coreografia

de Romulus Neagu, música original de

Norberto Gonçalves da Cruz e vocais de Lidiane

Duailibi, a colaboração do ilusionista

Zé Mágico e desenho de luz de Cristóvão

Cunha. Sim. De facto, a viagem da equipa

que compõe a circulação do espetáculo

GABO aconteceria na manhã de 24 de março

de 2022. Para entrada na Rússia tínhamos

que apresentar testes à Covid-19, com resultados

negativos, com no máximo 48h de

antecedência. Um dos intérpretes de GABO

testou positivo e outro teve um resultado

inconclusivo. Num elenco de três pessoas

tínhamos duas impossibilitadas de viajar.

Para além desta situação, o início da invasão

russa da Ucrânia aconteceu na mesma manhã,

levando ao cancelamento do nosso voo.

A associação da Covid-19 e o cancelamento

do voo, aspetos que não conseguiríamos

nunca controlar, levaram ao cancelamento

do espetáculo que aconteceria no dia 26 de

março de 2022. Não chegamos a ir até Moscovo.

Toda a operação relacionada com esta

digressão de GABO acabou no aeroporto do

Porto. No entanto, “Gabo” continuará em

cena. Temos uma apresentação já confirmada

para o Teatro Municipal de Bragança e

outras em negociação.

Como é que a classe artística, e o Henrique

enquanto artista, olha para o conflito

na Ucrânia?

H.A.: A classe artística no ocidente, de uma

forma geral, está posicionar-se contra esta

guerra que se inicia com a invasão da Ucrânia

pela Rússia. Olho para esta guerra com muita

apreensão e até alguma revolta. A soberania

da Ucrânia está a ser atacada. Civis estão a

abandonar as suas vidas e a morrer todos os

dias. Isso é injustificável, sempre! No espetáculo

ENDLESS que criei e que estreamos com

a Dançando com a Diferença em 2012, abordamos

o Holocausto e a II Guerra Mundial. Já

foram feitas diferentes versões desde então

e estamos a trabalhar na próxima apresentação,

que esperamos venha a acontecerá

no mês de abril na cidade de Guimarães, no

Centro Cultural Vila Flor, numa parceria com

A´Oficina. Sempre disse que esta era uma

criação com os olhos postos no futuro. Que

observávamos a II Guerra Mundial mas que

o nosso foco deveria estar no futuro e não

no passado. Parece-me pertinente que continuemos

em cena. s

Dulcina Branco

©Júlio Silva Castro

16 saber abril 2022


Cantinho da poesia

Rosa Mendonça

Escritora

facebook.com/rosa.6823mendonca/

[rosa mendonça autora]

CHUVA

DE GIRASSÓIS

Chegam-nos imagens de bombardeamentos na Ucrânia, aterrorizadoras!

Nosso vizinho acorda esmagado por disparos de bombas, crueldade desumana

Discórdia sem explicação, ambição desmedida desencadeou esta guerra

A pouca esperança vacila nas chamas de uma fogueira sangrenta

Horrenda luta entre poder, monopólio, tirania…

Cresce a lista anónima de inocentes, que do nada formaram uma guerrilha

O céu veste-se de negro, carregando a maldade que se instalou sem pudor

O mundo diplomático e civil não dorme, não há descanso

Povos de todo o mundo manifestam profundo pesar pelo povo Ucraniano,

nosso irmão!

Uma onda de solidariedade alastra a cada amanhecer.

Gritos inconformados ecoam: “Parem a guerra, queremos paz. PAZ!”

Querem girassóis em vez de canhões, sorrisos no lugar das armas

Concórdia em vez de disputas inconsequentes, pão em vez de balas

Que a música tome o lugar das sirenes, que os sinos repiquem de alegria

Nesta quadra quaresmal caminhemos unidos para a Páscoa

É tempo de conversão, de acolhimento para a graça divina

“O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o…”

Papa Francisco

Nunca nos cansemos de fazer e espalhar o bem

Elevemos as nossas preces pelo povo que foi arrastado para a desgraça

Como poderemos festejar a ressurreição de Cristo Redentor,

Se as imagens que nos fazem companhia ao jantar são de sangue?

Se sabemos que por elas alguns repórteres pagaram com a vida?

Como celebraremos a Páscoa, se o nosso irmão não pode fazê-lo?

Como acordar com esperança no dia de amanhã,

Se muitos serrarão os olhos para a vida ainda hoje?

Como sonhar com um futuro melhor,

Se as atrocidades do passado continuam a repetir-se no presente?

Porque lutamos por garrafas de óleo, quando ao nosso irmão tudo é usurpado?

Quando a destruição massiva tenta apagar a identidade de um povo?

Como o Homem é pequeno e insignificante, perante a louca ditadura!

Os rostos relatam sem palavras a dor atroz,

o sofrimento gagueja na garganta seca

O desdém do atacante prepotente regozija-se com os refugiados sem pátria.

Desorientados caminham assustados pela encruzilhada bélica

Enlouquecidos de dor, despedem-se dos filhos, das esposas e dos idosos!

No sangue ferve a vontade de defender o seu torrão natal com bravura

Para que na terra fecunda e próspera volte a reinar o azul e o amarelo

E que o girassol prevaleça como flor nacional da Ucrânia.

Que a inocência das crianças amoleça os corações de pedra,

amargurados pela cólera e pela ganância

Que em cada Homem re (nasça) a chama viva do amor fraternal

Que a Paz tome as rédeas do caminho, da verdade e da união.

E que uma chuva de girassóis cale para sempre as armas e os canhões.

s

D.R.

saber abril 2022

17


CULTURA

Como é que o cinema chegou ao

Funchal? Esta é uma pergunta

que andava na mente dos dois

amigos Rui Rodrigues e Javier

Santos, produtores, realizadores

e amantes de cinema, e que, na

senda de encontrar respostas

foram à procura de histórias das

primeiras sessões e de todo o

movimento cinéfilo que surgiu

na Madeira no final do século

XIX. Começaram há dois anos

a trabalhar no projeto que se

apresenta agora no formato de

documentário, com 35 minutos.

Para a sua apresentação, foi

escolhido o local na Madeira

onde se viu cinema pela primeira

vez: o Teatro Municipal Baltazar

Dias. O documentário pela visão

de Javier e Rui deu o mote a esta

entrevista com a grande arte que

é o cinema em pano de fundo.

Dulcina branco

Oliberal

‘Cine Madeira – A História

do Cinema no Funchal’

Em que consiste esta “história do cinema

no Funchal”?

Javier.: Começou a ser preparado há dois

anos e conta um pouco da história do cinema

no Funchal, focando a história na primeira

sessão de cinema que aconteceu no

Funchal em 1897. Foi dividido em três partes,

dos primórdios passando pelos anos 60

com o foco no espetador e na importância

e contributo do Cine Forum para o desenvolvimento

do cinema na cidade do Funchal,

encerrando com o cinema a partir dos anos

80 com o cinema digital, o encerramento de

salas de cinema, o aparecimento de festivais

de cinema no Funchal... O nosso trabalho

consistiu na pesquisa e de procura, através

dos intervenientes e convidados que falam

de uma forma histórica e outros que fizeram

parte do movimento cinéfilo na cidade.

Tivemos como ponto de partida a tese de

mestrado da Ana Paula de Almeida [investigadora

de Cinema e colaborada do Centro

de Estudos de História do Atlântico], tese

esta que é o único documento escrito sobre

história do cinema na Madeira. A partir

destas conversas com a Ana Paula e com o

Rui Carita, que orientou a tese, começámos

o trabalho de investigação e de entrevistas

que contaram ainda com as colaborações

de Teresa Silva, Carlos Valente e Manuel

Vasconcelos e que, ao partilharem as suas

vivências no ramo do cinema e da história,

contribuíram para a concretização deste documentário

que se apresenta com imagens

a preto e branco e imagens a cor. Foi fundamental

a parceria da Câmara Municipal

do Funchal com o Shortcutz, no seguimento

dos apoios ao associativismo.

Rui: Este documentário tem uma curta que

é, do nosso ponto de vista uma curta dentro

de um documentário e que é sobre a vida e

obra do senhor Manuel Vasconcelos, que é o

último projecionista de fita ainda vivo. O senhor

Manuel reformou-se em 2019, e então

podemos ver imagens do senhor Manuel a

trabalhar na cabine de projeção do Teatro

Municipal Baltazar Dias, imagens estas que

foram filmadas por mim. Deixámos pontas

18 saber abril 2022


soltas para um segundo documentário sobre

outros temas e outras histórias mas o

que pretendíamos mesmo era deixar uma

pequena marca - a nossa marca - do que

foi e como foram estes 125 anos no que ao

cinema diz respeito na cidade do Funchal.

E porquê a apresentação do documentário

no Teatro Municipal Baltazar Dias?

J.: Porque foi o primeiro local onde se exibiu

cinema na Madeira pela primeira vez. Foi no

dia 12 de maio de 1897, dois anos depois da

primeira exibição mundial da imagem em

movimento ou da primeira sessão de cinema

dos irmãos Lumiére, em Paris, em 1895.

Dois anos depois o Funchal recebia o animatógrafo

que não era dos irmãos Lumiére,

conforme se explica no documentário.

O Teatro Municipal teve essa primeira sessão

e foi a base de tudo. Refira-se que, não

existem imagens dessa primeira exibição no

Funchal. Depois, as salas de cinema da cidade

que começaram a surgir, cerca de seis,

sete, em redor do Teatro, como o Barracão

e o Aviador. Esta última sala desapareceu

em virtude de um incêndio nas fitas de projeção.

Foi para nós um prazer e uma honra

criar e mostrar o que aconteceu e o que representa

esta sala que é o Teatro Municipal

para o cinema aqui, na região

O Cine Fórum do Funchal é, de facto, uma

instituição incontornável que traz o novo cinema

para a Madeira. Qual foi o seu papel?

J.: Sim. O Cine Fórum surge nos finais dos

anos 50 e teve um papel muito importante

ao trazer ao Funchal um outro tipo de cinema,

nomeadamente o cinema de autor

ou alternativo. Teve ainda o mérito de criar

novos hábitos com os debates que se proporcionavam

após a visualização dos filmes.

Teve como grande figura o advogado José

Maria Silva, presidente do Cine Fórum do

Funchal. Refira-se ainda que coube ao Cine

Fórum trazer ao Funchal a primeira assembleia

Mundial de Realizadores e que foi um

acontecimento inédito de nível mundial.

Dessa assembleia saíu o documento que estabeleceu

os direitos de autor dos realizadores,

ainda hoje em vigor. Para além de que,

através dos eventos que realizava, combinava

o cinema com outros géneros artísticos

como a dança e a música, o que até então

nunca tinha acontecido.

Hoje já não se vai tanto ao cinema porquê?

R.: O declínio do cinema, das salas de cinema

e do público começou com os filmes

VHS, continuou com os DVDs, e os clubes de

vídeo. As pessoas começaram a ver os filmes

em casa e a tendência é para continuar

devido às plataformas de streamings, Netflix

e outras.

A grande indústria do cinema não desaparecerá,

na vossa opinião...

R.: Isso não. De facto, os dados estatíticos

dizem que cada vez menos pessoas vão ao

cinema mas o setor vai adaptar-se, ou está

a adaptar-se, com a redução do número de

lugares para os espetadores, por exemplo

mas as salas de cinema não irão desaparecer.

Os blockbusters não vão desaparecer

como há outras coisas que vão ganhar força

como exibições muito específicas ou que

vão à procura de algo mais genuíno, mais de

autor ou alternativo. Na Madeira, existem

três eventos de cinema alternativo e que são

o Screemings Funchal, os ciclos de cinema

da Ponta de Sol e o Shortcutz. Estes são os

mais regulares, têm público e vão continuar

a acontecer.

Depois do Funchal, pretendem levar este

documentário a eventos internacionais?

J: Por enquanto foi uma sessão única, não

temos mais agendamentos mas haverá novidades

e novas exibições no futuro. Devermos

concorrer a festivais de cinema e ir às

escolas. É importante mostrar aos mais novos,

que desconhecem a história, como foi

que aconteceu.

Quem são o Javier Santos e o Rui Rodrigues?

R.: Há 13 anos a esta parte tenho vindo a trabalhar

na área do audiovisual, área na qual

me formei. Criei uma empresa e em 2010 fiz

a minha primeira curta metragem. A partir

daí tenho trabalhado sempre na área. Nos

últimos anos tenho viajado pela Europa e

pelo Mundo a promover destinos turísticos,

com a pandemia tenho ficado mais em casa

com projetos para a associação Detalhes Mirabolantes,

com o Javier.

J.: Sou lusodescendente, formado na área

de Marketing e Comunicação e estou ligado

à Detalhes Mirabolantes, associação que organiza

o festival de curtas Shortcutz Funchal,

que é um projeto internacional que eu e o

Rui trouxemos para a Madeira em 2016. Conheço

o Rui há alguns anos e o gosto pelo

cinema juntou-nos a nível profissional.

Vale a pena ir ao cinema e qual é o vosso

filme de eleição?

J: Vale sempre a pena ir ao cinema. Gosto

muito de ir ao cinema e de ver de tudo um

pouco. O cinema tem uma coisa que para

mim é fundamental que é a partilha. A maior

parte das pessoas não vai sozinha ao cinema

e depois do filme há aquele momento

de troca de impressões e isso torna o cinema

muito especial. O cinema é uma partilha

constante e isto fascina-me. Tenho muitos

filmes mas diria que há dois filmes que gosto

bastante e que são do Kubrick: 1) A Laranja

Mecânica – pela componente artística e que

é espetacular, e 2) Shining – um terror ou um

thriller que é uma mistura de vários estilos e

que se vê de uma forma muito intensa.

R.: Sou fã de “Cães Danados” do Tarantino,

uma história simples e que tem tudo o que é

preciso para ser um grande filme. É um belo

workshop para quem é ator, realizador. O

que interessa é a história e o resto é filmar. s

saber abril 2022

19


SAÚDE

Drª Raquel Jacinto

Dr.ª Raquel Jacinto

Especialista em Fisioterapia Materno-Infantil e Saúde Pélvica

A Incontinência

urinária

feminina tem

tratamento!

AIncontinência Urinária (IU) é um

problema de saúde muito frequente

na nossa sociedade e estima-

-se que 25% a 45% das mulheres

sofra de incontinência urinária em alguma

fase da sua vida. A Incontinência urinária é

definida como a “queixa de qualquer perda

involuntária de urina”, sejam apenas umas

gotas ou em muita quantidade, e que pode

afetar mulheres de todas as idades. Existem

vários tipos de incontinência urinária, sendo

as mais comuns: a incontinência urinária de

esforço (perdas urinárias ao tossir, rir, prática

desportiva, saltar, correr etc…), de emergência

(perdas de urina por vontade súbita e

não conseguir chegar a tempo ao WC) e mista

(perdas urinárias em ambas as situações

anteriormente descritas). Apesar da sua elevada

prevalência, são poucas as mulheres

que procuram ajuda e tratamento. Os motivos

podem ser culturais que vão passando

de geração em geração (as nossas avós, as

nossas mães também tiveram perdas urinárias,

porque se foi mãe há muito ou pouco

tempo, porque a barriga está grande na gravidez),

sociais (por vergonha em assumir o

problema e falar sobre ele) ou assumir que

é um problema que não tem tratamento.

As perdas urinárias podem estar presentes

em várias fases da vida da mulher como na

gravidez, pós- parto e menopausa mas também

em situações mais específicas como

na presença de patologia respiratória com

tosse persistente ou crónica, multiparidade,

alterações hormonais, prolapso dos órgãos

pélvicos, prática de exercícios de alto impacto,

cirurgias pélvicas (histerectomias), obesidade,

esforços que impliquem cargas elevadas,

entre outras, no entanto, qualquer que

seja a situação NÃO podem ser assumidas

como algo normal. Relativizar ou normalizar

a situação não será o melhor nem vai fazer

com que o problema desapareça porque a

incontinência urinária tem um impacto negativo

na qualidade de vida das mulheres,

levando muitas vezes ao isolamento social,

desistência da prática desportiva, inibição

da realização de atividades recreativas e

exercício físico e com impacto na vida profissional

e sexual. Está também associada a

ansiedade e depressão. A incontinência urinária

tem tratamento. Têm causas, métodos

de diagnóstico e tratamento diferentes, pelo

que carecem sempre de uma cuidada avaliação.

A Fisioterapia em Saúde Pélvica é uma

área da Fisioterapia que ajuda a tratar e a

prevenir a incontinência urinária e é primeira

opção de tratamento nestes casos. Como

pode a fisioterapia Pélvica ajudar?. Uma das

possíveis causas da incontinência urinária

são as alterações ao nível da musculatura do

pavimento pélvico (fraqueza, lesão, aumento

da tensão ou força exagerada dos músculos

do pavimento pélvico, falta de coordenação

dos músculos). Os músculos do pavimento

pélvico, são músculos que envolvem a nossa

vagina e ânus e que se vão inserir ao nível

da nossa pélvis na parte inferior, sacro e coxis,

superficialmente e profundamente. Na

posição de sentados nós estamos sentados

em cima dos músculos do pavimento pélvico.

Podemos olhar para eles como o chão de

uma casa e desta forma facilmente perceber

que eles são responsáveis por dar suporte,

em conjunto com outras estruturas, às vísceras

pélvicas: à bexiga, útero e intestino e

perceber que existe então uma relação entre

os músculos e as vísceras pélvicas. São

ainda responsáveis por manter a continência,

isto é, de contrair e relaxar de forma

consciência para que seja possível urinar e

defecar. Muitos se fala nos exercícios de Kegel

na gravidez, no pós- parto e a evidência

diz-nos que estes exercícios são eficazes no

tratamento e prevenção da incontinência

urinária, no entanto, é importante perceber,

como vimos anteriormente, que o pavimento

pélvico pode estar com várias alterações

e por isso a abordagem irá ser diferente em

cada situação e por esse motivo nunca deverão

ser realizados sem uma avaliação prévia.

É necessário primeiro perceber a causa

que está a provocar a incontinência urinária.

O tratamento e a prescrição de exercício

dos músculos do pavimento pélvico deverão

ser sempre individualizados e prescritos

pelo fisioterapeuta. Até porque podem não

ser indicados para situações especificas. A

alterações comportamentais e de hábitos

de vida, assim como ganho de consciência

corporal e postural fazem também parte do

tratamento. s

20 saber abril 2022


NUTRIÇÃO

Alison Karina

de Jesus

Alison Karina de Jesus

Nutricionista (2874N)

facebook.com/nutricionalmentebem

instagram.com/nutricionalmentebem

info@nutricionalmentebem.com

https://nutricionalmentebem.com/

HypeScience.com

Depressão e peso corporal

Adepressão é uma doença psiquiátrica

em que as células do cérebro

não comunicam de forma adequada,

e, consequentemente, algumas

mensagens que deviam ser transmitidas ao

longo do sistema nervoso, acabam por não

chegar ao destino. O que determina se uma

pessoa engorda, emagrece, ou mantém o

peso estável é a diferença entre a quantidade

de energia que é consumida e a quantidade

de energia que é gasta no dia-a-dia. Ou

seja, para eu engordar, tenho que consumir

mais calorias do que as que gasto. Nesse

sentido, facilmente se percebe que a depressão,

por si só, não faz engordar nem emagrecer,

tudo vai depender do balanço entre a

alimentação e o gasto energético diário. No

entanto, há algumas particularidades nessa

doença que podem, de facto, fazer com

que possa ocorrer um aumento de peso,

nomeadamente o facto da depressão estar

associada a uma menor atividade física,

seja, por desmotivação, falta de resposta do

corpo, ou mesmo porque a pessoa prefere

resguardar-se de contactos sociais. Convém

realçar que há pessoas que, num quadro

depressivo, tendem a comer mais, e, consequentemente,

o risco de engordar aumenta.

Contudo, também há pessoas que tendem a

comer menos. Por último, a própria medicação

pode afetar o apetite, sendo que nalguns

casos o doente sente mais vontade de comer.

Já são vários os estudos que têm vindo

a revelar que um padrão alimentar menos

saudável aumenta o risco de depressão. Falo

do consumo de refrigerantes, alimentos refinados,

fritos, carnes processadas e alimentos

ricos em gordura (nomeadamente bolachas

e produtos de pastelaria). Por outro

lado, o consumo de fruta, hortícolas, azeite,

frutos secos, laticínios e peixe parecem ter

o efeito contrário. Convém também não esquecer

que a aparência física e, em particular,

o peso, estão muitas vezes intimamente

relacionados com a depressão, pois podem

promover a baixa autoestima. Neste contexto,

manter um peso adequado pode ser um

fator decisivo para evitar a depressão. Do

ponto de vista nutricional e de uma maneira

geral, o consumo adequado de magnésio,

cálcio, ferro e zinco parece diminuir o aparecimento

da doença, e dos seus sintomas.

Também o consumo de ácidos gordos ómega-3,

têm sido associados a um menor risco

de depressão. O crómio é um mineral que

está relacionado no metabolismo dos hidratos

de carbono e, consequentemente, poderá

ter um papel importante na depressão.

O consumo de quantidades adequadas de

cálcio, assim como vitamina D, tem também

sido sugerido como um elemento importante

para prevenir casos de depressão. O consumo

de antioxidantes, nos quais se inclui

a vitamina C, bem como outros compostos

bioativos, parecem ser importantes aliados

nalguns contextos de depressão. s

saber ABRIL 2022

21


MADEIRA AVES

JOSÉ FRADE

Fotógrafo autoditata

José Frade nasceu no concelho

de Cascais. Trabalha no sector

automóvel mas foi a sua paixão

pela fotografia, principalmente a

fotografia de natureza, que o fez

aprofundar os seus conhecimentos

sobre as aves e consequentemente

aderir ao grupo "Aves de Portugal

Continental", grupo esse criado

pelo Armando Caldas, mas, como

membro desde o primeiro dia,

foi convidado pelo fundador, em

conjunto com ele, administrar

o referido grupo, vendo aí uma

oportunidade para partilhar os

seus conhecimentos e incentivar as

pessoas à protecção da natureza.

Dulcina Branco

José Frade,

administrador do grupo “Aves de Portugal Continental”,

que gentilmente nos cede as fotos que ilustram

esta rubrica

www.madeira-live.com/pt/bird-watching

Observação de aves

na Madeira

O

arquipélago da Madeira é um destino

para a observação de aves.

Devido à sua localização única e ao

seu ecossistema, aqui se encontram

grande variedade de aves terrestres e

marinhas - 42 espécies nidificam neste arquipélago

e algumas espécies endémicas à

Macaronésia só existem na Madeira. Podem

observar-se aves terrestres como o pombo

trocaz (Columba trocaz), o corre-caminhos

(Anthus berthelotii), a manta (Butteo butteo

harterti) e o francelho (Falco tinnunculus

canariensis), para além das aves marinhas

como a freira do Bugio (Pterodroma feae),

a freira (Pterodroma madeira), a cagarra-

-de-cory (Calonectris diomedea), o patagarro

(Puffinus puffinus), o pintaínho (Puffinus

assimilis), a cagarra-de-colarinho (Puffinus

gravis), o roque de castro (Oceanodroma

castro), a gaivota de patas amarelas (Larus

michahellis atlantis), a gaivota d'asa escura

(Larus fuscus) e a gaivota de bico riscado (Larus

delawarensis). s

22 saber abril 2022


Andorinha-do-mar-árctica

(Sterna paradisaea)

Uma ave da família Laridae.

Nidifica nas zonas costeiras do Oceano

Árctico e nas regiões subárcticas da Europa,

Ásia e América do Norte, após a qual migra

para águas subantárticas e antárticas.

Migrador de passagem na Madeira.

Pardela-sombria

(Puffinus puffinus)

Ave da família Procellariidae.

Esta espécie nidifica no Atlântico Norte,

maioritariamente no Reino Unido e na Irlanda.

Reproduz-se na ilha da Madeira.

saber abril 2022

23


CONVERSAS COM A SABER

&

Idálio Sá

Carla Camacho

Entrevista António Barroso Cruz

D.R. (direitos reservados)

Agradecimentos Hotel Meliã Mare Madeira e A Tulipa

24 saber ABRIL 2022


Na nossa comunidade

temos de respeitar para

sermos respeitados.

E eu sabia que ao

escolher a Carla

para viver comigo

seria para sempre

Uma das prerrogativas mais

gratificantes das Conversas

com a Saber é poder ter o

privilégio de me cruzar com

pessoas que, em registo de

casal, se revelam imensos na

sua forma de estar na vida e

se relacionarem. Seja entre

eles, seja para com o próximo.

Idálio Sá e Carla Camacho são

a prova viva e consistente

dos valores familiares, do

saber estar em sociedade,

da ajuda ao próximo, da

discrição e da cumplicidade

que pode existir entre duas

pessoas. Presidente da Mesa

da Assembleia Geral da

Associação dos Ciganos da

Madeira, Idálio tem propósitos

bem definidos para o que quer

para si e para a sua família.

Carla, com uma reconhecida

carreira enquanto treinadora

de voleibol e também

enquanto profissional do

ramo hoteleiro, é o resultado

de uma vida bem estruturada

e leva em si a força e a energia

positivas para que tudo

resulte em bem. E em melhor,

se possível. No agradável

espaço do Meliã Mare, esta foi

mais uma conversa de se lhe

tirar o chapéu!

A.C.: Idálio, dizias anteriormente que o

que fazes atualmente em termos profissionais

não é o teu sonho. Então, o que é o

teu sonho em termos de profissão?

I.: Antes de mais, obrigado pelo convite. Respondendo

à pergunta, o meu sonho é trabalhar

na área social, ou seja, ajudar. A experiência

que tivemos durante a pandemia serviu

para mostrar um lado que não conhecíamos,

ou fazíamos ideia do que era, mas serviu

para confirmar aquilo que eu já sentia. E

o que sentia era uma necessidade de ajudar

e de fazer alguma coisa para melhorar a vida

de alguém. Acho que, durante a pandemia,

conseguimos realizar esse objetiv, o de ajudar

o próximo.

Essa necessidade e essa sensibilidade que

trazes em ti - de ajudar o próximo – foi-

-te incutida durante infância, durante o

teu crescimento? De onde trazes esses

valores?

- Vêm da família. Não venho de uma família

rica, mas no meio onde nasci e cresci, entre a

minha família, sempre sentimos essa necessidade

de ajudar o próximo e de nos ajudarmos

uns aos outros. Acho que o termo família

quer dizer isto mesmo, ajuda. O facto de

vermos alguém passar por dificuldades, e

nós que passámos também por dificuldades,

impele-nos a ajudar e querer fazer mais

e melhor. Este sentimento e forma de ser foi

passando ao longo dos anos e ficou.

Carla, a que é o Idálio se refere quando

fala sobre esta questão de, durante a pandemia,

terem entrado nesta realidade da

ajuda? O que é que vocês andaram exactamente

a fazer?

C.: Associámo-nos a um projeto de confeção

de comida para pessoas ou famílias que ficaram

sem trabalho durante a pandemia. Intervimos

no sentido de ajudar essas pessoas

que ficaram sem trabalho a terem a refeição

na mesa. Foi muito gratificante poder participar

neste projecto e poder ajudar. Acho

que este tipo de trabalho torna-nos mais

humanos.

Esse projeto primava por alguma originalidade

em termos da confeção das refeições?

C.: Sim. A maior parte das pessoas envolvida

no projecto trabalhava, de forma directa

ou indirecta, na hotelaria. Eram pessoas que

estavam em casa por causa da pandemia e

que meteram mãos à obra confeccionando

refeições para pessoas que ficaram sem o

seu trabalho. Estamos a falar de cozinheiros

que trabalhavam em hotéis de cinco estrelas

e que dentro das respectivas experiências,

disponibilizaram-se para a confecção

de refeições que foram gratuitamente entregues

a diversas pessoas e famílias. As refeições

foram confeccionadas a partir de doações

de privados e de empresas. De muitas

pessoas oriundas do concelho de Ponta de

Sol que não tendo forma de escoar os seus

produtos os doavam para o projecto. Lembro-me

que foi confecionada uma soberba

salada com um molho de iogurte, o que para

pessoas que não tinham por hábito comer

iogurte foi espectacular. Foram confeccionadas

refeições por chefs de hotéis de cinco

estrelas de uma forma gratuita e com muito

amor e carinho.

Falaste na atividade hoteleira que foi, de

facto, especialmente atingida pela pandemia

e que, entretanto, retomou a actividade,

felizmente. No teu caso, que trabalhas

na hotelaria, o que fazes e qual é o

teu percurso neste sector?

- Comecei como “baby sitter” numa casa que

me deu a oportunidade para evoluir, era o

Hotel Crown Plaza, depois passou a pertencer

à cadeia CS. Passei pela coordenação de

grupos, experiência essa que me deu muita

bagagem. O ano de 2008 foi especialmente

fértil em eventos. Passei depois para chefe

da equipa de relações públicas do hotel e,

nos últimos quatro anos até à actualidade,

sou supervisora do departamento de SPA do

hotel [Vida Mar].

És a pessoa que gere o SPA do Hotel Vida

Mare, o que significa que também fazes

massagens. Tens clientes com alguns

pedidos estranhos?

- Às vezes [risos]

Idálio, és uma pessoa que entra na minha

vida de uma forma muito interessante,

via evento Madeira 7 Talks. E, porque

andava à procura de alguém que representasse

uma comunidade que ainda é

olhada com alguma desconfiança e muito

preconceito, proporcionaste-me, e às

pessoas que estavam presentes no evento,

um momento inesquecível que foi o

teres pedido a Carla em casamento perante

uma plateia. O que é que te passou pela

cabeça naquele momento?

I.: Até hoje estou para saber o que me deu

[risos]. No dia anterior ao evento pensei em

pedir a Carla em casamento naquele evento.

Entre alguma indecisão, acabou mesmo por

acontecer e correu bem. E agora não há volta

a dar porque tive muitas testemunhas [risos].

Carla, a propósito do que o Idálio disse, tu

eras o “objecto” daquela declaração, achas

que ele tomou a decisão de o fazer publicamente

porque lhe era mais confortável?

C.: Acho que o evento proporcionou que tal

momento acontecesse e mostrou que com

amor tudo é possível, e que o amor e o respeito

podem unir pessoas de culturas diferentes.

Para o Idálio foi libertar-se e dizer

saber ABRIL 2022

25


O namoro e o casamento

são uma situação séria

na comunidade cigana.

Ela compreendeu e

aceitou. Acompanhou o

processo e adaptou-se

muito bem, e isso foi

brilhante no processo

de integração na família

já que nos damos todos

muito bem

«isto é quem sou e ela é a pessoa com quem

quero seguir a minha vida, apesar de ser de

uma cultura diferente». Ele foi corajoso. É

preciso ter coragem para fazer o que ele fez.

O Idálio é tímido, acanhado. Não seria

mais lógico fazer o pedido numa floresta

ou à mesa de um restaurante à luz das

velas? São os dois românticos?

C.: Não. Eu sou uma eterna romântica.

Ele não.

I.: Já tentei ser, mas não resulta [risos]. É contra

a minha natureza. É isso e dançar...

A.C: Já somos dois [risos]

I.: A Carla adora dançar! Eu não sei dançar

nem gosto de dançar.

A.C.: À minha mulher digo para ela ir dançar

com os vizinhos do prédio se estiver

muito necessitada de dançar...

C.: Adoro dançar e de tudo o que está relacionado

com dança. Gosto muito das músicas

e das danças africanas, como a kizomba.

Quando começámos a namorar, desafiei-o

para a dança numa noite africana, num bar

da cidade. Eu não sabia se ele gostava de

dançar ou se iria dançar. Ele ficou espantado

com aquele ambiente, eu fui dançar e ele

ficou no balcão a observar, o que para ele é

óptimo porque fica no seu canto e eu vou

para o bailarico.

Em que contexto é que vocês se conhecem?

I.: É uma história muito curiosa. Eu estava

de férias em Lisboa (onde nasci), na casa da

minha mãe. Eu já conhecia a Carla de vista,

mas o facto de ser tímido não me permitiu

avançar mais. Há um dia em que faço um

post relacionado com a área da hotelaria, ela

faz um comentário no post e eu respondo

com um gosto no comentário dela. Começámos

a trocar simples mensagens, sempre na

temática do turismo. O clique deu-se quando

um dia ela envia a mensagem: “bff”. Eu olhei

para aquilo e não percebi o que queria dizer.

Fiquei a matutar e escrevi «desculpa a minha

ignorância, mas o que queres dizer com bff?»

Ela respondeu «bom fim de semana». A partir

daí começámos a conversar mais e a trocar

mensagens.

A partir deste “bff”, Carla, o que é que se

segue?

C.: Seguem-se muitas conversas, olhares.

I.: Entretanto eu disse-lhe que a achava uma

pessoa diferente e que eu tinha uma cultura

diferente.

C.: Não percebi o que ele queria dizer com

essa coisa de ser diferente ou de ter uma cultura

diferente. Até ao dia em que ele me diz

que é cigano. E eu… «e...?»

O que me leva à questão do preconceito.

A Carla poderia já gostar de ti ou sentir

uma atracção por ti. Porque é que o facto

de vires de uma etnia diferente faria

com que ela deixasse de gostar de ti? Não

faria sentido. E a brincar, a brincar, estão

juntos há...

I.: Há mais de cinco anos.

C.: Conhecemo-nos há mais de cinco anos,

mas estamos juntos faz cinco anos no dia 9

de junho.

Têm o Lucas com dois anos. Como é que

foi para a tua família, ou para a tua comunidade,

receber a informação de que ias

casar ou viver com uma não cigana, e

como é que foi para a tua família, Carla,

saber que estavas apaixonada por um

cigano?

I.: Da minha parte, foi mais complicado. Na

nossa comunidade temos de respeitar para

sermos respeitados. E eu sabia que ao escolher

a Carla para viver comigo seria para

sempre. A minha mãe não queria que eu

andasse a saltar de relação em relação e tive

um tio que me disse «não gosta, não estraga».

E foi assim. Quando disse à minha mãe

e aos meus irmãos que era a Carla a pessoa

de quem gostava e queria ter a meu lado na

minha, houve previamente uma preparação

porque não queria defraudar as espectativas

e não queria errar. Disse à Carla que

não iria ser fácil esta coisa de explicar à família

o nosso relacionamento. Na nossa comunidade

não andamos a saltar de relação em

relação. O namoro e o casamento são uma

situação séria na comunidade cigana. Ela

compreendeu e aceitou. Acompanhou o processo

e adaptou-se muito bem, e isso foi brilhante

no processo de integração na família

já que nos damos todos muito bem. Ela relaciona-se

muito bem com os meus irmãos e a

minha mãe. Tem sido espetacular.

Carla, em algum momento ouviste algum

tipo de comentário menos favorável por

causa da etnia cigana do Idálio?

C.: Não, mas senti no meu local de trabalho

essa sensação de preconceito. Não na

minha família. A minha mãe aceitou super

bem. Disse-me «não quero saber se é cigano,

se é preto ou é amarelo. Só quero que ele

te trate bem». No primeiro jantar de família,

o Idálio foi bombardeado com muita curiosidade,

mas correu tudo bem e com normalidade.

Tudo corre bem quando há respeito e

educação.

Quando entraste no relacionamento com

o Idálio já tinhas uma filha com 12 anos.

Como é que foi a aceitação por parte da

Fabiana relativamente ao Idálio?

C.: São muito amigos. Simpatizaram logo

um com o outro. O Idálio é um confidente.

A Fabiana respeita e sabe as regras da cultura

cigana, há coisas na cultura cigana que ela

entende, mas as quais não se identifica. Tem

o seu ponto de vista, e expressa-o, mas aceita

e respeita a cultura cigana.

A comunidade cigana na Madeira está dispersa

geograficamente ou está mais concentrada

no Funchal?

I.: Está concentrada no bairro da Nazaré. Há

uma ou duas famílias na Camacha, mas a

grande comunidade está no Funchal, no Bairro

da Nazaré.

És o presidente da mesa da Assembleia-

-geral da Associação dos Ciganos da

Madeira. O que é que a Associação se propõe

fazer e em que pode ajudar a comuni-

26 saber ABRIL 2022


dade cigana na Região?

- Temos muito trabalho pela frente. Temos

projectos para pôr em prática nas áreas do

ensino e do mercado de trabalho, projectos

de integração das crianças nas escolas locais,

por exemplo. Numa das últimas reuniões

que tivemos, um projeto que propus está

relacionado com a aprendizagem das mulheres

adultas ciganas, porque a mim custa-me

ver uma mulher cigana ir a um supermercado

e pedir a alguém que lhe leia um rótulo de

produtos. Custa-me ver isto, e estou a falar

de mulheres jovens que não sabem ler nem

escrever. Ler, escrever e assinar o nome é

uma aprendizagem essencial e que a mulher

cigana também merece e deve ter. Isto é um

passo grande para a comunidade cigana e

levar este projecto adiante leva o seu tempo.

Porque tem a ver com a mudança de mentalidade...

I.: Também.

A mulher cigana não tem de passar pela

escolaridade? Não tem essa obrigatoriedade?

- Infelizmente, não. Na cultura cigana os

rapazes podem estudar e têm liberdade para

estudar o que quiserem, o que não acontece

com as raparigas. As meninas chegam ao

quarto ano e param os estudos. Se quiserem

continuar os estudos fazem-no em casa. Já

está melhor e nota-se, sobretudo no norte

de Portugal, onde há mulheres ciganas que

estudam e concluem os seus cursos.

Carla, ligada ao desporto desde sempre.

Vem de família esta ligação ao desporto.

Treinadora de voleibol do Club Sport

Madeira. Como é que chegas a treinadora?

É porque seres uma rapariga que sempre

foi muito disciplinada ou que gosta de

impor alguma coisa aos outros?

C.: Note-se que nunca fui uma grande atleta.

Era um protótipo de atleta, mas era aquele

elemento da equipa que dava força e que

puxava pela equipa, de gritar e tal. Há seis

anos achei que estava na altura de pendurar

as botas. Na altura o meu treinador fez a pré

convocatória para o início da época e mandou-me

uma mensagem a dizer que precisava

falar comigo, e eu que já tinha dito que

não ia jogar mais, achei estranho. Fui à reunião

e ele diz «estou a convidar-te para seres

minha adjunta». E eu «agradeço muito mas

não tenho curso e não faço a mínima ideia do

que é treinar uma equipa». E ele «é verdade.

Não tens nada disso, mas podes tirar um curso

e tens uma coisa que é fundamental «tens

capacidade de liderança e sabes motivar a

equipa». E assim foi. Tirei o curso de treinadora,

estou no nível 2 e ainda por cá continuo.

E tens uma filha que já é seleccionada

para representar as cores da nação.

C.: Sim, o que me deixa muito orgulhosa. A

Fabi tem ainda poucos anos de voleibol, mas

tem uma coisa que me deixa especialmente

orgulhosa que é ter conseguido tudo pelo

seu pulso. Sem usar o nome de ninguém,

subiu a pulso e por ela.

Idálio, passados estes anos de relação

com a Carla o que mais valorizas na vossa

relação?

I.: A família, sem dúvida. É o compromisso, a

cumplicidade, o respeito, e é bonito e que seja

sempre assim. Falamos muito e consideramo-

-nos como sendo pessoas muito “antigas”.

C.: O amor.

Vocês são “anormais” para a vossa geração

[risos]

C.: Sim, muito anormais...

I.: Sim, não somos exemplo para ninguém

mas tem resultado.

Uma palavra ou uma frase que queiras

dedicar neste momento ao Idálio. Uiiii…

C.: “Sempre tua, sempre tu, sempre nós”.

A.C.: Muito obrigado a ambos. s

PUB

saber ABRIL 2022

27


viajar coM saber

ANTÓNIO CRUZ

AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt

Cinque Terre

E aquela costa da Ligúria que comporta um dédalo de

localidades como se se tratasse de um fio de pérolas

que se estende por alguns quilómetros do golfo de

Génova? Aquele pedacinho de litoral que tanta gente

anseia conhecer, pelo qual batem corações e se

suspendem respirações. Que traz em si o sonho dos

lugares belos e coloridos, a fonética da um idioma

doce ao ouvido, musical. Que é prenúncio de belos

passeios, de gente animada, de charme e gireza.

Pois é, Cinque Terre soa bem no ouvido. E na

imaginação. E no olhar quando por elas vamos e por

lá nos perdemos em devaneios.

1] Tudo tem um início. E o início desta incursão pelas Cinque Terre deu-se em

São Marino (ver última edição da SABER), tendo depois decidido atravessar a

Toscana, sem me deter a não ser para um excelente almoço e umas fotografias

de estrada. A ideia era chegar ao final da tarde a Riomaggiore. E cheguei. E fui

conhecê-la já a noite ia escura para a ela voltar dois dias depois.

1]

António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia

28 saber abril 2022


2]

3]

2] A cor, e o colorido que o ensemble edificado provoca, é

como que a imagem de marca das cinco terras cosmopolitas.

De ruas inclinadas, por vezes difíceis de caminhar, de acessos

nem sempre fáceis, todas elas têm encantos próprios e

gente amistosa que gosta de receber. No dia seguinte ao da

chegada, Monterosso seria a primeira paragem.

3] E como longe não estava de dois lugares que há muito pretendia

visitar, porque também eles faziam parte do meu imaginário de

viajante que anda nisto há alguns anos, seria quase que crime

lesa-pessoal, não passar por Portofino e perceber o seu significado

idiossincrático e arquitectónico.

4] 5]

4] Sendo que ali mesmo coladinha se encontrava Santa Margarita

Ligure, que em tempos tive oportunidade de folhear numa revista

de viagens e sempre me ficou debaixo de olho. Com uma malha

urbana mais vasta que a de Portofino, com um mesmo glamour

existencial, não ficou de forma alguma aquém das minhas

expectativas antigas e alimentadas no fio do tempo.

6]

6] Mas talvez que entre

todas a que me tenha

sido mais querida foi a de

Corniglia. Se calhar por ser

mais pequena das cinco

terras, se calhar por ser a

mais mimosa e delicada,

se calhar pelo facto de a

experiência gastronómica

ter sido absolutamente

insuperável. Ou pelos seus

recantos românticos. Ou

pelo seu sossego. Ou por

tudo o que contribui para

um conjunto de reacções

inesperadas e insuspeitas.

5] Vernazza seria, já no terceiro dia por estas bandas, a terra seguinte

a visitar. Que não fugindo à lógica de cor, de bulício turístico (mas longe

dos anos antecedentes da pandemia), não frustrou o final de uma

caminhada exigente, mas prazerosa, ladeada pela natureza em verde e

encimada por um céu em azul.

7]

7] Para depois terminar na que é considerada a mais fotogénica e

animada. A mais badalada e instagramável. A mais divertida e com

uma oferta de panorâmicas e (re)cantos intimistas que nos fazem cair

em súbito enamoramento. Foram 4 dias bonitos e enriquecedores que

contribuíram para mais um sonho concretizado. Graças à minha filha,

que me acompanhou em mais uma aventura geográfica.

saber abril 2022

29


MARCAS ICÓNICAS

Conta com mais de meio século de história esta

que é a maior cadeia mundial de cafetarias. A

primeira loja Starbucks abriu em 1971 na cidade

norte-americana de Seattle, impulsionada por três

sócios - os professores Jerry Baldwin e Zev Siegel, e o

escritor Gordon Bowkem. Inspirados por Alfred Peet,

fundador da Peet’s Coffee & Tea, abriram a loja na

Pike Place Market onde começaram a vender grãos

de café de alta qualidade e equipamentos – a loja

ainda está aberta mas não no mesmo local em que

foi inaugurada. O nome Starbucks foi inspirado na

personagem Starbuck, do livro Moby Dick e o logotipo

é um entalhe escandinavo do século XVI de uma

sereia com duas caudas. Em 1984, os donos originais

da Starbucks, liderados por Baldwin, compraram

o Peet’s. Em 1987, a cadeia Starbucks foi vendida

à Il Giornale de Schultz, que trocou as marcas do

Il Giornale pelas da Starbucks, o que deu origem à

grande expasão da empresa ao nível internacional.

A Starbucks abriu a sua primeira loja fora de Seattle

em Vancouver, no Canadá. Na atualidade,

a Starbucks conta com mais de 20 mil

lojas em todo o mundo. A empresa abriu

a sua primeira loja em Portugal em

2008, no centro comercial em Alfragide

e a segunda na zona de Belém, e ambas

tornaram-se grandes êxitos. Existem 23

lojas em Portugal, incluindo a Madeira.

Cada loja possui pelo menos dois baristas

altamente formados. As lojas Starbucks

oferecem uma variedade de cafés

coados do modo tradicional, alternados

em intervalos de tempo (geralmente

semanal, dependendo da disponibilidade

dos grãos) para proporcionar aos clientes

uma maneira fácil de experimentar os

diferentes cafés. Serve também uma

gama de bebidas quentes, baseadas

ou não no café expresso. Para manter

o aroma do café, é proibido fumar

em praticamente todas as lojas ou os

funcionários proibidos de trabalhar com perfumes

fortes. A maioria das bebidas consumidas nas lojas da

marca podem ser personalizadas usando por exemplo

leite ou soja, adicionando sabores (ou xaropes),

chantilly e cappuccinos, ou nos copos da marca, em

que o cliente pode imprimir o seu nome ou também

pode escolher um entre quatro tamanhos de copos

para bebidas quentes, ou um entre três tamanhos

para bebidas frias. Uma outra característica é que

os os grãos de café da Starbucks são torrados em

uma dentre quatro unidades de torrefação. Os grãos

torrados são embalados após a torra numa bolsa

com uma válvula que permite aos grãos continuarem

a emitir gases dentro da embalagem sem danificála.

O cliente pode solicitar que o mesmo seja moído

conforme o método de preparação utilizado. Há três

tipos diferentes de torrefação: clara, média ou escura

– quanto mais escura a torrefação, mais forte o sabor

do café. s

Dulcina Branco

Wikipédia - www.starbucks.pt - pixabay

30 saber abril 2022


DECORAÇÃO

Plantas que purificam o ar da casa

As plantas naturais são uma das grandes tendências para

este ano na decoração da casa. Se a ideia é levar plantas

para dentro da casa, há que saber quais são as mais indicadas.

De uma forma geral, as plantas que purificam o ar

são um precioso aliado à saúde e conferem elegância aos ambientes

fechados. Além disso, ter plantas que purificam o ar acaba por

ser uma escolha terapêutica, pois ajudam a minimizar os níveis de

stress e ansiedade e têm o poder de melhorar o humor. O site Habitissimo

lançou um artigo que aborda esta questão de uma forma

prática e útil. As plantas podem ser colocadas em qualquer divisão

da casa e a função é só uma: purificar o ar no interior. As plantas

naturais são uma maneira de reduzir o uso de purificadores de ar,

velas ou ambientadores. Representam um método natural para

equilibrar o nível de humidade, absorver dióxido de carbono ou

substâncias químicas e libertar oxigénio, através da fotossíntese.

Com o ar mais limpo, mantêm-nos afastados de substâncias tóxicas

encontradas em sprays, tintas, inseticidas, e vernizes. A lista

de plantas da Habitíssimo apresenta: Antúrio. Os antúrios são

belas plantas que purificam o ar dos ambientes internos mas que

também se adaptam bem no exterior. Se procura uma planta que

purifique o ar e consiga destacar-se em salas ou quartos pequenos,

os antúrios são a escolha perfeita. Lírio da Paz. Cozinhas e casas de

banho com janelas são espaços adequados para esta planta que é

muito eficaz contra produtos químicos como o formaldeído, identificado

em produtos de limpeza. Espada de São Jorge. Consegue

eliminar compostos orgânicos encontrados em detergentes e em

produtos químicos, habitualmente acumulados em casas de banho

e lavandarias. Esta é das plantas que purificam o ar à noite por produzir

quantidades abundantes de oxigénio durante este período.

Gerbera. Purifica o ar e absorve o xileno de ambientes fechados,

como o quarto de dormir. Há outras plantas que purificam o ar tais

como: dracena de Madagáscar, aloe vera, begónia, cacto, planta-

-aranha, orquídea-borboleta, crisântemo, flor-de-natal, hera-inglesa,

azália, palmeira-bambu...Por último mas não menos importante,

abra as janelas durante 10 minutos durante o dia. s

Dulcina Branco

dci.com, mundon.com

idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2022

saber abril 2022

31


CASUAL CHIC

&

Carmo Gomes

Lifestyle Blogger › Instagram mumlife_bymc

CORES, Q.B.

Malas e Acessórios

madamsissipt

facebook.com/cateept

cate.pt

Agradecimento › Pestana CR7 Hotel

Carolina Rodrigues › naikerodrigues & Manuel Freitas

Sem dúvida, é a época das cores. Todavia,

isto não quer dizer que o corpo

feminino deva tornar-se numa palete

que recebe todas as combinações

que nos chegam através das revistas e das

redes sociais. Para quem não quer apostar

nas sugestões dos grandes estilistas mundiais,

que até nos podem encher os olhos

de alegria, uma solução prática pode ser

a mistura de tons mais neutros (ou pastel)

com tons mais vivos, assim como de texturas

mais simples com outras mais arrojadas.

Outro aspecto a ter em conta é de que as

peças escolhidas devem combinar com o

nosso gosto pessoal e com a nossa personalidade,

pois embora seja verdade que não

são as roupas que nos fazem, não é menos

verdade que as roupas espelham um pouco

de nós. Os combinados aqui apresentados

foram fotografados no ambiente acolhedor

do ‘Pestana CR7 Hotel’, um exemplo fantástico

do que um ‘lifestyle hotel’ deve ser e onde

encontramos uma equipa jovem, dinâmica e

motivada para proporcionar uma experiência

única. As peças escolhidas valorizam a

oferta do comércio local, desta feita na ‘Cátê’

e na ‘Madam Sissi’, onde a cliente beneficia

de uma preocupação constante em evidenciar

a individualidade de cada mulher. Afinal,

quem não gosta de ser mimada?! . s

32 saber abril 2022


saber abril 2022

33


DICAS DE MODA

Lúcia Sousa

Fashion Designer Estilista › 914110291

WWW.luciasousa.com

FACEBOOK › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista

Emilia Santos (4affection Agency)

Maquilhagem › Maria Gambino

Cabeleireiro › Hulli Baxtter

Pedro M.A.Faria › www.pedrofariaphotos.com

Evento › Madeira Flower Collection

BORDADO MADEIRA

Nesta edição, apresento-vos uma peça

de Moda de Autor, estilo Avant-Garde,

uma espécie de “ode” à nossa tradicional

arte de bordar à mão: o Bordado

Madeira. Desenhei esta peça com decote

em “V”, sem costas e que prende na cintura.

O tecido é a seda e o desenho original do bordado

é inspirado em plantas vistas de cima, a

“barrilha”. A acompanhar, uns calções largos

de cor verde. Pequenos detalhes completam o

visual os acessórios também desenhados por

mim. s

34 saber abril 2022


saber abril 2022

35


MAKEOVER

Mary Correia de Carfora

Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup

Um dia com...

Casamento de sonho

Olá gente linda !. Nesta edição, trago-vos uma maravilhosa sessão

de noiva!. Vêm aí os meses mais procurados pelos noivos para

os casamentos e esta opção é uma linda sugestão para compor

aquele momento que se quer ter para sempre. Uma noiva fresca,

descontraída mas igualmente refinada e elegante! Um vestido de uma

coleção “low-cost” da loja Noir Noivas que se adapta a todas as idades e a

todos os estilos. O penteado foi elaborado de acordo com o estilo do vestido

e os acessórios - originais e joviais – complementam o “look” pela diferença.

Há um sem fim de opções para ajudá-la no seu dia especial, à sua

espera, na loja Noir Noivas, no Funchal, onde encontra tudo o que precisa

para o dia que será um dos mais marcantes da sua vida. Todas as noivas

são únicas, as personalidades e rasgos também e, por essa razão, vou ao

encontro do gosto e personalidade da pessoa e tenho tido a sorte de ser

bem sucedida neste trabalho, já que gostam e aceitam as minhas ideias

e sugestões. As minhas noivas são todas especiais - são a minha carta de

apresentação - e é um gosto enorme poder participar num dia que será

certamente o mais feliz das suas vidas. Espero que gostem desta sugestão

para noiva que teve como cenário o incontornável Saccharum Resort&Spa

Hotel que se localiza na linda freguesia do Arco da Calheta.s

Mary de Carfora

Agradecimentos

Loja Noir Noivas Vestido Noir Noivas - Fotografia Mariana Pita - Cabelos/Maquilhagem/Acessórios Mary Carfora

Cenário Saccharum Resort&Spa Hotel

36 saber abril 2022


saber abril 2022

37


FASHION ADVISOR

JORGE LUZ

www.facebook.com/jorgeluz83/

Tendências primavera-verão 2022

O

lá amigas! Chegou a nova estação

e com ela, novas peças e materiais.

Os vestidos esvoaçantes,

cheios de estilo e cor são uma

das grandes tendências desta temporada.

A cor veio para ficar, depois de termos estados

estes dois últimos anos confinados

em nossas casas por casa da pandemia. Os

vestidos e túnicas coloridas, em tecidos leves

e frescos adequam-se a qualquer idade

e a qualquer estilo. Deixo-vos com algumas

sugestões para vestir nesta temporada que

chega cheia de peças lindas e estilosas e que

deixarão as senhoras ainda mais bonitas.

Sejam felizes. s

Jorge Luz Jorge Luz Fernanda Barry

38 saber abril 2022


saber abril 2022

39


MOTORES

Novo

Yaris Cross

traz

felicidade!

Nélio Olim

Milton Nóbrega

Combinando um design arrojado com

uma vista espaçosa e imponente sobre

a estrada, o Yaris Cross oferece

a verdadeira atitude SUV. Eletrificado

com a mais avançada tecnologia Full

Hybrid, o novo citadino da Toyota está preparado

para qualquer dia-a-dia, garantindo

sempre estabilidade, potência e aderência.

Destinado aos segmentos A e B, ou seja,

dos pequenos utilitários e citadinos, o Toyota

Yaris Cross chega ao mercado nacional

com cinco níveis de equipamento – Comfort,

Comfort Plus, Exclusive, Square Edition e

Luxury -, mas também com uma edição

especial de lançamento, intitulada Premier

Edition. E que se destaca pela disponibilização

do nível mais recheado de equipamento

e com acabamentos exclusivos. Com a

sua maior distância ao solo e uma posição

de condução mais alta, o compacto Yaris

Cross dá a confiança certa para enfrentar a

rotina agitada da cidade. Desde a sua tecnologia

híbrida ao interior espaçoso e versátil,

o mais recente membro da familia Yaris

chegou para o manter em movimento sem

que deixe nada para trás. Com a tecnologia

avançada Full Hybrid incorporada no Yaris

Cross, a sua condução é muito agradável

em todo o tipo de percursos. O seu sistema

híbrido de auto-carregamento marcam

uma nova era ao nível da performance de

condução e eficiência na sua classe. Ao longo

da viagem, nada poderá tornar menos

agradável a sua condução, já que este modelo

vem recheado de um conjunto de argumentos

que não torna nenhuma viagem

monótona. Nem o trânsito!. Recorde-se que,

o Toyota Yaris Cross tem por base a mesma

plataforma GA-B que serve, igualmente,

as restantes versões do modelo, embora

e neste caso, com uma maior distância ao

solo e posição de condução mais elevada.

Quanto à motorização híbrida, trata-se de

um quatro cilindros 1,5 litros, apoiado por

um motor elétrico, a anunciar uma potência

combinada de 116 cv e consumos de 4,5-5,0

l/100 km, além de emissões de 101-113 g/

km, ao que se junta um sistema de tracção

dianteira ou, opcionalmente, um sistema de

tracção integral inteligente, com dois modos

de funcionamento específicos: Trail e Snow.

Disponível, mas por encomenda, vai estar,

igualmente, uma motorização a gasolina,

traduzida no mesmo 1,5 litros, mas sem ajuda

elétrica e a debitar 125 cv de potência, a

par de um consumo de 5,9 l/100 km. Com o

Toyota Smart Connect, não há motivos para

um dia-a-dia stressado. O novo display toutch

HD de 9 permite aceder ao trânsito em

tempo real, fornecendo informações importantes

da viagem, bem como, a integração

sem fios com o seu smartphone através da

tecnologia Apple CarPlay e Android Auto.

No Yaris Cross, o conforto e o controlo estão

sempre ao seu alcance. Conduzir o Yaris

Cross significa viver uma verdadeira experiência

SUV. Desenhado como nenhum outro

da sua classe, as rodas em liga leve 18“,

as suas linhas inspiradas num diamante e

a sua postura elevada, reforçam as credenciais

de autêntico SUV. O Yaris Cross dá a

confiança que precisa para encarar qualquer

cidade, sempre com a qualidade que a

Toyota nos habituou. Estará o leitor preparado

para esta nova experiência? Claro que

sim, já que falamos duma gama acessível a

partir de 23900 euros na gama hibrida e na

versão confort, enquanto que, a motorização

a gasolina está disponível a partir dos

21500 euros. s

40 saber abril 2022


saber abril 2022

41


agenda cultural

Agenda

Cultural

da Madeira –

abril 2022

SECRETARIA REGIONAL De TURISMO E CULTURA

D.R.

Exposições

“Sistema Circulatório”

Até 7 de abril

Na Galeria Espaçomar - Escola Básica e Secundária

Gonçalves Zarco

Um projeto de Martinho Mendes e David

Oliveira “que procura refletir acerca do papel

da água na modelação da paisagem

cultural da Madeira, reunindo diferentes

representações vinculáveis à sensibilidade

de quem habita, cultiva e projeta neste

território, e que problematizam, também, a

procura pelo equilíbrio entre o ser humano,

a cultura e o lugar.”

“Musealização da Lapinha do Caseiro”

Até 16 de abril

No Museu Etnográfico da Madeira

Exposição

temporária

A Lapinha do Caseiro foi um dos mais célebres

presépios da Ilha. O seu autor Francisco

Ferreira, nasceu na freguesia do Monte, a

11 de outubro de 1848. Herdou o ofício de

42 saber ABRIL 2022

Pixabay [by David Mark / Pixabay]

carpinteiro e a alcunha do seu pai, que era

antigo caseiro do Monte, zelando por terrenos

pertencentes às religiosas do Convento

de Santa Clara. Artista autodidata, cedo começou

a talhar a madeira, esculpindo desde

os 14 anos. Tornou-se santeiro de profissão.

Iniciou o presépio na sua juventude e

nele trabalhou até morrer, em 1931, tinha

então 82 anos. Usava madeira de cedro e

raramente fazia uma figura de uma só vez,

preferindo ter várias entre mãos. Francisco

Ferreira não tinha instrução, era a sua mulher

e, mais tarde, a sua filha que lhe liam

passagens do Antigo e do Novo Testamento.

Assim se inspirava para melhor interpretar

e executar os vários episódios bíblicos que

ia introduzindo no seu Presépio. Em relação

aos pastores, são figuras ingénuas ou caricatas

que retratam a sociedade urbana e

rural madeirense, espelhando lides e ofícios

quotidianos, vivências locais, relacionadas

sobretudo com a freguesia do Monte.

“Don’t Waste Time”

Até 22 de abril

Na Casa da Cultura de Santa Cruz | Quinta

do Revoredo

Da autoria da artista Fedra Espiga

Mostra, com preocupações de alerta e sensibilização

para as questões ambientais. O

tempo deixa de ser abstrato sempre que

uma folha cai. A queda das folhas é um temporizador

permanente. A queda de uma folha

revela o Tempo. É o relógio do Planeta.

Marca os nossos segundos, minutos, horas,

dias, semanas, anos, décadas… Este relógio

é fiel a si próprio com um mecanismo

construído por células em constante mitose,

por isso nunca se atrasa. O relógio do Planeta

nunca se atrasa, ao contrário de nós.

O nosso atraso passou a ser a enfermidade

do Planeta Terra que, a todo o custo e com

elevados prejuízos, tenta restabelecer o seu

equilíbrio, que é o nosso equilíbrio, e que há

muito perdemos. É urgente desperdiçarmos

o nosso tempo na resolução dos problemas

que criámos.

“Impasse número vinte e um”

Até 22 de abril

Na Torre do Capitão - Núcleo Histórico e Museológico

de Santo Amaro

Mostra coletiva que resulta de uma iniciativa

de cooperação entre a Secretaria Regional

de Turismo e Cultura, através da Direção

Regional da Cultura e do MUDAS.Museu de

Arte Contemporânea da Madeira e a Universidade

da Madeira (UMa). Beatriz Henriques,

Cláudia Sousa, José Carlos Pereira, Lícia Ferraz,

Teresa Vieira, Tiago Pinto são os artistas

que integram esta exposição coletiva de ex-

-alunos da UMa. Apresentam obras de de-


senho, escultura, instalação, realizadas com

diversos materiais.

“Os Bettencourt Perestrelo de

Vasconcelos: Uma Família e o seu

Arquivo”

Até 30 de abril

No átrio do Arquivo e Biblioteca da Madeira

Esta exposição apresenta o arquivo da família

Bettencourt Perestrelo de Vasconcelos,

com mais de 300 documentos (séculos XVII

a XX), datados na sua maioria do Antigo Regime

e do Liberalismo e amplifica a informação

sobre os Perestrelos madeirenses. São

também integrados documentos de outros

fundos e instituições, que apontam outros

rumos de pesquisa para a área da Genealogia

e História das Famílias.

“TRINUS”

Até 4 de junho

Galeria do MUDAS.Museu de Arte Contemporânea

da Madeira

De Cláudio Garrudo

Mostra composta por obras de fotografia e

vídeo, com a curadoria de Ana Matos.

“O CIGANO - Fogão de Farelo”

Até 2 de julho

No átrio do Museu Etnográfico da Madeira

Exposição temporária no âmbito do seu

projeto semestral “Acesso às Coleções em

Reserva”

Com o objetivo de proporcionar uma maior

rotatividade das coleções, o museu dá continuidade

ao projeto denominado “Acesso

às Coleções em Reserva”, sendo apresentada,

semestralmente, uma nova temática.

Neste semestre, o museu recuperou e dá

a conhecer, uma técnica secular de cozinhar

os alimentos. A lenha, utilizada para

cozinhar os alimentos, embora abundante

em algumas localidades foi, em tempos

mais remotos, um bem escasso, devido à

sua grande procura e utilização. Para obtê-

-la, era necessário percorrer longas distâncias

nas serras e em lugares inacessíveis.

Foi então que surgiu o cigano, utilizado um

pouco por toda a ilha, uma forma sábia

de aproveitamento do farelo de madeira,

proveniente da laboração das carpintarias

e serragens. Este material, de difícil combustão,

tornava-se combustível, quando

prensado dentro de uma pedra de tufo,

construída para o efeito, ou, mais recentemente,

dentro de um recipiente em folha de

flandres, reutilizando-se as “latas de tinta”.

“Augusto Cabrita – Índia Portuguesa”

Até 16 de julho

No Museu de Fotografia da Madeira - Atelier

Vicente’s

Esta mostra reúne um conjunto de sublimes

imagens da Índia Portuguesa,

captadas em 1960 por Augusto Cabrita

(1923-1993), uma das maiores

referências nacionais da fotografia.

Espólio que nos chega através do filho do

autor, seu homónimo e também fotógrafo.

É exibido na nossa região pela primeira vez.

“DA RAÍZ AO NÚCLEO”

Até 31 de julho

Na Assembleia Legislativa da Madeira

De Teresa Gonçalves Lobo

“Formas Encontradas” e “(Un)Disclosed”

Até 31 de agosto

No MUDAS.Museu de Arte Contemporânea

da Madeira

“Formas Encontradas”, de Sandra Baía com

curadoria de David Barro e “(Un)Disclosed”,

de Julião Sarmento com a curadoria de Benjamin

Weil.

“Museu de Arte Contemporânea: A

Fundação”

Até 31 de outubro

No Museu Quinta das Cruzes

Projeto com organização conjunta do MU-

DAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira

e do Museu da Quinta das Cruzes

Esta mostra marca o arranque das comemorações

do trigésimo aniversário da fundação

do Museu de Arte Contemporânea da Madeira.

“Subaquática”

De 3 de maio até 15 de julho

No Museu de Fotografia da Madeira – Atelier

Vicente’s

Mostra de fotografia subaquática da autoria

de Gonçalo Gomes

Tem como principal objetivo sensibilizar o

público em geral e mobilizar a sociedade

para a conservação da vida marinha. Em

exposição estão fotografias captadas de espécies

várias do fundo do mar, por Gonçalo

Gomes, madeirense que ao longo de há mais

de três décadas tem se dedicado à fotografia

e vídeo subaquáticos. No espaço de exposições

temporárias do MFM-AV estão imagens

captadas não só no mar da Madeira, como

também dos Açores e das Maldivas, assim

como o equipamento que Gonçalo Gomes

utiliza habitualmente nestes mergulhos e

que pesa mais de 20 quilos. Além da mostra

de fotografias, o autor preparou ainda dois

vídeos com imagens subaquáticas que será

exibido de forma contínua na sala multimédia

do Museu. Estes vídeos mostram, por

um lado, a imensa biodiversidade do mar do

arquipélago, revelando espécies com raias,

moreias, meros, badejos ou os lobos-marinhos,

mas também outras menos conhecidos

como lesmas do mar, camarões listrados,

entre outros; o outro vídeo mostra as

cinco espécies que estão mais ameaçadas,

devido ao aumento da poluição marinha ou

da atividade piscatória.

OUTROS EVENTOS

ESPETÁCULO “ECHO”

Dias 1 e 2 de abril

No Auditório do Centro de Congressos do

Casino da Madeira

Bailado de Dança Contemporânea inspirado

na curta metragem “Alike”

Direção e criação artística: Casey Lee Binns

Direção e composição musical: Márcio Faria

Dia 1 | 11h30 (sessões para as escolas)

Dia 2 | 20h30 (público em geral)

Reservas:

937 575 913

caseysdancestudio@gmail.com

ESPETÁCULO “ECOGRAFIA”

Dias 2 e 3 de abril

No Centro Cultural John dos Passos – Ponta

do Sol

Dia 2 de abril | 21h00

Dia 3 de Abril| 17h00

Encenação de Mariça da Silva, com texto e

interpretação de Pedro Araújo Santos.

Uma exibição que pretende levar os espectadores

numa viagem ‘cavalgante’ sobre

múltiplos episódios da vida, com início no

nascimento e um fim...algures.

Reservas:

963 355 528 / reservas@avesso.pt

ESPETÁCULO “Fatum: 10 anos de Fado”

Dia 29 de abril | 21h00

No Teatro Municipal Baltazar Dias

Produção: Académica da Madeira

Pelo Grupo de Fados da Académica da Madeira.

s

saber ABRIL 2022

43


Instantâneo

O mundo veste-se de azul e amarelo

Tal como acontece em diversas cidades, a cidade do Funchal

também tem cidadãos que se manifestam no apoio à Ucrânia.

A imagem refere-se ao momento em que cidadãos ucranianos,

russos e outros participaram numa vigília pela paz em frente à

Sé do Funchal. Na Madeira vivem algumas centenas de pessoas que,

ou nasceram na Ucrânia ou nasceram na Madeira mas têm familiares

no país que foi invadido militarmente pelo regime de Putin. O mundo

não é indiferente à tragédia humanitária que acontece na Ucrânia. s

Dulcina branco

D.B.

44 saber abril 2022


LUGARES DE CÁ

SOCIAL

Mulheres saíram à rua

no Dia da Mulher

› Escolas de Porto Santo festejaram o Carnaval

› Taskaki Club no Porto Santo organizou noite dedicada ao Carnaval

› Comemorações do Dia Mundial da Proteção Civil na Praça do Povo

› Teatro Municipal Baltazar Dias foi palco das IV Jornadas do Teatro

› Organização do Miss Queen Madeira organizou donativo para a Ucrânia

› Arruada no Dia da Mulher apelou à Igualdade

› Entrega de prémios do concurso do IA Saúde, “A pandemia ainda não acabou”

› Conservatório promoveu sessão de cinema sobre ‘Igualdade de Oportunidades’

› Acordenistas do Conservatório brilham no Festival FoleFest’22

› Museu Atelier Vicente’s exibe “Subaquática”, mostra de fotografia de Gonçalo Mendes

saber abril 2022

45


social

Carnaval nas escolas

de Porto Santo

Devido à situação pandémica, o município de Porto Santo não

organizou o tradicional desfile de carnaval das escolas nas ruas

da cidade. No entanto, foi possível levar a alegria e a folia com

festas que foram animadas pelos palhaços Axé e Fininho, uma

iniciativa do município que decorreu nas escolas do 1.º ciclo. s

DB

Câmara Municipal de Porto Santo (Fábio Brito)

46 saber abril 2022


Carnaval no Taskaki Klub Kafé

É um dos bares mais frequentados de Porto Santo e que, em plena

época de carnaval, abriu portas à animação carnavalesca com

brindes e prémios para os melhores disfarces. Foram muitos os

que se associaram às noites de carnaval no Taskaki Klub Kafé,

espaço este que fica no centro da cidade Vila Baleira. s

DB

Câmara Municipal de Porto Santo (Fábio Brito)

PUB

ARRENDA-SE

Espaço de armazém - Áreas de 350 m 2 a 1000 m 2 - Bons acessos - ZONA InDUSTRIAL

CONTACTO MAIL comercial@oliberal.pt - Telf. 291 911 300 / 914 567 555

saber abril 2022

47


social

IV Jornadas do Teatro

A sala de espetáculos do Teatro Municipal

Baltazar Dias foi palco da edição 2022 das

“Jornadas do Teatro”, iniciativa esta que

contou com a participação de importantes

nomes do panorama artístico nacional que

refletiram sobre “Gestão Cultural e o Estatuto

Profissional do Artista”. Foi a quarta

edição deste evento organizado pelo departamento

responsável do Teatro Baltazar

Dias, da Câmara Municipal do Funchal. s

DB

Luís Miguel de Castro

Comemorações

do Dia Mundial

da Proteção Civil

O Dia Mundial da Proteção Civil foi assinalado

na Praça do Povo, no Funchal, com

uma exposição de meios e a realização de

exercícios de salvamento e de resgate. O

Presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque,

entrte outras individualidades,

marcaram presença na abertura desta exposição

que teve a participação de agentes

da proteção civil, bombeiros e outros operacionais

de socorro. s

DB

d.r.

48 saber abril 2022


Donativo para a Ucrânia

A organização Miss Queen Madeira efetuou uma recolha

de alimentos, roupas e bens essenciais, de forma

a efetuar um donativo para o povo da Ucrânia,

que vive um período difícil. Eduardo Jorge Gonçalves,

da organização do Miss Queen Madeira, contou que

“foi convidada Kate Telesheva, natural da Ucrânia a

viver na Madeira, para estar presente com o grupo

das finalistas da edição de 2021 e um pequeno grupo

das inscritas na edição 2022, para falar sobre o momento

que se vive na Ucrânia, o seu país natal. Os donativos

arrecadados foram entregues numa empresa

de transporte da Região para seguirem para Lisboa,

onde a Associação dos Ucranianos em Portugal tem

uma plataforma para coordenar a ajuda disponibilizada

e satisfazer os pedidos de apoio no âmbito da

invasão da Ucrânia, garantindo a entrega pelas vias

existentes em corredores humanitários e fronteiras

seguras. A organização Miss Queen Madeira, que tem

aulas, passeios e atividades aos sábados, voltou a reunir

mais alimentos, roupas, medicamentos e outros

bens essenciais, para reforçar a ajuda solidária ao

povo da Ucrânia”. s

DB

Miss Queen Madeira

Arruada Dia da Mulher

Com palavras de ordem

contra a guerra na Ucrânia,

igualdade e melhores condições

salariais para as mulheres,

a União dos Sindicatos

(USAM) saíu à rua para lembrar

que muitos dos direitos

das mulheres ainda estão

por concretizar. A arruada

partiu da placa central da

Avenida Arriaga em direção

à Assembleia Legislativa Regional

da Madeira onde foi

lida e entregue a resolução

“A igualdade tem de existir

para o país evoluir”. A iniciativa

decorreu no âmbito das

comemorações da Semana

da Igualdade, convocada

pela CGTP-IN. s

DB

Oliberal

saber abril 2022

49


social

Igualdade de oportunidades no Dia da Mulher

O Conservatório – Escola das Artes, promoveu no dia 08 de

março, Dia Mundial da Mulher, uma sessão de cinema dirigida

a alunos dos Cursos Profissionais sobre a ‘Igualdade de Oportunidades’.

Para reflexão sobre este tema foi escolhido o filme

‘O sonho de Wadjda’, que retrata o papel da mulher na Arábia

Saudita, refletindo uma sociedade onde a igualdade de género e

a tolerância religiosa e étnica são diferentes das sociedades ocidentais.

A sessão decorreu no Polo de São Martinho e contou

com a presença de cerca de 40 alunos do secundário. s

DB

Conservatório-Escola das Artes

IA Saúde premiou alunos

O Presidente do Governo Regional da Madeira

presidiu na escola Dr. Horácio Bento de Gouveia à

cerimónia de entrega de prémios aos alunos que

se distinguiram no concurso “A pandemia ainda

não acabou”. O concurso, do IA Saúde, recebeu

239 trabalhos, sendo que, destes, 35 foram selecionados

pelo júri do concurso e deixados à votação

do público. Foram atribuídos três prémios

por cada ciclo de ensino. Miguel Albuquerque lançou

o desafio para um novo concurso nas escolas

e que terá como mote a evolução das tecnologias

e do progresso das empresas tecnológicas madeirenses.

s

DB

Governo Regional da Madeira

50 saber abril 2022


Pódio do FoleFest 2022

com dois acordeonistas

do Conservatório

PUB

Maria Inês Vieira Ornelas e Lucas Ismael Azevedo Faria

arrecadaram dois troféus do 15.º Concurso de Acordeão

do Festival FoleFest ‘2022 que decorreu no Instituto

Superior de Economia e Gestão, em Lisboa. Após um

período de participações e afirmações em concursos

internacionais, realizados à distância devido à situação

pandémica, os jovens músicos madeirenses voltaram a

comprovar as suas qualidades também num formato

presencial. Os alunos do 4º ano do curso do Ensino Artístico

Especializado do Conservatório iniciaram o seu

percurso artístico nos Cursos Livres da instituição. A

responsabilidade pedagógica e artística das participações

foi do professor Slobodan Sarcevic. s

DB

Conservatório

– Escola Profissional das Artes da Madeira

“Subaquática”

O Museu de Fotografia da Madeira – Atelier

Vicente’s tem patente ao público esta mostra

de fotografia da autoria de Gonçalo Mendes.

São fotografias do ambiente marinho captadas

pelo madeirense que ao longo de mais

de três décadas se tem dedicado à fotografia

e vídeo subaquáticos nos mares da Madeira,

Açores e Maldivas; a exposição mostra também

o equipamento que Gonçalo Gomes

utiliza nos mergulhos. São exibidos dois vídeos

com imagens subaquáticas de forma

contínua na sala multimédia do Museu e

que mostram quer a biodiversidade quer

as espécies que estão mais ameaçadas devido

ao aumento da poluição marinha ou da

atividade piscatória. Presente na abertura,

o secretário regional de Turismo e Cultura,

Eduardo Jesus, enalteceu o trabalho que

tem vindo a ser desenvolvido por Gonçalo

Gomes em prol da divulgação e da proteção

da biodiversidade aquática. s

DB

SRTC

saber abril 2022

51


À MESA COM...

As sugestões de

FERNANDO OLIM

A

comida reconfortante entrou no léxico atual. Mas do

que estamos a falar? Na verdade, comida reconfortante

é aquele prato que pensamos em ter à mesa quando

precisamos de nos sentir bem. Alimenta a alma. Está

associado à comida caseira. A canja de galinha caseira, o frango

no forno, um simples gelado de chocolate ou uma sanduiche de

queijo ou fiambre acompanhada de uma chávena de café são

exemplos deste tipo de comida que carrega em si o valor nostálgico

que nos transporta à casa da infância. s

PRODUÇÃO FERNANDO OLIM

DULCINA BRANCO

FERNANDO OLIM

theforkmanager.com

DanaTentis for Pixabay

52 saber abril 2022


entrada

Bandeja Rainha

Esta entrada de queijos é composta por queijo curado

e queijo mozzarela. Acompanhe com pão de casa ou

fatias de pão torrado.

prato

principal

Costeleta de borrego

com legumes salteados

Costeleta de borrego frita selada em manteiga.

Acompanha com legumes salteados em manteiga,

azeite e molho de carne.

sobremesa

Doce de chocolate

Este muffin de chocolate tradicional acompanha

com frutos exóticos como maracujá, fisilis e pêssego

caramelizado. Finalize com creme de amora e baunilha,

coco ralado e chocolate em pó.

saber abril 2022

53


ESTATUTO EDITORIAL

Estatuto Editorial

A Revista Saber Madeira é uma revista mensal

de informação geral que dá, através do texto

e da imagem, uma ampla cobertura dos mais

importantes e significativos acontecimentos

regionais, em todos os domínios de interesse,

não esquecendo temáticas que, embora saindo

do âmbito regional, sejam de interesse geral,

nomeadamente para os conterrâneos espalhados

pelo mundo.

É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente

aos quadros médios e de topo, gestores,

empresários, professores, estudantes, técnicos

superiores, profissionais liberais, comerciantes,

industriais, recursos humanos e marketing.

Identifica-se com os valores da autonomia, da

democracia pluralista e solidária, defendendo

o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder

assumir as suas próprias posições.

Mais do que a mera descrição dos factos, tenta

descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,

antecipando tendências, oportunidades

informativas.

Pauta-se pelo princípio de que os factos e

as opiniões devem ser claramente separadas:

os primeiros são intocáveis e as segundas são

livres.

Como iniciativa privada, tem como objetivo o

lucro, pois só assim assegura a sua independência

editorial e económico-financeira face aos

grupos de pressão.

Através dos seus acionistas, direção, jornalistas

e fotógrafos, rege-se, no exercício da sua

atividade, pelo cumprimento rigoroso das normas

éticas e deontológicas do jornalismo.

A Revista Saber Madeira respeita os princípios

deontológicos da imprensa e a ética profissional,

de modo a não poder prosseguir apenas fins

comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,

encobrindo ou deturpando a informação.

www.sabermadeira.pt

Revista Saber Madeira

saber.fiesta.madeira

sabermadeira@yahoo.com

291 911 300

Propriedade:

O.L.C. Unipessoal Lda.

Sociedade por Quotas; Capital Social:

€500.000,00 Contribuinte: 509865720

Matriculado na Conservatória Registo

Comercial de Lisboa

Sede: Parque Empresarial Zona Oeste - PEZO,

Lote 7, 9304-006 Câmara de Lobos

Sócio-gerente com mais de 10% do capital:

Helena Sofia Sousa Aguiar de Mello Carvalho

Sede do Editor

Edgar R. de Aguiar

Parque Empresarial Zona Oeste - PEZO,

Lote 7, 9304-006 Câmara de Lobos

Director

Edgar Rodrigues de Aguiar

Redação

Dulcina Branco Miguens

Secretária de Redação

Maria Camacho

2022 CUPÃO DE ASSINATURA

Nova Assinatura Renovação Assinatura

Nome

Empresa

Morada

Código Postal

Comunicações, Limitada

UMA EMPRESA GRÁFICA REGIONAL,

COM VOCAÇAO INTERNACIONAL.

ESTAMOS PRESENTES NO MERCADO HÁ MAIS DE 25 ANOS.

Parque Empresarial Zona Oeste, lote 7 › 9304-006 Câmara de Lobos

291 911 300

comercial@oliberal.pt

Localidade

Concelho Contribuinte Nº

Data de nascimento

Telem.

Fax

Telefone

E-mail

Assinatura Data / /

OS NOSSOS SERVIÇOS:

execução de todos os tipos de material administrativo

» cartão comercial » papel timbrado » envelope » calendário (parede - mesa) » risca-rabisca » factura » recibo » guia...

... material informativo e promocional

» postal » convite » flyer » díptico » tríptico » desdobráveis » jornais » revistas...

editamos livros

Não fique na sombra, publique as suas obras [mediante acordo e condições entre a editora e o autor]

serviço de plotter

Comunicação social

São várias empresas que têm, ao longo dos anos, anunciando na nossa comunicação social [física e online]

e através de mupis no Porto Santo, mostrando satisfação com o resultado.

Torne a sua empresa mais visível, convidamos-lo a divulgar a sua marca nas revistas Saber

e Fiesta!; e no semanário Tribuna da Madeira. O nosso contéudo é exclusivo e de qualidade.

Anos

SIM, quero assinar e escolho as seguintes modalidades:

Cheque

à ordem de ‘’O Liberal Comunicações, Lda’’

Pago por transferência Bancária/Multibanco

MPG NIB nº 0036.0130.99100037568.29

“O Liberal”

Parque Emp.da Zona Oeste, Lote 7, Socorridos,

9304-006 Câmara de Lobos • Madeira / Portugal

291 911 300

sabermadeira@yahoo.com

assinaturas@tribunadamadeira.pt

www.sabermadeira.pt

Revista Saber Madeira

saber.fiesta.madeira

ASSINATURA

Ligue já!

EXPRESSO 291 911 300

PREÇOS ESPECIAIS!

TABELA DE ASSINATURA - 1 ANO

MADEIRA € 24,00

EUROPA € 48,00

RESTO DO MUNDO € 111,00

Os valores indicados incluem os portes do correio e I.V.A. à taxa em vigor

PUB

Colunistas

António Barroso Cruz,

Rosa Mendonça, Alison Jesus, Marisa Faria,

Diogo Goes, Francisco Gomes, Carmo Gomes,

Nélio Olim, Mary de Carfora, Lúcia Sousa, Jorge Luz

Depart. Imagem

O Liberal, Lda.

Design Gráfico

O Liberal, Lda.

Departamento Comercial

O Liberal, Lda.

Serviço de Assinaturas

Luisa Agrela

Administração, Redação,

Secretariado, Publicidade,

Composição e Impressão

Ed. “O Liberal”, Parque Empresarial

Zona Oeste, Lote 7,

9304-006 Câmara de Lobos

Madeira / Portugal

Telefones: 291 911 300

Fax: 291 911 309

Email: preimpressao@oliberal.pt

Depósito Legal nº 109138/97

Registo de Marca Nacional nº 376915

ISSN 0873-7290

Registado no Instituto da Comunicação

Social com o nº 120732

Membro da Associação da Imprensa

Não Diária - Sócio P-881

Tiragem

7.000 exemplares

[Escrita de acordo com

Novo Acordo Ortográfico]

54 saber abril 2022


PUB


PUB

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!