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Na Madeira também se canta
– e bem! o Fado
A Monarquia na Análise Política
de Francisco Gomes
Mafalda e sérgio
Temos de apostar
no que é autêntico e genuíno
Anos
€2,50 | N.º305 | ANO XXIV
mensal outubro 2022
5 602930 003431
A pintura
de Maria Freitas
Madeira
História da Aviação
Madeirense
em escala
colecionismo
sumario
30
04 ENTREVISTA
Na Madeira também se canta
Fado, e que bem se canta!. Só
podia, pois foi esta terrra que
deu ao mundo um dos grandes
intérpretes da arte de cantar
com alma de fadista – o Max. A
Madeira tem desde há quatro
anos a sua Associação de Fado
que receberá em novembro, na
Voz do Operário, em Lisboa, uma
homenagem nacional.
08 madeira
Maria Freitas e a Madeira como
‘alma’ da sua pintura
10
12
14
16
Psicologia SOCIAL
“E as birras?”
caprichos de goes
A Literacia Ética sobre o
Património... Parte 3
em análise...
Coroa de desafios
madeira aves
O goraz e a poupa
18 Colecionismo
Coleção: história da aviação
madeirense em escala
20 educação
A importância da escrita “inventada”
na educação pré-escolar
21 opinião
Luís Sena-Lino escreve sobre
“Uma carta, o tempo e a escrita”
22
27
28
33
34
32
conversas com sabor
Sérgio e Mafalda
cantinho da poesia
Calçada Portuguesa
viajar com saber
Islândia
30 imagem
A importância de trabalhar a
Imagem
32 decoração
Preparar a casa para o outono
38
marcas icónicas
45 SOCIAL
Swarovski
dicas de moda
52
Pintado à mão
36 makeover
A noiva romântica
FASHION ADVISOR
Tendências meia-estação outono...
40 motores
Rota do Vinho da Madeira
em Todo Terreno
42
agenda cultural
Outubro
44 instantâneo
Parcómetros pintados...
54
À MESA COM... FERNANDO OLIM
ESTATUTO EDITORIAL
saber outubro 2022
3
ENTREVISTA
Eduardo Figueira
Dulcina Branco
D.R. (direitos reservados)
4 saber OUTUBRO 2022
Foi a 23 de abril de 2018 que a
AFM - Associação de Fado da
Madeira foi criada, fruto da
insistência de José Eduardo
Figueira – atual presidente da
direção, e de Ricardo Miguel
Freitas, tendo como objetivo
engrandecer o fado nas ilhas.
As atividades da AFM dividemse
por diversas áreas, como as
aulas de guitarra portuguesa,
as noites de fado para sócios
na sede da Associação, situada
na freguesia de Santo António,
a colaboração/parceria em
eventos públicos e privados
do Governo e autarquias
como ‘Fado Funchal e ‘Fado
à Beira Mar’, atuações nas
Festas de Natal e Fim de Ano
e Festa da Flor, e participação
em programas televisivos
como a Praça da Alegria. A
vertente humanitária é uma
faceta nunca esquecida no
trabalho desta associação
que com os seus cerca de cem
associados e em colaboração
com a Câmara Municipal do
Funchal, ajuda a proporcionar
um natal diferente a centenas
de famílias de parcos recursos
no dia 25 de dezembro com a
entrega de refeições.
O Fado diferencia-se
dos outros tipos de
música porque não é
de massas e quando
alguém vai ouvir é
porque gosta
Isto de cantar fado não é para todos
mas quem o faz, fá-lo por gosto como
quem faz um ‘filho’ – parafraseando
Simone Oliveira na sua ‘Desfolhada’
que ‘envergonhou’ o Estado Novo
mas que a nação portuguesa chamou
ao coração e que com o Fado, se
reinventou. O Fado português também
tem alma de madeirense. Veja-se Max,
que inspirou grandes artistas e que
com Amália, subiram ao patamar
maior dos artistas que contam a alma
do povo tempos fora. O fado sempre
habituado ao lado marginal da vida
também se encanta e encontra na
voz de grandes artistas madeirenses
que, em noites e eventos promovidos
pela Associação de Fado da Madeira,
se ouvem em noites especiais e
atentamente acompanhadas por um
público especial. A AFM – Associação
de Fado da Madeira, e os seus quatro
anos de existẽncia pela voz do seu
presidente, Eduardo Figueira, nesta
entrevista a que, amavelmente, nos
respondeu por escrito.
Que balanço é que faz a estes anos da
AFM e quais são os vossos principais
desafios?
- Quando em 2018 a AFM foi fundada com
o propósito de honrar a canção nacional
[Fado] jamais se pensaria que chegaríamos
aonde estamos. Volvidos 4 anos e movidos
pela mesma vontade, queremos ir o mais
longe possível para consolidarmos o sonho.
Somos gratos a quem esteve ao nosso lado,
somos gratos a que connosco continua e
seremos gratos a quem se juntar a nós.
“O caminho faz-se caminhando” e o nosso
caminho tem sido pautado pela entrega
apaixonada a esta expressão musical tão
genuinamente portuguesa que se espalhou
pelo mundo através da magia única que
tem. Neste projeto, já passaram imensas
figuras de destaque do fado em Portugal,
como o Mestre Rodrigo, o consagrado
António Pinto Basto, as geniais e talentosas
Mara Pedro e Maura Airez, entre tantos
outros artistas que, cada um à sua maneira,
nos dignificaram e dignificaram aquilo em
que acreditamos. Temos muitos desafios
a enfrentar, nomeadamente a falta de
músicos nesta área do fado.. Isto advém do
facto de ter havido algumas casas de fado
que tinham nos seus elencos músicos e
fadistas para animar os espaços comerciais
e, com o tempo, as pessoas foram
morrendo e deixando lacunas que nunca
foram preenchidas. Com a criação da AFM
renasceu a ideia de fomentar uma escola de
É claro que as pessoas
têm de falar e conviver,
mas no fim de contas
o fado merece
o seu silêncio
saber OUTUBRO 2022
5
guitarra portuguesa na RAM mas não é fácil
levar esta ideia adiante porque quem nos
procura são pessoas que se identificam com
o instrumento mas têm idade avançada.
Neste sentido, estamos a estudar o melhor
modo para levar a guitarra portuguesa às
escolas, e por toda a Madeira, e acreditamos
que vamos ultrapassar esta situação. E,
como em todas as instituições, na AFM
também existem os carolas - os que têm
gosto no que fazem e, neste sentido, gostaria
que as pessoas fossem mais unidas porque
é da união que nasce a força. Temos um CD
gravado e quem sabe se não teremos outro
em breve... Já temos uma linda sede, que era
o que mais ambicionávamos. Para o futuro,
a maior ambição é formar músicos e, quiçá,
trabalhar num evento que tenha a marca da
Associação. Eu não sou fadista, mas fadista
não é só o que canta, mas também o que
sabe ouvir. Gosto muito de fado e faço o que
posso e o que não posso para que, como
sócio e Presidente desta Associação, levá-a
a bom porto.
Vem aí uma excelente notícia que é
a homenagem de uma importante
instituição nacional que vos está a ser
preparada. Pode falar disso?
- Em novembro próximo iremos receber o
reconhecimento de A VOZ DO OPERÁRIO,
que é uma das mais consagradas
instituições culturais deste país. Estaremos
lá para receber a homenagem. Faltamnos
palavras de agradecimento por tanta
generosidade e tudo faremos para honrar
esta importantíssima distinção.
Como é que estamos em termos do Fado
e de casas de fado, no Funchal?
- As casas de fado na Madeira - se é que se
pode chamar ‘casas de fado’, atendendo ao
que se passa no continente, não existem. Os
espaços abrem as portas, servem jantares,
o fado está presente, mas depois acabamse
os jantares e fecham-se as portas muito
cedo, vedando a qualquer amante de fado
Há já muitos anos que
a Madeira se depara
com a falta de músicos,
prinicipalmente
de novos fadistas
ou fadistas jovens.
O mesmo acontece com
os instrumentistas
6 saber OUTUBRO 2022
a possibilidade de ouvir a canção nacional.
Há uns anos, o fado fervilhava na zona
velha da cidade mas com tanta ‘oferta’ que
aquela zona tem na atualidade é difícil o
fado coexistir. Neste momento, existem
dois estabelecimentos que apostam no
fado, mas nas condições anteriormente
ditas. Vou puxar a brasa à minha sardinha
para dizer que, quem quiser ouvir fado pode
contactar a nossa Associação, pode fazer-se
sócio com um valor simbólico mensal e ter
a oportunidade de estar numa belíssima
sala de fado a ouvir fado e a partilhar o
ambiente mágico que só o fado oferece.
Quanto a fadistas, esses existem mas têm
já uma certa idade e conta-se pelos dedos
a juventude que se interessa – se bem que a
nossa Associação sente o dever de inverter
também esta situação.
No entanto, nos últimos anos em
Portugal, surgiu uma nova e importante
geração de instrumentistas e de fadistas,
o que significa que o fado se reinventa e
sobrevive...
- Sem dúvida. A Amália Rodrigues foi a
grande referência do fado. Apareceram
novas vozes que vieram vulcanizar o fado,
trazendo consigo muita juventude que gosta
de fado, readaptou-se e está para ficar.
Os madeirenses gostam de ouvir fado e
saem para ouvir o fado num local próprio?
- De uma forma geral, sim. Há público e
de qualidade. O fado tem um público que
gosta de ouvir a música e as palavras que
em grande parte são dos nossos grandes
poetas. Por isso existe sempre aquele alerta:
“Silêncio que se vai cantar o Fado”. É um
público especial aquele que gosta e sai para
ouvir cantar o fado. É diferente estar numa
casa de fado e estar a ouvir fado numa
O Max foi – e continua
a ser - o maior
expoente e a maior
referência do fado
na Madeira e alémfronteiras
esplanada ou outro estabelecimento, com
todos os barulhos desviantes. É claro que as
pessoas têm de falar e conviver, mas no fim
de contas o fado merece o seu silêncio.
Quem é que temos atualmente na
Madeira a destacar-se no fado?
- Eugénia Maria, Rui Fernandes, Vera Lúcia;
Ricardo Miguel Freitas; Maria José Figueira,
Ricardo de Freitas, Manuel Jardim, Clotilde
Pêssego, Marta Carreira, Mariana Correia,
Leonor Freitas, Egídio Freitas, Fátima
Oliveira, Mónica Pinto, Amorim Gonçalves,
Rosa Vieira, Ângela Pimenta, Neuza Barreto,
Paulo Amaro, Helena Vasconcelos, Filipe
Passos, Jaime Ferreira, etc..
Não menos importante, o Max é a grande
referência do Fado da Madeira no Mundo?
- Sem dúvida. O Max foi – e continua a ser
- o maior expoente e a maior referência do
fado na Madeira e além-fronteiras. s
saber OUTUBRO 2022
7
madeira
Maria Freitas
É na pintura realista figurativa que tem produzido
a maior parte da sua obra plástica e que é marcada
pelo traço leve e harmonioso, no desafio constante
entre a sombra e a luz, na figura humana e nas
tradições madeirenses. A obra da pintora, já por
várias vezes premiada, está representada em
coleções particulares e públicas e em espaços
públicos, quer na Madeira, quer no continente.
Maria Freitas, que nasceu em 1965 na cidade de
Caracas, Venezuela, filha de pais madeirenses e
com quatro irmãos, começou a sua formação nas
áreas do desenho e da pintura em 1984, com o curso
de Anatomia do Mestre e Pintor Pedro Centeno
Vallenilla. Seguiram-se os cursos de desenho e
pintura com a Pintora Patrizia Rizzo, o curso de
Retrato com o Pintor Cláudio Tessari, o curso de
Aguarela com a Pintora e Professora Ildemary
Viscaya e ainda o curso de pintura sobre madeira,
“Arte Sacra,” lecionado pela professora Maria
Augusta Sousa. Residiu no Funchal onde teve o
seu atelier e lecionou cursos de artes decorativas,
desenho e pintura, colaborou com instituições,
orientou ‘workshops’ e ilustrou o livro Contos Lobo
Mata “O Gato Negro de tão preto que era”. A pintora
está atualmente a viver em Lisboa, para onde se
mudou depois de sair da Madeira, e continua a dar
aulas de desenho e de pintura.
A Madeira está presente nos seus trabalhos de que forma
e em que aspetos?
- A ilha da Madeira está sempre presente... A ilha está presente
com as suas tradições, as suas gentes, a sua natureza
exuberante... Em 1995, realizei a minha primeira exposição
na Madeira. “Cor e Tradição” foi inicialmente apresentada
na Casa do Povo da Camacha (terra de nascimento dos
meu pais) e depois na Casa da Cultura de Santa Cruz, tendo
consistido numa homenagem aos meus pais. A minha obra
está dispersa em coleções particulares e públicas e em diversos
espaços da ilha, como a Igreja do Colégio, Jesus da
Misericordia (Funchal), igreja do Imaculado Coração de Maria
(Funchal), capela de Nossa Senhora da Alegria (São Roque),
Museu Etnográfico da Madeira (Ribeira Brava), passeios públicos
do Paúl do Mar, Casa da Cultura de Santa Cruz e Hotel
Jardim do Atlântico (Prazeres). O Hotel Pestana Promenade
acolheu também uma exposição da minha autoria. No continente,
tenho obra na Galeria Artes M&M (Póvoa de Santa
Iria), entre outros locais. Estou a viver em Lisboa há alguns
anos mas visito a Madeira com regularidade. Gosto do ambiente
criativo-artístico da ilha e o que mais me emociona é
uma nova geração de jovens artistas que começou a surgir
e que é cada vez mais criativa e original. Tenho o sonho de
voltar à Madeira com uma exposição baseada nas suas tradições
porque acho que é fundamental preservar as memórias
para as futuras gerações.
Como é que começou no desenho e na pintura e o que a
caracteriza?
- Desde muito nova que gosto de pintar e de desenhar. Fiz
diversas formações que me permitiram desenvolver em diferentes
técnicas e estilos. Aos 18 anos inscrevi-me num atelier
de pintura que se dedicava ao realismo, estilo este que desde
logo me cativou e com o qual me identifiquei e a partir de aí
não parei mais. Os meu primeiros trabalhos foram a carvão e
a pastel seco, principalmente composições, e que eram com
desenho à vista. Interessei-me também pelas artes decorativas
que desenvolvi em variados materiais e composições. A
minha pintura é, sobretudo, realista figurativa, o elemento
que predomina é o ser humano - complemento importante
e relevante em grande parte do meu trabalho inspirado na
natureza e nas tradições madeirenses. A pintura, na minha
vida, representa o encontro com minha própria essência, e
adoro o que faço. Cada trabalho é um desafio cujo resultado
me surpreende em determinadas ocasiões. Sinto-me realizada
ao transmitir os meus conhecimentos aos meus alunos e
a maior recompensa é poder acompanhar a sua evolução e
assim seguirem o seu caminho.
Quem é que admira e a inspira no mundo da pintura?
- Os meus professores, porque foi através dos conhecimentos
que eles me incutiram que me permitiu fazer o que faço
hoje. Admiro o pintor José Malhoa e o retratista Henrique
Medina [pela sua espetacular obra].
O seu processo criativo acontece como?
- É difícil descrever com palavras um processo natural e espontâneo
que surge no dia a dia. s
Dulcina Branco
gentilmente cedidas por Maria Freitas
8 saber outubro 2022
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Tenho o sonho
de voltar à Madeira com
uma exposição baseada
nas suas tradições
porque acho que é
fundamental preservar
as memórias para
as futuras gerações
1 › A Bisca, óleo s/tela, 1.º Prémio
CRIARTE 2009
2 › A Sida, óleo s/tela
3 › Freddy, óleo s/tela
4 › Irmã Diamantina
5 › Jesus da Misericórdia,
Igreja do Colégio (Funchal)
6 › José Peseiro, óleo s/tela
7 › Pastor Alemão, óleo s/tela
8 › Pêras
9 › Quentes e Boas, óleo s/tela
10 › Sagrada Família, óleo s/tela
11 › Santo Amaro, óleo S/tela
12 › Sapatinho, óleo s/tela
13 › Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa
14 › Vindima, óleo s/tela
15 › Presépio de escadinha, acervo
do Museu Etno. da Madeira
16 › Humberto, óleo s/tela
saber outubro 2022
9
psicologia
SOCIAL
João Miguel
Rodrigues
João Miguel Macedo Rodrigues
Psicólogo Social e das Organizações e
Orientação Profissional Jovens
joaomiguelpsicologia@gmail.com
D.R.
E as “BIRRAS?”
Podemos explicar a realidade,
ensiná-los a pensar e, deste
modo, eliminamos as birras.
NNo Porquê acontecem? São mesmo
necessárias? Como lidar eficazmente
com elas (as birras)!.
Por volta dos três, quatro ou cinco
anos, as crianças fazem as denominadas
birras, que pela intensidade, persistência,
por vezes nos colocam a nós, pais, embaraçados
e com uma cor bem vermelha no
rosto e, pior, perante o olhar perplexo dos
demais.Pois este simples artigo, pretende
exactamente esclarecer o porquê as mesmas
existirem, mas sobretudo ajudar os
pais a lidarem melhor com as ditas, bem
como as reduzirem ou eliminarem.
“Birras”, Porquê Acontecem?
As crianças desde que nascem até por volta
dos três anos, são o centro das atenções.
Atenções dos pais, dos familiares dos amigos
e de um cem número de visitas, para
os conhecerem, acariciarem e socializarem.
Por isso, desenvolvem um certo amor por si
próprios, narcisista, no conceito freudiano.
Por outro lado, desconhecem a realidade,
são viscerais, fazem tudo o que lhes apetece
e pensam que o mundo é deles mesmo.
Por isso, é tão importante impor regras e
dizer nãos desde muito cediiinho e, se possível
dizer-lhes o porquê. Isto é muitíssimo
importante e acreditem que eles percebem.
As birras acontecem por outras variáveis
ou razões, entre as quais a incapacidade
da criança pensar, ou melhor generalizar,
e poder tirar conclusões o que só acontece
por volta dos 6 anos e por aí adiante até aos
14/5, idade em que o desenvolvimento da
Inteligência atinge o auge. Outra das causas,
tem a ver exactamente com as nossas fraquezas.
Sim, as nossas, pais.
Por incrível que pareça, a criança mesmo que
não compreenda o significado das palavras,
o facto é que ela as interioriza e as aplica nos
momentos mais adequados para nosso espanto
e estupefação, não é verdade?
Quando um dos pais afirma: “Não nosso
com o choro da Criança”, pois fique sabendo
que está a dar-lhe a solução para que ele
utilize o choro e solicite, com uma birrinha
à mistura aquilo deseja. Podem Ser Úteis?.
Podem! Apesar de desagradáveis, podemos
utilizar as birras para ensinarmos aos nossos
filhotes várias coisas: regras, valores
para convivermos em sociedade, bem como
os ajudarmos a pensar como veremos logo
a seguir.
Estratégias para lidar com elas, as birras?
Não dar sempre, nem logo o que a criança
pede…
Um colega meu, psicólogo, afirmava, “…às
crianças damos amor, afecto, ensinamos valores,
convívio, diálogo, alimentação vestuário”,
pois tudo o resto é fortuito e desnecessário
e deve ser conquistado e merecido...”.
Por isto, nunca lhes dê tudo o que eles pedem,
pensando que lhes estão a fazer bem
10 saber outubro 2022
e a torná-los felizes. Nada mais incorrecto.
Mesmo quando o meu filhote acordava e esboçava
um ligeiro choro ou tocava nos sininhos
colocados na sua cama, nem eu nem a
mãe iríamos logo a correr… pois deixávamos
sempre um certo tempinho (minutos claro),
para irmos ao seu encontro. Mais, trocávamos
os papéis, por vezes ia eu, outras a mãe
e noutras vezes íamos os dois. O que é que
isto poderia ensinar? A esperar! Saber que
ora era o pai, ora a mãe ou os dois, o que reforça
o lado familiar e de apego e partilha e,
também permitia à criança entreter-se com
os adereços colocados no seu berço.
Cuidado! As crianças sabem muito bem
argumentar e manipular!
Um dia, quando estava em Lisboa, lá saímos
os dois e, como não poderia faltar, ele me
pediu se poderíamos ir ao Amoreiras. Disse
que sim, mas frisei bem que nesse dia
era só para ver e não iria adquirir nada. Ele
concordou. É muito, mas muito importante
estabelecermos regras e acordos. Pois bem,
lá entramos em várias lojas, conversamos
sobre os pr, até que ele pediu para irmos a
uma loja de brinquedos. Não fez birra! Mas
lá verbalizava que havia dois bonecos que
eram bestiais, únicos e que os desejava ter e
ainda me perguntou se eu poderia comprar
pelo menos um.
Relembrei o que tinha combinado quando
saímos de casa e fi-lo repetir, o que o fez. A
empregada da loja veio ao nosso encontro
e toda comovida se apresentou, perguntou-
-lhe pelo nome e disse: “mas que lindo que
é o seu filho! Então tem um filho tão lindo e
não lhe compra o boneco? Vá lá…”.
Tão logo ela terminou de dizer isto sabem
o que ele disse: “Eu gosto muito da minha
mãe e do meu pai mas é triste, muito triste
ter um pai forreta”.
Quase que caía na esparrela! Mas pensei,
tenho de ser coerente com aquilo que acordamos
e disse-lhe: “os bonecos não fogem
e outro dia compramos, e, se calhar até vai
ter outros novos ou melhores, está bem?”.
Concordou.
Por isso, Seja Firme! Coloque regras e, jamais
demonstre as suas fraquezas junto
dos seus filhos.
Fazê-los sair do registo mental e emocional
em que se encontram.
Na birra, a criança encontra-se quase num
estado obsessivo e, tem dificuldade em sair
desse registo. Por isso, é importante encontrarmos
meios para que ele mude o seu foco
e, deste modo, mude o seu comportamento.
Uma das formas é encontrarmos um assunto
suficientemente importante para ele e iniciarmos
uma conversa diálogo com ele.
Um dia presenciei uma avó (creio eu), cujo
neto lá choramingava e insistia para que ela
lhe desse algo. Sapiente, a avó fingia que
não ouvia e com isso lá ele foi baixando a
intensidade bem como a frequência.
Foi precisamente aí, aquela avó sábia, proferiu
o nome do neto e disse-lhe que aquilo
que ele estava a fazer era muito feio e que
todas as pessoas estavam a olhar. Depois,
mudou o foco da atenção para outro assunto
que certamente era importante para
ele, pois tratava-se de algo relacionado com
a mãe. O autocarro arrancou, e lá falaram,
conversaram, fez perguntas às quais ele respondia
e, a birrinha lá se desvaneceu.
É preciso Paciência, Improvisar e Criatividade
também.
Um dia, quando o meu filhote esteve pela
primeira vez aqui na Madeira, tinha ele 3
anos e oito meses, lá se encantou com um
trator verde e lá me fez uma birrinha na rua.
Chamei-o pelo nome, com um tom de voz
mais alto e, expliquei que o daria se ele se
portasse bem, e quando regressasse a Lisboa.
Não resultou. Então o que fiz? Comecei
a descer com passo mais largo, e mais
rápido até chegar à entradinha da TAP, e lá
fiquei à espreita. Como ele não conhecia a
cidade, notei que segundos depois lá veio
ele a correr todo aflito e disse: - “Oh! pai não
me faças mais isso”. Resolvido! Acreditem
que, até ao dia do seu regresso nunca mais
ouvi falar do dito tractor verde?
Desenvolver a Lógica e Ensiná-los a Pensar!
Podemos explicar a realidade, ensiná-los a
pensar e, deste modo, eliminamos as birras.
Um certo dia eu saí com o meu filhote em
lisboa. Ao passar pelo quiosque vermelho, a
meio da Avenida da Liberdade, lá veio uma
birrinha pois queria que lhe adquirisse um
ovo de chocolate. Afirmava que aqueles dali
eram melhores, que tinha um prémio um
boneco que ainda não tinha e, que eram
únicos e não existia em mais lugar algum.
Decidi comprar com uma condição: que ele
iria guardar até chegar a casa. Claro que a
vontade de regressar a casa foi crescendo,
mas lá aguentou toda a manhã. Mais tarde,
quando ia para casa, disse para mim que o
ia ajudar. Entrei numa pastelaria e mostrei
que ali também tinha ovos de chocolate e,
perguntei que repetisse o que tinha dito
aquando no quiosque vermelho. Relembrei
que me tinha dito que era único e ajudei-
-o a concluir que não tinha razão e, comprei
outro para mim. Antes de chegarmos a casa,
entramos para desagrado dele, pois desejava
chegar o mais cedo possível, numa barraca
que vendia fruta. Demos uma volta à loja
e lá existiam também ovos de chocolate.
Tornei a perguntar-lhe que repetisse o que
me tinha dito no primeiro quiosque, o que o
fez, com a minha ajuda. Comprei outro para
a mãe. Quando chegamos a casa, e na presença
da mãe, afirmei que o passeio foi muito
agradável, mas que ele fez uma birrinha,
pois desejava adquirir um ovo de chocolate.
Tornei a fazer com que ele me repetisse
tudo o que referiu no quiosque vermelho:
que eram os únicos, que eram diferentes e
não existiam em mais sítio algum. Lá abriu o
primeiro e, o boneco que estava dentro era
repetido. Fi-lo refletir no que tinha dito que
era diferente e, perguntei-lhe se tinha razão?
- “Afinal é igual, tens razão!. “, disse ele.
Depois a mãe abriu o dela e no fim abri o
meu. Nada melhor, pois os bonecos eram
diferentes.
Lá relembramos que não era preciso fazer
birras ainda por cima no lugar onde teimou
e teimou o boneco era repetido e não era
preciso fazer mais birras porque havia muitos
lugares onde se vendiam ovos de chocolate.
Prometeu que não iria fazer mais.
Chamar pelo nome em voz alta, explicar a
figura ridícula e que é feio fazer birras, explicar
o porquê de não o podermos satisfazer
naquele dia, ou condicionar-lhes para o
merecerem, ou simplesmente mudar o foco
para outro assunto que lhe seja importante,
ensinarmos-lhes a pensar, constituiem forma
para lidarmos com as birrinhas e reduzi-
-las ou eliminá-las.
Espero que este artigo vos tenha ajudado.
“Afinal Educar Até Pode Ser Fácil” e o é, de
facto. s
saber outubro 2022
11
CAPRICHOS DE GOES
Diogo goes
Professor do Ensino Superior e Curador
A Literacia
Ética sobre o
Património e a
Paisagem como
instrumento
de desenvolvimento
sustentável
– Parte 3
Património e Paisagem deverão
persistir além da existência do
Turista. A transitoriedade do
usufruto e a efemeridade das
experiências são condições
requeridas para a salvaguarda da
paisagem e do património, para
que, as futuras gerações também
possam vivenciá-las.
De acordo com Alberto Vieira, os
primórdios da democratização do
lazer na Madeira remetem ao último
quartel do século XIX, com o
florescimento de um novo ciclo económico
centrado no Turismo, dirigido às elites aristocráticas
europeias, sendo que foram adaptadas
algumas infraestruturas para satisfação
das necessidades de ócio da classe. Hoje, tal
como no passado, é notória a separação/segregação
originada pelo contraste de rendimentos
nos hábitos culturais e de consumo
e em especial pela diferenciação de espaços/
territórios ocupados por estrangeiros e por
naturais nas pequenas/grandes cidades.
Albert Cossery, no seu livro “Les hommes
oubliés de Dieu” (1941/2002) convoca-nos à
reflexão. O autor propõe como novos heróis
contemporâneos, as vítimas das grandes
cidades, os pobres e desfavorecidos, e também,
todos aqueles que, apesar de letrados e
cultos, a falácia meritocrática neoliberal não
soube entronizar. A preguiça e o escárnio podem
por isso, ser uma forma de ativismo político,
de denúncia e crítica, porque, até aos
nossos dias, foram muitos aqueles que munidos
de pergaminhos atestando méritos,
fizeram mais uso do ócio do que da sua atestada
inteligência. Se Descartes fundamentava
a consciência da existência (humana)
na condição lógica de ser pensante, hoje, o
tempo preteriu o trabalho lógico e o humano
foi substituído pelas máquinas. A utopia da
libertação do homem pelas máquinas (Novaes,
2012), incessantemente ficcionada pela
cinematografia contemporânea, somente
será concretizável após a efetivação do direito
universal ao descanso e ao lazer, para todos
os seres humanos, dotando-os de reais
condições de conforto e bem-estar. Novaes
(2012), citando Paul Valéry destaca que, para
o preguiçoso,“é preciso ser distraído para viver”,
e relendo Albert Camus nota que, “são
os ociosos que transformam o mundo porque
os outros não têm tempo algum”. No ensaio
“Apologia grega à preguiça”, de Francis
Wolff (2012), o pensador considera que fazer
uma apologia à preguiça no sentido Clássico,
Platónico-Aristotélico, significava identificar
os argumentos para a condenação moral
do ato de trabalhar. De acordo com Wolff
(2012), de entre as várias críticas apontadas
por Platão e Aristóteles, destaca-se que, “o
trabalho impede que nos dediquemos à filosofia,
à política (ao serviço da Cidade) e a nós
mesmos (ao nosso corpo ou à nossa alma).
Segundo consideram, “por mais útil que pudesse
parecer - o trabalho - está na base de
toda sujeição” (Wolff, 2012). Na inevitabilida-
12 saber OUTUBRO 2022
de deste “mal” está a utopia da emancipação.
Na modernidade, o elogio ao trabalho e
à “transformação da natureza” pelo homem,
tem como objetivo legitimar a exploração e
os modelos produtivistas e a acumulação de
capital ou bens (Wolff, 2012). Como considerava
Alberto Vieira, “(...) o direito ao lazer
e ao ócio continuará, por muito tempo, a ser
um privilégio de alguns” e como refere, “(...)
tardará muito tempo até que muitos tenham
a noção do que será o merecido descanso,
assim como sentir-se, do outro lado, como
turista, não como servente, mas como usufrutuário”.
Passado quase um século desde
a consagração do “direito ao repouso e ao
lazer”, inscrito no Artigo 24º da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1924), naquela
que seria chamada de “revolução do
ócio” (Vieira, s.d.), a democratização do lazer
ainda está por concretizar e só será possível
efetivá-la , através da emancipação social. De
acordo com Sandel (2020/2022), passadas
quatro décadas da globalização instituída
pelo neoliberalismo, não só foram acentuadas
as desigualdades de rendimentos como
também as desigualdades culturais, agravando
os conflitos sociais em comunidades cada
vez mais heterogéneas e interdependentes
(Scheidel, 2017; Sousa, 2020; Zuboff, 2019).
A profundidade desta separação/segregação,
motivada por pretextos de dominação e
exploração hegemónica (Sandel, 2020/2022;
Scheidel, 2017; Sousa, 2020; Zuboff, 2019),
tem-nos levado, como alertava Huntington
(1996), a um choque civilizacional. A superação
desta lógica de permanente conflito,
acontecerá, necessariamente, através da
Educação Ética, onde a consciência da indissociabilidade
do Património e da Paisagem,
só existirá com a consciência de que há um
Homos efémero que habita um lugar de permanência.
Património e Paisagem deverão
persistir além da existência do turista. A transitoriedade
do usufruto e a efemeridade das
experiências são condições requeridas para
a salvaguarda da paisagem e do património,
para que, as futuras gerações também
possam vivenciá-las. Para que todos possam
fruir a mais fidelíssima experiência e o livre
usufruto do (seu/nosso) património e da
(sua/nossa) paisagem, talvez nos seja exigido
peticionar, novamente, o “Direito à Preguiça”
(Lafargue, 1880/2016; Russell, 1935/2002).
Parafraseando Dostoiévski, “todos somos
responsáveis perante todos” e por isso, além
de responsáveis somos protagonistas desta
mudança e desta construção de um mundo
mais sustentável, mais humano, socialmente
comprometido e ambientalmente mais responsável.
s
Desenho “Pós-Modernismo, Jamais”, de Diogo Goes
Referências:
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saber OUTUBRO 2022
13
em análise...
Francisco Gomes
Analista político
Coroa
de desafios
A monarquia é, afinal, um
exercício de continuidade.
Porém, não há dúvidas que aí
vêm tempos difíceis, que são,
eles mesmos, sinais da era
complexa e exigente em que
todos nós vivemos. Incluindo
os reis.
Carolina rodrigues
Ésimultaneamente, intrigante e inegável
o fascínio que a monarquia britânica
exerce sobre pessoas de todo
o mundo. Apesar das muitas controvérsias
em que um número dos membros
daquela família se têm visto envolvidos,
alguns dos quais violam as mais elementares
regras da cautela e do bom senso,
até o mais acérrimo republicano reconhece
que a morte de Isabel II e os acontecimentos
que a mesma colocou em marcha
comprovam, além de qualquer sombra de
dúvida, que o carácter unificador da figura
do soberano britânico tem um valor simbólico
enorme, ao qual corresponde uma assinalável
e muito respeitável força política,
social, cultural e até militar.
Aliás, num tempo em que os reis, especialmente
na Europa, não governam e são, na
essência e sobretudo, figuras representativas
da nação, existindo acima dos partidos,
dos governos e das grandes decisões
que moldam o dia-a-dia das pessoas, não
deixa de ser revelador que se fale de Isabel
II como a primeira-ministra Liz Truss o fez,
descrevendo-a como uma rocha, sempre
firme e segura, sob a qual o Reino Unido
foi sendo edificado. Por isso, e apesar de
ser claro que a realeza britânica enfrenta
o fim de uma era e o começo de uma nova
(algo que traz ansiedade, como qualquer
mudança), é também evidente que a instituição
monárquica não está em causa,
mas, pelo contrário, continuará a ser, no
futuro próximo, um sinónimo de Reino
Unido.
Dito isto, é normal, expectável e até desejável
que Carlos III procure deixar a sua
marca nas páginas da História e que o faça
inovando dentro do inato conservadorismo
que é próprio de uma monarquia. Se
pensarmos bem, um dos grandes legados
de Isabel II, fruto do seu serviço, da sua
entrega, do seu exemplo e até do seu sacrifício
pessoal, é uma instituição que, apesar
de milenar, se fez moderna e necessária.
Ninguém como o novo rei estará tão
consciente da enorme responsabilidade
que recai sobre os seus ombros, também
neste âmbito, e é natural que, daqui para
a frente, dia após dia, procure dar continuidade
ao mesmo no contexto exigente de
14 saber outubro 2022
Internet.com
um mundo acelerado pelas forças voláteis
da globalização. Nesse processo, são, pelo
menos, cinco os desafios que o rei Carlos III
terá de enfrentar e vencer.
O primeiro desafio do rei é o de tornar o
núcleo central da família real mais curto.
Neste momento, a família real tem mais
de cinquenta membros, uma realidade inaceitável
para a maioria dos contribuintes
britânicos, ainda mais no momento presente
de grave crise económica nos países
ocidentais. Consciente disso, Carlos III deve
reduzir o cerne da realeza ao grupo que,
efectivamente, acompanhou a rainha no
Jubileu. Os outros elementos, mais seniores
e experientes em conspiração palaciana,
não deverão ser peças determinantes
do futuro próximo, a bem da própria monarquia.
O segundo desafio de Carlos III é o de manter
a coesão da Commonwealth. Hoje, do
tal império do qual, na Era Vitoriana, se dizia
que nele o sol nunca se punha, restam
apenas confetis. Mas, evitando os traumas
das descolonizações francesa e portuguesa,
os britânicos mantiveram uma presença
interessantes em vários continentes do
mundo, sendo a crença de muitos de que
o facto da monarquia britânica ser aceite
por povos tão diferentes, alguns com raízes
muito díspares das europeias, deveu-
-se muito ao carisma e excepcionalismo da
própria rainha Isabel II. Com a sua morte,
reabre-se a questão do futuro da Commowealth,
até porque a popularidade de
Carlos não é comparável à da sua mãe.
O terceiro desafio do novo rei é o de manter
a paz familiar como alicerce estruturante
da monarquia. As tensões familiares,
como a própria experiência de Carlos lhe
mostra, tem um potencial corrosivo enorme
e o novo rei não terá tarefa facilitada
neste aspecto, que exigirá muito do ser saber
e da sua atenção, a começar pela clivagem
que, por razões sobejamente conhecidas,
separa os seus filhos, William e Harry.
O quarto desafio de Carlos III é o de adaptar
a sua personalidade à natureza do cargo
que agora ocupa. Se Isabel II era serena,
Carlos é, segundo os que melhor o conhecem,
um hiperactivo, sempre com ideias,
projectos e vontade de os pôr em prática.
Porque, sem qualquer dúvida, vai estar sob
um escrutínio constitucional exponencialmente
mais apertado, terá de saber refrear
alguns desses ímpetos.
O quinto desafio do novo monarca é o de
manter a união do Reino Unido. Sobre este
assunto, os resultados eleitorais na Irlanda
do Norte e o contínuo desafio dos independentistas
escoceses constituem ameaças à
existência deste Reino Unido, cujo principal
factor de união, após a devolução de
poderes iniciada por Tony Blair, é, paradoxalmente,
a monarquia. Não estar à altura
de conservar os laços que unem um país
que é, em aspectos verdadeiramente relevantes,
heterogéneo, seria um fracasso
pessoal do sucessor da rainha Isabel II.
Certamente, a todos estes desafios, Carlos
III procurará responder com um serviço íntegro,
sério e capaz de renovar e fortalecer
o legado da sua mãe. A monarquia é, afinal,
um exercício de continuidade. Porém, não
há dúvidas que aí vêm tempos difíceis, que
são, eles mesmos, sinais da era complexa
e exigente em que todos nós vivemos. Incluindo
os reis. s
saber outubro 2022
15
MADEIRA AVES
JOSÉ FRADE
Fotógrafo
José Frade nasceu no concelho
de Cascais. Trabalha no sector
automóvel mas foi a sua paixão
pela fotografia, principalmente a
fotografia de natureza, que o fez
aprofundar os seus conhecimentos
sobre as aves e consequentemente
aderir ao grupo "Aves de Portugal
Continental", grupo esse criado
pelo Armando Caldas, mas, como
membro desde o primeiro dia,
foi convidado pelo fundador, em
conjunto com ele, administrar
o referido grupo, vendo aí uma
oportunidade para partilhar os
seus conhecimentos e incentivar as
pessoas à protecção da natureza.
Dulcina Branco
José Frade,
administrador do grupo “Aves de Portugal Continental”,
que gentilmente nos cede as fotos que ilustram
esta rubrica
www.worldmigratorybirdday.org/
Dia Mundial
das Aves Migratórias
A
poluição luminosa é o foco da
campanha do Dia Mundial das
Aves Migratórias 2022, tema este
que este ano se assinala nos dias
14 de maio e 8 de outubro. Este ano, o foco
da poluição luminosa tem a ver com o facto
de que a luz artificial está a aumentar 2%
ao ano, sendo um factor que afeta negativamente
muitas espécies de aves. A poluição
luminosa é uma ameaça para as aves
migratórias já que causa desorientação
quando voam à noite, levando a colisões
com edifícios, perturbando seus relógios
internos ou interferindo com sua capacidade
de realizar migrações de longa distância.
O Dia Mundial das Aves Migratórias é uma
campanha anual de conscientização que
destaca a necessidade de conservação das
aves migratórias e dos seus habitats e chama
a atenção global para as ameaças que
as aves migratórias enfrentam. s
16 saber outubro 2022
Goraz (Nycticorax nycticorax)
Uma ave da família Ardeidae.
Distribui-se em todos os continentes,
com excepção das zonas mais a norte
e na Australásia. Ocasional na Madeira.
Poupa (Upupa epops)
Ave da família Upupidae.
A sua distribuição vai das Ilhas Canárias
até à costa chinesa do Pacífico.
Comum na ilha da Madeira
com nidificação confirmada no Porto Santo.
saber outubro 2022
17
colecionismo
Nélio Nunes:
A história
da Aviação
Madeirense
em escala
Dulcina Branco
gentilmente cedidas pelo entrevistado
A coleção tem um
objetivo principal
que é o de contar a
história da aviação
madeirense em escala
e divide-se em duas
grandes áreas que são:
Força Aérea Portuguesa
e Companhias de Bandeira
Portuguesa
Concebeu ao longo dos anos
uma coleção que conta com
centenas de réplicas de aviões
que operaram – e operam, no
Aeroporto da Madeira.
Os pequenos aviões de várias
companhias e em várias
escalas partilham o espaço
de exposição com bilhetes de
avião, medalhas, fotografias,
fardas, entre outros objetos
que tornam este espólio único
no mundo. É um pouco da
história da aviação na Madeira
que Nélio Nunes nos convida a
conhecer nesta entrevista.
18 saber outubro 2022
É natural da freguesia de Gaula, localidade
que fica perto do aeroporto e onde trabalhararam
alguns dos seus familiares.
Mais tarde, começou a colecionar peças
relacionadas com o mundo da aviação.
Como é que o mundo dos aviões entrou
na sua vida e se interligou não apenas a
nível profissional como sentimental, nomeadamente
através da coleção?
- Sou natural da freguesia de Gaula, do concelho
de Santa Cruz, onde resido há cinquenta
anos - nasci em abril de 1972. Terminado o
ensino secundário, ingressei na Força Aérea
como voluntário na área de Técnico de Manutenção
de Aeronaves. Estive pouco tempo
nesta função. Após cumprir o serviço militar,
candidatei-me à TAP na qual ingressei em
1994, na altura como Operador de Rampa.
Passado algum tempo, passei para p setor
de TTAE - Técnico de Tráfego de Assistência
em Escala, operando na área de passageiros:
lost and found , check-in, desembarque
e embarque de passageiros. Na atualidade,
desempenho funções no terminal de carga
aérea - importação e exportação. A minha
ligação ao mundo dos aviões surge a partir
dos meus cinco anos, com visitas ao Aeroporto
da Madeira. Nessa época, a pista só
tinha 1600 metros e era com muita facilidade
que se entrava nas áreas de passageiros
e placa, coisa que hoje em dia é impensável
fazer, pois passaram a ser áreas reservadas
e restritas. O meu pai já trabalhava para a
TAP assim como outros familiares e eu, muitas
vezes, acompanhava-os nos respetivos
trabalhos, e aproveitava para visitar as instalações
onde os aviões ficavam em night-stop,
e tudo isto influenciou o meu gosto pela
aviação. O gosto pelo colecionismo surgiu
quando comecei a trabalhar na TAP.
Esta sua coleção é especial por diversas
razões, tem muitas peças, muitas das
quais feitas por si... Em que é que a sua
coleção se distingue de outras do género?
- Esta coleção representa em modelos/réplicas
os aviões que a Madeira já conheceu
e um pouco da história do Aeroporto da
Madeira, daí que, a coleção tem um objetivo
principal que é o de contar a história da
aviação madeirense em escala e divide-se
em duas grandes áreas que são: Força Aérea
Portuguesa e Companhias de Bandeira
Portuguesa. É composta por mais de 600
modelos de aviões em várias escalas, desde
1:400/ 1:200/1:100/1/72, sendo um dos
mais antigos o DC-3 da TAP, réplica que foi
construída por mim. As peças foram adquiridas
de diversas formas. Geralmente, as
companhias vendem a bordo réplicas dos
seus aviões pelo que, muitas foram adquiridas
a bordo, outras foram adquiridos nas
minhas viagens, outras são compradas nas
lojas online da especialidade como o Ebay
e OLX, muitas são feitas por mim com kits
de plástico e resina e às quais aplico os decalques
das companhias aéreas. Além dos
aviões, tem fotografias, medalhas, safetycards,
livros e revistas, uniformes, ou seja, tem
de tudo um pouco que seja relacionado com
a aviação na Madeira. Junto com os aviões
existe uma pesquisa documental que comprova
a passagens dos mesmos na nossa
ilha e não inclui aviões que não aterraram
na Madeira, o que a torna única. Não há interesse
em ter aviões que não aterraram na
Madeira, isso seria ‘estragar’ esta coleção,
que é madeirense.
A coleção apresenta factos da história
da aviação madeirense marcantes, como
por exemplo?
- Sim. Uma das referências da nossa aviação
foi o avião da FAP, o Nord N.2501-D Noratlas,
que sofreu um atentando o qual destruíu
parte interna da fuselagem. Muitos o recordarão
porque ficou muitos anos na Água de
Pena baseado, tornando-se uma referência
naquela zona. Outras duas situações foram
as quedas dos dois aviões no Aeroporto da
Madeira em 1977: o 1º foi o TAP a 19 novembro
e o Sata Suisse em dezembro.
Julgo que, muito do seu tempo é dedicado
à coleção, limpando-o, adquirindo e
construindo novas réplicas. É uma coleção
terminável ou antes pelo contrário,
nunca terá fim?
- Este espólio tem dois inimigos que são a
luz solar e o pó, o que obriga a uma limpeza
constante e com muito cuidado, pois são
peças únicas com registo de modelo a escala
de colecionador. Para mim, é uma coleção
que tem especialmente um grande valor
sentimental, apesar do valor monetário das
peças e que é alto. São muitas horas dedicadas
à coleção - quase todos os dias estou a
trabalhar a nível de pesquisas documentais,
registos, construindo e recuperando peças,
adquirindo novas peças... É uma coleção interminável.
Falta-lhe muitos aviões, alguns
mais antigos e outros mais recentes... Está
coleção não tem fim pois acredito que, no
futuro, surgirão novas companhias e consequentemente
novos aviões e, portanto, será
sempre um projeto de continuidade. Na verdade,
gostava que a coleção continuasse na
família.
Já apresentou a sua coleção ao público?
- Sim. Já tive o privilégio de ser convidado
para apresentar a coleção em escolas e na
RTP-Madeira bem como a colecionadores
madeirenses, também já estive no Canal
1 da RTP (Portugal em Direto), na Revista
MAIS do Diário de Notícias do Funchal...
O facto de trabalhar no setor da aviação
contribuiu para o melhoramento da mesma
mas também para conhecer muitas
pessoas dentro e fora da aviação e que
engrandeceram esta sua experiência...
- Sim. O facto de estar a trabalhar no sector
e a minha dedicação contribuiram para o
que é hoje esta coleção. Conheci e conheço
muito gente que não está ligada a coleções
mas que acham interessente esta coleção.
Tive um grande prazer que foi conhecer e
falar com um importante comandante da
TAP, o qual foi dos primeiros da companhia
TAPNº277 e que pilotou desde os Dakota
DC-3 até aos BOEING 747-200. Fui recibo na
casa do comandante Francisco Amado da
Cunha e que me autografou a página do livro
TAP AIR PORTUGAL ,dedicada ao mesmo.
O comandante Francisco foi um dos comandantes
que inaugurou a pista de Porto Santo,
em 1964, e também a da Madeira. Esta coleção
tem muito e deve muito ao TAPº 6421
António Jesus Fernandes, que foi um dos
grandes impulsionadores da minha dedicação
e paixão a este mundo da aviação.
Como é que vão ser os aviões do futuro?
- Sendo esta coleção de passado e presente,
será de futuro , pois já está a aguardar
pelos aviões que virão. Os aviões do futuro
serão mais eficazes, mais seguros e amigos
do ambiente. s
saber outubro 2022
19
EDUCAÇÃO
Tânia Fernandes
Tânia Fernandes
Professora especializada
Doutorada em Psicologia de Educação
A importância
da escrita
“inventada”
na educação
pré-escolar
As tarefas de escrita inventada na
educação pré-escolar contribuem
para a aquisição da literacia, fazendo
surtir repercurssões em termos
de evolução da escrita, da consciência fonológica
e até mesmo na aquisição da leitura.
Cada vez mais é evidente o interesse pela
escrita emergente, surgindo muito antes do
ensino formal da aprendizagem da leitura e
da escrita. Desde muito cedo a criança é confrontada
com a escrita, quer no seio familiar
quer no jardim de infância, uma vez que vê
as pessoas a escrever e a usarem a escrita
na sua vida diária. Logo isso faz despoletar o
interesse e a motivação para explorar a arte
de escrever.
Maioritariamente, o interesse pela escrita é
visível através da curiosidade revelada pela
criança por aprender o nome das letras e
os seus sons. Na educação pré-escolar as
crianças fazem várias tentativas de escrita de
palavras, demonstrando que já perceberam
que as letras representam os fonemas caraterísticos
da linguagem oral.
As tarefas de escrita inventada são fundamentais
para levar a criança à compreensão
do princípio alfabético, pois quando tenta
escrever é levada a refletir acerca da linguaguem
oral e acerca dos sons que constituem
a linguagem escrita. Por outro lado a criança
reflete acerca das letras/ grafemas que compõem
esses sons e nas relações estabelecidas
entre os fonemas e grafemas.
Como tal, as atividades de escrita inventada
que são desenvolvidas antes do ensino formal
ajudam a desenvolver a consciência fonológica,
assim como a consciência fonémica,
levando a criança a fazer progressos na
sua escrita.
A investigação aponta para a importância das
escritas inventadas, uma vez que se apresenta
como uma porta ou uma janela para as
competências cognitivas e linguísticas presentes
nas aquisições precoces em termos
de literacia emergente.
Por outro lado os conhecimentos que são
adquiridos pela criança, de modo informal,
nomeadamente o nome das letras, ajudam
grandemente na deteção do nome correto
dessas letras aquando da pronunciação de
muitas palavras. Obviamente que isto possibilitará
uma perceção da criança acerca
de toda a lógica em termos alfabéticos, visto
que as próprias letras servem de suporte
para uma análise acerca da sequência dos
sons nas palavras.
Também as propriedades articulatórias dos
fonemas que integram as palavras que a
criança vai escrever, acabam por influenciar
a qualidade das grafias. Obviamente que alguns
fonemas são mais fáceis de serem isolados
do que outros. Por exemplo as vogais
são mais facilmente identificadas do que as
consoantes. Contudo na língua portuguesa
com opacidade intermédia, verifica-se que
um grafema pode corresponder a vários
fonemas, tornando-se mais difícil a correspondência
de alguns fonemas às respetivas
letras.
Mas quanto mais a criança estiver sensibilizada
para os sons da fala e estabelecer uma
correspondência com o nome das letras,
mais facilmente revelará interesse por tentar
escrever, através da reprodução de palavras
com significado para si. Desta forma,
nasce assim a “escrita inventada” no mundo
da criança, que desencadeia desde início a
compreensão das correspondências grafo-
-fonológicas e a associação das letras para
formar sílabas.
Como tal, a escrita inventada é um preditor
para a descoberta do princípio alfabético
que leva à compreensão da relação entre a
oralidade e a escrita e com forte impacto na
futura aprendizagem da leitura. s
20 saber outubro 2022
opinião
Luís Sena-Lino
Consultor de Marketing e Comunicação
luis.sena.lino@gmail.com
Uma carta,
o tempo
e a escrita
A escrita com papel e caneta
vai desaparecer? Creio que,
como o livro ou os jornais
em papel, terá sempre o seu
espaço mas que hoje ele é cada
vez mais reduzido e tende a
diminuir cada vez mais, para
mim já é um facto.
D.r. (direitos reservados)
A
vida levou-me há umas semanas
atrás a escrever uma carta, usando
papel e caneta, que enviei para o
outro lado do Atlântico. Demorou
perto de duas semanas a chegar à destinatária.
Por muito que me esforce não consigo precisar
há quantos anos não escrevia uma carta,
escrita à mão e remetida pelo correio. E isso
leva-me às duas últimas palavras do título
deste texto: o tempo e a escrita.
No tempo da monarquia, imagine-se no
século XVIII, quando um Rei morria em Portugal
a notícia só chegava ao Brasil quando
a próxima embarcação partisse e provavelmente
só alguns meses depois a notícia lá
chegaria, após o desembarque.
O tempo e a nossa perceção do tempo – hoje
bastante mais acelerado – mudou. Hoje, se
o Cristiano Ronaldo se lesiona num treino,
não dou mais do que 10 minutos para que
a notícia esteja difundida, com imagem, em
qualquer rede social e por isso disponível
em qualquer parte do globo.
O tempo mudou e a nossa “paciência” e falta
dela com o tempo também. A minha filha,
hoje com 20 anos, tem um tempo de espera
seja do que for na vida muito mais acelerado
e curto do que o meu. Por muito que para
mim seja sinónimo de falta de educação e
respeito estar a usar o telemóvel enquanto
decorre um almoço de família, há que
perceber que um jovem que já nasceu com
internet, mobilidade e 4G, consegue desempenhar
essas duas tarefas ao mesmo tempo
com a maior perfeição, por isso têm eles dificuldade
em perceber como isso pode ser
uma falta de respeito. É como se o cérebro
dos mais novos fosse “dual-sim” e por muito
que eu até acompanhe, sei – e os mais novos
não – o que é escrever uma carta e esperar
que ela chegue ao destino. São diferentes
noções de tempo e nenhuma está certa ou
errada. É o Devir a acontecer.
A escrita. Ao escrever este texto estou a teclar
no computador. Se bem notarmos deixámos
de escrever para passarmos a teclar,
não exclusivamente mas cada vez mais. Ainda
usamos papel para tomar alguma nota,
deixar um recado aqui ou ali, mas o acto de
escrever, usando a mão, a caneta, um papel
ou um outro qualquer suporte vai sendo tão
mais raro que, tendencialmente, pode desaparecer.
Lembro-me da minha infância no colégio,
onde a caneta de tinta permanente era o
instrumento para formar a letra e a caligrafia,
ao aprender a escrever. Hoje dou por
mim a teclar: no telemóvel, no tablet, no
computador, no comando da TV ou em tantos
outros suportes.
A escrita com papel e caneta vai desaparecer?
Creio que, como o livro ou os jornais em papel,
terá sempre o seu espaço mas que hoje
ele é cada vez mais reduzido e tende a diminuir
cada vez mais, para mim já é um facto.
Nos dias de hoje escrever uma carta usando
papel, caneta, um envelope, um selo postal
e ficar a torcer para que a carta não se perca
e chegue ao destinatário, pode ser um gesto
de amor?
Pode. E foi. s
saber outubro 2022
21
CONVERSAS COM SABoR
&
Entrevista António Barroso Cruz
gentilmente cedidas pelos entrevistados
Agradecimentos Hotel Meliã Mare Madeira e A Tulipa
mafalda
sérgio
Imagine-se um casal que tem a autenticidade
e a doçura de tom e o sorriso sempre a postos.
Um casal com um percurso profissional
que pede meças aos melhores.
Um casal com mundo, com valores, com princípios.
Um casal que tenta harmonizar e equilibrar
uma vida pessoal de prole alargada com uma realidade
profissional exigente.
Imagine-se um casal com projectos (quem os não
tem?), que está de bem com a vida, que se veste
de simplicidade e alegria, seja com os panos
da empatia seja com o sossego dos genuínos.
Um casal bonito, repleto e tranquilo, que alimenta
sonhos que vão para além deles.
A Mafalda e o Sérgio são a essência desse tipo
de casal, que se foi dando a conhecer em mais
uma enriquecedora conversa com sabor no espaço
do Meliã Mare.
22 saber outubro 2022
A.B.C.: Sérgio, vamos ter uma conversa
sincera e aberta ou antes uma conversa
politicamente correcta?
S.: Eu costumo ter conversas sinceras e abertas.
O politicamente correcto faz parte, mas
naturalmente acho que devemos ser verdadeiros
naquilo que dizemos, sobretudo se
andamos na política.
Comecemos por aquilo que é quase inevitável,
ou seja, a política. O que é que te fez
avançar? Ou foste empurrado?
S.: Numa determinada altura da minha carreira
tinha passado por determinadas funções
relacionadas com o turismo, com os
transportes, a experiência no Aeroporto da
Madeira, as duas passagens pela Associação
de Promoção da Madeira, também pela ACIF
(com o pelouro do Turismo), com funções
também no transporte marítimo e na gestão
hoteleira, e toda essa experiência sempre
me levou a achar que conseguimos fazer
melhor e conseguimos fazer mais com os
recursos que tínhamos à nossa disposição
– posições que assumia publicamente nas
várias funções que tive ao longo desse percurso.
A determinado momento foi-me lançado
um desafio por parte do Dr. Paulo Cafôfo
para um projecto que me entusiasmou e
que tinha o mérito de reunir várias pessoas
e que era os Estados Gerais, projeto esse que
estou a recuperar em ligação com a sociedade
civil, com várias áreas de especialização
e onde estavam identificadas várias pessoas
que tinham essa vontade de fazer mais
pela Madeira, mais pela sua terra e, de alguma
forma, melhorar aquilo que era o estado
actual das coisas. Na altura fui desafiado
para a coordenação de Economia, Transportes
e Turismo, que eram as minhas áreas de
especialidade, e achei que era o momento de
retribuir o que tinha então conseguido com
o meu trabalho, retribuir um pouco à Região
aquilo que eu tinha tido a oportunidade de
receber e poder dar assim o meu contributo
para melhorar a Região.
E porquê o Partido Socialista? Isso poderia
ter acontecido num Bloco de Esquerdo ou
num PSD, por exemplo...
S.: Poderia eventualmente ter acontecido. O
projecto com o qual me identifiquei foi com
este do Paulo Cafôfo, o projecto do Partido
Socialista, os valores e a matriz identitária
do partido, e não é de estranhar que, tempos
depois de ter sido eleito deputado, menos
de dois meses depois, assumi a militância no
Partido Socialista e, portanto, perfeitamente
identificado com os valores e com aquilo que
o partido defende.
O que é que a Região pode esperar de um
Sérgio Gonçalves que outros líderes anteriores
do PS-M ainda não conseguiram
transmitir ou fazer vingar?
S.: Todas as lideranças têm a ver com aquilo
que são as características pessoais de cada
um. Sou naturalmente diferente do Paulo
Cafôfo ou dos outros presidentes do partido
que me antecederam. Temos em comum
a vontade de mudar politicamente a Madeira.
Achamos que a alternância democrática
é positiva e é benéfico para o futuro da
Região. Aquilo que eu proponho é trabalho,
é um processo que passe por identificar
os reais problemas da região, apresentar
soluções às pessoas, soluções concretas
e exequíveis para debelarmos ou mitigarmos
esses problemas e assumir essas soluções
como compromissos para com a população.
E, portanto, é desta identificação de problemas,
apresentação de soluções e assumir
compromissos que julgo que está o segredo
da mudança da Madeira. É preciso transmitir
estas nossas ideias, estes nossos projetos
ao maior número de pessoas, é preciso que
o programa eleitoral que vamos apresentar
seja sufragado por maioria dos eleitores da
Madeira e do Porto Santo. É isso que nos propomos
fazer de forma séria, de forma coerente
e, sobretudo, credível. Aliás se há coisa
que gostaria que me acontecesse um dia ao
sair da política, é conseguir manter a mesma
credibilidade com que entrei.
Alguma preparação física ou mental para
aquilo que é o novo Sérgio Gonçalves
enquanto representante de um partido
político, com toda a carga que tal representa?
Fazes algum tipo de prática, digamos
assim?
S.: Eu sempre fui uma pessoa de trabalho
e este projecto político é mais um projeto
como os anteriores a que estive ligado profissionalmente.
Sim, é exigente como outros
projectos no passado que também foram
exigentes. Aquilo que tento fazer, sempre
que tenho disponibilidade, é descansar. Em
termos de viagens sou mais regrado do que
era no passado, confesso que passo mais
tempo na Madeira, mas temos sempre muitas
solicitações, temos muitos eventos, políticos
e não só, há algum desgaste da função,
não só decorrente desta permanente exposição
que temos na política e que acaba por
ser o mais difícil de gerir a nível pessoal e a
nível familiar. Mas tento na medida do possível
descansar, fazer algum exercício físico
porque ajuda a libertar algum stress. Tenho
tentado, de alguma forma, manter-me capaz
e disponível para o grande desafio que tenho
pela frente.
Mafalda, és militante socialista ou a tua
ideologia é outra?
S.: Diz a verdade...
M.: Tenho mesmo de responder? Nunca
tive essa coisa da militância política. A política
nunca se sentou à mesa lá em casa. Está
sentada agora, mas concordo com o que o
Sérgio acredita porque ele é a pessoa mais
honesta que conheço.
O que é que no perfil do Sérgio lhe poderá
trazer mais votos?
M.: O sorriso, o sentido de humor...
A.B.C.: (o Paulo Cafôfo tinha também o sorriso...)
M.: É a seriedade e é querer a mudança. Não
há mudança na Madeira há tantos anos e ele
está capaz de provocar essa mudança.
Alguma medida de protecção/defesa em
relação aos filhos desde a exposição pública
e mediática do Sérgio?
M.: Sim. Desde que ele entrou neste novo
projecto, uma coisa que fez desde o início foi
proteger a parte familiar [mulher e filhos].
S.: Uma regra foi expor a família ao mínimo,
por uma questão de privacidade e de respeito
por aquilo que é o núcleo duro familiar. As
minhas opções profissionais e políticas não
têm que influenciar aquilo que é a nossa vida
familiar. Naturalmente que influencia sempre,
porque estamos em exposição permanente,
mas o que tento fazer é protegê-los ao
máximo – esse foi sempre o meu objectivo.
Em casa, és mais pai ou és mais amigo?
S.: Gosto de pensar que sou mais amigo e
acho que as crianças me vêem como tal.
Quem faz mais o papel parental é a Mafalda
e eu sou mais aquele amigo que tenta aconselhar,
que não castiga e que tenta levá-los a
bem, e quando é preciso mais alguma coisa,
a mãe entra em acção.
Assumida uma posição política publicamente,
já houve pessoas que mudaram
de passeio para não te cumprimentarem?
S.: Não diria mudar de passeio. Acho que é
uma coisa que acontece naturalmente na
vida. Há sempre pessoas que se aproximam
mais e outras que se afastam sempre que
assumimos determinada posição ou opinião,
mesmo na vida profissional. É coisa que não
me preocupa. Aquilo que valorizo mais são
as amizades genuínas. São aquelas pessoas
que, independentemente daquilo que faça-
saber outubro 2022
23
mos ou das decisões que tomem estão connosco
e esses, felizmente, continuam comigo
e são meus amigos. Uns com quem estou
mais vezes e outros com menos frequência,
mas sei que no dia que precisar(em) eles
sabem que se precisarem de mim estaremos
lá. Não me preocupa sentir que haja algum
afastamento de uma pessoa ou outra, agora
o que sinto é uma certa mágoa ou desilusão
em relação a isso, mas é algo que vejo
como natural numa sociedade. Note-se que
a nossa sociedade está ainda muito presa a
um poder político de quase cinco décadas, o
que de alguma forma faz com que algumas
pessoas tenham limitações em expressar-se
livremente e em assumir posições contrárias
ao regime político vigente. Isso acaba por
influenciar a vida das pessoas, mas é, no meu
caso, um dos motivos pelos quais este projecto
político me motiva e a mudança política
na Madeira me faz trabalhar todos os dias
para a concretizar.
No caso de uma hipotética vitória, para
quem vão os primeiros agradecimentos?
S.: Os agradecimentos vão para todos os
madeirenses e todos os porto-santenses
que confiaram no projecto e o reconheceram
em termos de propostas e soluções, vão
para todas as pessoas que me acompanham,
desde familiares a militantes do partido, os
meus camaradas, e para todas aquelas pessoas
que desde o primeiro dia acreditaram
que é um projecto vencedor e que pode efectivamente
mudar a Madeira e construir a
Madeira melhor que nós preconizamos.
[Estás politicamente correcto] E no caso
de uma hipotética derrota, onde é que se
lambem as feridas?
S.: O processo democrático passa por vitórias
e por derrotas. Qualquer resultado tem
de ser visto com naturalidade e ser aceite.
Acima de tudo, temos de o aceitar. É a decisão
das pessoas é a decisão da população
e tudo aquilo que seja o resultado, ou qualquer
que seja o resultado, dependerá sempre
da decisão das pessoas, mas tal dependerá
sempre da nossa capacidade de transmitir
a mensagem. Se falharmos, é porque
não soubemos transmitir a mensagem da
melhor forma, se vencermos é porque o conseguimos
fazer. Há uma coisa da qual não
tenho dúvidas: é que nós temos o melhor
projecto para a Madeira, temos as melhores
soluções e conseguimos, efectivamente,
fazer melhor do que que tem sido feito
até agora.
Mais Madeira e melhor Madeira?
S.: Sobretudo, melhor Madeira.
Têm ambos o Turismo enquanto trajecto
muito importante e presente nas vossas
vidas. E conhecem-se em contexto de
turismo. Contem-nos como é que tudo
aconteceu. Como é que o Turismo entra
nas vossas vidas e como é que depois
vocês entram na vida um do outro?
M.: É assim: trabalho no turismo desde os
meus 19 anos, na MTS, que é uma empresa
alemã sedeada em Faro e que tem escritórios
em Lisboa, Porto, Açores, Cabo Verde,
Madeira. Sempre ligada à MTS, já fiz representação
no aeroporto, incoming e incentivos,
agora estou mais na parte comercial e
das viagens. Nós conhecemo-nos no âmbito
das feiras de turismo, estava eu na altura na
Top Atlântico, conhecemo-nos “salvo erro”
num workshop da New Castle...
Essas viagens profissionais são um perigo
[risos]...
M.: Temos muita coisa em comum e a parte
das viagens faz parte.
E como é que acontece o clique, ou seja,
o que é que há no Sérgio que faz com que
a Mafalda olhe para ele e resolva passar
para um patamar de casal?
M.: Começou pela simpatia, pelo sorriso...
Há quanto tempo é que vocês estão numa
relação?
M.: É uma pergunta difícil...
S.: Tivemos um período em que não vivíamos
juntos. Agora, a morar juntos, já são
seis anos.
Há filhos de uma parte e há filhos de outra
parte. Como é que se faz a gestão de quatro
adolescentes e pré-adolescentes? De
chicote na mão?
M.: De vez em quando é preciso o chicote
mas não é sempre [risos]. É assim: estive
sozinha com os miúdos durante alguns anos,
a minha filha tinha 2 anos e já está com 10
anos, pelo que, antes de morarmos juntos eu
já tinha o papel de mãe, não digo de pai porque
eles têm o pai e lidam muito com o pai e
têm um bom relacionamento com o pai, mas
já os tinha em casa comigo, por isso, essa
gestão já a tinha em casa.
O que é que a filha do Sérgio puxa mais
ao pai e o que é que os teus filhos puxam
mais a ti? Aquela característica que foram
buscar a vocês.
M.: A filha do Sérgio é fisicamente mais parecida
com ele do que em termos de feitio.
S.: É uma boa menina – tem bom coração,
gosta de crianças, eu também gosto, tem coisas
minhas.
M.: É verdade. Digo-lhe que ela devia seguir
a carreira de Educadora de Infância porque
tem muito jeito com crianças.
E por parte dos filhos mais velhos já existe
alguma vontade, vocação, para um projeto
profissional?
M.: A minha pequenina, desde os 3 anos diz
que quer ser médica, neste momento tem 12.
M.: Em relação aos rapazes, o Rodrigo, que
tem 15 anos e foi agora para o 10. º ano,
tinha uma ideia mas o Sérgio falou com ele
e está na área de Economia. Ele fez uns testes
e tudo indicava Economia e Gestão e está
nessa área. Eu até pensava que seria Desporto
- treinou hóquei em patins durante muitos
anos e tem jeito para o futebol. O mais
velho não sabe ainda o que quer - está com
20 anos - mas temos umas ideias para ele e
veremos o que vai dar.
Devido a serem 4 adolescentes e pré-adolescentes
na casa, ainda consegues arranjar
tempo para ti, em que te consegues
pôr sozinha e fazer aquelas coisas que
gostas de fazer?
M.: Sim, nomeadamente o desporto. Tento
fazer desporto cinco vezes por semana,
gosto de correr na rua e isso alivia-me um
bocado.
Pergunta para ambos: o Turismo sempre
foi o que vocês quiseram fazer nas vossas
vidas ou caem por acaso nessa realidade?
M.: No meu caso, por incrível por pareça, ia
seguir Matemática. Entrei no curso de Gestão,
e por coincidência, uma tia minha que
sempre esteve ligada ao Turismo convenceu-
-me a mudar de curso, mudei de curso, gostei
muito e dei-me bem. Gosto desta parte
comercial, das viagens. Gosto muito.
S.: No meu caso fiz a formação académica
de Economia e comecei a trabalhar em Lisboa,
na área da auditoria (área que considerava
ser muito cinzenta e desinteressan-
24 saber outubro 2022
te). Depois vim para a Madeira para uma
empresa de representação de negócios onde
também tinha funções de controlo financeiro.
Depois destas duas experiências achei
que aquilo não era vida para mim, o mundo
exclusivamente financeiro não era para mim.
Sentia-me uma pessoa comercial, gostava de
estratégia empresarial e decidi interromper
a atividade profissional ao segundo emprego.
Fiz um mestrado em Gestão Internacional
num ambiente internacional em Lisboa que
me levou à Eslovénia, à Universidade de Ljubljana.
Depois tive uma oportunidade numa
área com que a qual me identificava que era
o marketing nos aeroportos da Madeira e
desenvolvimento de novas rotas. Foi este o
meu primeiro contacto com o Turismo. Trabalhando
no aeroporto e desenvolvendo
rotas, sobretudo turísticas, acabamos por
conhecer o trade regional, conhecer muita
gente e fazer muitos amigos e novos contactos.
Tive um convite na altura do Grupo
Sousa para ser Diretor Geral da Porto Santo
Line, também para ser administrador dos
hotéis no Porto Santo. Sempre senti muito
interesse, sobretudo pelos aeroportos. Gostava
muito de aeroportos, gostava muito de
aviação e essa entrada no Turismo por via
do transporte aéreo foi uma área que desde
sempre me entusiasmou. Acabei por entrar
na política por via do Turismo e como especialista
de Turismo. É uma área que é muito
interessante, é o nosso principal setor de atividade
e qualquer pessoa que tenha a ambição
e a vontade de governar a Região tem,
naturalmente, que dar a importância devida
ao setor do Turismo.
Alguma rota que tu tenhas ido buscar e
que tenhas estreado na Região?
S.: Sim. Várias.
Podes mencionar uma ou outra?
S.: Sim. Eu estava no aeroporto na altura em
que houve a liberalização do mercado, algo
que acho que foi muito importante para a
Madeira, nomeadamente com a entrada da
Easyjet. Numa primeira fase houve as rotas
(inicialmente foram as rotas de Inglaterra
para a Madeira) e depois com a entrada das
rotas domésticas. Houve um projecto que na
altura levou muito tempo a concretizar, mas
que nos deu muita satisfação, a mim e a toda
a equipa do aeroporto, e que hoje é uma
das companhias de referência na Madeira: a
Jet2 (este projeto foi trabalhado nessa altura).
Algumas deixaram um amargo de boca
dado que as conquistámos e depois deixaram
de existir. Estou a lembrar a Aer Lingus
de Dublin para a Madeira, em que tínhamos
2 voos semanais, operações para o Porto
Santo. Houve uma altura em que tivemos
um foco muito grande no Porto Santo, abrimos
várias rotas, chegamos a ter rotas de
Bruxelas, de Amesterdão, de Santiago Compostela,
de Madrid, e muitas delas acabaram
por não continuar porque veio um período
de crise profunda o que fez com que algumas
delas fossem descontinuadas. Mas foi
um período muito engraçado de democratização
do transporte aéreo para a Madeira. É
um meio muito entusiasmante de desenvolver
trabalho.
O Turismo na Madeira está assim tão bom
como nos fazem crer?
M.: Neste momento, sim. Está com uma boa
estabilidade, não só na Madeira como também
em outros países. Com a pandemia as
pessoas deixaram de viajar, tiveram mais disponibilidade
a nível monetário para viajar de
depois da pandemia e decidiram fazê-lo este
ano. E foi um ‘boom’ aqui como está a ser em
muitos sítios.
Na posição de novo presidente da Região
Autónoma da Madeira, a primeira coisa
que mudarias no Turismo da Madeira?
PUB
saber outubro 2022
25
S.: Acho que temos de regressar – não gosto
da expressão «regressar ao passado» –
mas temos de respeitar o legado que temos
a nível da excelência de serviço, algo que
tem vindo a perder-se por alguma inércia,
por decisões estratégias (a Escola Hoteleira
é um desses exemplos, a situação em que
se encontra atualmente é preocupante). Um
destino turístico como a Madeira nunca será
competitivo pelo preço ou pelo volume, mas
será sempre pela diferenciação. Temos de
apostar no que é autêntico e genuíno e, portanto,
a preocupação pela excelência de serviço
por um lado e, por outro, a requalificação
do serviço. São as duas grandes prioridades.
Se não cuidarmos daquilo que é autêntico
e genuíno vamos ser iguais a qualquer
outro destino e isso não nos serve.
Tempo a dois, ou a seis, neste momento é
um bocadinho mais difícil devido às funções
do Sérgio, mas mesmo assim consegue-se
um “buraquinho” na agenda para
escaparem?
M.: Sim, conseguimos, de vez em quando...
Como é que se harmoniza este tipo de
situação, harmonizar e equilibrar, de
alguma forma, esta indisponibilidade do
Sérgio com a disponibilidade do resto da
família?
M.: Com compreensão.
Se amanhã vieres a ser a primeira-dama
da Região, como é que vais olhar para essa
possibilidade ou novo papel?
M.: Vou continuar a ser a pessoa que sou e
como sou. Se poder ajudar o Sérgio a governar,
terei todo o gosto.
Mas o Sérgio não é apenas este rosto político
que conhecemos. Quem é o Sérgio
‘não político’?
S.: O Sérgio ‘não político’ é alguém que nasceu
e cresceu na Madeira, que gosta muito
da Madeira e da sua terra, daquilo que é
nosso - e isto também me faz andar na política.
Razões familiares e profissionais levaram-me
a conhecer o mundo, o que faz com
que tenha uma perspetiva daquilo que é a
Madeira, o seu potencial e do que esta terra
pode ser. Apesar de ter trabalhado, estudado
e estado algum tempo fora, sempre que
regressa à Madeira acha que é, de facto, o
sítio ideal para viver, para constituir família e
para ter cá negócios - para toda e qualquer
atividade que se possa imaginar. Sou genuinamente
apaixonado pela Madeira e pela
minha terra. De resto, sou uma pessoa que
gosta de viver bem, que gosta de experienciar
a vida, gosto de viagens, gosto de estar
com os meus amigos, gosto muito de sorrir –
não é um sorriso de cartaz mas é um sorriso
genuíno e que faço o dia todo - acordo sempre
bem disposto e adoro falar, que é uma
coisa que a Mafalda não aprecia assim tanto
de manhã que é quando acordo e ponho-
-me a falar e sorrio muito [risos]. Sou bem
disposto.
És um bom garfo?
S.: Também.
És tu quem usa o avental em casa?
S.: É a Mafalda, mas quando posso gosto de
cozinhar. Não cozinho muitas vezes, mas é
algo que gosto de fazer como antisstress.
Gosto de estar na cozinha, gosto de meter
as mãos na massa e de fazer qualquer coisa
mas, infelizmente, é uma tarefa que não
acontece com muita frequência.
Tenho uma boa notícia para ti: vai ser
sempre a piorar [risos]
S.: Provavelmente [risos]
A memória mais antiga que tens contigo
(aquela memória bonita que trazes sempre
contigo) qual é?
M.: …
ABC: Tenho uma: com dois anos e meio estar
ao colo do meu avô à janela da casa onde
morávamos, a falar com um vizinho...
M.: Os sábados... todos os fins de semana
o meu pai levava-me. Não sou de cá, nasci
na Inglaterra, e na cidadezinha onde morávamos
todos os sábados o meu pai fazia
questão de me levar à cidade e comprava-
-me sempre uma boneca ou um livro, e isso
é uma boa memória.
E em termos de valores, quais os valores
que achas que são mais importantes
para transmitires aos teus ou aos vossos
filhos?
M.: Gostarem das pessoas, compreenderem
e ouvirem as outras pessoas, empatia, tolerância,
terem bom coração. Acima de tudo,
que sejam boas pessoas.
Aquele sonho ou projecto que ainda queres
realizar na tua vida?
M.: Eu ainda não fiz as minhas viagens todas.
Ainda tenho uma bucket list muito grande. A
Islândia, por exemplo.
Qual é o teu topo de viagem que está na
tua bucket list?
S.: Tenho uma grande falha, não é a minha
viagem de sonho mas acho que é imperdoável.
Costumo dizer que já fui duas vezes à
China e ainda não fui aos Estados Unidos, e
então gostava muito de visitar os EUA, várias
cidades desse país, desde Nova Iorque e Los
Angeles. Já tive oportunidades para conhecer
muitos destinos, uns mais exóticos do
que outros, mas acho que os Estados Unidos
é uma falha grande. Gostava de conhecer
melhor a América do Sul - Argentina, Chile
- e também Austrália.
Tens o Paulo Cafôfo nas Comunidades e
apanhas boleia dele…
S.: Ele está neste momento na Califórnia
[risos]
Para quando prevês o teu homicídio político
interno no partido?
S.: Nesta fase, temos um projecto que está
a iniciar-se e que é a afirmação do PS-M
como a melhor alternativa para o governo da
Região e, como tal, não é o momento de pensar
como é que vai terminar. Estamos no início
de um percurso no qual acredito, em que
há muitas pessoas envolvidas e que também
acreditam neste projecto, e tenho a certeza
que a maioria dos madeirenses vão também
acreditar em 2023.
É uma boa resposta, até porque sabemos
que o PS é perito em golpes palacianos...
Uma frase que neste momento gostasses
de deixar para o eleitorado madeirense e
porto-santense.
S.: Que acreditem que é possível termos a
Madeira melhor e que os políticos não são
todos iguais. Por mais que tentem transmitir
essa ideia, acreditem que há pessoas -
não estou a falar de mim mas de um grupo
de pessoas que tive o privilégio de conhecer
ao longo destes últimos três anos - que
estão motivadas, que estão na política de forma
desinteressada e querem efectivamente
construir esta Madeira melhor. Portanto que
acreditem que é possível!
A última pergunta é para ti: nas próximas
regionais em que é que vais votar?
M.: [risos] Essa pergunta não é difícil! É claro
que irei votar no Sérgio, mas não é porque
vive comigo, mas sim porque o Sérgio acha
que vai mudar o mundo. É claro que o Sérgio
não vai conseguir mudar o mundo, mas
tenho a certeza que vai conseguir mudar a
Região para melhor. s
26 saber outubro 2022
Cantinho da poesia
Rosa Mendonça
Escritora
facebook.com/rosa.6823mendonca/
[rosa mendonça autora]
CALÇADA
PORTUGUESA
Inscrita no Inventário como Património Cultural Imaterial português
A calçada portuguesa começa em meados do séc. XIX com pedras irregulares
Em Lisboa, em1842 é executada a primeira calçada a preto e branco
com calcário e basalto
Trabalho realizado por presidiários chamados “grilhetas”
O desenho utilizado no pavimento foi o mar num traçado simples em ziguezague
Sempre foi bem recebido pela sociedade e motiva os cronistas a escreverem
sobre este património singular e único
Ex-libris na porta de entrada em território português
Encontramos principalmente em países lusófonos
Somos herdeiros da calçada portuguesa com excelsas decorações
Onde se espalha em todo o país, nas colónias e pelo mundo
A mesa pronta e bem adornada com pedrinhas e mais pedrinhas
São tradicionais as cores; preto e branco
E ainda: o castanho, vermelho, azul cinza e amarelo
Com as rochas: mármore e xisto no Alentejo ou o granito no norte
A rocha mais comum para o contraste com o calcário branco é o basalto
Onde está presente na “calçada à portuguesa” com pedras usadas
nas calçadas mais antigas
O mosaico português é pedra chave no revestimento das pavimentações
Assenta no solo de forma irregular ou regular, consoante a técnica utilizada
Conservando-se inúmeros tapetes de pedra de rocha sedimentar e vulcânica
O basalto continua a ser a pedra mais utilizada na Madeira e Açores
Utilizada no calcetamento de áreas pedonais, em passeios, praças, parques, pátios,
Os pavimentos calcetados remontam à antiguidade
Os calceteiros tiram partido do calcário e com o auxílio de um martelo,
fazem pequenos ajustes na forma da pedra
Utilizam moldes para marcar as zonas com diferentes cores
Repetem em sequência linear chamado frisos ou em duas dimensões
chamados padrões
Geometricamente, existe limite de simetrias do plano:
Sete aos frisos e dezassete aos padrões
Destacam-se técnicas de aplicação e talhe nas calçadas mais comuns:
A antiga calçada à portuguesa pelo talhe e aplicação de pedras irregulares;
O malhete com talhe da pedra irregular formando polígonos pentagonais;
Ao quadrado ou em diagonal, alinhamento de 45 graus nos muros ou lancis;
A calçada à fiada, com as pedras alinhadas em filas paralelas;
A calçada circular e sextavada
A calçada artística com formatos específicos ou pelo contraste de cores
O mar largo, motivo mais emblemático da calçada portuguesa
e mais reproduzido em vários países
Os leques: segmentado, florentino e o rabo de pavão
Originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais
Diversas cidades substituem suas calçadas históricas com passeios
mais práticos e seguros.
Orgulho da nação o ofício do calceteiro com a sua enigmática arte intemporal
Constroem instalações artísticas com elevado reconhecimento
Pisamos emblemáticos chãos carregados de história
s
D.R.
saber outubro 2022
27
viajar coM saber
ANTÓNIO CRUZ
AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt
Islândia
Viajar pela Islândia é uma prova de esforço que
vale a pena. Dar a volta a um país em 10 dias,
deixando mais dois para a capital, é ir mudando de
realidades visuais a todo o instante, pois a sucessão
e/ou alternância de vulcões, glaciares, cidades, vilas
piscatórias, prados sem fim, planaltos, cascatas,
cataratas, praias de areia bem preta, é de tal forma,
que somos compelidos a entrar numa dimensão
ao mesmo tempo avassaladora e imensamente
improvável.
António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia
1] Comecei o meu périplo por Keflavik, encostada ao aeroporto e de
onde me seria mais fácil e lógico dar início a uma viagem de quase
2000 quilómetros. O primeiro dia seria dedicado a parte da costa sul
do país, sendo que as cataratas de Skogafoss e Seljandsfoss são das
primeiras paragens obrigatórias. O dia não estava por aí além, mas
mesmo assim a grandiosidade do lugar faz jus às expectativas.
1]
28 saber outubro 2022
2]
3]
2] A caminho, logo em seguida, dos fiordes orientais, não
deixando de passar por Vík, sem antes fazer uma passagem/
paragem em Dyrhólaey e Reynisfjara, para ir dormir a essa
cidade cujo nome é maior que a própria…Kirkjubaejarklaustur…
3] A noite seguinte seria em Hofn, a partir da qual visitaria a não
menos famosa formação rochosa/montanhosa, de Vestrahorn,
imensa em arquitectura, em beleza e em elementos bravios à sombra
dos quais se acolha uma réplica de aldeia viking.
4] 5]
4] Depois foi entrar no rendilhar fiórdico da zona leste do
país, bordejando mar, esgueirando-me por entre montanhas,
salpicando a vista com o colorido das aldeias ou o fascínio que as
quintas isoladas em mim provocam.
6] Uma das minhas prioridades de coisas a ver na Islândia, era uma
comunidade dos engraçados puffins, que por aqui nidificam nos seus
trajectos migratórios entre Maio e finais de Agosto. Não são fáceis de
encontrar, muito menos de fotografar. Mas com alguma insistência
de falta de jeito fotográfico, foi o que consegui…
5] Uma sucessão de paisagens arrebatadoras e depois a serenidade
dos lugares mais macios ao olhar, como a região do lago Myvatn com
as suas fumarolas, os seus banhos naturais (a 35 ou 40 graus), a sua
energia telúrica que fornece um país inteiro.
7]
6]
7] Depois viria a costa norte do país, bem como lugares como
Akureyri, uma das duas cidades do país onde há semáforos…para
então continuar a outras paragens que aqui virão em edições mais
adiante.
saber outubro 2022
29
IMAGE consulting
Marisa Faria
Dulcina Branco
gentilmente cedidas pela entrevistada
Não se considera uma
influenciadora mas certo é que
se tornou uma profissional
com relevante importância na
área que abraçou para a vida.
Formada em Consultadoria de
Imagem, a madeirense Marisa
Faria, que com regularidade
colabora na revista Saber Saber
com artigos apreciados por
muitos dos nossos leitores,
explica o que a levou a ir
pelo caminho da Imagem em
termos profissionais e no
qual tem vindo a desenvolver
diversos projetos, quer para
particulares, quer para
empresas e instituições. Os
universos da comunicação
pessoal e empresarial
alteraram-se e os consultores
de imagem têm contribuido
para a revolução cultural e
social que o mundo conhece e
que confirma que a Imagem é
uma poderosa ferramenta de
comunicação.
30 saber outubro 2022
O meu objetivo é
sensibilizar as pessoas
para a importância de
trabalhar a sua imagem
e ajudar a quem quer
chegar mais longe
O que a levou a investir na área da Imagem?
- Esta área sempre foi uma paixão para
mim, desde criança. Ao longo da minha
vida fui me apercebendo que a imagem,
de uma perspectiva geral, era um factor
determinante no tipo de oportunidades e
pessoas que atraimos para a nossa vida.
Tive inclusive um blog em 2013, chamado
“QVestir”, onde dava conselhos e dicas de
imagem. Contudo, só em 2019 tirei o curso
na Blossom - Image Consultant e pouco
depois decidi juntar a minha paixão e as
minhas competências e ajudar outras mulheres
a poderem melhorar as suas vidas,
utilizando esta poderosa ferramenta de comunicação.
O que tem de desafiante, ou de mais desafiante,
esta área [Imagem]?
- O que noto, e é ainda um desafio, é o facto
de uma grande parte das pessoas ainda
encararem isto como uma futilidade. Acho
que, ainda não entenderam o verdadeiro
impacto desta área nas suas vidas, pois
muitas vezes investem em cursos que ficam
guardados na gaveta e não nesta ferramenta
que é responsável por 93% da comunicação.
Esta [Imagem] é uma das áreas do
futuro, por isso, acho que é apenas uma
questão de mudança de mentalidade que
vem com o tempo. Em muitos países desenvolvidos
é uma profissão tão comum
como outra qualquer.
Quem são as pessoas que a procuram e
que ajudas procuram estas?
- Trabalho essencialmente com mulheres,
na sua maioria empresárias (nas faixas
etárias entre os 30 e 50, normalmente casadas
e com filhos) e mulheres que pretendem
iniciar projeto por conta própria.
Tenho um programa de consultoria de imagem
online, onde durante 1 ano, as alunas
aprendem a saber vestir-se, a entender o
seu estilo, a melhorar a sua comunicação
e a saber posicionar-se para atingir os seus
objetivos. Também faço consultoria individual,
presencial ou online. Neste momento,
quem tem interesse em trabalhar a sua
imagem tem de contratar os serviços de um
A pandemia veio,
a meu ver, trazer uma
maior preocupação
para a questão da imagem,
por causa do crescimento
da presença online,
quer através das redes
sociais, mas também do
teletrabalho
consultor de imagem. O que mais ouço é
“uso sempre a mesma coisa, não sei vestir
com outras peças” ou “quero perceber
qual é o meu estilo e o que me fica bem”.
Tenho trabalhado com clientes individuais
maioritariamente, mas também gostaria de
passar a colaborar mais com as empresas,
onde através de workshops possa sensibilizar
e orientar os seus colaboradores nesta
questão, fazendo com que usem esta ferramenta
para criar maior impacto, notoriedade
e reconhecimento da empresa no mercado
e consequentemente gerar melhores
resultados.
Qual é a realidade desta área no sentido
de se perceber se empresas ou instituições
estão conscientes ou sensibilizados
para o poder que a imagem da pessoa/
produto/instituição tem?
- Já existem algumas empresas que já começam
a ter alguma preocupação com os
seus colaboradores. Contudo, é algo que
não é abordado nas escolas e que considero
que deveria ser incluido. Neste momento,
quem tem interesse em trabalhar a sua
imagem tem de contratar os serviços de um
consultor de imagem.
As redes sociais acentuaram o poder da
imagem e de que forma é que este se
tem manifestado?
- As redes sociais neste momento proporcionam
uma facilidade e rapidez muito
grande para se chegar às pessoas e isso
é bom. Mas torna-se fundamental cuidar
da imagem nestas plataformas, pois nunca
deixámos tantas primeiras impressões
como agora. Se a imagem que estiver a ser
apresentada para o usuário estiver a comunicar
bem suscita o interesse para saber
mais, caso contrário, no meio de tanta oferta
e diversidade de informação dificilmente
se consegue destacar.
Considera-se uma influenciadora na sua
área?
- Não me considero uma influenciadora. O
meu objetivo é sensibilizar as pessoas para
a importância de trabalhar a sua imagem e
ajudar a quem quer chegar mais longe.
A pandemia alterou a forma de comunicar
a imagem?
- A pandemia veio, a meu ver, trazer uma
maior preocupação para a questão da imagem,
por causa do crescimento da presença
online, quer através das redes sociais,
mas também do teletrabalho. Conseguimos
chegar, hoje em dia, a um número
muito maior de pessoas, pela facilidade
que temos em adquirir produtos e serviços
online, cursos, fazer reuniões online, etc. A
distância deixou de ser um problema, mas
a exposição é maior. s
Tenho um programa
de consultoria de imagem
online, onde durante 1
ano, as alunas aprendem
a saber vestir-se,
a entender o seu estilo,
a melhorar a sua
comunicação e a saber
posicionar-se para atingir
os seus objetivos
instagram.com/qvestir.marisafaria/
facebook.com/QvestirConsultoriaImagem/
www.q-vestir.com/
info@q-vestir.com
saber outubro 2022
31
DECORAÇÃO
Preparar a casa
para o outono
Overão terminou. É hora de voltar ao trabalho, à escola,
às atividades extracurriculares...Este é também o momento
de organizar a casa para o outono. Se a ideia
é fazer uma renovação do espaço, o melhor mesmo é
começar já, isto porque o frio pode chegar a qualquer momento
e pode surpreender quando se está a meio de uma tarefa. Se
deixou alguma pequena reparação por fazer antes de ir de férias,
como mudar aquela torneira que não fecha ou arranjar aquela
porta ligeiramente arqueada, é altura para o fazer. Ter a casa em
ordem é o primeiro passo para enfrentar a rotina de forma tranquila.
E, ao mesmo tempo que trata da arrumação e limpeza da
casa, aproveite para se livrar de coisas sem utilidade que guarda
há anos. O espaço que fica será útil para guardar coisas que vai
usar quando voltar à rotina, ou até para pôr aquelas roupas de inverno
que ocupam muito mais espaço do que as roupas de verão.
Se já tem um espaço para estudar ou trabalhar em casa, verifique
que está tudo em perfeito estado e pronto a usar: a secretária,
cadeira, prateleiras, iluminação, etc. Mas se até agora estava a
trabalhar remotamente na mesa da sala de estar ou da cozinha,
este pode ser o momento para pensar em fazer um pequeno espaço
de trabalho em casa. Uma boa maneira de voltar à rotina
com um novo espírito é renovar a decoração da casa, mudando a
disposição dos móveis para dar lugar a uma secretária, por exemplo.
Mas é também uma boa ideia mudar a decoração da sala
de estar ou do quarto para que pareçam diferentes. Acrescente
acessórios de outono como uma nova cobertura no sofá ou um
tapete. Começa a ser tempo de deixar à mão as roupas de cama
mais quentes para quando as noites se tornarem mais frias. Ou
aquelas cortinas mais grossas no quarto que dão uma atmosfera
mais quente quando as temperaturas descem. s
Dulcina Branco
www.idealista.pt/news
32 saber outubro 2022
MARCAS ICÓNICAS
Desde 1895, a mestria do
fundador Daniel Swarovski
no corte de cristais definiu
a empresa austríaca. A sua
permanente paixão pela
inovação e pelo design
tornou a Swarovski numa
das principais marcas de
joias e acessórios do mundo.
Atualmente, a família
continua com a tradição de
proporcionar estilo extraordinário todos os dias a
mulheres em todo o mundo. Foi em 1891 que Daniel
Swarovski se propôs-se criar “um diamante para
todos”. Inventou então um aparelho elétrico com
uma precisão de corte inédita, assinalando o início
de uma nova era do cristal. Desde os salões de jazz
norte-americanos às casas parisienses de altacostura,
os vestidos adornados com contas e cristais
da Swarovski refletiam o entusiasmo reluzente da
década de 1920.
A Swarovski abriu a sua primeira boutique na
década de 1980, despertando o fascínio global pela
nova marca de joias e peças decorativas em cristal.
Com o lançamento da decoração de Natal de edição
anual limitada, nasceu uma nova tradição para os
colecionadores de todo o mundo.
Ao longo de mais de 35 anos, a Swarovski
deslumbrou o mundo com peças únicas, como o
anel cocktail Nirvana, a pulseira Slake e os seus
emblemáticos relógios de movimento suíço. Em
2008, o design de interiores mágico “Floresta
de cristal” foi implementado em lojas de todo o
mundo, para acolher os visitantes numa maravilha
arquitetónica em cristal.
O processo criativo da Swarovski é extraordinariamente
prolífico. Centrando-se na curadoria de
tendências, no design e no branding significativo,
cada peça conta uma história e revela mais de 125
anos de perícia artística. A evolução contínua dos
materiais e das técnicas faz da Swarovski a líder
das criações em cristal cortado. Novos cortes,
tonalidades e tamanhos são imaginados e realizados
diariamente na sua sede histórica de Wattens. Além
de incidir sobre o apuramento do cristal, o knowhow
da Swarovski também explora métodos que lhe
permitem criar peças extraordinárias. A aplicação
de contas, pavé, bisel e a configuração dos pinos são
algumas das técnicas utilizadas para maximizar o
brilho e criar peças primorosamente requintadas.
Os contextos de cristal da Swarovski ganham vida
através de técnicas patenteadas como a Pointiage®,
que confere uma qualidade de precisão máxima ao
trabalho feito à mão. s
Maria Camacho
mundodasmarcas.com e wikipédia
saber outubro 2022
33
DICAS DE MODA
Lúcia Sousa
WWW.luciasousa.com
luciasousainfo@gmail.com
FACEBOOK › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista
Francisca Viveiros - HMP Fashion Agency
Cabelo › Hulli Baxtter
Pedro Faria
Evento › Madeira Flower Collection
Pintado à mão
Nesta rubrica, apresento-vos um lindo
vestido desenhado para a coleção
apresentada na Festa da Flor. Os motivos
florais pintados à mão são o destaque
principal. O vestido foi desenhado com
inspiração na planta endémica, ‘Massaroco’,
que está representada no painel de tecido fluido
sobre a saia, sendo que, por cima do tecido
lilás está pintado a flor do Massaroco. O vestido
na parte de cima é trespassado com pregas e
mangas pequenas estilo kimono.
Um lindo vestido original e elegante! Faça a sua
encomenda!. s
34 saber outubro 2022
saber outubro 2022
35
MAKEOVER
Mary Correia de Carfora
Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup
Um dia com...
A noiva romantica
^
Cabelos longos, elaborados com um
toque de elegância e inocência...
A maquilhagem suave complementa
a vestimenta e os acessórios
conjugam com a imagem na perfeição.
Para este que deve ser o seu dia memorável,
a noiva tem de sentir-se confortável em
todos os pormenores.
Um dia memorável que, sem dúvida, expõe a
personalidade ao máximo e o sonho do casamento
romântico da noiva.
By Mary Carfora! Espero que gostem tanto
como eu gosto!. s
Mary de Carfora
36 saber outubro 2022
Produção/Fotos Mary Carfora
Agradecimento/Imagem Noiva Alexandra Sabino
saber outubro 2022
37
FASHION ADVISOR
JORGE LUZ
www.facebook.com/jorgeluz83/
Tendência meia-estação outono:
vestidos e sandálias
O
lá, Amigas!. O verão está a terminar
mas o calor ainda aí está, e
com a moda a acompanhar em
novas tendências e reinvenções.
Os vestidos boho chic combinam com sandálias
cheias de estilo que dão glamour a
qualquer ocasião. A meia-estação de outono
2022 vem com cores intensas e tecidos
esvoaçantes, costas e ombros destapados
que finalizam com versáteis e confortáveis
sandálias, exaltando a sensualidade da mulher
de qualquer idade e personalidade.
Uma regra que nunca passa de moda: a
mulher faz a sua própria moda. As senhoras
vestem de acordo com o seu gosto pessoal,
corpo e personalidade. Os vestidos e
sandálias combinam com colares e pulseiras
que acentuam o toque moderno e de
bom gosto que define a personalidade da
mulher. Acompanhe-me em Jorge Luz-Blogger
de Moda, onde poderá encontrar estas
e outras sugestões. Divirtam-se e sejam
felizes!. s
Jorge Luz Jorge Luz Matilde Vasconcelos
38 saber outubro 2022
saber outubro 2022
39
MOTORES
Rota do Vinho
da Madeira em
Todo Terreno
Nélio Olim
Mateus Santos
Uma região, enquanto espaço físico,
é o produto de um ato jurídico de
delimitação. No caso da Madeira,
a identidade regional é feita não
só do espaço, mas, também, do tempo e
da História. A própria paisagem é, também
ela, um produto histórico de determinações
sociais. Neste contexto, o enoturismo representa
um excelente veículo para quem quiser
descobrir a Madeira através do vinho e
conhecer todos os seus aspetos culturais e
turísticos.
Foi precisamente este o principal objetivo
pelo qual a Associação da Madeira de Todo
Terreno Turístico promoveu, em parceria
com a Associação de Motociclismo da Madeira
e o Motor Clube da Madeira, a edição
de 2022 da Rota do Vinho da Madeira, um
instrumento privilegiado de organização e
divulgação do enoturismo, de promoção do
Vinho Madeira e dos vinhos tranquilos da
Madeira e do Porto Santo, iniciativa apoiada
pela Secretaria Regional de Agricultura e
Desenvolvimento Rural e pelo Instituto do
Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira.
Ao descobrir-se o vinho no seu meio natural,
compreende-se que este não é uma bebida
qualquer, mas sim um produto tradicional,
cheio de história. A Madeira é, todo ela, uma
mancha vitícola pelo que o enoturismo representa
um veículo para que as pessoas
que visitam uma região possam descobrir,
através do vinho, todos os aspetos culturais
da mesma.
Com esta iniciativa, pretendeu-se contribuir
para a preservação da autenticidade da região
através da divulgação do seu artesanato,
do património paisagístico, arquitetónico
e museológico e da gastronomia, contribuindo
para a divulgação dos nossos produtos e
das marcas associadas ao Vinho da Madeira,
cuidando de toda a história associada às
marcas e aos produtos.
Deram-se assim a conhecer alguns dos vinhos
tranquilos da Madeira, numa degustação
promovida pelo IVBAM, que, a par das
pitorescas paisagens naturais percorridas,
deram a conhecer uma Madeira desconhecida
de muitos. E, apesar da chuva que se
fez sentir no passado fim de semana, todos
os participantes do evento ficaram satisfeitos,
quer pelo almoço tradicional à base de
espetada, quer pelos aromas e sabores dos
nossos vinhos, num evento que terminou
com um Madeira de Honra. s
40 saber outubro 2022
saber outubro 2022
41
agenda cultural
Agenda
Cultural
da Madeira –
outubro 2022
SECRETARIA REGIONAL De TURISMO E CULTURA
EXPOSIÇÕES
“HARMONIUM”
ATÉ 18 OUTUBRO
No Museu de Arte Sacra do Funchal (MASF)
Desenho, Pintura e Música em relação
De Eduardo Freitas
Inspirada no livro/inventário, “Cem Anos de
Música Sacra na Madeira”, de Arnaldo Rufino
da Silva, que contou com a interpretação
de Eduardo de Freitas na ilustração dos
principais temas da liturgia e da devoção,
então recolhidos, esta mostra dá a conhecer
o trabalho recente do Museu ao nível da
inventariação de um instrumento musical
em esquecimento na Diocese do Funchal,
o harmónio, ao mesmo tempo que propõe
uma nova leitura do trabalho de Eduardo de
Freitas no quadro da relação com o universo
do sagrado e do religioso.
“Tetrápoda – origem e evolução”
Até 29 outubro
No Museu de História Natural do Funchal
De Ricardo Barbeito
Em “Tetrapoda: Origem e Evolução”, Ricardo
Barbeito propõe através de um ensaio visual
em contexto site-specific, um exercício de
reflexão crítica, especulativa que tem como
ponto de partida a aluvião de 20 de fevereiro
de 2010.
42 saber outubro 2022
Facebook Festival de Orgão da Madeira 2019
“Museu de Arte Contemporânea:
a fundação”
ATÉ 31 OUTUBRO
No Museu Quinta das Cruzes
Projeto com organização conjunta do MU-
DAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira
e do Museu da Quinta das Cruzes.
Esta mostra marca o arranque das comemorações
do trigésimo aniversário da fundação
do Museu de Arte Contemporânea da Madeira
e evoca o espírito que norteou as exposições
de arte moderna realizadas no Museu
da Quinta das Cruzes durante a década
de 60 do século XX. Nesta mostra é apresentada
uma seleção de obras de arte parte do
Núcleo de Arte Contemporânea resultante
das aquisições e prémios decorrentes da I e
II Exposição de Arte Moderna e do Prémio
Cidade do Funchal (1966-1967).
“NO FEMININO: navetas, agulhas e
afins”
Até 12 novembro
Na Sala de exposições temporárias do Museu
Etnográfico da Madeira
No passado, a prática do enxoval era essencial
para a realização do casamento e
constituía um dos principais “objetivos de
vida”, de muitas raparigas. Estes preparativos
começavam com muita antecedência,
na adolescência, ou após a entrada na fase
do noivado.
Em tempos recuados, as peças que faziam
parte do enxoval da noiva eram especiais.
Decoradas com bordado Madeira e rendas,
como as que estão expostas nesta exposição,
constituíam um bem inestimável que,
hoje enriquecem o nosso património cultural.
Algumas eram usadas apenas no dia do
casamento e em ocasiões importantes, pelo
que se mantinham, em bom estado de conservação,
passando de geração em geração,
possuindo um grande valor afetivo e simbólico.
“Luís da Conceição Teixeira: uma
obra em suspenso”
Até 26 NOVEMBRO
Na Casa da Cultura de Santa Cruz - Quinta
do Revoredo
Trata-se de uma exposição evocativa e documental
sobre a obra do arquiteto do Movimento
Moderno, Luís da Conceição Teixeira,
nascido em 1913 e falecido em 1984.
A exposição centra-se no seu trabalho desenvolvido
para o Concelho de Santa Cruz,
entre projetos públicos, privados e planos
de urbanização, alguns levados à execução
e outros que não passaram do papel. Dos
trabalhos executados destacamos a ampliação
dos Paços do Concelho de Santa Cruz,
classificado como Monumento Nacional,
o Mercado Municipal de Santa Cruz, as Casas
de Função do Tribunal Judicial de Santa
Cruz, etc.
“Memória Postal do Funchal: O Palácio
de São Lourenço, a Avenida do
Mar, e os Vapores”
Até 26 de novembro
No Palácio de São Lourenço
Exposição de postais ilustrados da coleção
do Eng.º José Manuel Melim Mendes.
“Comércio e indústrias tradicionais
na Ribeira Brava - O legado comercial
de Francisco António dos Reis”
Até 3 dezembro
No Átrio do Museu Etnográfico da Madeira
Com o objetivo de proporcionar uma maior
rotatividade das coleções, o Museu Etnográfico
da Madeira dá continuidade ao projeto
denominado “Acesso às Coleções em Reserva”,
sendo apresentada, semestralmente
uma nova temática. Neste semestre, damos
a conhecer o legado comercial de Francisco
António dos Reis, um comerciante natural da
Ribeira Brava que, durante o século XX destacou-se
em várias áreas de negócio, tornando-
-se uma figura ilustre deste concelho. O seu
espírito inovador e empreendedor, tornou-o
pioneiro, com a criação da primeira fábrica de
telhas, em 1936 e mais tarde, uma fábrica de
refrigerantes, negócios que serviram de âncora
para o seu primeiro grande investimento,
o edifício Miramar, em 1944. Em 1959, ergue
o seu segundo grande espaço comercial,
a Casa Reis, um bazar de grandes dimensões,
com várias lojas, onde instalou um moderno
sistema de pagamento denominado, popularmente,
por: carrinhos voadores e que se
tornou a grande atração deste bazar.
“Campos de rodólitos no arquipélago
da Madeira – um habitat em descoberta”
Até 31 dezembro
No Museu de História Natural do Funchal
Esta mostra pretende dar a conhecer o trabalho
desenvolvido pela AMACO – Associação
Madeirense para a Conservação Marinha,
no âmbito do projeto M3C (Madeira
Maërl Mapping & Conservation), no sentido
não só de dar a conhecer como também de
sensibilizar o público para a importância dos
campos de rodólitos. Algas que parecem pedras…
Os rodólitos (do grego «pedras vermelhas»)
são algas coralinas ramificadas que
vivem soltas sobre fundos de rocha ou areia,
formando extensos habitats («campos»). Estes
campos de rodólitos são habitats muito
importantes do ponto de vista ecológico,
pela biodiversidade que albergam, e constituem
um dos maiores depósitos marinhos
de carbono de origem biológica, desempenhando
um papel fundamental no ciclo de
carbono dos oceanos.
“À descoberta dos ROVs”
Até 31 dezembro
No Museu de História Natural do Funchal
Exposição organizada pelo Observatório
Oceânico da Madeira dá a conhecer os ROVs
(do inglês, Remotely Operated Vehicles) e faz
parte do projeto “ROV4ALL – Construção de
robôs submarinos em contexto escolar”, um
projeto de literacia do oceano desenvolvido,
durante os últimos dois anos letivos, em escolas
dos Açores, Algarve, Lisboa e Madeira.
O projeto consistiu na criação de kits educativos
que foram fornecidos a grupos escolares
que com eles construíram os seus próprios
ROVs. Nesta exposição, para além de roll-ups
com conteúdos informativos sobre estes veículos,
também estarão expostos ROVs construídos
por alunos de escolas da Madeira.
“Matéria e Espírito”
Até 31 janeiro 2023
Na Quinta Magnólia - Centro Cultural
Da autoria de Sarah Frances Dias
Com a curadoria de Ana Teresa Klut
Esta exposição é constituída por 30 desenhos
em formato A4 e A3 a grafite sobre papel
francês, telas de grandes e pequenas dimensões
todas executadas a óleo sobre tela.
Nesta exposição, a artista pretende que cada
obra recrie um momento em que o espírito
tivesse mais presente, em que este se sobrepôs
à matéria de alguma forma. Momentos
fugazes, fragmentos retirados no tempo ou
roubados de sonhos, instantes irrepetíveis
que de algum modo, captassem estas pontes
com a vida, com a essência indizível que sustenta
a matéria. Falar de matéria e espírito,
é falar sobre as duas forças que compõem e
movem o universo; matéria, o corpo (a densidade
do sangue) e espírito a energia e o fator
animador (a força da vida, ou a alma, dependendo
da palavra que preferirmos).
“TRAVESSIA”
Até 31 janeiro 2023
Na Quinta Magnólia - Centro Cultural
Da autoria de Guilherme Parente
A mostra reúne um conjunto de trabalhos
de pintura de diferentes fases do artista,
conjunto de obras elaboradas em técnica
mista sobre tela, técnica mista sobre madeira,
pastel e aguarelas.
OUTROS EVENTOS
MARIOFA - Festival de Marionetas e
Outras Formas Animadas
De 6 a 8 outubro
No Teatro Municipal Baltazar Dias
O Festival MARIOFA regressa ao Teatro Municipal
Baltazar Dias e às ruas do Funchal, numa
quarta edição que aposta fortemente no potencial
turístico-cultural do seu cartaz. A programação
do MARIOFA oferece um conjunto
de cerca de duas dezenas de performances
de teatro de marionetas, desde o teatro de
sombras, teatro de formas animadas, teatro
de marionetas tradicional a espetáculos de
teatro de marionetas contemporâneo, procura
uma vez mais provocar o deslumbramento,
as gargalhadas e por outro lado também
a introspeção através da arte da marioneta
junto dos vários públicos (infantil, famílias,
adulto e visitantes), contribuindo assim para
o enriquecimento e inovação da oferta turístico-cultural
para residentes e visitantes.
7.ª EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL
DE BANDOLINS DA MADEIRA
De 14 a 16 outubro
No Teatro Municipal Baltazar Dias
Já na sua sétima edição, o Festival Internacional
de Bandolins da Madeira, proporciona
um encontro único do público com as
mais variadas linguagens que o bandolim
internacionalmente apresenta, num evento
que já se tornou uma referência como um
dos maiores no mundo no género. Estão
programados concertos a cargo de orquestras
e tunas madeirenses com projetos de
artistas de renome mundial numa única
celebração ao bandolim, para além de dois
concertos a cargo dos professores António
Vieira, Rui Gama e Norberto Cruz.
XI FESTIVAL DE ÓRGÃO DA MADEIRA
14 a 23 de outubro
14 de outubro | 21h30
Funchal, Igreja de S. J. Evangelista (Colégio)
15 de outubro | 21h30
Funchal, Sé
16 de outubro | 11h00
Funchal, Sé
16 de outubro | 18h00
Ponta do Sol, Igreja de N. Senhora da Luz
17 de outubro | 21h30
Funchal, Igreja do Recolhimento do Bom Jesus
18 de outubro | 21h30
Funchal, Igreja de S. J. Evangelista (Colégio)
19 de outubro | 21h30
Funchal, Igreja de São Pedro
20 de outubro | 21h30
Funchal, Igreja de S. J. Evangelista (Colégio)
21 de outubro | 21h30
Funchal, Igreja de São Martinho
22 de outubro | 21h30
Machico, Igreja de N. Senhora da Conceição
23 de outubro | 18h00
Funchal, Igreja do Convento de S. Clara s
saber outubro 2022
43
Instantâneo
os parcómetros
pintados...
Surgiram em 2015, no âmbito do projeto Urban
Impact, promovido pela empresa municipal Frente
MarFunchal, então administrada por Carlos Jardim,
os parcómetros da cidade do Funchal pintados por
artistas plásticos. Existiam na cidade 116 parcómetros ao
dispor de 116 artistas, sendo que, foram pintados seis em
diferentes pontos da cidade por Pedro Silva, Fátima Spínola,
Olga Drak (Polónia), Carina Mendonça, Dina Cró e
Marcos Milewski (Argentina). A iniciativa surgiu da necessidade
de renovar a imagem dos parcómetros, “máquina
que impõe às pessoas uma reação geralmente negativa.
Não gostamos nada daquelas máquinas, mas elas têm
de existir”, explicou então o mentor do projeto. Pintado
ou não, e no meu último estacionamento, tive de meter a
moeda na máquina e pagar o estacionamento que a arte
é bela mas também se paga. O parcómetro da imagem
foi pintado por Marcos Milewski e encontra-se na rua do
Aljube, junto à Sé do Funchal. s
Dulcina branco
Dulcina branco
44 saber outubro 2022
SOCIAL
›
›
Festa do Vinho Madeira
no Funchal e no Estreito
de Câmara de Lobos
› Rali Vinho Madeira 2022 assinalou a 63.ª edição
› ‘Mail Art 4 Seniors’ no Centro de São José de Câmara de Lobos
› Funchal recebeu a cimeira intergovernamental Madeira/Açores
› Conferência ‘Ilhas Selvagens – Área Marinha Protegida...’ no Funchal
› Festival de Cocktails Vinho da Madeira na Festa do Vinho
› Alunos do ISAL celebraram Queima das Fitas na Igreja do Monte
saber outubro 2022
45
social
Festa do Vinho 2022
Decorreu entre os dias 25 de agosto a 11 de setembro a Festa
do Vinho, um dos grandes cartazes turísticos do destino Madeira
que presta tributo ao precioso néctar e à sua incontestável importância
socioeconómica. Por altura das vindimas, que acontece
em finais de agosto e inícios de setembro, este evento procura
recriar velhos hábitos da população madeirense associados aos
seculares preceitos das lides vitícolas. Os festejos iniciaram-se
no Funchal, com exposições, quadros vivos alusivos ao vinho e
às suas lides, e espetáculos diversos de música ligeira, tradicional
e filarmónica, onde se incluiu também a Semana Europeia
de Folclore, organizada pelo Grupo de Folclore e Etnográfico da
Boa Nova. A encerrar esta “festa”, realizaram-se as tradicionais
vindimas no Estreito de Câmara de Lobos e o respetivo cortejo
alegórico com a participação de diversos grupos etnográficos. s
DB
O.L.C. (Cicero Castro)
46 saber outubro 2022
Rali Vinho Madeira 2022
Depois de dois anos de pandemia, marcados pelas restrições,
máscaras e distanciamentos, a 63ª edição do Rali Vinho Madeira
teve tudo para ser uma grande festa. E foi quase até ao último
momento, quando se deu o acidente mortal na descida da Encumeada.
Num Rali de algumas reviravoltas, Alexandre Camacho
venceu a prova rainha do automobilismo madeirense pela quinta
vez, tornando-se no recordista absoluto de triunfos na prova.
O público voltou a se deslocar em massa para acompanhar o rali
nos habituais pontos de passagem e com muitas homenagens
ao piloto Pedro Paixão, recentemente falecido vítima de acidente
rodoviário. Nas últimas duas provas especiais de classificação, os
lugares do topo mantiveram-se inalterados, apesar do ‘forcing’
final de Miguel Nunes, que também chegara a estar a mais de
20 segundos de Alexandre Camacho, mas que, mesmo assim,
fechou o rali com uma desvantagem de apenas 11,5 segundos.
No último lugar do pódio ficou José Pedro Fontes mas, mesmo
assim, saiu da Madeira a comandar o Campeonato de Portugal
de Ralis. Armindo Araújo ficou em quarto lugar, seguido de Bernardo
Sousa. Miguel Correia (6.º), Ricardo Teodósio (7.º), Simone
Campedelli (8.º), Paulo Meireles (9.º) e Paulo Neto (10.º) completaram
os 10 primeiros lugares. s
DB
Nelson Martins e D.R. (direitos reservados)
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saber outubro 2022
47
social
Exposição “Mail Art 4 Seniors”
Na data em que se celebrou o Dia Internacional da Literacia (8
de setembro), decorreu na Biblioteca Municipal de Câmara de
Lobos a inauguração da exposição coletiva internacional “Mail
Art 4 Seniors” e a entrega dos certificados da formação realizada
no âmbito da “Week of Learning, Teaching and Training
Activities - Madeira’22” que decorreu na Casa de São José, em
Câmara de Lobos. Esta é uma iniciativa com a coordenação regional
da ACSS Raquel Lombardi realizada em parceria com a
Casa de São José, estando integrada no projeto europeu “Mail
Art 4 Seniors”, co-financiado pelo programa Erasmus+. Além
dos artistas e das utentes seniores da Casa de São José, marcaram
presença nesta ocasião, várias personalidades, nomeadamente:
Micaela Freitas, Presidente do Instituto de Segurança
Social da Madeira; várias representantes da Câmara Municipal
de Câmara de Lobos; Raquel Lombardi, Presidente e Fundadora
da ACSS Raquel Lombardi; Adílio Câmara, Diretor da Casa de
São José; e Diogo Goes, Formador do Projeto. s
DB Designer Liliana Andrade,
Cortesia do ISSM - Instituto de Segurança Social da Madeira e Raquel Lombardi
48 saber outubro 2022
Cimeira Madeira-Açores
A Casa das Mudas, no concelho da Calheta, recebeu a primeira
reunião da Cimeira Madeira-Açores, evento que juntou os
vários membros dos governos insulares. Foram debatidas
várias matérias de interesse às duas Regiões, no sentido de
estreitar a já existente colaboração e unir esforços na prossecução
de interesses comuns. Ainda no local, os líderes das Regiões
Autónomas visitaram uma das exposições patentes no
Museu de Arte Contemporânea. O evento contemplou ainda
uma visita à nova Lota do Funchal. s
DB
Governo Regional da Madeira (Facebook)
Conferência “Ilhas Selvagens...”
O Funchal foi palco da conferência internacional “Ilhas Selvagens
- Área Marinha Protegida: Um catalisador para a Economia
Azul Sustentável nacional”, que trouxe à Madeira diversas
personalidades nacionas e internacionais, a exemplo do Embaixador
Peter Thomson, enviado especial do Secretário-geral
da ONU para os oceanos e que foi homenageado neste evento.
Marcaram ainda presença a Ministra da Defesa Nacional e o Secretário
de Estado do Mar. Com o apoio da Marinha Portuguesa,
as entidades e oradores deslocaram-se às Ilhas Selvagens e
visitaram alguns locais das ilhas portuguesas. s
DB
Governo Regional da Madeira (Facebook)
saber outubro 2022
49
social
Festival de Cocktails
Vinho da Madeira
No âmbito da Festa do Vinho, realizou-se o habitual Festival de
Cocktails Vinho da Madeira que contou com a presença de vários
Barmen e muito público, especialmente turistas. O objetivo foi
promover os produtos regionais nos cocktails que serão ser promovidos
em futuras cartas de bares, explicou uma nota informativa
da Asssociação de Barmen da Madeira, presidida por Alberto
Silva. Este festival, que contou com o apoio do Turismo da Madeira,
teve como primeiro vencedor Eusébio Silva (Nos Copos Cocktail
Bar), seguido de Márcio Rodrigues (Casa Madeirense) e Maria José
(Hotel Savoy). Com Melhor Decoração, Carlos Franca (Hotel Vila
Porto Mar) e Melhor Técnica Diogo Ferraz (Hotel Porto Mar). s
DB
Júlio Silva Castro
50 saber outubro 2022
“Queima das Fitas”
Finalistas ISAL
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Os alunos finalistas do ano letivo
2021/2022 do ISAL realizaram a tradicional
cerimónia da Queima das Fitas,
cerimónia esta que se realizou na Igreja
Paroquial do Monte e contou com a
presença de distintas personalidades e
representantes institucionais. Além da
comunidade académica e da Vice-Diretora
Geral do ISAL, Sancha de Campanella,
marcaram presença na cerimónia
Secretário o Regional da Educação, Jorge
Carvalho, a Vice-Presidente da Câmara
Municipal do Funchal, Cristina Pedra, e
ainda os Diretores Regionais de Educação,
de Juventude e de Turismo, Marco
Gomes, João Rodrigues, Dorita Mendonça,
respetivamente, entre outras individualidades.
s
DB
cortesia ISAL
saber outubro 2022
51
À MESA COM...
As sugestões de
FERNANDO OLIM
C
om o fim do verão e o início do outono, a mesa
também se adapta à época. As cores, muito dentro
dos verdes secos, laranjas e castanhos, as texturas,
mais secas e menos delicadas, tal como as folhas
das árvores que caem e ‘pintam’ as ruas com a tonalidade
típica da época. Aposte nos tons da estação. Funciona na
paisagem e funciona também à mesa. s
PRODUÇÃO FERNANDO OLIM
DULCINA BRANCO
FERNANDO OLIM
internet
52 saber outubro 2022
entrada
Presunto ibérico ou
presunto de pata negra
O presunto ibérico ou presunto de pata negra é um
tipo de presunto curado produzido principalmente
em Portugal ou em Espanha, baseado no porco preto
ibérico ou porco de raça alentejana. Presunto de
qualidade superior, o ‘pata negra’ serve como entrada e
acompanha, neste caso, com tomate cherry, uvas, fatia
melão e queijos diversos.
prato
principal
Atum de cebolada
Posta de atum grelhado, ou frito, acompanha com
a tradicional cebolada, pimentão vermelho e verde
e azeitonas verdes. Acompanhe com legumes
cozidos a gosto.
sobremesa
Tarte de Limão
com doce de framboesa
Fatia de tarte de limão sobreposta em lascas de massa
folhada com doce de ovos. Complemente e decore a
gosto com framboesa caramelizada e doce de framboesa,
acúcar em pó e lasca de chocolate negro e branco.
saber outubro 2022
53
ESTATUTO EDITORIAL
Estatuto Editorial
A Revista Saber Madeira é uma revista mensal
de informação geral que dá, através do texto
e da imagem, uma ampla cobertura dos mais
importantes e significativos acontecimentos
regionais, em todos os domínios de interesse,
não esquecendo temáticas que, embora saindo
do âmbito regional, sejam de interesse geral,
nomeadamente para os conterrâneos espalhados
pelo mundo.
É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente
aos quadros médios e de topo, gestores,
empresários, professores, estudantes, técnicos
superiores, profissionais liberais, comerciantes,
industriais, recursos humanos e marketing.
Identifica-se com os valores da autonomia, da
democracia pluralista e solidária, defendendo
o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder
assumir as suas próprias posições.
Mais do que a mera descrição dos factos, tenta
descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,
antecipando tendências, oportunidades
informativas.
Pauta-se pelo princípio de que os factos e
as opiniões devem ser claramente separadas:
os primeiros são intocáveis e as segundas são
livres.
Como iniciativa privada, tem como objetivo o
lucro, pois só assim assegura a sua independência
editorial e económico-financeira face aos
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Através dos seus acionistas, direção, jornalistas
e fotógrafos, rege-se, no exercício da sua
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54 saber outubro 2022
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