Revista Penha | abril 2020

Um Obrigado
sentido a todos
Ao redigir o artigo deste mês confrontei-me com
um dilema: se me deveria pronunciar ou não sobre a
pandemia COVID-19. Mas se por um lado, rapidamente
intui que não haveria como fugir ao tema omnipresente
da atualidade, por outro lado, pareceu-me adequada
uma palavra da parte dos Médicos de Família,
sobretudo pela proximidade que representamos e
por continuarmos a ser o vosso primeiro ponto de
contacto com os Cuidados de Saúde.
Ao dia 30 de março, enquanto escrevia este texto,
vinha de ler que a percentagem registada de novos
casos confirmados foi metade em comparação à
dos últimos dias. Este valor otimista vinha confirmar
a eficácia das medidas de distanciamento social e
isolamento voluntário, a que os portugueses aderiram
em massa nas passadas duas semanas. E esta eficácia,
ainda que tímida, veio demonstrar como a cada um de
nós cabe desempenhar um papel na proteção e bemestar
de todos.
Para os que estão na linha da frente, no meio do
desalento, a perceção do vosso apoio é imprescindível.
Por entre a desordem que se está a criar nos serviços
de atendimento, sabermos que compreenderam a
vossa responsabilidade, é fundamental para a nossa
motivação. Arriscarmo-nos pelo vosso bem-estar,
sabendo que a vossa consciência social protege
as nossas famílias e amigos, é determinante para
ultrapassarmos este período.
Por isso queria aproveitar estas linhas para
congratular-nos a todos pelos esforços que
diariamente desempenhamos, sem vos querer ocultar
dos esforços maiores que estarão por vir.
À nossa população mais idosa que compreendeu a
importância de se manter mais isolada, sabendo dos
riscos maiores que corre, caso contraia esta doença. O
nosso obrigado.
Às famílias destes e doutros elementos mais frágeis,
pela ajuda que prestam aos seus, levando-lhes as
compras, telefonando diariamente para saber como
estão, evitando estar com eles ainda que muito lhes
custe, sobretudo nesta altura da Páscoa que teremos
de passar mais distantes sim, mas mais convictos da
importância das nossas famílias. O nosso obrigado.
Aos elementos da nossa população que não podem
ficar em casa, porque sabem que têm de desempenhar
um papel mais ativo, ainda que estejam sujeitos a maior
risco de contágio. Sem o vosso desempenho seria
impossível ultrapassarmos esta fase de adversidade. O
nosso obrigado.
Às empresas que se reinventaram e permitiram que
os seus trabalhadores concretizem a sua atividade
em segurança, a partir de casa. Assim como aos
professores que continuam disponíveis para lecionar. O
nosso obrigado.
E aos mais jovens, não menos merecedores dos nossos
agradecimentos por terem de tolerar estas difíceis
mudanças impostas. O nosso obrigado.
O envolvimento de todos é o nosso maior trunfo neste
momento de adversidade. Vivermos mais conscientes
de que o bem-estar de todos está dependente
de cada um de nós, ressalva a nossa humanidade.
Relembra-nos que o extraordinário da nossa natureza
está em conseguirmos ir mais além, em prol de um
bem comum. E ensina-nos que as pessoas excecionais
forjam-se em tempos de exceção como os que
estamos a viver. Bem hajam.
João Lima Gabriel
Assistente Medicina Geral e Familiar
USF Oriente
Telefone: 218 10 10 10
Avenida Afonso III, Lote 16
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