MOSTRA MORTOS E A CAMERA
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percurso obrigatório de ir e voltar do encontro com nossos mortos. Vale ainda esclarecer
que, para Sharpe (2016, p.14), o modo de “existência na vigília” e o “trabalho de vigília”
(wake work) são entendidos como formas de consciência/conhecimento (consciousness).
Sobre o “trabalho de vigília”, Sharpe resume: “Se, como sugeri até agora, pensamos na
metáfora da vigília em todos os seus significados (vigiar os mortos, o caminho de um
navio, uma consequência de algo, na linha de voo e/ou visão, despertar e consciência)
e se juntamos a vigília ao trabalho, a fim de fazer da nossa vigília e trabalho de vigília
nossa analítica, podemos continuar imaginando novas maneiras de fazer vigília na vigília
da escravidão, nas vidas após a escravidão (slavery’s afterlives), para sobreviver (e mais)
a vida após a morte da propriedade. Em resumo, quero dizer que o fio do trabalho de
vigília é um modo de habitar e romper essa episteme com nossos conhecimentos vividos
e vidas in/imagináveis. Com essa análise, podemos imaginar o contrário do que sabemos
agora na vigília da escravidão”. (2016, p.17-18)
A primeira sessão será dedicada ao cinema do e com o povo Tikmũ’ũn (Maxakali).
Dois filmes compõem a sessão: Tatakox Vila Nova e Mãtãnãg, a encantada, que será apresentado
e comentado por Suely e Isael Maxakali, Charles Bicalho, no dia 23/11, às 17h.
No dia 25/11, às 17h, será a abertura do seminário “Mortos e a Câmera”, com a
apresentação do coordenador de curadoria Paulo Maia e nossa convidada especial,
Leda Maria Martins, poeta e professora da Faculdade de Letras da UFMG. Leda fará
uma conferência de abertura, estabelecendo aproximações e afastamentos a respeito
do tema proposto. Nesse mesmo dia, às 21h, Arthur Omar estará presente na sessão
comentada de seus filmes Ressurreição e Sonhos e Histórias de Fantasmas.
No dia 26/11, às 15h, teremos nossa primeira mesa redonda, intitulada “Trabalho
de vigília” (wake work), com a participação de Denilson Baniwa, Castiel Vitorino, Davi
de Jesus do Nascimento e Célia Xakriabá. Roberto Romero fará a mediação da mesa,
cujo foco será dado aos agenciamentos artísticos e políticos que podem ser entendidos
na clave dos “trabalhos de vigília”.
A segunda mesa ocorrerá no dia 27/11, às 15h, será intitulada “Cinema na vigília”
(cinema in the wake) e contará com a participação de André Brasil, Tatiana Carvalho
Costa, Fabio Rodrigues e Ademilson Kaiowá. A mediação ficará a cargo de Carla Italiano.
Nessa mesa esperamos explorar o cinema, como sugere Michael Gillespie, na vigília,
abordando suas experimentações formais e capacidades críticas. Às 17h os filmes Chico
Mendes - Eu quero Viver, de Andrian Cowell e Yvy Reñoi, e Semente da terra, assinado
coletivamente pela ASCURI (Associação Cultural de Realizadores Indígenas) serão
comentados por Ruben Caixeta de Queiróz e Ademilson Concianza, membro da ASCURI.
No dia 30/11 às 19h, Renato Sztutman irá apresentar os filmes Good-Bye Old Man
(Adeus Homem Velho), de David MacDougall e Wutharr, e Saltwater Dreams (Sonhos
de Água Salgada), assinado pelo Karrabing Film Collective (coletivo Karrabing Filme).
Fecharemos a mostra/seminário “Mortos e a Câmera” com chave de ouro no dia
1º/12, com a sessão de encerramento, às 21h, com o filme Sigui Synthèse, de Jean
Rouch e Germaine Dieterlene, apresentado por Júnia Torres.
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