Revista Mistérios de Órunmilá - 04
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Mistérios de Orunmilá: QUAIS FORAM AS MAIORES
DIFICULDADES QUE VOCÊ ENFRENTOU?
Gloria: Considero que as dificuldades fazem parte da vida; não
foram especiais, tive muitas bênçãos.
Mistérios de Orunmilá: COMO VOCÊ IMAGINA QUE ESSE
CONHECIMENTO TÃO ANTIGO E TÃO DISTANTE
(GEOGRAFICAMENTE), PODE NOS SER ÚTIL HOJE?
Gloria: O conhecimento de Vedanta é sobre a natureza essencial
e imutável da pessoa. Conhecer a nós mesmos é mais importante
do que conhecer o mundo. Quando a pessoa foca no Eu, e não
somente nos objetos, Vedanta é um néctar. Mas é essencial a
pessoa descobrir o valor e o desejo pelo conhecimento do Eu
que não é o corpo, a mente, o intelecto, nem o ego!
Mistérios de Orunmilá: EM SUA OPINIÃO, QUAL O MAIOR
OBSTÁCULO PARA O HOMEM ENCONTRAR A PAZ?
Gloria: Para encontra a paz, o maior obstáculo é a confusão
sobre o objetivo da vida e como alcança-lo. Quando isto fica
claro, a mente se aquieta e ganha um rumo. A mente confusa
e iludida é o único obstáculo.
Mistérios de Orunmilá: COMO OS VEDAS DEFINEM DEUS
E O SAGRADO?
Gloria: Deus é ao mesmo tempo a causa e o próprio universo.
É o sem forma e ilimitado que assume a forma do universo
sem se transformar. Tudo é divino, pois tudo que existe é Deus.
Não existe nada além dele.
Mistérios de Orunmilá: HOJE QUAIS SÃO AS SUAS
ATIVIDADES COMO MESTRA DE VEDANTA?
VOCÊ PUBLICOU UMA TRADUÇÃO DA BHAGAVAT
GITA DO SANSCRITO PARA O PORTUGUÊS. ESTÁ
TRABALHANDO NA TRADUÇÃO DE ALGUM OUTRO
TEXTO VÉDICO?
Gloria: Eu dou aulas no Rio de Janeiro e em cursos de fim de
semana pelo Brasil. Traduzi a Bhagavad Gita e outros textos que
são ensinados por mim no nosso Centro de Estudos. Também
publiquei um livro de Orações dos Vedas e traduções de livros
de meu mestre. No momento, eu trabalho na publicação da
tradução e dos comentários dos Yogas Sutras de Patanjali para
o português.
Mistérios de Orunmilá: DEIXE UMA MENSAGEM PARA
NOSSOS LEITORES!
Gloria: Esta é uma revista sobre religião, com respeito às religiões.
Gostaria de dar uma mensagem que não é minha, mas sim de
meu mestre Swami Dayananda, que considero muito significativa.
A base do ser humano é sua religião, isto é, como ele vê o divino
e se relaciona deliberadamente com ele. Mais significativo e
íntimo do que sua cultura e práticas familiares e sociais.
Quando você se vê em um problema que não parece ter solução,
a que você recorre? Neste momento está você com você mesmo,
você e o divino, uma realidade maior, qualquer que seja a forma
reconhecida por você. Sendo assim, a pessoa religiosa em você é
a mais básica e tem que ser respeitada. A tentativa de conversão é
uma agressão, uma violência, um desrespeito para com a pessoa.
Se não respeitamos a pessoa básica, que é a pessoa que se
relaciona com o divino, não nos capacitamos para respeitar o
outro. Essa intolerância vai gerar conflito e sofrimento. Todos
precisamos ser respeitados por quem somos, por nossas escolhas
desde que não ameacem ou firam o outro.
O mundo é imenso, há lugar para todos, é na diversidade que há
encanto e beleza. Como diz a nigeriana Chimamanda Adichie
– ‘Há perigo numa história única, um perigo em exigir que o
mundo seja do nosso jeito único e específico, sem aceitar a
multiplicidade do mundo’.
Converter para uma forma única, como uma única religião e estilo
de vida, é perigoso, pois revela a não aceitação das diferenças
e a consequente intolerância.
Colaboradora: Cris Amadeo
Março 2017 Mistérios de Órunmilá 03