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Revista Mistérios de Órunmilá - 04

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Um dos mais recentes

estudos sobre a origem

humana, divulgado em 2007,

comprovou que a humanidade

moderna provém da África

subsaariana. O estudo da

equipe da Universidade de

Cambridge (Grã-Bretanha)

demonstrou que os africanos

possuem a maior variação

genética encontrada no planeta.

A pesquisa realizada por

cientistas liderados pelo

geneticista Andrea Manica

investigou a variação genética

da humanidade (diferenciação

de DNA das populações) a

partir de uma comparação entre mais de seis mil esqueletos de povos nativos

encontrados nas Américas, África, China e Austrália. A conclusão foi de que

as variações, tanto genéticas quanto físicas, indicam que a humanidade teve

apenas um ancestral. “Achamos evidências para um ser originário da África,

localizado em algum local do centro-sul do continente, que abriga maior

diversidade intra-populacional fenotípica”, diz Manica. “Não encontramos

nenhuma evidência de uma segunda origem”.

Na sua longa evolução até atingir a sua forma humana final, nosso ancestral

foi se adaptando fisicamente às condições ambientais. Perdeu os pelos do corpo,

provavelmente há pouco menos de dois milhões de anos, porque começou a

fazer longas caminhadas e precisava esfriar o corpo. Sem pelo, ficou com o

corpo exposto e as células que produziam melanina se espalharam por toda a

pele. A mudança na coloração da pele foi confirmada em 1991 pela antropóloga

Nina Joblonski, da Academia de Ciências da Califórnia, nos Estados Unidos,

ao encontrar estudos que mostravam que pessoas de pele clara expostas à

forte luz solar tinham níveis muito baixos de folato. Como a deficiência dessa

substância em mulheres grávidas pode levar a graves problemas de coluna

em seus filhos, e como o folato é essencial em atividades que envolvam a

proliferação rápida de células, tais como a produção de espermatozoides, a

antropóloga concluiu que nos ambientes próximos à linha do Equador, a pele

negra era uma boa forma de manter o nível de folato no corpo, garantindo

assim a descendência sadia. Para provar suas teorias a respeito de cor da pele,

Nina Joblonski usou um satélite da NASA e criou um mapa de padrões de

radiação ultravioleta em nosso planeta, mostrando que os diferentes tons de

pele do ser humano são formas de adaptação aos diferentes meio-ambientes.

Assim, o Homem saiu da África e chegou à Ásia, e de lá foi para a Oceania,

a Europa e por fim para a América. Nas regiões menos ensolaradas, a pele

negra começou a bloquear demais os raios ultravioleta, sabidamente nocivos,

mas essenciais para a formação da vitamina D, necessária para manter o

sistema imunológico e desenvolver os ossos. Por isso, as populações que

migraram para regiões menos ensolaradas desenvolveram uma pele mais

clara para aumentar a absorção de raios ultravioleta. Portanto, a diferença de

coloração da pele, da mais clara até a mais escura, indicaria simplesmente que

a evolução do homem procurou encontrar uma forma de regular nutrientes.

Ao se espalhar pelo mundo, os humanos só tinham uma arma para enfrentar

uma grande variedade de ambientes: sua aparência. Para enfrentar o calor

excessivo, a altura ajuda a evaporar o suor, como é o caso dos quenianos. O

cabelo encarapinhado ajuda a reter o suor no couro cabeludo e a resfriá-lo; o

oposto vale para as populações das regiões mais frias do planeta. O corpo e a

cabeça dos mongóis, que se desenvolveram por lá, tendem a ser arredondados

para guardar calor, o nariz pequeno para não congelar, com narinas estreitas

24 Mistérios de Órunmilá Março 2017

A CAMINHADA

para aquecer o ar que chega aos pulmões, e os olhos alongados e protegidos

do vento por dobras de pele.

Cada um de nós é único, e sabemos disso por que podemos identificar

perfeitamente um indivíduo por seu código genético, a não ser que tenha um

gêmeo idêntico. Mas, em se tratando de grupos, sabe-se que as diferenças

não escondem diferenças genéticas. As populações da África Central e da

Papua-Nova Guiné, parecidos fisicamente, pois viveram no mesmo tipo de

meio ambiente, tem os patrimônios genéticos mais diferenciados no mundo.

Na atual guerra contra o terrorismo, muitos países chegaram a pensar

num teste que determinasse a origem “magrebina ou europeia” de um

indivíduo a partir de seu código genético, uma vez que as populações do

Maghreb (Tunísia, Argélia, Marrocos, Mauritânia e Líbia), que trocam

migrantes entre si desde a pré-história, têm de 85% a 90% de genes em

comum. Mas, como assinala André Langanney, diretor do Laboratório de

Antropologia Biológica do Museu do Homem, em Paris, a ideia é absurda,

a não ser que se queira chegar a oito bilhões de categorias, ou o tanto de

seres humanos que vivem no planeta.

POR QUE NEGAR A

HISTÓRIA?

Até a década de 80, o

Continente Africano era dividido

como propriedade entre países

europeus e Estados Unidos,

resultado da primeira corrida

capitalista de exploração e

apropriação de recursos humanos

e naturais gerada pelas revoluções

francesa (1789-1799) e industrial (processo ocorrido

entre 1760 e 1840) e em curso neste começo do século XXI. A Partilha

da África, também conhecida como a Corrida à África ou ainda Disputa

pela África, que ocorreu entre as décadas de 1880 e 1914.

O processo que retalhou o Continente Africano envolveu principalmente

os imperialistas da França e Reino Unido, mas também Itália, Bélgica,

Alemanha, Portugal, Espanha e, com menos intensidade, os Estados

Unidos. Este último participou da fundação da Libéria. Essa disputa pela

África esteve entre os principais fatores que deram origem à Primeira

Guerra Mundial. Após a Conferência de Berlim, em 1884, 53 países

surgiram artificialmente, juntando diversos grupos etno-culturais, muitos

deles rivais, que foram forçados a coexistir dentro da mesma fronteira.

Neste tempo a Europa era vista como centro do mundo, o europeu era

o modelo de homem e o resto do mundo foi considerado terra sem dono

e os povos que o habitavam eram selvagens. Tinham como argumento

que um povo civilizado seria aquele que tivesse a mesma cultura europeia,

ou seja, o mesmo modo de vida e o mesmo desenvolvimento. Alguns

tinham por argumento a religião e também se justificavam alegando

que queriam levar a palavra de Deus aos povos que não eram cristãos.

Colaboradora: Mirela Maria

Fontes: https://goo.gl/hrIxeN

https://goo.gl/AIXAWT

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