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29ª Edição_Revista ATRAÇÃO

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CONVITE À REFLEXÃO E AO APRENDIZADO

O que o olhar

não delimita

Por Dra. Telma Mª S. Machado

Aracaju - SERGIPE - BRASIL

Delegada da ABRAME (Associação brasileira dos Magistrados Espíritas) em Sergipe, Graduada em Ciências

Biológicas e em Direito, Pós-Graduada em Direito Processual Público, Juiza Federal da Seção Judiciária de

Sergipe, Mestre em Filosofia,

Há um ditado popular que diz: “os olhos são o espelho

da alma”.

Não é que não seja verdadeira tal assertiva, tendo

em vista que, através dos olhos, externamos sentimentos

que não ousamos ou não podemos exprimir com palavras.

Entretanto, sob o contexto puramente biológico, a visão

humana é tão restrita que tal fato deveria nos deixar prevenidos

em relação a determinadas afirmativas que podem

ser desmentidas com o avanço científico-tecnológico.

Hoje coisas que podem parecer bizarras e fantasiosas

para alguns, talvez se tornem, no decorrer de décadas

ou séculos, de clareza fotofóbica. A ciência nos proporciona

um exemplo clássico: antes dos experimentos do

cientista italiano Francesco Redi (1626-1697), a teoria

da abiogênese (ou da geração espontânea, segundo a

qual a vida poderia se originar de matéria inanimada) era

aceita pacificamente entre nomes de peso, a exemplo de

Aristóteles (385-323 a.C.) e Paracelso (1493-1541). A tal

ponto chegava aquela “certeza”, que o médico e cientista

belga Johann Baptista van Helmont (1580-1644, realizou

relevante estudo sobre nutrição das plantas), nos idos do

século XVII, até elaborou uma receita de como produzir

camundongo a partir de roupas suadas e trigo.

Pois bem, felizmente Francesco Redi, por volta de

1668, partiu da hipótese de que as moscas presentes no

material em putrefação não surgiam da matéria apodrecida

e sim de ovos depositados em tal material.

É bem verdade que tal discussão ainda foi retomada

(1632 a 1723) graças às observações obtidas pelo cientista

holandês Antoine Van Leeuwenhoek. Considerado o pai

da microbiologia, esse cientista aperfeiçoou o microscópio

mediante a utilização de lentes que permitiam ampliar o

objeto observado em aproximadamente 200 (duzentas)

vezes, possibilitando a visão de diversos micro-organismos.

Uma vez que o uso do microscópico permitiu a visualização

de micro-organismos, por mais que se protegesse

a matéria orgânica dos frascos, a teoria da geração espontânea

voltou a ganhar força, especialmente com um experimento

feito pelo cientista John Needham (1713-1781),

por volta de 1745.

Na segunda metade do século XIX, porém, o cientista

francês Louis Pasteur (1822-1895) praticamente sepultou

a teoria da abiogênese também em nível microscópico,

com o famoso experimento dos frascos em formato de

pescoço de cisne.

Com esse prefácio pretendo pontuar que se a visão

humana já é restrita do ponto de vista biológico, o que

dizer então relativamente às percepções extrassensoriais.

Quando nos deslocamos da visão física para a “visão”

do entendimento, ou seja, para a compreensão das coisas,

necessário ainda mais cuidado.

Há vários séculos a ciência tem levantado cortinas de

equívoco, fulminando concepções divorciadas da realidade

nem sempre por nós vislumbrada. Mesmo assim, há os que

defendem que o acaso pode criar algo que a inteligência

humana nem sonha em fazê-lo. Nessa perspectiva, o acaso

seria de extrema precisão, não somente porque teria criado

a natureza com todos os seus ciclos ordenados, relacionados,

estruturados, sequenciais e causais, como também

por ter originado a inteligência do homem. Para os que

entendem que Deus é o criador do Universo, a hipótese de

um acaso é injustificável, pois tem plena convicção de que

“coincidência é a maneira que Deus encontrou para

permanecer no anonimato” (alguns atribuem a Albert

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Atração_maio de 2020

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