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R E V I S T A
ISSN 2763-9487 44ª Edição - Agosto 2021
Ciências: Magnética e Espírita
Politeísmo em
Judeus e em
Cristãos
O Poder e
a Força do
Pensamento
aliados à
Ação Magnética
Já temos
a solução para
a Covid19...Mas
qual a solução
para FOME?
Atração_ agosto de 2021
1
Domingos Pascoal
domingospascoalmelo
dpascoalmkt@gmail.com
Héliode
SouzaOliveira
Hoje a nossa coluna na Revista ATRAÇÃO, apresenta mais um produtor literário que nos traz as
suas inquietações, contando parte de sua vida, no livro: PASSO A PASSO, escritos dos caminhos que
trilhei.
E este novo escritor é muito especial, pois chega ao mundo das letras, por um acaso, aos 84
anos de vida.
Na verdade, ele afirma: - “Nunca pensei ser capaz de escrever nada, imaginem produzir um
livro, para mim está havendo um grande milagre. Devo tudo isso ao meu envolvimento com
pessoas que sabem estimular para que façamos, Salete Nascimento, Saracura e Domingos Pascoal.
Inclusive eles têm uma frase muito interessante, que diz: “você sabe, você só não sabe
que sabe”. Eu não sabia que sabia. Hoje sei, escrevi meu primeiro livro”.
2
Atração_agosto agosto de 2021
O ESCRITOR aqui referido é HELIO DE SOUZA OLIVEIRA, natural da cidade de
Estância em Sergipe, mas que morou fora por mais de 59 anos, a maior parte do
tempo na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro de onde é, por mérito, cidadão
honorário.
Em maio de 2016, uma tragédia o abateu, ficou viúvo, após 58 anos de
feliz união com a Senhora Alvaci de Melo Oliveira. Foi difícil! Foram momentos de
muito sofrimento e tristeza, aos 78 anos, sozinho, percebeu o quão triste era viver
numa casa tão grande com tantos quartos vazios e um vazio imenso na sua alma.
Os filhos, todos já casados, morando naturalmente, com suas famílias;
seus parentes que ainda moram em Sergipe; amigos e vizinhos também, cada um,
já convivendo com as suas solidões e mazelas da idade... Nunca imaginou chegar a
tal ponto. Ficou sem norte, deprimido e, indagava a si mesmo: - Como vou terminar
meus dias? Pensava. - Como um peso morto na casa de um dos filhos? Ou no
sombrio abandono de um asilo? Meu Deus!
Começou a pensar no passado, lembrar dos pais, dos irmãos, da sua casa,
da sua rua, das suas escolas por onde estudou, do seu passado na Estância e em Aracaju...
Essa nostalgia alertou-o para um fato que há muito o incomodava: a vontade
de voltar ao seu Sergipe para ficar mais tempo, pois as poucas vezes que ia ao seu
Estado eram passeios apressados, por conta do tempo que era curto, do trabalho que
tinha que retomar, dos compromissos dos filhos nas escolas..., mas, neste instante,
sozinho, sem compromissos fixos com ninguém, talvez fosse uma boa ideia realizar
este sonho. Faltava um pretexto. Foi quando vislumbrou um motivo, era 2017, ano
em que completaria 80 anos. Pronto, pensou, vou comemorar meu octogésimo aniversário
em Sergipe.
A solenidade foi realizada no Salão de Festas do Condomínio Vivendas de
Aracaju com a presença de filhos, noras, irmãs, netos, sobrinhos, parentes e amigos.
A esposa de um dos sobrinhos veio à festa acompanhada pela sua mãe,
a poeta Salete Nascimento, também viúva e que na ocasião o presenteou com um
livro de sua autoria.
Após a festa de aniversário voltou ao Rio de Janeiro. Algum tempo depois,
começou a ler o livro que ganhou de presente da Poeta Salete Nascimento e
ao concluir a leitura do livro, ele afirma: - ali, naquele momento, renasci para o
resto da minha vida.
O tempo passou, muitos contatos através de familiares, muita ansiedade
de sua parte, até que, aconteceu. Ele voltou a Sergipe casou-se com a poeta e,
vivem felizes. Felizes para sempre.
A sua esposa, Maria Salete da Costa Nascimento, acadêmica, escritora e
cordelista, já por demais reconhecida, fazia e faz parte de um movimento surgido
em 2009, que vem fazendo a grande diferença na educação e na produção literária
de Sergipe, promovendo Feiras de Livros, Bienais, Encontros Literários, Saraus
literários, Livros Compartilhados, Concursos Literários, Palestras, Escritores indo às
Escolas etc.
Ele, também, se integrou muito bem ao grupo, conheceu os autores e
atores daquele movimento, o que resultou em extrema satisfação e vontade de
seguir adiante, realizado sonhos desarquivados e se tornando esse novel escritor,
que assim expressa os sentimentos e razões a guiarem sua vida literária:
- “Imaginem, viver ao lado destes luminares da produção literária de
Sergipe e, melhor ainda, casar-se com um deles... Bem no início, do nosso convívio,
Prof. Pascoal foi logo dizendo: Amigo, escreva sua história, coloque suas
ideias no papel...
A princípio, achei impossível. Mas, minha esposa também falou a
mesma coisa para eu escrever. Pronto nasceu o meu primeiro livro aos 84 anos”.
- “O livro que ora lanço, para a minha infinita felicidade, pois até bem
pouco tempo nunca imaginei poder fazer isso. Falo sobre assuntos variados do
meu tempo de infância, morei vizinho a Loja Maçônica Cotinguiba, por isso falo
da visão que tive da maçonaria; de Aracaju na segunda guerra mundial; da
polícia militar daquela época; das traquinices; dos encantamentos e medos de
uma criança da já longínqua década de quarenta”.
Hélio de
SouzaOliveira
Atração_agosto agosto de 2021
3
O SUCESSO
SEMPRE
ACOMPANHA O
A jovem Rafaella, tem 26 anos, é fisioterapeuta, mãe do Gabriel de
7 anos. Tem um studio de pilates chamado Aloha Pilates
na coroa do meio. Ela está sempre de bem com a vida, além de
ser dinâmica e detentora de uma inteligência admirável. Ama os
esportes em geral, pratica vôlei, beach tennis e frescobol
no tempo livre.
Rafaella
Ferrão Araujo
REVISTA
O magnetismo de Deus em nossas vidas
44ª Edição - Agosto de 2021
Revista Atração, ano 04 nº 44
Aracaju - Sergipe - Brasil
É um veículo destinado a promover e fortalecer o Movimento Espírita, assim como
levar a ciência Magnética ao conhecimento da humanidade em prol da saúde física e
espiritual no cenário mundial. Visa também consolidar o intercâmbio doutrinário em
favor da humanidade, resultante da união das duas ciências.
COLABORAM NESTA EDIÇÃO:
Antônio Francisco (Saracura), Domingos Pascoal, Jacob Melo, Célia Mônica, Rita Freire,
Euza Missano, Telma M S Machado, Silvan Aragão, Lourdinha Lisboa, Graziela Nunes,
José Manoel
4
Conde, Telma
Atração_
Costa, Said Pontes
agosto
de Abuquerque,
de 2021
Vânia Bandeira, Paiva
Neto, Prof. Halley F. Oliveira, Mehry Seba
Rafaella
ISSN 2763-9487
ACESSE NOSSO SITE E DEGUSTE AS EDIÇÕES
www.revistaatracao.com.br
atracao.magnetismo.emrevista@gmail.com
Publicidade / Contato
Fones: (79) 99650.4887 oi
Diretora Responsável
IVONETE SANTOS CONCEIÇÃO
Editor
ISAIAS MARINHO CONCEIÇÃO
Revisor(a)
GRAZIELA NUNES
Diagramação
BERGSON MARINHO
Atendimento ao Leitor:
CÉLIA MÔNICA pedagoga e poetisa
Nossa CAPA
A CAPA, traz a presença
da escritora e poeta,
Cristina Medrade,
que nos presenteou
com a sua prarticipação,
dando vida à abordagem do articulista Silvan
Aragão, com seu artigo intitulado de POLITEÍS-
MO EM JUDEUS E EM CRISTÃOS, onde buscamos
dar valor a coisas e a pessoas e/ou direcionamos
toda a nossa energia em um projeto
de aquisição de uma casa de praia, na viagem
dos sonhos, num cargo profissional, em conta
bancária, a ídolos etc. esquecendo de cultuar
e seguir um DEUS único. Nosso PAI CRIADOR.
Conversa com o LEITOR
O emprego do ouvir falar, do ouvir dizer...
Venho, ao longo de minha caminhada espírita, que já soma 35 anos, buscando
estudar, aprofundar-me e tentar entender e praticar melhor os ensinamentos
do Cristo. Tento ser ou fazer aquilo que a doutrina vem nos direcionando, que é
sermos investigadores, magnânimos, pacientes e praticantes do amor incondicional.
Aí me deparo com falhas repetidas de todos os lados...
Vou enfatizar: Devemos ser praticantes do amor e investigadores, afinal de
contas, a Doutrina, além de ser Filosofia e Religião, é também CIÊNCIA. Isto é,
ela é também ciência de observação, pois nos convoca a sermos investigadores.
Porém é de estarrecer, ao observarmos que muitos que militam na seara
espírita há muito tempo ainda comungam com aquela história do "ouvi dizer",
do "falaram que é assim", e que "Sicrano, pessoa altamente conceituada,
falou". Será?!
Não é uma crítica, mas um pedido: Vamos estudar e tentar entender melhor
a Doutrina libertadora. Não aceitemos tudo que nos é colocado como verdade
absoluta. Não pretendemos questionar os trabalhos e abordagens de quem quer
que seja, apenas ajudar a fomentar o estudo aplicado. Se eu, você ou outros erramos
ao tentar passar certos "conhecimentos", é necessário evitarmos transmitir
opiniões distorcidas e colocações inadequadas e/ou inconsequentes. Na Doutrina
Espírita, não existe EU ACHO, EU PENSO, É A MINHA OPINIÃO... Nã nã ni nã
nãoooooo! Na Doutrina Espírita, o que existe é:
- Segundo a Doutrina Espírita...
- A doutrina, em O Livro dos Espíritos, revela que...
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap "X", item "Y", é enfático ao afirmar
que...
Podemos também utilizar e seguir as obras subsidiárias que vieram consolidar
a Doutrina Espírita, e que temos a certeza de que são obras abalizadas.
Refiro-me às de Chico Xavier, nas quais André Luiz, Emmanuel e
tantos outros nos legaram conhecimentos profundos e seguros. E temos
também os grandes clássicos.
Digo e repito: Ninguém é melhor do que ninguém, mas podemos
ser melhores naquilo que nos propomos fazer e:
• Sermos úteis;
• Sermos ótimos pesquisadores;
• Sermos bons confrades e confreiras de ideal;
• Sermos estimuladores e menos perseguidores, porque o
que vemos é pseudossábios se posicionarem contra a verdade,
querendo, a qualquer custo, impor suas “verdades”.
Vejamos e sigamos o que disse o Cristo: "Conhecereis a verdade
e, ela vos libertará".
A Ciência Magnética vem mostrando seu valor e importância
como base fundamental no mundo de nosso DEUS. Ela sempre
existiu e sempre existirá. Isso é FATO, e ninguém poderá negar e/ou
questionar, depredando-a. É necessário ACORDAR para a VIDA.
Contato
com o escritor
Antenor Aguiar
j.antenoraguiar@terra.com.br
Essa obra inspiradora, nos leva ao
universo do imaginário popular,
além de fazer com que possamos
valorizar a cultura e as tradições
de nosso povo.
Obra Que ENSINA
JUNTE-SE A NÓS
CONTADORES DE HISTÓRIAS
Antenor Aguiar
Isaias Marinho
Atração_ agosto de 2021
5
Por Isaias Marinho
O Poder e a Força do
Pensamento aliados à
Ação Magnética
Magnetizador Espírita. Facilitador do ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Aracaju
SERGIPE
BRASIL
Rio de
Janeiro
Atuando a distâncias inimagináveis
RJ - BRASIL
Quando começamos a estudar a Doutrina Espírita,
adquirimos inúmeros conhecimentos, e um deles
é sobre o poder da mente e do pensamento. A
doutrina nos revela que o pensamento é vida que
gera vida, basta nos lembrar de seu poder em fazer
plasmar o que desejamos.
Aí, pergunto: Será que todos têm essa consciência
e entendimento acerca desse poder?
Acreditamos que a maioria detém, porém de
maneira superficial, já que não possuem substratos
que possam levá-los à essa assertiva.
Já os magnetizadores espíritas, esses possuem
a certeza absoluta dessa força e desse poder, enxergando-o
como instrumento de relevância imensurável
na vida do ser humano. No início da caminhada
dos magnetizadores, eu afirmaria que essa certeza
era em torno de 90%, mas com a presença da pandemia
gerada pela Covid-19, houve um aumento
dessa convicção para 100%. E vou mais além, diria
que chega a 1000%.
Mesmo antes da pandemia, eu já tinha essa
convicção, pois já experimentara a prática à distância
no início de minha caminhada no magnetismo. Estava
eu dirigindo-me ao trabalho e repentinamente
veio a vontade de executar uma ação magnética em
benefício de uma pessoa amiga que se encontrava
hospitalizada. Durante essa ação, eu me encontrava
dentro do coletivo (ônibus).
Você poderia perguntar: “Como seria possível ter
a confiança de que a pessoa necessitada estaria sendo
beneficiada?” Porque, no momento da ação, eu
estava com dor de cabeça que incomodava e parecia
não ter fim. Mesmo assim fiz o atendimento men-
talmente. Para minha surpresa, ao descer do ônibus,
percebi que a dor de cabeça cessara. Isso por ter
pensado em beneficiar o próximo. E após um certo
tempo, obtive a resposta de que a pessoa tinha apresentado
melhora em seu quadro clínico.
Vamos ao encontro de outros exemplos que nos
levam a essa certeza. A pandemia trouxe malefícios,
mas também fez eclodir benefícios inimagináveis.
Vejam quem tem olhos de ver. E um desses benefícios
foi fazer com que os magnetizadores pudessem
exercitar o poder da mente e do pensamento
continuamente ao agirem em favor de inúmeros pacientes
sofredores por conta da Covid-19 e de outras
enfermidades existentes.
Os impulsionadores e mestres do MAGNETISMO,
Jacob Melo e Dezir Vêncio, já há muito tempo atendem
à distância, agindo em benefício de pacientes
residentes no Brasil e nos Estados Unidos da América.
Eu vivenciei e continuo a vivenciar essa prática à distância,
e venho obtendo resultados surpreendentes.
Estou eu aqui, em Sergipe, corroborando na efetivação
da saúde de pessoas residentes em nosso Estado,
na Bahia, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Portugal
e Espanha. É surpreendente e altamente fascinante
sentir o campo energético ligado ao corpo espiritual
- PERISPÍRITO - de cada paciente. Perceber onde e
como se encontra a problemática a ser debelada.
Os resultados são estimuladores, provando que
estamos no caminho certo, servindo na Seara do
Cristo Jesus, pois se trata de uma OBRA SANTA, uma
causa do nosso PAI Criador - DEUS. É como um vento
impetuoso dirigindo-se ao encontro da felicidade,
gerando um fogo abrasador, levando os campos
energéticos a se entrelaçarem, fortalecendo o ideal
de viver e VIVER INTENSAMENTE.
6 Atração_ agosto de 2021
Atração_ agosto de 2021 7
Por Jacob Melo
Natal
R. G. NORTE
BRASIL
Atração
magnética e suas
consequências
Estudioso e praticante do Espiritismo e do Magnetismo há mais de 50 anos. Autor de vários livros sobre o tema, é um dos
fundadores do EMME, bem como da Casa que dirige: o Lar Espírita Alvorada Nova, de Parnamirim (RN). Reside em Natal (RN).
É formado em Engenharia Civil e pós-graduado em Psicanálise.
É comum se ouvir a expressão “a carne é fraca”. À
qual logo se rebate: “Quem é fraco é o Espírito”.
Quase sempre tratada como uma questão moral –
ou imoral –, a ponderação deveria recair sobre o fenômeno
em si, do contrário estaremos esquecendo da parte
espiritual ou mesmo da material.
Vamos comparar um pouco:
– Quando a criatura humana chega à fase adolescente,
muito se diz e se reconhece que as mudanças hormonais
comandam verdadeiros turbilhões de emoções e
sensações no jovem, a se exteriorizarem tanto psíquica
como fisiologicamente;
– Se a mulher ainda menstrua, no pré ou pós período,
ela igualmente sofre perturbações, muitas das quais
chegam a torná-la irascível. E quando chega à amenorreia,
quantas alterações! Tais como dores de cabeça intensas,
acnes, falta de lubrificação vaginal, alterações da
voz, crescimento acentuado dos pelos pelo corpo, aumento
dos seios e cólicas periódicas sem sangramento;
– E quando o homem envelhece, mesmo quando
nalguns a cabeça pareça seguir jovem, o corpo reage
muito mais lentamente aos comandos mentais, e a parte
sexual começa a decrescer acentuadamente.
Se, portanto, alegarmos que quaisquer desses sintomas
são espirituais, estaremos negando a própria Biologia,
todavia, se nos acomodarmos a eles, sem lhes
oferecer esforços de controle e bom direcionamento, de
pouco adiantará acusar a matéria.
Dizer que a atração é/foi irresistível tem muito de
material; ceder aos impulsos daí decorrentes se origina
na alma. Pensar em ajudar e sentir-se cansado pode estar
sinalizando a necessidade de um repouso compatível – o
que é de uma necessidade fisiológica –, mas disso fazer
motivo para acomodações é típica falha do Espírito preguiçoso.
A força da atração magnética tem em si mesma
muito desses dois componentes: o material e o psíquico.
Pelo controle ou descontrole com que lidamos com essa
potência, estaremos dando destino mais ou menos feliz
aos nossos anseios. Mas... como educá-la? Resposta simples
e direta: educando-se.
Alguém que pretenda fazer uma dieta alimentar
para perder peso não poderá alegar, em sua defesa, que
a pizza estava muito apetitosa ou que as guloseimas são
irresistíveis, pois isso leva à questão: e onde fica o seu
desejo ou a sua necessidade de emagrecer?
Quando os Espíritos disseram a Allan Kardec que costumeiramente
fazemos muito poucos esforços para vencer,
de certa forma eles nos convidam a sérias reflexões.
Veja aqui, em O Livro dos Espíritos, questão 909:
“Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer
as suas más inclinações?” Resposta: “Sim, e, frequentemente,
fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe
falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem
esforços!”.
A Lei da atração magnética não é só material nem
tão somente espiritual. Ela existe em favor do progresso
dos seres, especialmente dos humanos. Não cuidar disso
pode gerar – e tem gerado – muitas desarmonias e dificuldades
para o próprio caminhar da humanidade.
8 Atração_ agosto de 2021
Atração_julho de 2021
JÁ TEMOS A SOLUÇÃO PARA COVID-19... MAS QUAL A SOLUÇÃO PARA FOME?
10 milhões de brasileiros estão lutando contra a fome no Brasil, junte-se
a LBV para que essa não seja a próxima pandemia.
Falta alimentos para mais de 10 milhões de
brasileiros e a Legião da Boa Vontade (LBV) conta
com a sua ajuda para continuar atendendo famílias
em vulnerabilidade social e em risco alimentar.
Graças ao coração solidário de muita gente, a
Legião da Boa Vontade tem chegado aonde o povo
mais precisa e tem socorrido milhares de famílias
em todo o Brasil, desde o início da pandemia. Além
de entregar benefícios do gênero alimentício, de
SAIBA COMO AJUDAR:
limpeza e higiene pessoal, a Instituição também
tem realizado atividades remotas, com uma equipe
de educadores e assistente sociais que produzem
conteúdos, criam vídeoaulas para crianças, jovens,
mães e mulheres, acompanham e acolhem os idosos,
ouvem e direcionam essas famílias e lideranças
comunitárias, após identificar suas necessidades individuais
e coletivas. Confira as ações realizadas
pela LBV no endereço @lbvbrasil no Facebook, no
Instagram e no YouTube.
Acesse www.lbv.org.br e colabore. Selecione a opção que desejar e, de coração, doe qualquer
valor. Se preferir, faça uma transferência bancária pelo PIX oficial da LBV: pix@lbv.org.br. Não deixe
pra depois, faça a sua parte. Colabore!
Atração_ agosto de 2021 9
Por André Ricardo
São Paulo
SÃO PAULO
BRASIL
A veracidade e conexões da
obra Paulo e Estêvão
A veracidade da
história narrada na obra
Paulo e Estêvão
Doutor em sociologia pela USP, professor associado do Departamento de Sociologia da UFSCar,
integrante do paulistano Núcleo Espírita Coração de Jesus e autor do e-book: “A veracidade e
conexões da obra Paulo e Estêvão”, disponível gratuitamente em: http://www.oconsolador.
com.br/editora/evoc.htm
Ditado pelo espírito Emmanuel e publicado em 1942 o livro Paulo e
Estêvão foi considerado por Francisco Cândido Xavier a sua principal obra
mediúnica e classificado pela Federação Espírita Brasileira (FEB), que o
editou, como um “romance histórico”. Romance é definido no principal
dicionário (Ferreira, 2004, p. 1771) como: “descrição longa de ações de
personagens fictícios; descrição exagerada ou fantasiosa; enredo de coisas
e falas inacreditáveis; fato ou episódio real, mas tão complicado que
parece inacreditável”. Já um romance histórico é definido, corretamente,
no Wikipédia como: “um gênero literário em prosa em que a narrativa ficcional
se ambienta no passado”1. O presente artigo contesta a tipificação
de Paulo e Estêvão como romance histórico, argumentando em prol do
reconhecimento da veracidade integral desse livro sobre a trajetória de
Paulo de Tarso e o cristianismo nascente.
Decorrências da classificação como um romance histórico
Tendo me tornado espírita somente em 1999, demorei dez anos
para começar e terminar de ler Paulo e Estêvão, inconscientemente, devido
à associação generalizada entre romance e ficção, a despeito do meu
reconhecimento a Emmanuel e Chico Xavier. Depois deste, li com muito
interesse e atenção os demais “romances históricos” publicados por essa
dupla. Cabe dizer que a grande valorização já feita dessa obra (mas, infelizmente,
parece, deixada de lado) pelo juiz de direito Haroldo Dutra Dias me
despertou a atenção para sua leitura. Porém aqueles vídeos de palestras
e entrevistas no YouTube, bem como o seminário lítero-musical a respeito
do tema protagonizado por ele, concretamente, não atingiram ou não convenceram
uma parte do movimento espírita. A primeira vez que me deparei
com essa realidade foi em 2017 quando uma liderança de um centro
espírita paulistano, pessoa com perfil intelectualizado, afirmou durante um
pequeno seminário voltado a integrantes da própria comunidade religiosa
que Abigail seria exemplo de uma “invenção poética” de Emmanuel para
tornar bela a narrativa do livro.
Mas a evidência de significativo descrédito no meio espírita da principal
obra psicografada pelo saudoso médium só apareceu a mim quando
assisti na televisão paga Amazon Prime, em 2020, o filme Paulo de Tarso
e a história do cristianismo primitivo, de tipo ‘docudrama’, combinando aspectos
de documentário e encenações. Produzido, dirigido e narrado pelo
jornalista André
Marouço, apresentador de programas na TV Mundo Maior, ligada
à Fundação André Luiz – FEAL 2 , contava no elenco com o renomado ator
Caio Blat interpretando Estêvão. Entrou em cartaz no cinema em 3 de outubro
de 2019 – dia do nascimento de Allan Kardec, vale lembrar – tendo
havido campanha de divulgação dele junto a núcleos espíritas, tal como
ocorrera com outros filmes do gênero. Seu diretor explicou assim o fato de
o longa-metragem ter sido pouco assistido no cinema: “esse tipo de filme
não consegue grande abrangência no mercado comercial porque não se
trata de um romance” [grifo meu] 3 .
No longa-metragem, é narrada a trajetória de Paulo de Tarso, mostrando-se
muitas imagens atuais dos lugares por ele percorrido, com base
nos textos bíblicos: Atos dos Apóstolos e cartas paulinas. Há nele comentários
de alguns conhecidos palestrantes espíritas 4 , principalmente do professor
de ciências da religião, vinculado à Universidade Federal da Paraíba,
Severino Celestino da Silva, que é igualmente apresentador de programas
na TV Mundo Maior. Pesquisador bíblico e organizador de viagens comerciais
para grupos espíritas à Palestina e à Europa, Celestino foi curador, ou
seja, consultor do filme.
Embora seja enfatizado no longa-metragem – através das falas de
Celestino, Ruiz e Lucca – a influência que Estêvão teve sobre toda a trajetória
do apóstolo dos gentios, o livro de Emmanuel não tem nenhum de seus
trechos reproduzidos e, mais que isso, não é sequer citado. Outro dado
elucidativo do descrédito da obra psicografada por Chico Xavier é a afirmação
por Marouço no filme: “Os cristãos, após a romanização, aprenderam
a idolatrar líderes religiosos, oradores, autores e médiuns como seres dotados
de infalibilidade” 5 . Vale registrar também que o longa-metragem
comete apenas um erro, porém importante, também em relação a Atos
dos Apóstolos mediante a afirmação de que “Entre os mais desconfiados
da conversão de Paulo estava o apóstolo Pedro”.
Contradizendo Paulo e Estêvão, o filme aponta não Simão Pedro,
mas sim Tiago Menor como sendo, desde o início, o legítimo e grande
líder da primeira comunidade cristã em Jerusalém, chamada de Casa do
Caminho na obra de Emmanuel. No capítulo 15 de seu livro intitulado O
evangelho e o cristianismo primitivo (2010), Severino Celestino destaca o
papel de Tiago reverberando a posição de dois teólogos que viveram no
século III: Eusébio de Cesareia (265- 339) e Clemente de Alexandria (150-
215), de que o apóstolo seria irmão biológico de Jesus 6 . O fato de Paulo
de Tarso se referir a Tiago como “irmão do Senhor” na Carta aos Gálatas
(1:19) reforça tal interpretação, embora pesquisadores contemporâneos,
10 Atração_ agosto de 2021
também não católicos, afirmem serem eles apenas parentes. Ocorre que o
espírito Humberto de Campos (2013), na obra Boa Nova – cuja primeira edição
foi publicada em 1941 – também psicografada por Chico Xavier, esclarece
a questão dizendo na página 35:
Levi, Tadeu e Tiago, filhos de Alfeu e sua esposa Cleofas, parenta de
Maria, eram nazarenos e amavam a Jesus desde a infância, sendo
muitas vezes chamados “os irmãos do Senhor”, à vista de suas profundas
afinidades afetivas.
Por fim, no item 7 do capítulo 14 de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Kardec (2002, [1864] complementa e também resolve definitivamente o
problema interpretativo (ao menos para os espíritas) ao afirmar:
Pelo que concerne a seus irmãos, sabe-se que não o estimavam. Espíritos
pouco adiantados, não lhe compreendiam a missão: tinham
por excêntrico o seu proceder e seus ensinamentos não os tocavam,
tanto que nenhum deles o seguiu como discípulo [grifo meu].
Eis porque Jesus confiou os cuidados de Maria de Nazaré (profundamente
cristã), ao apóstolo João, irmão de Tiago Maior, que a tomou como
espécie de mãe adotiva, algo também ressaltado no livro Boa Nova, em consonância
com os ditos de Jesus a ambos na cruz, conforme João 19 (26-27):
Então, ao ver Jesus a sua mãe e, de pé ao seu lado, o discípulo que
ele amava, diz à sua mãe: Mulher, eis o teu filho. A seguir, diz ao
discípulo: Eis a tua mãe. Desde aquela hora, o discípulo a recebeu
em sua própria casa.
Além do longa-metragem de André Marouço, outro filme espírita foi
elaborado sobre o ex-doutor da lei judaica, sendo este, porém, um documentário
dividido em 15 episódios e exibido apenas no YouTube a partir de maio
de 2020. Intitulado Paulo de Tarso: o médium de Cristo, foi produzido e narrado
pelo advogado com mestrado em filosofia Paulo Cezar Fernandes. Semelhantemente
à anterior, esta produção também é repleta de imagens, além
de fotografias, colhidas em viagem de setenta dias do diretor e sua esposa
por lugares onde o apóstolo percorreu na Turquia, bem como: Israel, Grécia,
Chipre e Itália. No documentário, ao menos, Paulo e Estêvão tem sua capa
exibida, é mencionado algumas vezes e aparece enquanto um dos seis livros
citados como obras de referência. Porém Fernandes opta por transcrever na
tela exclusivamente trechos de Atos dos Apóstolos, ignorando a versão de
Emmanuel sobre acontecimentos importantes, dentre eles o apedrejamento
de Estêvão e as experiências de Paulo, pouco depois de sua conversão, tanto
no Oásis de Dan 7 quanto em Tarso. Mais que isso, o fundamental papel
exercido pelo mártir na intermediação entre Jesus e o o tecelão de tarso é
desconsiderado no próprio nome do documentário 8 . Verifica-se, portanto, que
o livro psicografado por Chico Xavier é efetivamente secundário enquanto
referência, na elaboração desta produção.
1. https://pt.wikipedia.org/wiki/Romance_hist%C3%B3rico Acesso em: 10/02/2021.
2. O longa-metragem contou com apoio promocional de: TV Mundo Maior, Rádio Boa Nova, Mundo
Maior Filmes – todas vinculadas à FEAL – além da Rádio Rio de Janeiro e da União das Sociedades Espíritas
do Estado de São Paulo (USE-SP), assim como o patrocínio da TV Alvorada Espírita
3. https://www.youtube.com/watch?v=8_yqakI9rQo Acesso em: 23/02/2021.
4. André Luiz Ruiz, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Jorge Damas Martins e José Carlos de Lucca. Cabe
lembrar que Perri escreveu o texto “70 anos de Paulo e Estêvão” que compõe a edição comemorativa
das sete décadas da obra, publicada, em 2012, enquanto ele presidia a FEB.
5. Embora haja no meio espírita, realmente, idolatria de determinadas pessoas com tais perfis, o fato
é que o diretor do filme se referiu, de modo subliminar, a Chico Xavier e seu livro psicografado.
6. Em duas edições do programa “Abrindo a Bíblia”, da TV Mundo Maior, exibidos: em 03/09/2010
e 11/04/2011 e disponíveis no YouTube, Celestino abordou a suposta liderança exercida de modo
inconteste, em seu entender, por Tiago Menor na comunidade cristã de Jerusalém, fazendo ele menção
ao O evangelho apócrifo de Tomé, documento que ganhou uma edição voltada ao segmento espírita
(Miranda, 2007).
7. Na Carta aos Gálatas (1:15-17), Paulo de Tarso se refere a tal lugar, genericamente, apenas como
“Arábia”.
8. Interessante observar que mesmo no filme Irmãos de fé (2004), da Columbia Pictures, que contou
com consultoria do bispo emérito católico dom Fernando Figueiredo e a participação do renomado ator
Tiago Larcerda e do famoso padre Marcelo Rossi, é reconhecido, de algum modo, o papel de Estêvão
na trajetória de Paulo. Isto se dá pouco antes do final, quando a irmã do mártir, denominada no longametragem
de Macária, aparece junto com o apóstolo de Tarso, estando ele em pranto, de joelhos e
abraçado a ela enquanto esta lhe diz: “meu irmão está ao seu lado, abençoando e aprovando cada
passo seu”.
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Atração_ agosto de 2021
11
Por Silvan Aragão
Aracaju
SERGIPE
BRASIL
POLITEÍSMO
EM JUDEUS E EM
CRISTÃOS
Bacharel em Administração, aposentado do Banco do Brasil, membro do NEPE
(Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho) Bittencourt Sampaio.
O homem primitivo observava os astros e os
fenômenos naturais (furacões, terremotos, trovões
etc.) e, não os entendendo, deduzia serem provocados
por alguém muito maior e mais forte do que ele,
por uma potência sobrenatural. Daí um deus para
cada fenômeno e à sua imagem e semelhança em
termos de personalidade.
Cercados por povos politeístas (egípcios, sumérios,
assírios, babilônios, gregos, romanos e cananeus),
os judeus são os primeiros a propalarem a
crença em um único Deus. Mas, sobretudo, um Deus
transcendente e imanente, criador de todas as coisas,
inclusive dos deuses de seus vizinhos (estátuas, sol,
animais, trovão etc.).
Jesus, no seio dos judeus, aprimora o entendimento
do Criador, revelando um Pai – a sociedade era
patriarcal (Mt.6:9), justo (Mt 5:45), misericordioso (Lc
6:36), perfeito (Mt 5:48), bom (Mt 7:11), Espírito (Jo
4:23). Logo, todo cristão é monoteísta. Será?
Em Pensamento e Vida (Emmanuel/Chico Xavier,
cap. 1), vemos que é a emotividade (sentimento)
que inspira o pensamento e esse define a fala (Mt
15:11 - o que sai pela boca) e a atitude. Dessa forma,
o sentimento pauta o nosso comportamento.
Acontece que vemos judeus e cristãos (católicos,
protestantes ou espíritas) colocarem todo o seu
coração (= sentimento) em: ídolos (políticos, popstars,
musas etc.); sexo (a vida em função de); time
de futebol (disposição para matar e morrer); gurus
(a exemplo do Jin Jones); dinheiro/bens materiais;
nada obstante a advertência de Jesus: “Pois, onde
está o teu tesouro, ali estará também o teu coração”
(Mt 6:21). Os tesouros materiais corroem ou são roubados
(Mt 6:19). Já os tesouros espirituais (virtudes)
são imperecíveis (Mt 6:20). Por isso, importa-nos
mais SER do que TER.
Aqui se aplica, também, outro grande ensinamento
do Mestre: ninguém pode servir/amar a dois
senhores (Mt 6:24). O livro Deuteronômio, do Velho
Testamento, segundo a Bíblia de Jerusalém foi escrito
por volta de 620 a.C. e dele constam Leis atribuídas
a Moisés sob inspiração divina, e em seu capítulo 6,
versículo 5, consta: “Portanto, amarás a Iahweh teu
Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e
com toda a tua força”. Perguntemo-nos: onde estamos
colocando nosso coração? Quando direcionamos
toda a nossa energia em um projeto de aquisição
de uma casa de praia, na viagem dos sonhos, num
cargo profissional etc., muitas vezes não damos a
devida atenção à religiosidade, à família, às artes, ao
por do sol...
E a literatura espírita é farta quando revela a
enorme dificuldade que materialistas passam quando
desencarnam e quando na erraticidade, apegados
aos bens materiais (inclusive o próprio corpo de
carne) e sofrendo com o desfazimento por traça, corrosão,
furto ou dilapidação deles. Tais bens têm no
tempo um grande inimigo, enquanto as virtudes um
valioso aliado, uma vez que, à medida que ele passa
elas se aprimoram. Elas, sim, que de fato são incorporadas
ao nosso Espírito e jamais o deixam porque
ele não retrograda (¹).
Por fim, instiga-nos Jesus: “Porquanto, que benefício
terá o homem se ganhar o mundo inteiro, e
sua alma sofrer perda?” (Mt 16:26).
(¹) O Livro dos Espíritos, KARDEC, Alan; questão 118.
12 Atração_ agosto de 2021
II Encontro On-line pelos canais da Rádio Vivência Espírita @vivenciaespirita
www.vivenciaespirita.org https://amigosdechicoxavier.vivenciaespirita.org/
Atração_ agosto de de 2021 13
Por Merhy Seba
Ribeirão
Preto
SP - BRASIL
Lei de Liberdade: última parte
Fatalidade – Conhecimento
do Futuro – Ensaio teórico do
móvel das ações humanas
Professor de Marketing e Propaganda e Publicitário – Vice-Presidente do Centro
Espírita Meimei, Editor do jornal Roteiro Espírita - Ribeirão Preto-SP
Chegamos ao término de nossas reflexões sobre a Lei de Liberdade
- Cap. X de O Livro dos Espíritos, que nos proporcionaram
inúmeros ensinamentos, por meio das perguntas formuladas por
Allan Kardec, e as respostas sabiamente colocadas pelos Espíritos
Superiores.
De início, ao focalizar o tema Fatalidade, a orientação dos
Espíritos é que a fatalidade e o livre-arbítrio são fatores compatíveis
com a vida dos Espíritos; em vez de serem antagônicos, se
complementam, no limite da vontade do Espírito e, sobretudo, dos
desígnios de Deus, sendo os fatores harmônicos no processo de
amadurecimento moral do Ser, rumo à perfeição. Só existe fatalidade
no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar. Não é,
pois, uma palavra vã e está relacionada à posição das criaturas na
Terra, e das funções que nela desempenham, como consequência
do gênero de existência que escolheram como provas, expiações
e/ou missões 1 .
Dessa forma, na condição de encarnados ou reencarnados,
sofremos, fatalmente, todas as vicissitudes da existência e todas
as tendências boas ou más que nos são inerentes. Assim, a fatalidade
só consiste em duas horas de nossas existências: “a em
que devemos aparecer e desaparecer deste mundo”, disseram os
Benfeitores espirituais ao Codificador.
É, na morte que o homem é submetido, de uma maneira
absoluta, à inexorável lei da fatalidade, porque ele não
pode fugir ao decreto que fixa o termo de sua existência,
nem ao gênero e morte que deve lhe interromper o curso. 2
Diz o ditado popular: “Ninguém morre de véspera”. Esse
conceito guarda grande verdade, pois não temos a competência
de prever tal acontecimento. São Luis, em sua mensagem (OESE),
oferece-nos para reflexão:
Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios
de Deus? Não pode Ele conduzir um homem até a beira
da sepultura, para em seguida, retirá-lo com o fim de fazê-lo
examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? A
que extremos tenha chegado um moribundo, ninguém pode
dizer com certeza que soou a sua hora final. 3
Ao abordar o tópico seguinte, Conhecimento do Futuro, Allan
Kardec vai direto ao ponto: “O futuro pode ser revelado ao homem?”
E tem como resposta: “Em princípio, o futuro lhe é oculto
e só em casos raros e excepcionais Deus lhe permite a sua revelação”.
E concluem: Se o homem conhecesse o futuro negligenciaria
o presente e não agiria com a mesma liberdade de agora, pois seria
dominado pelo pensamento de que se alguma coisa deve acontecer,
não adiantaria ocupar-se dela ou então, procuraria impedi-la.
Deus quis que assim fosse, a fim de que cada um
pudesse concorrer para a realização das coisas, mesmo daquelas
a que desejaria se opor. 4
Ao desconhecer o futuro, o homem não somente se sente
livre e estimulado a buscar novos conhecimentos e se munir de
forças físicas e morais para vivenciar o presente, como também é
levado a criar ideias e elaborar planos com fé no futuro – uma das
condições mencionadas pelos Espíritos da Codificação para alcançar
a felicidade relativa: “(...) para a vida moral, a consciência pura e
a fé no futuro”.
Contudo, alerta-nos o Espírito Fénelon (OESE):
O homem está incessantemente à procura da felicidade
que lhe escapa a todo instante, porque a felicidade
sem mescla na Terra, não existe. (...) Em vez de procurar a
paz no coração, única felicidade neste mundo, ele procura
com avidez tudo o que pode agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa
curiosa, parece criar de propósito, os tormentos, que só a ele
cabia evitar. 5
Pense nisso. Pense agora.
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 62. ed. São Paulo: LAKE, 2001, p. 286.
2.Ibidem, p. 285.
3. Ibidem, p. 285.
4.______. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 28. ed. São Paulo: LAKE, 2002, p. 95.
5. Ibidem, p. 89.
14 Atração_ agosto de 2021
Além de Matão-SP, o Brasil
espírita ganhou o presente
Sede da Casa Editora
o Clarim tendo o Centro Espírita
à esquerda.
"Vivi, vivo e viverei,
porque sou imortal."
Caibar Schutel
comemorou 116 anos
1ª. Edição da RIE- fevereiro/1925.
Acervo de O Clarim.
1ª. Edição de O Clarim
Atração_ julho de 2021
“Insistimos: quando uma força está na Natureza,
pode-se detê-la por um instante, porém, jamais aniquilá-la!
Seu curso apenas poderá ser desviado. Ora, a força
que se revela no fenômeno das manifestações, seja
qual for a sua causa, está na Natureza, da mesma forma
que o magnetismo, e não poderá ser exterminada,
como a força elétrica também não o será. O que importa
é que seja observada e estudada em todas as suas
fases, a fim de se deduzirem as leis que a regem. Se for
um erro, uma ilusão, o tempo fará justiça; se, porém, for
verdadeira, a verdade é como o vapor: quanto mais se o
comprime, tanto maior será a sua força de expansão.” [1]
Não é exagero dizer que a divulgação espírita foi
impulsionada pela sua imprensa especializada. Breves
oito meses após o lançamento da obra inaugural – O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec publica o primeiro
número da Revista Espírita, a fim de explorar e relatar
os avanços da recente filosofia por ele codificada.
No Brasil, em 1869, antes mesmo de qualquer livro,
Luiz Olímpio Teles de Menezes funda o primeiro órgão
de imprensa espírita nacional: O Écho d’Além-Túmulo,
precursor de uma lista valorosa de periódicos, que inclui
a revista O Reformador, criado em 1883 e mantido
pela Federação Espírita Brasileira, e o jornal Verdade e
Luz, idealizado pelo exímio Batuíra ainda no século XIX.
Cometeríamos enormes injustiças se continuássemos
a listar nossos parceiros de divulgação da
Doutrina Espírita, que se avolumaram em número
e se consolidaram pela qualidade e responsabilidade
doutrinária ao longo destes últimos 160 anos.
Um deles, porém, merece neste momento nossas
homenagens. Este texto aqui produzido em
circulação digital com auxílio das facilidades tecnológicas
do século XXI, presenciam as enormes e
incomparáveis transformações das últimas décadas,
mantendo-se firmes no ideal proposto e lutando
bravamente contra quaisquer tipo de dificuldades
econômicas, sociais, preconceitos e discriminações religiosas,
guerras e outras percalços que insistiram e insistem
em posicionar-se no caminho até seus leitores.
Estas colocações, nas palavras do historiador e
escritor espírita Wilson Garcia, nasceram “para desbravar
a selva da ignorância alimentada pelo clero dominante”
[2] , recebendo 20 anos depois o reforço da Revista
Internacional de Espiritismo no esforço incansável
de Cairbar Schutel por fazer da sua pequena Matão
um centro de excelência da divulgação do Espiritismo.
Estas linhas, valorosas, foram capazes de
enfrentar com razão, bom senso e justiça a ignorância
daqueles que imaginavam deter para si
o controle da crença e da fé de seus seguidores.
Estas linhas, esclarecedoras, não se cansam
de consolar corações aflitos em busca de palavras
de esperança, renovando o desejo de amar
a vida e tudo que ela proporciona aos habitantes
desta Terra em constante e lenta evolução.
Estas linhas, conforme a brilhante conclusão
de Kardec [1] , relatam uma força da
Natureza, impossível de ser detida ou ignorada,
por meio de palavras de luz que ecoam ininterruptamente
por todos os continentes há 116 anos!
Obrigado Cairbar Schutel! Parabéns, jornal O Clarim!
1. KARDEC, Allan. Revista Espírita. Janeiro de 1858. Introdução. Tradução de Evandro Noleto
Bezerra. Brasília: FEB.
2. GARCIA, Wilson. A importância da imprensa espírita. Disponível em: http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/G_autores/GARCIA_Wilson_tit_Importancia_da_imprensa_espirita-A.
htm. Acesso em 27 de junho de 2017.
* Texto originariamente publicado no jornal O Clarim de agosto de 2017 e adaptado para
esta edição comemorativa.
Atração_agosto agosto de 2021
15
15
Por Halley Ferraro Oliveira
Aracaju
SERGIPE
BRASIL
Conversações
doentias
Aracaju
SERGIPE
BRASIL
*Doutorando em Ciências da Saúde *Mestre Ciências da Saúde *Professor Adjunto da UFS *Professor Adjunto da UNIT
No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus (João 1:1-4).
Quem não gosta de conversar? Conversa
é a comunicação interativa entre duas ou mais
pessoas, ou seja, você expressa seu pensamento
através da palavra escrita, falada ou gestual. Antes
de existir o verbo, existia a palavra e a palavra
com ação se tornou verbo, e Deus falou: “Faça a
Luz”. As palavras podem construir e gerar paz,
como elogios sinceros ou frases que melhoram
sua autoestima e emoções (“Estou bem”, “Eu
posso lidar com isso”, “Eu mereço”, “Tudo passa”
e “Amo – tudo e todos”) ou, por outro lado, podem
destruir, causando a guerra, gerando culpa,
medo, raiva e ódio. As palavras possuem vírus e
bactérias e às vezes podem adoecer as pessoas.
Jesus disse: “Ainda não compreendeis que tudo
o que entra pela boca desce para o ventre, e é
lançado fora?” “Mas, o que sai da boca, procede
do coração, e isso contamina o homem.” Porque
do coração procedem aos maus pensamentos,
mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos
e blasfêmias. 1
As palavras (conversas) doentias se espalham
como gás de fácil expansão. O tóxico da
informação menos digna se expande, asfixiando
esperanças e matando aspirações superiores. Por
onde passa, a conversação infeliz gera a hipocrisia,
desenvolvendo uma atmosfera antifraterna
na qual assenta suas afirmações. A má palestra
nada poupa. Facilmente se dissolve em ácido
calunioso ou brasa acusadora; atinge corações
honestos e enlameia famílias enobrecidas pelo
trabalho; deslustra uma existência honrada com
uma frase, atirando ignomínia e desdouro; estimula
a mentira, que se transforma em injúria,
fomentando crime e loucura 2 .
Portanto, evite que a conversação doentia
comece e se propague, expandindo o mal. Vigiai
o que sai da sua boca e lembre-se: “Nunca faça
mal a ninguém e, se puder, também evite com
seu conselho que outros o façam. Empenhe-se
sempre em fazer o bem.” 3
1 Mateus 15:19.
2 FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo
20.
3 Carlos Bernardo González Pecotche, in: https://kdfrases.com/frase/125908
16
Atração_ agosto de 2021
Ebook disponível na
amazon.com.br
Atração_ agosto de 2021 17
Por Joacenira Oliveira
São Pedro
do Sul
R. G. DO SUL
BRASIL
HONRA TEU PAI
E A TUA MÃE
Entendendo
Jesus e
Kardec
Graduada em Ciências Econômicas (UFSM), Especialização em Ciências da Religião (UFS) e Mestrado em Sociologia (UFS).
Palestrante espírita e monitora de estudos espíritas vinculados à Federação Espírita Brasileira. Acadêmica da Academia de
Letras Espíritas do Estado de Sergipe (ALEESE).
Este texto trata de um dos 10 mandamentos recebidos
por meio da mediunidade de Moisés no Monte Sinai:
“Honrai teu pai e tua mãe para viveres muito tempo sobre
a terra que o Senhor teu Deus te dará” 1 .
Observa-se que nesse mandamento há uma promessa:
Deus promete como recompensa a vida terrena, por
longo tempo, se cumprido for o mandamento. Nesse
contexto, Deus promete ao povo hebreu a vida terrena
em detrimento da espiritual. Isso se deve ao fato da sua
condição de nômades que ansiavam pela terra promissora.
Vale ressaltar que, à época em que essas palavras
foram pronunciadas, esse povo ainda não compreendia
a existência futura e sua visão não se estendia além dos
limites acanhados da vida corpórea.
Porém, com o advento de Jesus, após Moisés, o povo
daquela época já estava com o entendimento melhor
para a compressão das coisas espirituais. Então Jesus inicia
a vida espiritual deles trazendo este ensinamento: “Meu
reino não é deste mundo”, dando aos hebreus essa noção
de vida futura, do plano espiritual que, naquele momento,
já tinham condição de compreender.
“A Terra da Promissão material se transforma numa
pátria celeste” 2 . É nesta dimensão espiritual e não mais
sobre a Terra, que cada um receberá a recompensa do
cumprimento das leis divinas e consequentemente das
boas obras.
A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo primitivo
e reconhecendo a importância desse ensinamento que
vem em forma de mandamento no decorrer dos milênios,
hoje chama a atenção do homem, espírito reencarnado
sobre a Terra, para que cumpramos o mais alto dever em
relação ao nosso próximo.
Kardec, com muita propriedade em O Evangelho Segundo
o Espiritismo, capítulo XIV, afirma:
“Honrar nosso pai e nossa mãe” é uma consequência
da lei geral do amor e caridade ao próximo. Piedade
filial é juntar o amor, o respeito, o carinho, a submissão
e a condescendência, o que implica a obrigação de cumprir
para com eles, de maneira ainda mais rigorosa, tudo
o que a caridade determina em relação ao próximo.
Ratificando a ideia do Codificador da Doutrina Espírita,
diz-nos Emmanuel 3 : “Pais e mães, como forem e onde
estiverem, são e serão sempre credores respeitáveis nos
domínios da existência, principalmente para quantos se
lhes erigem na condição de filhos e descendentes”.
Assim considerando, os filhos devem aos pais, em
quaisquer circunstâncias, gratidão e respeito pela oportunidade
abençoada do renascimento no corpo físico, no lar
de que necessitam para evoluir, já que lhes dá a base do
aperfeiçoamento e do progresso. Espíritos reencarnantes
no mundo, ainda frágeis, indefesos e perturbados encontram,
nos pais, berço e ninho, apoio e teto que lhes facilitam
a jornada terrena.
Vemos então que é tão significativa a função dos progenitores
nas lides terrenas, que a voz maior do mundo
ouvida por Moisés, que os ensinamentos trazidos por Jesus
e que o advento do Espiritismo incluem, entre os itens
mais importantes para o espírito humano, bem como sua
trajetória evolutiva ser mais feliz, a legenda inesquecível
– “Honrai vosso Pai e vossa Mãe”.
1 Êxodo 20: 12..
2 Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIV.
3 EMMANUEL (espírito). Rumo Certo. Pela psicografia de Chico Xavierl. São
Paulo: FEB, 1971, p.33.
18
Atração_ agosto de 2021
E foi pensando na saudade
Que ela veio falar comigo
Falou dos seus olhos lindos
Do seu abraço amigo
Do seu colo quentinho
(...)
(Vide continuidade na página 29)
Poeta e Escritor
Euvaldo Lima
N. Sra da Glória - SE
Poeta e Locutora
Rita Freire
Japoatã - SE
Professor e Cordelista
Júnior do Cordel
Jaguaribe - CE
Poetisa e locutora
Rita Freire
Japoatã - SE
De um negro universo
Trago em minhas mãos um punhado de estrelas.
Carrego no alforje a cor do sangue que escorreu
[nas frestas do navio negreiro
Sobre os ombros sinto o peso dos olhares de opróbrio
[dedicado à noite gravada na minha pele,
Mas levanto a cerviz com a força daquele
[que se descobriu negro forro
Daquele a quem importa mais o voo do que o rastejar
E que para si tomou o poder de narrar a própria história.
NOSSO
CONVIDADO
Poeta Wagner Lemos
Trago nas mãos os feixes de luz de livros e sonhos
[daqueles que não puderam caminhar até onde andei.
Venho com o pulsar de uma alma aberta,
Mas não esqueço a firmeza do açoite
E me construo mais forte do que a covarde mão.
Trago comigo nas mãos escuras os espinhos e as lágrimas,
Mas também transporto as flores e as sementes
Que representam aqueles que em mim criam a força para lutar.
Aracaju, 25 de setembro de 2019.
Poema escrito às vésperas da defesa de tese na USP e lido
na sessão pública após o poeta ser declarado doutor.
Professor do Instituto Federal de Sergipe,
doutor em Literatura Brasileira pela
Universidade de São Paulo (USP),
prosador e poeta.
Instagram: @prof_wagnerlemos
Podcast: Esquina Literária
Atração_ agosto de 2021 19
Por Paiva Neto
Privilégio
científico
Rio de
Janeiro
RJ - BRASIL
Reflexão
de Boa
Vontade
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
Negar, a priori, a essência do que intimamente
se procura torna difícil ao pensamento
científico o privilégio de beneficiar-se com a
descoberta do que instintivamente busca: o
Espírito. Mas todos chegaremos lá. É uma
questão de tempo. Em 16 de agosto de 1884,
no seu jornal Gazeta da Tarde, o abolicionista
José do Patrocínio (1853-1905), um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras,
discorreu sobre o papel das contrariedades:
de Jesus: para quem está com Deus, entendido
como o Supino Bem, obstáculos são
estímulos. Barreiras podem ser o tormento
dos falhos de ânimo. Representam, contudo,
molas impulsoras dos seres humanos que se
obstinam por um Ideal. Avante, Cidadãos
do Espírito, de todos os campos do conhecimento!
— Como no equilíbrio da natureza, as resistências
só servem para aplicar e distribuir
a força em movimentos regulares; no mundo
social as oposições, apenas, servem para
concretizar e sistematizar as ideias e dar-lhes
a orientação mais adaptada para se desenvolver
e vencer.
Em momentos de grandes desafios, lembro-me
sempre destas palavras que dediquei
aos Cristãos do Novo Mandamento, Amigos
20
Atração_ agosto de 2021
Atração_ agosto de 2021
21
Por Antônio Saracura
O Itabaianista
O preço
das uvas
Do livro -
Os Curadores
de Cobra e
de Gente
Itabaiana
SERGIPE
BRASIL
Romancista, Contista, Cronista e Poeta, Formado em Administração pela Universidade Federal de SE
Membro da Academia Itanbaianense de Letras e da Academia Sergipana de Letras
VOU COBRAR.
Pelas uvas que chupou
E que não comprou
Nem me pediu
permissão.
Huummmm!!!
Que maravilha.
Doces que é uma
beleeezzzaaaaa
Isaias Marinho
Enquanto esperava o carro
Que estava na pintura
Adenoaldo catou
Umas uvinhas maduras
De uma bela parreira
Que crescia na biqueira...
Estavam uma doçura!
E então Carlos Chapista
Foi enrolando o serviço
De meio dia que era
O inicial compromisso
Só entregou à tardinha
Avisando que ainda tinha
Um complicado enguiço
É que o preço aumentara.
Do acertado duzentos
Para um valor mais redondo,
Agora eram quatrocentos.
— Mas isso é valor dobrado!
(Reclamou Adenoaldo)
— E por que esse aumento?
Carlos Chapista com a chave
Bem guardada em sua mão
Falou para Adenoaldo:
— É uma compensação
Pelas uvas que chupou
E que você não comprou
Nem me pediu permissão.
22 Atração_ agosto de 2021
(Aracaju 2014. Livre adaptação de caso contado no livro Causos de Itabaiana Grande,
de José Augusto Baldock).
Olá, Sementinha!
Te apresento uma amiga
que assim como você já
salvou muitas vidas.
Matheus você
gosta de salada?
Sementinha de Abóbora,
personagem criado por Telma Costa
e ilustrado por Isaias Marinho
Vovó Adilma, eu não estou
entendendo. Como é mesmo
o nome dessa planta?
É meu alimento preferido.
Ainda fica melhor com ora pro
nóbis que fortalece os dentes e
melhora o intestino. E previne
contra anemia também.
Vamos orar Sementinha:
"Senhor ora pro nóbis!"
Pereskia aculeata mas por
todos os seus benefícios ficou
conhecida como ora pro nóbis que
significa "rogai por nós".
Atração_ agosto de 2021 23
Por Dra. Telma Mª S Machado
Aracaju
SERGIPE
BRASIL
Determinismo
subjetivo e
determinismo objetivo
Delegada da ABRAME (Associação brasileira dos Magistrados Espíritas) em Sergipe, Graduada em Ciências Biológicas e em
Direito, Pós-Graduada em Direito Processual Público, Juiza Federal da Seção Judiciária de Sergipe, Mestre em Filosofia,
Um dos temas mais reportados no estudo da Doutrina Espírita
é o livre-arbítrio. O capítulo X da Parte Terceira (Das Leis Morais) de
O livro dos Professor
Espíritos tem um subtema dedicado exclusivamente a
ele. E na questão 843, Kardec faz um questionamento cuja resposta
é curta, porém muito esclarecedora:
Gonçalo
843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?
“Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de
Ferreira Melo
obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”
No magnífico livro O Espírito e o Tempo, Herculano Pires, com
a sua costumeira profundidade objetiva, aborda o tema, colocando
assim o problema: “há um determinismo subjetivo, que é o da vontade
do homem, e um determinismo objetivo, que é o das condições
de sua própria existência”, e da “oposição constante dessas
duas vontades, a do homem e a das coisas, resulta a liberdaderelativa
da sua possibilidade de opção e ação” 1 .
Tais determinismos, entretanto, não se incompatibilizam com
o livre-arbítrio (relativo) de que fomos dotados por Deus, pois sem
ele o ser humano não teria mérito pelo que de bom faz e nem
responsabilidade pelos equívocos. A racionalidade humana está
intrinsecamente relacionada à capacidade de escolher e às consequências
de tais escolhas, ressalvando-se, do ponto de vista jurídico,
as doenças que diminuam ou aniquilem essa dinâmica.
A liberdade, tão debatida pelos filósofos, segundo se constata
na história da Filosofia, também é objeto de intensa análise
da Doutrina Espírita. Trazendo a figura do poeta Rainer Maria Rilke
(Praga, 1875-1926), Herculano pondera que Espiritismo disse, antes
dele, que "Deus nos faz amadurecer, mesmo que não o queiramos".
Acrescenta que o homem é livre no pensar, querer e agir, mas sua
liberdade é limitada pelas suas próprias condições de ser; o simples
fato de existir é uma condição, mas dentro dessa condição o
homem é livre para ser útil ou inútil, bom ou mau, segundo a sua
própria determinação, existindo, por conseguinte, uma dialética do
determinismo, que é, ao mesmo tempo, a dialética da liberdade 2 .
Sobre liberdade, ainda há de se pontuar que, desvinculada da
prudência e atingindo os extremos do paroxismo , pode levar à licenciosidade
e à arrogância, conforme acuradamente apontaram os
professores italianos Giovanni Reale e Dario Antiseri ao analisarem
a concepção de liberdade pela corrente filosófica denominada Cinismo:
[...] os Cínicos insistiram sobre a liberdade, em todos os sentidos,
até os extremos do paroxismo. Na "liberdade de palavra" (parrhesía), to-
caram os limites da desfaçatez e da arrogância, até mesmo em relação
aos poderosos. Lançaram-se à "liberdade de ação" (anáideia) até a licenciosidade.
Com efeito, embora com essa anáideia Diógenes fundamentalmente
tenha pretendido demonstrar a "não naturalidade" dos costumes
gregos, nem sempre ele manteve a medida, caindo em excessos que bem
explicam a carga de significado negativo com que o termo "cínico" passou
à história e que ainda hoje mantém 4 .
Os autores supra ainda se referem à concepção do filósofo neoplatônico
Plotino (205 a 270 d.C.) de que a condição da alma é a
liberdade, mas que essa se “obtém apenas na tensão para o Bem,
ou seja, mediante a separação do corpóreo e a reunião com o Uno” 5
. E explicam, outrossim, o entendimento de Santo Agostinho:
A liberdade é própria da vontade e não da razão, no sentido em
que a entendiam os gregos. E assim se resolve o antigo paradoxo
socrático de que é impossível conhecer o bem e fazer o mal. A razão
pode conhecer o bem e a vontade pode rejeitá-lo, porque, embora
pertencendo ao espírito humano, a vontade é uma faculdade diferente
da razão, tendo uma autonomia própria em relação a razão,
embora seja a ela ligada. A razão conhece e a vontade escolhe,
podendo escolher até o irracional, ou seja, aquilo que não está em
conformidade com a reta razão 6 .
Por sua vez, com o filósofo estoico Epicteto (55 a 135 d.C.)
aprendemos a lição de que a liberdade deve coincidir com a submissão
à vontade de Deus. E ao compreendermos essa sábia colocação,
certamente chegaremos à tríade liberdade/vontade de
Deus/felicidade.
A Doutrina Espírita esclarece que a perfeição relativa e consequentemente
a felicidade são o determinismo dos Espíritos, porque
o progresso é Lei Divina. Compreensível, portanto, o arquétipo do
“Conto de Fadas” que tanto fascina a humanidade, afinal, a perfeição
(relativa), que redunda na felicidade, é o ponto de chegada
de todos.
1 3ª edição, Editora Edicel, p. 94.
2 Idem, p. 94.
3 No sentido figurado, paroxismo pode ser definido como “o ponto mais elevado
de uma sensação; o mais alto grau de expressão de um sentimento” (In: https://www.
dicio.com.br/paroxismo/).
4 Reale e Antiseri, in: História da Filosofia, v. I, p. 254/255.
5 Ibidem, p. 357.
6 Reale e Antiseri, in: História da Filosofia, v. II, p.98.
24 Atração_ agosto de 2021
No domingo (22 de agosto), às 18h30, aconteceu a
live de lançamento do Canal de Podcast da FEB.
Neste novo espaço da Federação Espírita Brasileira,
você pode encontrar um rico conteúdo como
entrevistas, estudos, sugestões de livros,
rodas de conversa feitos especialmente para
o desenvolvimento do seu estudo e reflexão.
O evento teve a presença de Christiane Drux,
Geraldo Campetti, Jacobson Trovão, Mayara Paz e Saulo
César. A live foi transmitida pelos canais oficiais da FEB e da FEBtv.
O nosso podcast já está disponível nas seguintes plataformas: Spotify, Deezer, Google Podcast, Apple Podcast e Castbox.
Acesse Federação Espírita Brasileira no Spotify e venha conosco: https://open.spotify.comartist/4LcwqpHBm4ItWaijKntuBQ
25
Atração_ agosto de 2021 25
Por Antonio Cezar Lima da Fonseca
Porto Alegre
Rio G. do Sul
BRASIL
ALLAN KARDEC: AMOR E
CASAMENTO EM
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Natural de São Borja, no Rio Grande do Sul. Bacharel em Direito pela PUCRS, foiservidor público federal,
Advogado, Pretor, Promotor de Justiça e atualmente é Procurador de Justiça aposentado no Estado do
Rio Grande do Sul. Já atuou como Professor Universitário e em Cursos de Extensão em Direito
O Professor Hipollyte Léon Denizard Rivail-Allan Kardec- casou-se
com mulher de fino trato, professora-pedagoga, pintora,
escritora e autodidata. Tanto ele quanto Amèlie-Gabrielle Boudet
descendiam de famílias tradicionais e católicas.
Na época de Rivail – Século XIX – houvera avanços, e o amor
entre os nubentes passou a ser uma possibilidade, porque antes
era ignorado, o que ocorria desde a Idade Antiga e passou tranquilo
pela Idade Média. Na Idade Média, p. ex., as famílias – e
não os noivos, que muitas vezes nem se conheciam – faziam um
contrato, via de regra, para ampliação de feudos, ganhos de terras
e geração de filhos. Caso a mulher não procriasse, simplesmente
era devolvida à família de origem ou ia para um convento (A
cama na Varanda, Regina Navarro Lins, ed. Bestseller).
O casal Rivail-Amèlie era de outro tempo, pois viviam no
mundo das letras e da intelectualidade, mostrando-se “abertos
às descobertas e experiências no campo da ciência, da educação,
da filosofia, da espiritualidade ou mesmo da religião” (Madame
Kardec, Adriano Calsone, ed. Vivaluz). Isso acabou formando o par
ideal, pouco se ligando ao fato de Amèlie casar-se aos 37 anos
com Hipollyte, que tinha 28 anos de idade.
Mesmo assim, com “jovialidade física e espiritual, Amèlie
aparentava a mesma idade do marido”, e essa diferença etária
jamais constituiu entrave à felicidade de ambos (Allan Kardec – O
educador e o Codificador, Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, ed.
FEB).
Dessa forma, quando teve a oportunidade, Kardec não deixou
de indagar os Espíritos acerca do casamento, nas questões
695-701, no Livro III de O Livro dos Espíritos, revelando uma época
de costumes na obra codificada.
Inseriu o tema do casamento no título relativo à “Lei de
Reprodução”, passando ao largo de que a criação legal humana
– o contrato de casamento – não era e não é indispensável ou
determinante à geração de filhos - procriação. Kardec seguiu a
importância que era dada ao casamento pela Igreja, que desde
o Século XIII passou a controlá-lo impondo sua indissolubilidade.
Os Espíritos foram, em parte, exagerados, mas mostraram
à Igreja que eram favoráveis ao divórcio, batendo forte na indissolubilidade
do vínculo que, ao lado do casamento monogâmico,
era “o grande fato” na história da sexualidade ocidental (Regina
Navarro Lins, op. cit.).
O Codificador, por sua vez, na questão 695 de O Livro dos
Espíritos, indagou se o casamento, ou seja, “a união entre dois
seres” seria “contrária à Lei da Natureza”.
Como se observa, a pergunta diz respeito à união entre ‘dois
seres’, não se detendo a mencionar - porque era o que existia
àquela época – que a união entre dois seres dizia respeito à união
entre homem e mulher, pessoas de sexos diferentes.
Referiu Kardec: “união permanente de dois seres”. Quais
seres? Seres humanos, obviamente. Disso, hoje, permitir-se-ia deduzir
que Rivail pensava não somente na união entre homens e
mulheres, mas na união entre ‘seres humanos’, inclusive pessoas
de mesmo sexo, tal como algumas legislações estão reconhecendo
em dias atuais. A perspectiva de união entre ‘dois seres’ era
clara para ele, porque a repetiu nas questões 939 e 940, LE.
Embora Kardec parecesse “evoluído” para a época, quase
premonitório ao indagar os Espíritos em matéria de casamento,
não se pode dizer o mesmo quando esclareceu posição pessoal
a respeito.
Rivail deve ter recebido elogios de Amèlie e méritos da
Igreja Católica quanto ao casamento, pois disse que sua abolição
seria o “retorno à infância da humanidade”, uma vez que colocaria
o homem “abaixo mesmo de certos animais”, algo que os
Espíritos não disseram (696). Note-se que “retorno à vida animal”
(resposta dos Espíritos) não significa estar ‘abaixo’ deles, como
concluiu Kardec em seus comentários na q. 696, LE.
Os Espíritos, por sua vez, exageraram ao dizer que a abolição
do casamento seria “retorno à vida animal” (q. 696), porquanto
se sabe que não é apenas um contrato escrito que autoriza a reprodução
e/ou a união de dois seres humanos que, no exercício
de puro livre-arbítrio e assumindo suas consequências, escolhem
viver sob a lei do amor.
26 Atração_ agosto de 2021
Atração_agosto agosto de 2021 27
Por Said Pontes de Albuquerque
La Atenta
Rigardo
TRADUÇÃO desse texto, VIDE página 29 (seguinte), dentro da faixa VERDE.
Falando
em
Esperanto
B. Horizonte
MINAS GERAIS
BRASIL
Servidor aposentado da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Antes de trabalhar nessa instituição, era Professor licenciado em Física. É associado à União Espirita Mineira,
que conheceu em 1975, quando iniciou os primeiros estudos de Esperanto.
Post longa vojagado, la laciginta kaj korpremata
homo trovigas antau loko, kie pluraj vojoj
interkrucigas. Kiu el ili kondukas al la felico? Tio
inspiras al li la neceson profunde kompreni sian
vojiradon.
Antau la vojkrucigo, lia atenta rigardo naskas
la demandon cu la direkto de l’ trairita vojo
devas dauri la sama. Tio estas kvazau supreniri
monton kaj vidi el kiu loko li venis kaj kien li iros.
Li ekvidos la vojojn kaj cirkauvojojn jam iritajn,
kiel ankau la novajn pejzagojn kaj, kiu scias, la
tiel revatan Promesitan Landon, kiu liveros la nutrajon
de la vivo. En tiu aparta momento eblas al
li nova kompren-povo, kapabla elmontri ke “kie
estas via trezoro, tie estos ankau via koro” (NT,
Mt. 6:21)
Tiu “supreniro de la monto” povus montri ke,
cirkau la trapasita vojo la malavaraj teroj estis detruitaj,
ne povantaj donaci al tiuj, kiuj venas en la
malproksimo, la samajn utilojn jam liveritajn, kiel
la kolorajn kampojn, kiuj rebrilis sub la sunradioj,
kie resonis la kantoj de la birdoj kaj la gajeco de
la kreitajoj. Tiam li povus elvoki ion jam diritan
antau longe: “Rigardu la birdojn de la cielo, ke ili
ne semas, nek rikoltas, nek kolektas en grenejojn,
kaj via Patro ciela ilin nutras. Cu vi ne multe
pli valoras ol ili?” (NT, Mateo, 6:26)
Certe estigus la demando: kial elcerpigis
la naturaj fontoj de vivnutrado, kun malutilo al
la alvenontaj generacioj, kiuj ankau bezonos la
28 Atração_ agosto de 2021
valorajn rimedojn tiel malavare renovigitajn de
la Naturo, sed kiuj, el troa misutiligo, ne plu rezistis
al la truditaj damagoj? Li povus tiam eltrovi,
ke mankis la spirito de solidareco.
Kaj, se la damagojn trudis la fratmortigaj
militoj, kun la koncerna detruo de la fruktodonaj
grundoj kaj verdoplenaj arbaroj, per kanonoj kaj
bomboj, rezultigantaj la forlasitecon de infanoj
kaj familianoj, meze de frustrigoj, malgojoj kaj
malesperoj, tiaj pripensoj ordinare montrus, ke
mankis la frateco, tiu sama, kiun la infanoj spontanee
manifestas kun esprimoj de gojo, ankorau
ne malpliigita de la plenagula mondo pro malkonsentoj
kaj disputoj enradikigintaj en la familioj,
gentoj kaj popoloj. Ankoraufoje estus evidentigita
kian “trezoron” oni gardis en la koro. El
tiu memekzameno povus emergi la rememoro
pri alia parabolo, kies esenco estis ankau preteratentata:
“Lasu la infanojn veni al mi; ne malhelpu
ilin, car el tiaj estas la regno de Dio. Vere
mi diras al vi: Kiu ne akceptos la regnon de Dio
kiel infano, tiu neniel eniros en gin”. (NT, Marko,
10:14,15)
La pilgrimanto perceptas do, dankoplene, ke
lia atenta rigardo indikis al li la veran sintenon
por aliri al la nova tero kaj, eble, senti ke etapo
de regenerado lin atendas pli antaue.
Vide tradução na PÁG. 29 (no quadro verde): O Olhar Atento
TRADUÇÃO do text da página 28, escrito em ESPERANTO.
O Olhar Atento
Após uma longa peregrinação, o ser humano,
exausto e ansioso, encontra-se diante de um local
onde vários caminhos se cruzam. Qual deles leva
à felicidade? Isso lhe inspira a necessidade de uma
profunda compreensão de sua caminhada.
Diante da encruzilhada, seu olhar atento
questiona se a direção do caminho já percorrido
deve continuar a mesma. É como subir uma montanha
e ver os lugares de onde veio e para onde
irá. Ele divisará os caminhos e desvios seguidos,
como também novas paisagens e, quem sabe, a tão
sonhada Terra da Promissão, doadora do alimento
da vida. Nesse momento singular, é possível o despertar
de uma nova compreensão que lhe mostrará
que “onde está o teu tesouro, aí também está o teu
coração” (NT, Mt. 6:21)
Essa “subida da montanha” poderia lhe descortinar
que em torno das vias já percorridas as dadivosas
terras foram destruídas, impedidas de doar aos que
vêm mais ao longe os mesmos benefícios já usufruídos,
a exemplo dos campos coloridos pelos raios
de sol, onde repercutiam os cantos dos pássaros e
a alacridade dos seres. Seria evocado então algo já
dito há muito tempo: “Observai as aves do céu: não
semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros;
contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura,
não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mt.
6:26)
Surgiria certamente a pergunta: porque se
esgotaram as fontes naturais de subsistência, em
prejuízo das gerações que ali chegariam, também
elas dependentes dos mesmos recursos tão generosamente
renovados pela Natureza, mas que, de
tão vilipendiados, não mais resistiram à degradação?
Poder-se-ía descobrir que faltou o espírito de solidariedade.
Mas, se a degradação se deu pelo efeito das
guerras fratricidas, destruidoras dos solos férteis e
dos bosques verdejantes, com seus canhões e bombas,
causando o abandono de crianças e famílias e
gerando frustrações, tristezas e desesperanças, tais
reflexões mostrariam, sem dúvida, o quanto fez falta
a fraternidade, aquela que as crianças manifestam
com espontaneidade e alegria, ainda não cerceada
pelo mundo dos adultos, pelas desavenças e disputas
enraizadas nas famílias, etnias ou povos. Seria
conhecido com clareza qual “tesouro” se guardou
no coração. Nesse auto-exame seria natural emergir
a lembrança de uma outra parábola, cuja essência
também não encontrara correspondência: “Deixai vir
a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque
dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo:
Quem não receber o reino de Deus como uma criança
de maneira nenhuma entrará nele.” (Marcos
10:14,15)
O peregrino percebe então, agradecido, que o
olhar atento lhe revelou a verdadeira atitude para
adentrar a nova terra e sentir que uma etapa de
regeneração lhe espera daí em diante.
A majestade,
E foi pensando na saudade
Que ela veio falar comigo
Falou dos seus olhos lindos
Do seu abraço amigo
Do seu colo quentinho
Daquele nosso abrigo.
Me disse sobre poder o do tempo
Que levou seu acalento
Me falou do amor
Que, por hora, adormeceu e chorou.
A saudade me visitou ...
Tão ousada que ela é
Veio me fazendo rir
Do vem e vai das marés
Das coisas que não tenho mais
De tudo que ficou para trás
Ela me fez lembrar
Do seu riso sem jeito
Me lembrou daquele beijo
Do seu gostoso aconchego
Daquele abraço ligeiro
Que deixamos para outrora...
Eita saudade atrevida!
Fez um rebuliço aqui dentro
Embaralhou pensamentos
Me fez ficar sonolento
Viajando acordado
Me deu asas por um momento
Fiquei viajando no tempo
Lembrando encontros deixados
para outro momento...
Que tarde fria! E aquele dia?...
O dia que não chegou
Que o tempo se encarregou
De parar por um bom tempo
E sem pressa estacionou
Num eterno desalento
Eita saudade fria!...
Nunca vi tanta ousadia
Trazida numa só bagagem
Lembranças lindas e vazias
Espalhou aqui dentro...
Tanto sentir sem poder
Sem ter nada pra fazer
Ela me fez companhia
Nesta tarde tão calma
Chuvosa, tão morna e fria...
Ah! Saudade sem alma...
Mexendo em mim, sozinha
E eu lhe ofereci cadeiras!
Ela, sem piedade
Sentou-se falando besteiras
Desenhou na minha face
Tudo que o tempo fez
Separando amores, dores, perdas
Sem direito a despedidas
Me fez pensar nas partidas
Dia a dia
Mês a mês...
A saudade me visitou
E tudo de você ela falou
Sorrindo, ela se foi
Cantando as coisas do amor...
E ainda me avisou
Que se não aprender com o tempo
Se vivermos com medos
A tendência é ela morar aqui
Num eterno desassossego...
Ah! Dona saudade...
Dessa vez, pode ficar.
Vamos tomar um café
Nesta noite sem luar?
O mundo precisa de ti
Para o tempo valorizar
Ah! Saudade que grita!
Saudade que fica
Saudade que sente saudade...
Quando tu eras só minha
Quando só me pertencias...
Saudade tu andas nua
Chorando de alegria
Por que tu és tão fria?
Rita
Freire
Poeta e Locutora
Said Pontes de Albuquerque
Atração_ agosto de 2021
29
Por Domingos Pascoal
Que mundo
herdarão
os nossos filhos?
Aracaju
SERGIPE
BRASIL
Formado em Filosofia e Ciências Jurídicas e pós-graduado em Gestão de Pessoas, Advogado, Jornalista e ocupante
da cadeira nº 17 da Academia Sergipana de Letras. Membro da Associação Cearense de Escritores - ACE
Nunca houve tanta preocupação com o meio
ambiente, com o meio ecológico como nos dias
atuais. O temor do ser humano com relação às
consequências da devastação da poluição, da
degradação e negligência que sempre se teve à
natureza, cresce a cada dia.
Nunca se falou tanto de poluição,
preservação, desmatamento, reciclagem,
aquecimento global, chuvas ácidas, camada de
ozônio, efeito estufa, elevação da temperatura,
degelo das calotas polares, aumento das águas
dos oceanos, economia de recursos naturais e
muitos outras terminologias que sequer existiam
há trinta anos.
Toda essa apreensão e esse cuidado têm
um motivo especial. Nós, seres humanos, nos
preocupamos muito com o mundo que estaremos
legando aos nossos filhos e netos. Pelo
andar da carruagem, tememos que seja impossível
habitar este planeta daqui a alguma décadas.
Como será daqui a cem anos? Haverá ainda
disponibilidade de água, de alimento e de moradia
para tanta gente?
As cidades comportarão tantos carros? O
esgotamento sanitário será equacionado? O degelo
das calotas polares será estancado? Haverá
uma rolha capaz de tampar o buraco da camada
de ozônio?
Não pretendo deixar aqui uma resposta.
Quem sou eu para ter a condição de fazer tal
previsão? Contudo, e sem querer ser ufanista e
muito menos apocalíptico, devo dizer que a situação
que se vislumbra é, no mínimo assustadora,
merecendo, de todos nós, muito cuidado.
Todavia, como sempre acreditei e continuo
acreditando no gênero humano, espero que ele
vá superando todos esses problemas gerados,
exclusivamente, por ele mesmo. Pois o homem
é o único ser vivo capaz de, interferindo no
meio, destruir ou construir, preservar ou degradar.
Se somente ele, o bicho racional, tem essa
capacidade, se é o único a dispor da condição
de fazer ou deixar de fazer, de edificar ou demolir,
de devastar ou manter, creio que toda
essa preocupação, embora muito procedente,
deveria ser dirigida, também, a ele, aos homens
que ficarão aqui, depois de nós.
A dúvida não deveria se restringir: “a que
mundo vou deixar para o meu filho?”, mas também,
e, sobretudo “a que filho vou deixar para
esse meu mundo”.
Pois no caso o mundo é o paciente que sofre
a influência e o filho, o agente que a opera
e, considerando que o paciente é aquele sofredor
da intervenção do agente, nada mais aconselhável
do que cuidarmos, agora de formar
bons agentes para este mundo que ficará.
Nós nos achamos com a obrigação de legarmos
aos nossos filhos um mundo capaz de
nele se habitar, viver e conviver. No entanto,
temos também o dever de transmitir ao mundo
filhos que saibam lidar, na qualidade de agentes
construtores e transformadores com este
lugar tão bom que só em pensar que seremos
obrigados a deixá-lo, já nos dá saudades.
Repito. Se a nossa preocupação é: Qual será
o mundo que queremos deixar para os nossos
filhos? Não seria mais lógico pensarmos, antes,
que filhos nós estamos deixando para este
mundo?
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Atração_agosto agosto de 2021 31
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