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Por Merhy Seba
Ribeirão
Preto
SP - BRASIL
Lei de Liberdade: última parte
Fatalidade – Conhecimento
do Futuro – Ensaio teórico do
móvel das ações humanas
Professor de Marketing e Propaganda e Publicitário – Vice-Presidente do Centro
Espírita Meimei, Editor do jornal Roteiro Espírita - Ribeirão Preto-SP
Chegamos ao término de nossas reflexões sobre a Lei de Liberdade
- Cap. X de O Livro dos Espíritos, que nos proporcionaram
inúmeros ensinamentos, por meio das perguntas formuladas por
Allan Kardec, e as respostas sabiamente colocadas pelos Espíritos
Superiores.
De início, ao focalizar o tema Fatalidade, a orientação dos
Espíritos é que a fatalidade e o livre-arbítrio são fatores compatíveis
com a vida dos Espíritos; em vez de serem antagônicos, se
complementam, no limite da vontade do Espírito e, sobretudo, dos
desígnios de Deus, sendo os fatores harmônicos no processo de
amadurecimento moral do Ser, rumo à perfeição. Só existe fatalidade
no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar. Não é,
pois, uma palavra vã e está relacionada à posição das criaturas na
Terra, e das funções que nela desempenham, como consequência
do gênero de existência que escolheram como provas, expiações
e/ou missões 1 .
Dessa forma, na condição de encarnados ou reencarnados,
sofremos, fatalmente, todas as vicissitudes da existência e todas
as tendências boas ou más que nos são inerentes. Assim, a fatalidade
só consiste em duas horas de nossas existências: “a em
que devemos aparecer e desaparecer deste mundo”, disseram os
Benfeitores espirituais ao Codificador.
É, na morte que o homem é submetido, de uma maneira
absoluta, à inexorável lei da fatalidade, porque ele não
pode fugir ao decreto que fixa o termo de sua existência,
nem ao gênero e morte que deve lhe interromper o curso. 2
Diz o ditado popular: “Ninguém morre de véspera”. Esse
conceito guarda grande verdade, pois não temos a competência
de prever tal acontecimento. São Luis, em sua mensagem (OESE),
oferece-nos para reflexão:
Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios
de Deus? Não pode Ele conduzir um homem até a beira
da sepultura, para em seguida, retirá-lo com o fim de fazê-lo
examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? A
que extremos tenha chegado um moribundo, ninguém pode
dizer com certeza que soou a sua hora final. 3
Ao abordar o tópico seguinte, Conhecimento do Futuro, Allan
Kardec vai direto ao ponto: “O futuro pode ser revelado ao homem?”
E tem como resposta: “Em princípio, o futuro lhe é oculto
e só em casos raros e excepcionais Deus lhe permite a sua revelação”.
E concluem: Se o homem conhecesse o futuro negligenciaria
o presente e não agiria com a mesma liberdade de agora, pois seria
dominado pelo pensamento de que se alguma coisa deve acontecer,
não adiantaria ocupar-se dela ou então, procuraria impedi-la.
Deus quis que assim fosse, a fim de que cada um
pudesse concorrer para a realização das coisas, mesmo daquelas
a que desejaria se opor. 4
Ao desconhecer o futuro, o homem não somente se sente
livre e estimulado a buscar novos conhecimentos e se munir de
forças físicas e morais para vivenciar o presente, como também é
levado a criar ideias e elaborar planos com fé no futuro – uma das
condições mencionadas pelos Espíritos da Codificação para alcançar
a felicidade relativa: “(...) para a vida moral, a consciência pura e
a fé no futuro”.
Contudo, alerta-nos o Espírito Fénelon (OESE):
O homem está incessantemente à procura da felicidade
que lhe escapa a todo instante, porque a felicidade
sem mescla na Terra, não existe. (...) Em vez de procurar a
paz no coração, única felicidade neste mundo, ele procura
com avidez tudo o que pode agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa
curiosa, parece criar de propósito, os tormentos, que só a ele
cabia evitar. 5
Pense nisso. Pense agora.
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 62. ed. São Paulo: LAKE, 2001, p. 286.
2.Ibidem, p. 285.
3. Ibidem, p. 285.
4.______. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 28. ed. São Paulo: LAKE, 2002, p. 95.
5. Ibidem, p. 89.
14 Atração_ agosto de 2021