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44ª Edição_Revista ATRAÇÃO

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TRADUÇÃO do text da página 28, escrito em ESPERANTO.

O Olhar Atento

Após uma longa peregrinação, o ser humano,

exausto e ansioso, encontra-se diante de um local

onde vários caminhos se cruzam. Qual deles leva

à felicidade? Isso lhe inspira a necessidade de uma

profunda compreensão de sua caminhada.

Diante da encruzilhada, seu olhar atento

questiona se a direção do caminho já percorrido

deve continuar a mesma. É como subir uma montanha

e ver os lugares de onde veio e para onde

irá. Ele divisará os caminhos e desvios seguidos,

como também novas paisagens e, quem sabe, a tão

sonhada Terra da Promissão, doadora do alimento

da vida. Nesse momento singular, é possível o despertar

de uma nova compreensão que lhe mostrará

que “onde está o teu tesouro, aí também está o teu

coração” (NT, Mt. 6:21)

Essa “subida da montanha” poderia lhe descortinar

que em torno das vias já percorridas as dadivosas

terras foram destruídas, impedidas de doar aos que

vêm mais ao longe os mesmos benefícios já usufruídos,

a exemplo dos campos coloridos pelos raios

de sol, onde repercutiam os cantos dos pássaros e

a alacridade dos seres. Seria evocado então algo já

dito há muito tempo: “Observai as aves do céu: não

semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros;

contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura,

não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mt.

6:26)

Surgiria certamente a pergunta: porque se

esgotaram as fontes naturais de subsistência, em

prejuízo das gerações que ali chegariam, também

elas dependentes dos mesmos recursos tão generosamente

renovados pela Natureza, mas que, de

tão vilipendiados, não mais resistiram à degradação?

Poder-se-ía descobrir que faltou o espírito de solidariedade.

Mas, se a degradação se deu pelo efeito das

guerras fratricidas, destruidoras dos solos férteis e

dos bosques verdejantes, com seus canhões e bombas,

causando o abandono de crianças e famílias e

gerando frustrações, tristezas e desesperanças, tais

reflexões mostrariam, sem dúvida, o quanto fez falta

a fraternidade, aquela que as crianças manifestam

com espontaneidade e alegria, ainda não cerceada

pelo mundo dos adultos, pelas desavenças e disputas

enraizadas nas famílias, etnias ou povos. Seria

conhecido com clareza qual “tesouro” se guardou

no coração. Nesse auto-exame seria natural emergir

a lembrança de uma outra parábola, cuja essência

também não encontrara correspondência: “Deixai vir

a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque

dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo:

Quem não receber o reino de Deus como uma criança

de maneira nenhuma entrará nele.” (Marcos

10:14,15)

O peregrino percebe então, agradecido, que o

olhar atento lhe revelou a verdadeira atitude para

adentrar a nova terra e sentir que uma etapa de

regeneração lhe espera daí em diante.

A majestade,

E foi pensando na saudade

Que ela veio falar comigo

Falou dos seus olhos lindos

Do seu abraço amigo

Do seu colo quentinho

Daquele nosso abrigo.

Me disse sobre poder o do tempo

Que levou seu acalento

Me falou do amor

Que, por hora, adormeceu e chorou.

A saudade me visitou ...

Tão ousada que ela é

Veio me fazendo rir

Do vem e vai das marés

Das coisas que não tenho mais

De tudo que ficou para trás

Ela me fez lembrar

Do seu riso sem jeito

Me lembrou daquele beijo

Do seu gostoso aconchego

Daquele abraço ligeiro

Que deixamos para outrora...

Eita saudade atrevida!

Fez um rebuliço aqui dentro

Embaralhou pensamentos

Me fez ficar sonolento

Viajando acordado

Me deu asas por um momento

Fiquei viajando no tempo

Lembrando encontros deixados

para outro momento...

Que tarde fria! E aquele dia?...

O dia que não chegou

Que o tempo se encarregou

De parar por um bom tempo

E sem pressa estacionou

Num eterno desalento

Eita saudade fria!...

Nunca vi tanta ousadia

Trazida numa só bagagem

Lembranças lindas e vazias

Espalhou aqui dentro...

Tanto sentir sem poder

Sem ter nada pra fazer

Ela me fez companhia

Nesta tarde tão calma

Chuvosa, tão morna e fria...

Ah! Saudade sem alma...

Mexendo em mim, sozinha

E eu lhe ofereci cadeiras!

Ela, sem piedade

Sentou-se falando besteiras

Desenhou na minha face

Tudo que o tempo fez

Separando amores, dores, perdas

Sem direito a despedidas

Me fez pensar nas partidas

Dia a dia

Mês a mês...

A saudade me visitou

E tudo de você ela falou

Sorrindo, ela se foi

Cantando as coisas do amor...

E ainda me avisou

Que se não aprender com o tempo

Se vivermos com medos

A tendência é ela morar aqui

Num eterno desassossego...

Ah! Dona saudade...

Dessa vez, pode ficar.

Vamos tomar um café

Nesta noite sem luar?

O mundo precisa de ti

Para o tempo valorizar

Ah! Saudade que grita!

Saudade que fica

Saudade que sente saudade...

Quando tu eras só minha

Quando só me pertencias...

Saudade tu andas nua

Chorando de alegria

Por que tu és tão fria?

Rita

Freire

Poeta e Locutora

Said Pontes de Albuquerque

Atração_ agosto de 2021

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