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TRADUÇÃO do text da página 28, escrito em ESPERANTO.
O Olhar Atento
Após uma longa peregrinação, o ser humano,
exausto e ansioso, encontra-se diante de um local
onde vários caminhos se cruzam. Qual deles leva
à felicidade? Isso lhe inspira a necessidade de uma
profunda compreensão de sua caminhada.
Diante da encruzilhada, seu olhar atento
questiona se a direção do caminho já percorrido
deve continuar a mesma. É como subir uma montanha
e ver os lugares de onde veio e para onde
irá. Ele divisará os caminhos e desvios seguidos,
como também novas paisagens e, quem sabe, a tão
sonhada Terra da Promissão, doadora do alimento
da vida. Nesse momento singular, é possível o despertar
de uma nova compreensão que lhe mostrará
que “onde está o teu tesouro, aí também está o teu
coração” (NT, Mt. 6:21)
Essa “subida da montanha” poderia lhe descortinar
que em torno das vias já percorridas as dadivosas
terras foram destruídas, impedidas de doar aos que
vêm mais ao longe os mesmos benefícios já usufruídos,
a exemplo dos campos coloridos pelos raios
de sol, onde repercutiam os cantos dos pássaros e
a alacridade dos seres. Seria evocado então algo já
dito há muito tempo: “Observai as aves do céu: não
semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros;
contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura,
não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mt.
6:26)
Surgiria certamente a pergunta: porque se
esgotaram as fontes naturais de subsistência, em
prejuízo das gerações que ali chegariam, também
elas dependentes dos mesmos recursos tão generosamente
renovados pela Natureza, mas que, de
tão vilipendiados, não mais resistiram à degradação?
Poder-se-ía descobrir que faltou o espírito de solidariedade.
Mas, se a degradação se deu pelo efeito das
guerras fratricidas, destruidoras dos solos férteis e
dos bosques verdejantes, com seus canhões e bombas,
causando o abandono de crianças e famílias e
gerando frustrações, tristezas e desesperanças, tais
reflexões mostrariam, sem dúvida, o quanto fez falta
a fraternidade, aquela que as crianças manifestam
com espontaneidade e alegria, ainda não cerceada
pelo mundo dos adultos, pelas desavenças e disputas
enraizadas nas famílias, etnias ou povos. Seria
conhecido com clareza qual “tesouro” se guardou
no coração. Nesse auto-exame seria natural emergir
a lembrança de uma outra parábola, cuja essência
também não encontrara correspondência: “Deixai vir
a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque
dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo:
Quem não receber o reino de Deus como uma criança
de maneira nenhuma entrará nele.” (Marcos
10:14,15)
O peregrino percebe então, agradecido, que o
olhar atento lhe revelou a verdadeira atitude para
adentrar a nova terra e sentir que uma etapa de
regeneração lhe espera daí em diante.
A majestade,
E foi pensando na saudade
Que ela veio falar comigo
Falou dos seus olhos lindos
Do seu abraço amigo
Do seu colo quentinho
Daquele nosso abrigo.
Me disse sobre poder o do tempo
Que levou seu acalento
Me falou do amor
Que, por hora, adormeceu e chorou.
A saudade me visitou ...
Tão ousada que ela é
Veio me fazendo rir
Do vem e vai das marés
Das coisas que não tenho mais
De tudo que ficou para trás
Ela me fez lembrar
Do seu riso sem jeito
Me lembrou daquele beijo
Do seu gostoso aconchego
Daquele abraço ligeiro
Que deixamos para outrora...
Eita saudade atrevida!
Fez um rebuliço aqui dentro
Embaralhou pensamentos
Me fez ficar sonolento
Viajando acordado
Me deu asas por um momento
Fiquei viajando no tempo
Lembrando encontros deixados
para outro momento...
Que tarde fria! E aquele dia?...
O dia que não chegou
Que o tempo se encarregou
De parar por um bom tempo
E sem pressa estacionou
Num eterno desalento
Eita saudade fria!...
Nunca vi tanta ousadia
Trazida numa só bagagem
Lembranças lindas e vazias
Espalhou aqui dentro...
Tanto sentir sem poder
Sem ter nada pra fazer
Ela me fez companhia
Nesta tarde tão calma
Chuvosa, tão morna e fria...
Ah! Saudade sem alma...
Mexendo em mim, sozinha
E eu lhe ofereci cadeiras!
Ela, sem piedade
Sentou-se falando besteiras
Desenhou na minha face
Tudo que o tempo fez
Separando amores, dores, perdas
Sem direito a despedidas
Me fez pensar nas partidas
Dia a dia
Mês a mês...
A saudade me visitou
E tudo de você ela falou
Sorrindo, ela se foi
Cantando as coisas do amor...
E ainda me avisou
Que se não aprender com o tempo
Se vivermos com medos
A tendência é ela morar aqui
Num eterno desassossego...
Ah! Dona saudade...
Dessa vez, pode ficar.
Vamos tomar um café
Nesta noite sem luar?
O mundo precisa de ti
Para o tempo valorizar
Ah! Saudade que grita!
Saudade que fica
Saudade que sente saudade...
Quando tu eras só minha
Quando só me pertencias...
Saudade tu andas nua
Chorando de alegria
Por que tu és tão fria?
Rita
Freire
Poeta e Locutora
Said Pontes de Albuquerque
Atração_ agosto de 2021
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