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Por Silvan Aragão
Aracaju
SERGIPE
BRASIL
POLITEÍSMO
EM JUDEUS E EM
CRISTÃOS
Bacharel em Administração, aposentado do Banco do Brasil, membro do NEPE
(Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho) Bittencourt Sampaio.
O homem primitivo observava os astros e os
fenômenos naturais (furacões, terremotos, trovões
etc.) e, não os entendendo, deduzia serem provocados
por alguém muito maior e mais forte do que ele,
por uma potência sobrenatural. Daí um deus para
cada fenômeno e à sua imagem e semelhança em
termos de personalidade.
Cercados por povos politeístas (egípcios, sumérios,
assírios, babilônios, gregos, romanos e cananeus),
os judeus são os primeiros a propalarem a
crença em um único Deus. Mas, sobretudo, um Deus
transcendente e imanente, criador de todas as coisas,
inclusive dos deuses de seus vizinhos (estátuas, sol,
animais, trovão etc.).
Jesus, no seio dos judeus, aprimora o entendimento
do Criador, revelando um Pai – a sociedade era
patriarcal (Mt.6:9), justo (Mt 5:45), misericordioso (Lc
6:36), perfeito (Mt 5:48), bom (Mt 7:11), Espírito (Jo
4:23). Logo, todo cristão é monoteísta. Será?
Em Pensamento e Vida (Emmanuel/Chico Xavier,
cap. 1), vemos que é a emotividade (sentimento)
que inspira o pensamento e esse define a fala (Mt
15:11 - o que sai pela boca) e a atitude. Dessa forma,
o sentimento pauta o nosso comportamento.
Acontece que vemos judeus e cristãos (católicos,
protestantes ou espíritas) colocarem todo o seu
coração (= sentimento) em: ídolos (políticos, popstars,
musas etc.); sexo (a vida em função de); time
de futebol (disposição para matar e morrer); gurus
(a exemplo do Jin Jones); dinheiro/bens materiais;
nada obstante a advertência de Jesus: “Pois, onde
está o teu tesouro, ali estará também o teu coração”
(Mt 6:21). Os tesouros materiais corroem ou são roubados
(Mt 6:19). Já os tesouros espirituais (virtudes)
são imperecíveis (Mt 6:20). Por isso, importa-nos
mais SER do que TER.
Aqui se aplica, também, outro grande ensinamento
do Mestre: ninguém pode servir/amar a dois
senhores (Mt 6:24). O livro Deuteronômio, do Velho
Testamento, segundo a Bíblia de Jerusalém foi escrito
por volta de 620 a.C. e dele constam Leis atribuídas
a Moisés sob inspiração divina, e em seu capítulo 6,
versículo 5, consta: “Portanto, amarás a Iahweh teu
Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e
com toda a tua força”. Perguntemo-nos: onde estamos
colocando nosso coração? Quando direcionamos
toda a nossa energia em um projeto de aquisição
de uma casa de praia, na viagem dos sonhos, num
cargo profissional etc., muitas vezes não damos a
devida atenção à religiosidade, à família, às artes, ao
por do sol...
E a literatura espírita é farta quando revela a
enorme dificuldade que materialistas passam quando
desencarnam e quando na erraticidade, apegados
aos bens materiais (inclusive o próprio corpo de
carne) e sofrendo com o desfazimento por traça, corrosão,
furto ou dilapidação deles. Tais bens têm no
tempo um grande inimigo, enquanto as virtudes um
valioso aliado, uma vez que, à medida que ele passa
elas se aprimoram. Elas, sim, que de fato são incorporadas
ao nosso Espírito e jamais o deixam porque
ele não retrograda (¹).
Por fim, instiga-nos Jesus: “Porquanto, que benefício
terá o homem se ganhar o mundo inteiro, e
sua alma sofrer perda?” (Mt 16:26).
(¹) O Livro dos Espíritos, KARDEC, Alan; questão 118.
12 Atração_ agosto de 2021