edição 207 impresso pdf - Jornal Copacabana
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um jeito diferente de fazer jornal de bairro ANUNCIE: 2549-1284 / copa@jornalcopacabana.com.br 17<br />
A primeira linha telegráfica<br />
O telégrafo foi inventado por Samuel<br />
Morse (1791/1872) e inicialmente foi aplicado<br />
na incipiente rede ferroviária inglesa. A<br />
primeira ferrovia a utilizá-lo foi a Great Western<br />
Railway, em 1839, na Inglaterra. O movimento<br />
dos trens aumentou muito com a introdução<br />
do mesmo, pois por seu intermédio,<br />
podia-se avisar as estações o trechos livres.<br />
Antigamente, para as comunicações a<br />
distância, só havia, no Brasil, o recurso do telégrafo<br />
ótico, cuja aplicação mais importante<br />
era – como no Rio de Janeiro – a de avisar por<br />
meio de sinais convencionais os navios que<br />
demandavam o porto ou dele saíam. Haviaos,<br />
também, na Bahia, Pernambuco, Ceará,<br />
Maranhão e Santa Catarina, para comunicação<br />
com as fortalezas.<br />
Em meados do século XIX, diante das<br />
grandes dificuldades para se fazer chegar às<br />
autoridades locais, com rapidez, ordens e instruções<br />
de modo a impedir o desembarque de<br />
africanos em vários pontos do litoral, burlando<br />
a lei do tráfico, lembrou-se o Ministro de<br />
Estado dos Negócios da Justiça, Dr. Eusébio<br />
de Queirós Coutinho Matoso da Câmara,<br />
de estabelecer entre nós o telégrafo elétrico,<br />
baseado nas propriedades do eletroímã, que<br />
estava sendo experimentado cm bons resultados<br />
em algumas cidades da Europa. Nesse<br />
sentido, consultou o lente da Escola de Medicina<br />
do Rio de Janeiro, Dr. Paula Cândido,<br />
a respeito da execução desse projeto. As primeiras<br />
experiências deviam realizar-se entre o<br />
quartel da polícia, na rua dos Barbonos (hoje<br />
Evaristo da Veiga), e o posto semafórico existente<br />
no antigo Morro do Castelo. Os aparelhos,<br />
que eram do sistema do físico francês<br />
Luís Breguet, foram obtidos por empréstimo<br />
pelo Coronel Polidoro Quintanilha da Fonseca<br />
Jordão, comandante da polícia, da antiga<br />
Escola Central (Engenharia), cuja cadeira de<br />
física era regida pelo professor Guilherme<br />
Schüch de Capanema e serviam ao estudo da<br />
eletricidade aplicada.<br />
O material foi preparado do modo que as<br />
circunstâncias permitiam: fio de cobre envolto<br />
em seda embebida em resina e isoladores<br />
de fundo de garrafas.<br />
Alguns dias depois, o Coronel Polidoro<br />
devolveu ao Dr. Capanema a aparelhagem,<br />
dizendo-lhe: - “Tome lá as suas máquinas,<br />
que não prestam...”.<br />
O Dr. Capanema colocou, então, um aparelho<br />
sobre a mesa defronte ao coronel, levando<br />
outro para uma sala vizinha. Ligou-os por<br />
um fio que, saindo por uma janela, rodeou as<br />
salas e entrou por outra. Explicou ao coronel<br />
o modo de ler o alfabeto do físico norte-<br />
americano Samuel Morse e a maneira de por<br />
em movimento o manipulador. Daí a pouco,<br />
ele estava soletrando algumas palavras que o<br />
ponteiro ia marcando; depois, tomando a manivela,<br />
deu a resposta.<br />
Diante disso, a aparelhagem voltou de<br />
novo ao quartel da rua dos Barbonos. O Coronel<br />
Polidoro solicitou, então, ao Dr. Capanema,<br />
que fosse com ele à casa de Eusébio<br />
de Queirós. Recebidos pelo Ministro, foi-lhes<br />
pedida uma relação do material julgado necessário<br />
às experiências. – “Amanhã sai um<br />
vapor para a Europa. Mande-me nota do que<br />
necessitam”.<br />
Seis meses depois, chegava o material. O<br />
Dr. Capanema despiu a casaca de professor e<br />
tornou-se simples operário, dando começo à<br />
construção da primeira linha, desde os terrenos<br />
do Paço Imperial, na Quinta da Boa Vista,<br />
ao edifício do Quartel-General, no Campo<br />
de Santana. Nesse trabalho de abrir sulcos<br />
de um a outro extremo da cidade (a linha era<br />
subterrânea), o Dr. Capanema contou com a<br />
ajuda dos acadêmicos da Escola Central José<br />
Joaquim de Oliveira, Ernesto Gomes Moreira<br />
Maia e Bento José Ribeiro Sobragy, além de<br />
alguns presos da Casa de Correção. Enquanto<br />
isso, futuros telegrafistas foram instruídos,<br />
disso se encarregando o próprio Dr. Capanema.<br />
Finalmente, a 11 de maio de 1852 inaugurou-se<br />
precariamente o serviço, trocando-se<br />
telegramas entre o Imperador D. Pedro II, na<br />
Quinta da Boa Vista, e Eusébio de Queirós e<br />
Capanema, que estavam no Quartel-General.<br />
Dois anos depois, a 30 de janeiro de 1854,<br />
noticiava o <strong>Jornal</strong> do Commércio que o Governo<br />
resolvera estabelecer linhas telegráficas,<br />
ligando a estação central, que era no Ministério<br />
da Justiça, com todas as Secretarias de<br />
Estado e, também com Petrópolis.<br />
Em 1861, usava-se o aparelho ABC com<br />
mostrador acionado por meio de pilhas, do<br />
construtor Breguet. Mais tarde, foram utilizados<br />
os aparelhos eletromagnéticos “Siemens”<br />
e “Wheatstone” e outros. Antes da inauguração<br />
da Estrada de Ferro D. Pedro II, em 1858,<br />
a empresa já mantinha, em 1856, uma escola<br />
prática para habilitar seus empregados nesse<br />
novo ramo de serviço. Em 1871, quando foi<br />
iniciada a utilização dos aparelhos “Morse”,<br />
rapidamente as linhas telegráficas se estenderam<br />
por todas as estações e, no relatório de<br />
1879, já se assinalavam 54 estações dotadas<br />
do novo equipamento. Em 1882, foi inaugurada<br />
uma escola telegráfica, no 2º. pavimento da<br />
Estação Central, de onde saíram, a cada ano,<br />
turmas de telegrafistas capacitados.<br />
LC Contabilidade<br />
Tel.:<br />
2547-6928<br />
lcmarcolino@hotmail.com