01_TNSC_T20-21_La-Wally_Programa-Digital
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
#SÃO
CARLOS
VOLTA A
SUA CASA
EDIÇÃO ARQUIVO 2020-21
TRANSMISSÃO ONLINE
31 JAN 2021 às 16H
Ópera
LA WALLY
de ALFREDO
CATALANI
SAOCARLOS.PT
#CULTURAÉIMAGINAÇÃO
Ópera
gravada a
14 OUT 2020
04
FICHA ARTÍSTICA
05
DE RELANCE
08
A MINHA VIDA
DAVA UMA ÓPERA
ITALIANA
Sérgio Azevedo
21
LIBRETO
143
BIOGRAFIAS
LA WALLY
Alfredo Catalani
[1854–1893]
DRAMA MUSICAL EM 4 ATOS
VERSÃO DE CONCERTO
Música ALFREDO CATALANI
Libreto LUIGI ILLICA [1857–1919]
O libreto é baseado no romance, Die Geier-Wally,
de Wilhelmine Von Hillern [1836-1916].
DIREÇÃO MUSICAL
Antonio Pirolli
WALLY
Zarina Abaeva
GIUSEPPE HAGENBACH
Azer Zada
VINCENZO GELLNER
Luis Cansino
WALTER
Joana Seara
STROMMINGER
Luiz-Ottavio Faria
AFRA
Patrícia Quinta
ALMOCREVE
Nuno Dias
Coro do Teatro
Nacional de
São Carlos
MAESTRO ASSISTENTE
Kodo Yamagishi
Orquestra
Sinfónica
Portuguesa
MAESTRINA TITULAR
Joana Carneiro
DIRETOR DE ESTUDOS MUSICAIS
E DRAMATURGIA
João Paulo Santos
MAESTROS CORREPETIDORES
Joana David
Nuno Margarido Lopes
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
4
LA WALLY
De Relance
ATO I
ATO II
Tra la la! Bravo Gellner!
(GELLNER, STROMMINGER, CORO)
“Canzone Dell'Edelweiss”:
Un di, verso il Murzoll
(WALTER, GELLNER, STROMMINGER, CORO)
Coro: Son cacciator che tornan!
(CORO)
Su per l'erto sentier
(WALTER, HAGENBACH, GELLNER
STROMMINGER, CORO)
Coro: Entro la folla che
intorno s’aggira
(WALTER, HAGENBACH, GELLNER,
ALMOCREVE, CORO)
Quarteto: No! Coll' amor tu
non dei scherzar
(WALTER, AFRA, HAGENBACH, ALMOCREVE)
Eccola qua! La bella
creatura!
(WALLY, WALTER, AFRA, HAGENBACH,
ALMOCREVE, CORO)
Chi osò levar sul padre mio
la mano?
(WALLY, HAGENBACH, STROMMINGER, CORO)
Hagenbach? L'aborro!
(WALLY, GELLNER, STROMMINGER)
Aria: Ebben? … Ne andrò
lontana
Sei tu?! Son io
(WALLY, GELLNER)
Che brami, Wally?
(WALLY, WALTER, AFRA, HAGENBACH, CORO)
Ländler: Gia il canto fervido
(WALLY, HAGENBACH, ALMOCREVE, GELLNER,
CORO)
(WALLY)
Ad ora così tarda
(WALLY, WALTER, CORO)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
6
ATO III
ATO IV
PRELÚDIO
PRELÚDIO
Fa cor, Wally!
(WALLY, WALTER, ALMOCREVE, GELLNER)
Luogo sicuro questo non è più
(WALLY, WALTER)
L'Hagenbach qui?
(WALLY, GELLNER)
Eterne a me d'intorno
(WALLY, WALTER)
Buio è il sentier
(WALLY, AFRA, HAGENBACH, GELLNER, CORO)
Wally! Wally!
(WALLY, HAGENBACH)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
7
A MINHA
VIDA DAVA
UMA ÓPERA
ITALIANA
Sérgio Azevedo
MUSICÓLOGO
A carreira musical de Alfredo Catalani (1854-1893), cortada
cerca aos 39 anos, pela «doença do século», a tuberculose,
foi um acumular de má sorte, por um lado,
e de algo que, tal como o Destino (e até isso é sorte, ou
azar), não se pode prever nem controlar: o talento ao
invés do génio.
Má sorte pela doença, que o terá impedido de deixar
obras-primas, embora na idade em que faleceram,
Schubert (31 anos), Mozart (35 anos), e Chopin (39 anos),
nos tenham deixado centenas de obras incomparáveis,
má sorte por ter sido conterrâneo e contemporâneo
de Puccini (ambos de Lucca, sendo Puccini apenas 4
anos mais novo), má sorte por Ricordi, o pré-equivalente
italiano de Diaghilev na descoberta e manutenção
de reputações operáticas, o ter abandonado ao mesmo
tempo que defendia, com o seu faro quase infalível, um
jovem Puccini ainda não evidentemente genial (apoio
que seria decisivo para a carreira de Puccini), má sorte
por estar entalado entre Wagner e Verdi, de um lado, e
Puccini do outro, com os «veristas» no meio, e má sorte
ainda por a sua estética não ser nem verista nem moderna,
mas algo indefinido, algures entre um neo-romantismo
germanizante, e um italianismo vernacular,
mas algo serôdio que, ainda assim, é inseparável de todos
estes compositores, pesem as influências que na
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
9
altura chegavam a Itália, não só a de Wagner, mas também
a da escola francesa moderna, começando com
Bizet e passando por Massenet, mais tarde com Charpentier
e até com Debussy.
A somar a esta má fortuna, do homem errado na altura
errada, Catalani é a estranha soma de um talento musical
evidente e uma técnica orquestral inegável, com
uma impotência terrível no mundo da ópera tradicional:
a sua incapacidade de escrever uma – ao menos
uma! – ária icónica. Os seus contemporâneos, exceto
Puccini (e já não falo do velho Verdi, nem sequer de
Wagner que, mesmo contando com o seu estilo vocal
mais «arioso» e semi-orquestral, nos deixou, ainda assim,
muitas belíssimas e memoráveis melodias!), sofreram,
de certa forma, do mesmo mal. Quer Ponchieli,
quer Mascagni ou Leoncavallo, foram autores de uma
única ópera bem-sucedida, e de apenas uma (vá lá,
duas) ária memorável. Mas essa única ária foi suficiente
para assegurar a pelo menos uma das suas obras, um
lugar permanente no repertório. Alguém hoje se lembra
de mais alguma coisa de Leoncavallo a não ser da
pungente «vesti la giubba» da ópera Pagliacci? De todas
as árias consideradas como pilares do repertório operático,
e pese embora a sua beleza, «Ebben! Ne andrò
lontana», de La Wally, a única ópera de Catalani que se
pode considerar ainda válida nos palcos de hoje em
dia, é, talvez, a menos conhecida de todas, e desafio a
maioria dos amantes de ópera a lembrarem-se sequer
de como começa. Porém, todos assobiamos as árias da
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
10
Carmen, ou de La bohème… e podemo-nos lembrar aqui
do que dizia Mozart, esse grande melodista e compositor
de óperas geniais, sobre a importância da melodia,
comparando-a com a sabedoria de quem só conhece
as regras do contraponto (=técnica académica) mas é
incapaz de escrever belas árias:
«A melodia é a essência da música. Comparo um
bom melodista com um bom cavalo de corrida, e
os contrapontistas a velhas pilecas; assim […] não
te esqueças do velho provérbio italiano: Chi sa più,
meno sa – Quem mais sabe, menos sabe»
De tal forma era Catalani escravo deste bloqueio melódico
que mesmo «Ebben?... Ne andrò lontana» teve de
ser repescada de uma sua canção anterior («Chanson
Groënlandaise», 1878), pois se não, La Wally corria o risco
de nem sequer uma ária principal conter.
Este handicap de Catalani, que tinha tudo para ser
bem-sucedido, arrastou-se ao longo dos seus 39 anos
de vida, tempo mais que suficiente para escrever seis
óperas e várias obras sinfónicas, o que invalida a tese
de que o compositor «não teve tempo de expandir os
seus talentos» (ideia de Toscanini que foi extremamente
chegado a Catalani, e um dos poucos a batalhar
– ingloriamente – pela sua obra). Também não se
pode atribuir a falta de melodia à influência de Wagner,
visível sobretudo nos interlúdios sinfónicos (in-
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
11
fluência ainda assim mitigada, que tanto pende para
Wagner como para Verdi), e na escolha dos temas e
locais do enredo (a Natureza, na forma das montanhas
do Tirol, os elementos físicos, como a neve, o
carácter intimista e, por vezes, místico, a importância
da orquestra, tudo características do Romantismo
alemão que já se encontram em Beethoven e Weber…).
Não. Como disse uma vez um musicólogo (de quem
não recordo o nome) «La Wally é a obra-prima de Catalani,
mas não é uma obra-prima».
Então, valerá ainda a pena ouvir esta obra? A resposta
é «sim», e este sim prende-se com o facto de, na realidade,
a música ser realmente muito boa, a orquestração
imaginativa e funcional, a escrita vocal e coral plenamente
entusiasmantes, e o todo revelar porque foi
Catalani considerado, durante algum tempo, a maior
promessa da ópera italiana no período pós-Verdi, que
já se adivinhava no horizonte. A ação e a música que a
acompanha raramente falham no propósito de agarrar
o ouvinte, e mesmo a tão citada dificuldade de
encenar esta ópera devido à espetacular morte da
protagonista na avalancha final não pega hoje em dia
como dissuasor da levada à cena de La Wally, quando
temos meios multimédia, trabalho de iluminação,
projeções digitais e toda uma parafernália técnica que
facilmente resolvem essa questão cénica. Ou seja, enquanto
ouvimos, e vemos a ópera, tudo corre bem, e as
suas duas horas passam depressa.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
12
É quando saímos do teatro que percebemos que, de
todas as belezas que ouvimos, nenhuma praticamente
ficou na memória. Não saímos a trautear, ainda entusiasmados
pelo que escutámos, «Toréador, en garde,
toréador, l’amour l’amour t’attend», mas saímos antes
com a sensação de que passámos duas horas a ouvir
boa música e um bom espetáculo que, «hélas», não nos
deixará memórias específicas e duradouras. De um
ponto de vista que retire árias icónicas da equação, La
Wally é muito superior a, por exemplo, Pagliacci ou a La
Gioconda, e até ganha, a meu ver, em ser feita em versão
de concerto, pois concentramo-nos mais na música e
menos na «distração» cénica.
Porém, o público não se importa de esperar meia-
-hora por «Vesti la giubba» e de estar sentado mais
outra meia-hora sem nada de muito mais relevante
para ouvir em Pagliacci. O fascínio da ária na ópera
italiana é fulcral para o sucesso desta, e Ricordi, o
editor e ex-protetor de Catalani, sabia-o bem, e foi
(provavelmente) por perceber essa incapacidade de
Catalani segurar o seu público com esse momento de
catarse melódica que o abandonou à sua sorte.
Se, porém, a música de Catalani padece dessa falta de
sentido do entretenimento popular, já a sua relação
com Ricordi, Toscanini e, principalmente, a sua relação
com o odiado rival Puccini, daria uma boa ópera verista,
ou uma boa tragicomédia italiana, na linha de um
Totò. Ou talvez Fellini, na linha do seu amargo Ensaio de
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
13
Orquestra, a pudesse ter filmado!
O ódio a Puccini parece ter sido unilateral, e tardio,
uma vez que ambos se frequentaram amigavelmente
na juventude, e que Puccini declarou várias vezes o seu
interesse pela obra do colega mais velho, então a grande
esperança da ópera italiana. Sobre a ópera Dejanice,
de Catalani, escreveu Puccini numa carta para casa:
«O público em geral não entra em êxtase no que
toca a esta ópera, mas penso que, artisticamente
falando, é uma bela obra, e se a repetirem, irei
ouvi-la novamente»
A deterioração das relações deu-se após os primeiros
sucessos de Puccini e o abandono de Catalani por
Ricordi, e foi, compreensivelmente (ou não tem sido a
ópera, desde sempre, o terreno mais fértil para todas
as intrigas, paixões, invejas e ciúmes?), motivado pelo
sucesso mais rápido de um colega mais novo, nascido
na sua própria terra, e pela doença fatal que lhe amargava
o coração (pois não era apenas de Puccini que
Catalani se queixava e sentia ciúmes, embora este, por
ser o mais bem-sucedido de todos os colegas, fosse o
alvo preferencial).
Os ciúmes de Catalani, que acusou várias vezes Puccini
de o plagiar (e é certo que este foi buscar, como todos os
compositores, algumas ideias a outros colegas, incluin-
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
14
do Catalani, mas Catalani e os seus amigos exageraram
fortemente as insinuações que fizeram) também terão
tido alguma relação com os elementos comuns a ambos
os compositores, nomeadamente, e segundo Mosco
Carner (na sua excelente biografia de Puccini datada de
1958) a propensão dos dois toscanos para uma melancolia
supostamente típica da sua terra natal. E todos sabemos
que não há guerra pior do que a de entre irmãos:
«[…] esta melancolia, evidente na sua povera faccia
– tão bem conhecida dos seus íntimos – na velada
e distante mirada dos seus olhos e nos cantos
descaídos dos seus lábios. Tem sido sugerido que
esta é a característica tristeza Toscana, la mestizia
Toscana. O seu amigo e conterrâneo de Lucca,
[Alfredo] Catalani, mostrava-a também – no seu
semblante e na sua música, a qual é marcada por
uma expressão de delicado desespero.»
As opiniões de Catalani sobre Ricordi e mesmo sobre
o velho Verdi, ambos apoiantes de Puccini como o «sucessor»
do grande mestre, não deixaram de magoar
alguém que, até há pouco tempo, era considerado o
futuro da arte da ópera em Itália, pedestal que rapidamente
caiu com o advento do «Verismo» e com a estrela
fulgurante de Puccini. Confessa-se desta forma Catalani
numa carta a um amigo íntimo:
«Estou a dizer-te estas coisas em confidên-
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
15
cia, porque és meu amigo íntimo; mas de ti,
meu caro, não consigo esconder a amargura
que sinto no coração quando vejo o que está
a acontecer, e assusta-me o meu futuro, agora
que só existe um editor [Ricordi], e que esse
editor não quer saber de mais ninguém a não
ser de Puccini. Sabias que até o próprio Verdi
[…] interveio, de modo a que Edgar [a 2.ª ópera
de Puccini] fosse repetida este ano no La
Scala […]? Tudo isto me parece absurdo…; mas
é evidente que tem de ser assim, porque nestes
nossos dias, as “dinastias” reinam mesmo no
âmbito da arte, e eu sei que Puccini “tem” de
ser o sucessor de Verdi… o qual, como um Bom
Rei, convida o “Príncipe Herdeiro” para jantar!
Oh, que comédia é o Mundo, e que horrorosa
comédia! E como estou farto disto tudo!»
Uma das últimas cartas de Catalani, escrita já às portas
da morte, a propósito do primeiro grande sucesso
de Puccini, Manon Lescaut, termina a «tragicomédia» de
forma pungente:
«Milão, 28 de fevereiro de 1893:
O ar daqui está saturado de um entusiasmo extraordinário
por Puccini [“Puccinianismo”]. Todos
os jornais e todos os teatros estão a seu favor. Sortudo
do Puccini, que soube plantar firme os seus
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
16
pés na terra. Eu, ainda não o consegui. La Wally
devia ter sido cantada em Brescia este ano, mas
em vez disso… Juro-te que só me queixo da parcialidade
mostrada por Ricordi. Devia haver espaço
para todos neste mundo, mas não é essa a visão
da Casa [Ricordi].»
Podemos então, agora que todos os intervenientes estão
mortos, e o tempo que passou já é suficiente para
termos ideia do valor intrínseco das obras, tentar avaliar
os méritos relativos e absolutos de La Wally e de
Alfredo Catalani. Toscanini, que também respeitava
Puccini, foi no entanto o grande defensor de Catalani,
que possivelmente considerava o melhor dos dois. Não
obstante o seu fervor prosélito (que o levou a chamar
a sua primeira filha de «Wally»…), gravou apenas alguns
interlúdios orquestrais das óperas, e se bem que tenha
conseguido levar La Wally ao palco do Met em 1909,
nunca conseguiu garantir a sua permanência no mesmo,
e somente em 1952 gravou excertos dessa ópera.
Também Mahler mostrou grande entusiasmo por Dejanice
(1883), tendo, aliás, sido o primeiro grande nome
do meio musical a reconhecer o potencial de Catalani.
Então, e além da já mencionada falta de habilidade melódica
do compositor, da sua doença, e da competição
do «Verismo» e de Puccini (não suficientes para, só por
si, o deixarem cair no esquecimento), o que é que correu
mal? Penso que a resposta é a que Catalani já dera
a si próprio: Ricordi.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
17
Como Diaghilev mais tarde nos Ballets Russes (lembremo-nos
da competição Stravinski / Prokofiev), o empresário
italiano podia fazer e desfazer reputações a
seu bel-prazer, e manter uma carreira à tona ou afundá-la,
sendo, para mais, o maior, e quase omnipotente,
editor italiano de ópera.
Recordemos que uma ópera é um empreendimento
perigoso para um compositor. Necessita de vários
colaboradores, demora meses a escrever, a ensaiar e
a montar, o custo de fazer os materiais é alto e, ontem
como hoje, não era nada fácil conseguir os favores do
palco no meio da feroz competição da época. Na verdade,
uma casa editora e um teatro que montam uma nova
ópera, ou um estúdio que lança um filme de grande
orçamento, correm um grande risco. Se, depois de tanto
trabalho e dinheiro gasto na produção, esta não se
mantém mais do que dois ou três dias em cena e o seu
insucesso afasta outros potenciais interessados em a
montar, se a crítica a arrasa, e o público se desinteressa,
uma casa editora pode ruir somente com o passivo
acumulado de uma ou duas más produções, mesmo
uma casa poderosa como já era a Ricordi.
Não haveria também, certamente, muitos fundos de reserva
para apostar em simultâneo em vários compositores,
a maioria dos quais, pela estatística da história
da ópera, não seriam mais do que fracassos ou meios-
-sucessos. Assim, é natural que o «faro» quase infalível
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
18
de Ricordi, a que se juntou a boa opinião (bastante rara)
de Verdi sobre esse jovem promissor que era Puccini,
convergissem para que Catalani, que até aí somente
conseguira semi-êxitos ou fracassos, fosse abandonado
em favor de Puccini que, acertadamente, veio a dominar
a música italiana de entre o final do século XIX e
as primeiras duas décadas e meia do século XX. E isso
foi o fim de Catalani, como o foi de Franco Alfano, de
Riccardo Zandonai e de tantos outros que tentaram a
sua sorte, por vezes unicamente, nesse que é o género
mais ingrato de todos: a ópera.
Hoje em dia, estamos mais conscientes das virtudes
e dos defeitos de La Wally, e das restantes óperas de
Catalani, e da comparação que podemos fazer com
as obras suas contemporâneas, para recolocar este
quase ignorado compositor no lugar que lhe é devido.
Se, como vimos, a melodia «fácil de lembrar», o hit
melódico não era o seu forte, se inclusive precisou
de repescar a sua melodia mais conhecida para La
Wally, também é certo que os quatro prelúdios orquestrais
desta ópera são de uma extrema delicadeza
de expressão, numa linha que, vinda de Verdi,
vai passar por Puccini e continua em tempos mais
recentes na obra de compositores de cinema, como
Nino Rota ou Ennio Morricone, para quem estes antecessores
são a máxima inspiração. Também me
parece evidente que a escrita coral, o movimento
das cenas, a continuidade e o interesse musical são
constantes, e que tudo isso assegura um bom espe-
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
19
táculo, mesmo sem a profusão melódica que Mozart,
Puccini, Bizet ou Verdi conseguiam obter.
A orquestração é sempre clara e eficaz, e evita – dada
a influência de Verdi e Wagner – aquele som amorfo
de «acompanhamento» que tantas vezes «humilha» as
possibilidades da orquestra em favor unicamente do
esplendor das vozes, algo que sucede mesmo nas primeiras
óperas de Verdi, e que se torna confrangedor
em tantas obras veristas ou naquelas que exaltam o
conceito do Bel Canto.
La Wally não é a obra-prima com que Catalani terá
sonhado um dia escrever para derrotar Puccini e
os «veristas», mas é decerto mais, bem mais, do que
simplesmente uma ópera quase desconhecida, cuja
mais-valia parece apenas consistir numa única
ária bonita, mas não tão «assobiável» como as suas
congéneres mais populares.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
20
LA WALLY
Libreto
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
22 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
23
ATTO PRIMO
ATO I
SCENA UNICA
CENA ÚNICA
L’HOCHSTOFF
ALDEIA DE HOCHSTOFF
Largo piazzale ingombro da tavole.
A sinistra la casa dello
Stromminger; a destra l’alpestre
paesaggio sparso di case e di pini.
Nel fondo le altre case
dell’Hochstoff in mezzo alle
quali serpeggiando passa la
strada; poi, più alto, un ponte
che unisce due rupi gigantesche
dominanti l’abisso profondo dove
scorre l’Ache. A capo del ponte
un grande crocifisso dinanzi
al quale pende una lampada. Un
sentiero tortuoso, per curve ora
dolci, ora aspre, tracciato fra
i massi che lo frastagliano,
sale alto, ora scomparendo,
ora apparendo improvvisamente,
e si smarrisce fra le ardite
ineguaglianze del paesaggio.
Nell’ultimo fondo le altissime
vette del Murzoll e del Similaun
coperte di neve. È il vespro.
Um grande largo repleto de mesas.
À esquerda a casa de Stromminger;
à direita a paisagem alpestre com
algumas casas e pinheiros dispersos.
Ao fundo, as outras casas de
Hochstoff por entre as quais
serpenteia uma rua; mais acima,
uma ponte que liga dois penhascos
gigantescos dominando o abismo
profundo onde corre o rio Ache. No
topo da ponte, um grande crucifixo
diante do qual pende uma lanterna.
Uma vereda tortuosa, com curvas
ora suaves, ora acidentadas,
seguindo por entre os rochedos
que o cercam, conduz ao cimo,
ora desaparecendo, ora surgindo
inesperadamente, e desaparece
por entre as irrregularidades
alcantiladas da paisagem. Em
último plano, os cumes altíssimos
do Murzoll e do Similaun cobertos
de neve. É a hora do crepúsculo.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
24
Lo Stromminger festeggia il suo
settantesimo anno; beve in mezzo
ad alpigiani, cacciatori, pastori
e contadini suoi ospiti.
Tavole imbandite, sparse pe ‘l
piazzale. Nel fondo un bersaglio;
Vincenzo Gellner lo abbatte in
onore dello Stromminger con
un ardito colpo di carabina.
Nel fondo del piazzale danzano
allegramente fanciulle e
cacciatori. Gruppi di contandine
stanno loro intorno.
Stromminger festeja os seus
setenta anos, bebe na companhia
de montanheses, caçadores, pastores
e camponeses seus convidados.
Mesas bem servidas, distribuídas
pelo largo. Ao fundo um alvo;
Vincenzo Gellner abate-o em
honra de Stromminger com um
certeiro tiro de espingarda.
Ao fundo do largo raparigas
e caçadores dançam alegremente.
Grupos de camponeses
rodeiam-nos.
Lo Stromminger all’alzarsi della
tela, è seduto; egli è allegro
e un po’ alticcio.
Stromminger ao erguer do pano
está sentado; está alegre
e um pouco «tocado».
STROMMINGER (all’ardito colpo
di Vincenzo Gellner si leva dalla
poltrona e corre a lui abbracciandolo)
Bravo mio Gellner!
STROMMINGER (perante o tiro certeiro
de Vincenzo Gellner, levanta-se da
poltrona e corre a abraçá-lo)
Bravo, caro Gellner!
ALCUNI (sentenziando)
Bel colpo davvero!
ALGUNS (com apreço)
Belo tiro realmente!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
25
STROMMINGER (ironico)
Ho inteso dir che a Sölden v’abbia
un tale che si vanta il più destro
cacciatore...
(indica sorridendo il bersaglio
atterrato da Gellner)
E sdegna alter que’ facili bersagli!
STROMMINGER (irónico)
Ouvi dizer que em Sölden há alguém
que se gaba de ser o mais hábil dos
caçadores...
(aponta sorridente para o alvo
derrubado por Gellner)
E que desdenha alvos fáceis!
GELLNER (cupo)
Sì... l’Hagenbach!
GELLNER (sombrio)
Eu sei... o Hagenbach!
STROMMINGER (ridendo più
fortamente)
Lui proprio... or mi ricordo ch’io ne
conobbi il padre... un orgoglioso...
(vedendo Gellner abbuiarsi in volto,
tronca il suo discorso)
Al diavol l’Hagenbach e quei di
Sölden!
(trascina Gellner a bere
e beve primo)
A te, mio Gellner!
STROMMINGER (rindo mais alto)
Esse mesmo... Agora me lembro que
conheci o pai dele...
Um orgulhoso...
(vendo a expressão sombria do rosto
de Gellner, muda de conversa)
O Hagenbach que vá para o diabo
mais os de Sölden!
(leva consigo Gellner para beberem e
bebe ele primeiro)
À tua, caro Gellner!
ALCUNI (attorniandoli e bevendo)
Bevi!...
ALGUNS (rodeando-os e bebendo)
Bebe!...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
26
ALTRI
Evviva Gellner!
OUTROS
Viva Gellner!
(Un giovanetto entra dalla destra.
È Walter, suonatore di cetra, cantore
di fole e di leggende.)
(Um rapaz entra vindo da direita.
É Walter, tocador de cítara, cantador
de histórias e de lendas.)
STROMMINGER (vedendolo)
Che cerchi, piccol Walter?
STROMMINGER (avistando-o)
Que procuras, meu pequeno Walter?
WALTER (avanzandosi)
La tua Wally...
WALTER (avançando)
A tua Wally...
STROMMINGER (crollando le spalle)
E chi può dirti ov’ella si
nasconda?
Se nella valle... oppur pe’ gli alti
greppi... sovra il ramo d’un pino
o in una tana?
Che brami tu di lei?
STROMMINGER (encolhendo os ombros)
E quem poderá saber onde ela se
esconde?
Se no vale... se nos penhascos dos
cimos... num ramo de um pinheiro
ou numa toca?
Que queres tu dela?
WALTER
Cantiamo insieme.
WALTER
Cantarmos juntos.
STROMMINGER
È un bel mestiere per seccar la
gente!
STROMMINGER
É uma boa função para maçar as
pessoas!
(alcuni ridono)
(alguns riem-se)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
27
WALTER (piccato)
Eppur, se udiste, una canzon
conosco... una canzon sì bella...
WALTER (picado)
E, no entanto, se ouvissem uma canção
que eu conheço… uma canção tão bonita…
DONNE (a Walter pressandolo
da vicino)
Walter, cantala!
MULHERES (para Walter,
incentivando-o, à volta dele)
Walter, canta-a!
WALTER (continuando)
... dell’Edelweiss è la canzone!
È un jodler
mesto, soave, blando...
come un bacio.
WALTER (continuando)
… é a canção do Edelweiss!
É um iodelei
triste, suave, delicado...
como um beijo.
DONNE
Canta!
MULHERES
Canta!
FANCIULLE (pregando)
Canta!
STROMMINGER
Pettegole, tacete!
(a Walter con fare seccato)
Ebben, udiam, codesta meraviglia!
RAPARIGAS (suplicando)
Canta!
STROMMINGER
Calai-vos, tagarelas!
(para Walter com um ar aborrecido)
Pois então, ouçamos essa maravilha!
(Tutti circondano Walter; chi
siede, chi si appoggia alle tavole;
alcuni a gruppi; altri in disparte
soli; Stromminger seduto nella sua
poltrona; Gellner a cavalcioni di una
panca. Walter leva la cetra e canta.)
(Todos rodeiam Walter; que se senta,
apoiando-se numa mesa, formam-se
grupos; outros, mantêm-se à parte
isolados; Stromminger sentado na sua
poltrona; Gellner escarranchado num
banco. Walter pega na cítara e canta.)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
28
WALTER
Un dì, verso il Murzoll, una fanciulla,
per un erto sentiero,
movea il piè leggiero;
lenta ascendendo la montagna
brulla! Giù sussurrava il vento;
parea un lontano pianto tornava
allegro canto
e finiva in lamento!...
Co’ raggi intanto l’avvolgeva il sole
ed ella ognor salia
la solitaria via.
Stavano intorno a lei le nubi sole!
E poiché giunta
fu su l’alto monte
presso alla neve bianca...
la pellegrina stanca...
(Gellner, turbato, si scuote; si allontana
cangiando posto)
(continuando)
Quando fu giunta su, ne’ l’alto
monte presso alla neve bianca...
WALTER
Um dia, pelo Murzoll, uma rapariga,
por uma vereda íngreme,
seguia em passo ágil;
devagar subindo a montanha
agreste!
Ao fundo sussurrava o vento;
mais parecia um pranto distante
tornava-se em alegre canto
e acabava num lamento!...
Já o sol com os seus raios a envolvia
e ela continuava a subir
o caminho solitário.
Em torno dela nada mais que nuvens!
E assim que chegou ao cimo do monte
junto da neve branca...
a peregrina cansada...
(Gellner, perturbado, agita-se; afastase
mudando de lugar)
(prosseguindo)
Quando chegou ao cimo, no alto monte
junto à neve branca...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
29
GELLNER (con voce soffocata)
(Nuova questa canzon, non torna a
me! Altra volta il mio cor per lei batté!)
GELLNER (com voz sufocada)
(Nova esta canção? Não me parece!
Já fez em tempos bater meu coração!)
WALTER
... la pellegrina stanca
sciolse le treccie e chinò il bianco
fronte.
E disse: «O figlia candida di dio,
risplender t’ho veduta giù da la valle
muta,
non l’aspro m’atterrì
lungo pendio!
A te qui son venuta;
esser siccome te, bella desio!»
Ed ecco intorno a lei
livide e strane figlie apparir,
larve sovrumane!
Candide gocce la baciaron in fronte...
e la valanga scosse il vecchio monte!
No, non piangete sulla triste sorte
della sua morte...
Là, della neve ascosa nel candor,
vive mutata la fanciulla in fior!
WALTER
... a peregrina cansada
soltou as tranças e inclinou a fronte
clara.
E disse: «Ó pura filha de Deus,
resplender te vi
do fundo do vale emudecido,
não me demoveu a áspera
e longa encosta!
Quis vir aqui ter contigo;
ser como tu, assim bela, desejo!»
E eis que à volta dela jovens
estranhas e lívidas começam
a surgir, espíritos sobrenaturais!
Gotas imaculadas beijam-lhe a fronte...
e a avalanche sacode o velho monte!
Não, não choreis a triste sorte
da sua morte...
Aí, pela neve oculta na alvura,
vive a donzela transformada em flor!
STROMMINGER
Non c’è che dire!... È veramente bella!
STROMMINGER
Não há que negar!... É realmente bela!
TUTTI
Bella è davver!
TODOS
É bela de verdade!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
30
WALTER (ridendo)
(a Stromminger)
Ebben... È di Wally!
WALTER (rindo-se)
(para Stromminger)
Pois bem... É da Wally!
STROMMINGER (sorpreso)
Toh! Di mia figlia, un canto così
mesto?!
Giammai l’avrei creduto!...
STROMMINGER (surpreendido)
Ná! Da minha filha, uma canção
assim triste?!
Não posso acreditar!...
WALTER (sorridendo trionfante)
Eppur è suo!
WALTER (sorrindo triunfante)
E no entanto é dela!
GELLNER
(Non m’ingannai!... era il suo canto!...
Ohimè, freddo è il tuo cor come la
neve o Wally!)
GELLNER
(Não me enganava!... era a canção
dela!... Ai de mim,
como a neve, frio é o teu coração, Wally!)
(Dal fondo oltre il piccolo ponte,
echeggiano suoni di corni da caccia e
si leva lontano un canto di cacciatori.)
(Do fundo, além da pequena ponte,
ecoam os sons de trompas de caça
e ouve-se ao longe uma canção de
caçadores.)
CACCIATORI (intornamente,
avvicinandosi alla strada
dell’Hochstoff)
Su, cacciator ritorna! Cade il sol
all’orizzonte.
Le nubi l’aquila fende col vol e riede
al monte.
Di roseo colora l’alpe d’intorno.
Echeggi il corno!
CAÇADORES (ao longe, em direção à
rua de Hochstoff)
Vamos, caçador regressa!
Cai já o sol no horizonte.
A águia fende as nuvens com seu voo
e volta ao monte.
A luz rosada tinge
os montes em redor.
Faz soar a tua trompa!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
31
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
32 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
33
DONNE (allegre)
Odi i corni echeggiar.
MULHERES (alegres)
Ouve-se soar as trompas.
UOMINI
Son cacciatori che tornano!
HOMENS
São os caçadores que regressam!
STROMMINGER (colla voce rauca
dell’avvinazzato, sempre seduto)
Ben vengano!
STROMMINGER (com voz rouca de
ébrio, continuando sentado)
Bem-vindos!
DONNE
Di Sölden
sono di certo! Allegro è il loro canto!
MULHERES
São de Sölden certamente!
É alegre a canção deles!
(i cacciatori appaiono a capo del
ponte)
(os caçadores surgem no topo da
ponte)
UOMINI
Eccoli là! Vengono qua!
HOMENS
Ei-los! Vêm para aqui!
DONNE
Già il ponte varcano!
MULHERES
Atravessam já a ponte!
(i cacciatori varcano il ponte, e si
avvicinano all’Hochstoff)
(os caçadores atravessam a ponte, e
aproximam-se de Hochstoff)
TUTTI
È l’Hagenbach!
TODOS
É o Hagenbach!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
34
STROMMINGER (si lascia sfuggire un
gesto di disprezzo, ma volto il capo
e vedendo i cacciatori venirsene
all’Hochstoff, brontola con voce
chioccia)
Colmi i bicchier!
STROMMINGER (deixa escapar um
gesto de desprezo, mas ao voltar
a cabeça e vendo os caçadores
aproximando-se de Hochstoff, ordena
com voz roufenha:)
Esses copos cheios!
CACCIATORI
Ritorna, cacciatore! Il camoscio
abbandona già la vallata, il corno
suona all’impazzata!
Il tramonto colora l’alpe rosea d’intorno.
Echeggi il corno!
CAÇADORES
Volta, caçador! A camurça abandona
já o vale, a trompa soa endoidecida!
O pôr do sol tinge de cor rosada
os montes em redor.
Faz soar a tua trompa!!
(Alla testa dei cacciatori procede
un giovane ardito. Come un trofeo
costui porta, avvoltolata intorno alla
canna della carabina, una pelle di
orso ancora gocciante sangue.
È Giuseppe Hagenbach di Sölden.)
(À frente dos caçadores avança um
jovem de ar ousado. Como um troféu,
traz em volta do cano da espingarda
uma pele de urso ainda a gotejar
sangue. É Giuseppe Hagenbach,
de Sölden.)
STROMMINGER (levandosi con
sforzo e andando loro incontro)
Salute cacciatori!
STROMMINGER (levantando-se com
esforço e caminhando ao encontro deles)
Viva, caçadores!
HAGENBACH, CACCIATORI
E a voi salute!
HAGENBACH, CAÇADORES
As nossas saudações!
STROMMINGER
E fu buona la caccia?
STROMMINGER
E foi boa a caça?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
35
CACCIATORI (mostrando allo
Stromminger la pelle sanguinolente
dell’orso)
Buona assai...
CAÇADORES (mostrando a
Stromminger a pele ensanguentada
do urso)
Muito boa...
HAGENBACH
Guardate qua!
HAGENBACH
Veja isto!
STROMMINGER (da conoscitore)
Chi fece il bel colpo?
STROMMINGER (em tom de conhecedor)
De quem foi este belo tiro?
CACCIATORI
Chi, e lo chiedete?
L’Hagenbach soltanto può tai
colpi menar!
CAÇADORES
Quem? Ainda pergunta?
Só o Hagenbach
consegue disparar tiros destes.
HAGENBACH
Un solo! Al cuore!
HAGENBACH
Um só! Direito ao coração!
(Stromminger guarda muto e
immusonito il segno del colpo,
mentre intorno a lui un mormorio di
ammirazione erompe da tutti.)
(Stromminger observa mudo
e carrancudo a marca do tiro,
enquanto à sua volta um murmúrio
de admiração irrompe de todos os
presentes.)
TUTTI
Degli uccisori d’orsi il premio hai
vinto!
TODOS
Merece o prémio do melhor caçador
de ursos!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
36
ALTRI
Son circa venti bei fiorini d’oro!
OUTROS
São uns belos vinte florins de ouro!
HAGENBACH (siede a cavalcioni di
una tavola volgendo in parte le spalle
senza accorgersene allo Stromminger;
e narra:)
Su per l’erto sentier lentamente
salia...
e me tentava nella lunga via della
caccia il pensier!
Quand’ecco un urlo fendere
l’aer nevoso e, ritto,
a me dinante ecco apparir
codesto orso gigante!
ALCUNI
E allor?
DONNE
Spavento!
ALTRI
Sul sentier?
TUTTI
E allora?
HAGENBACH (senta-se escarranchado
numa mesa de costas voltadas para
Stromminger sem se aperceber disso;
e conta:)
Subia a vereda íngreme
lentamente...
e tentava-me no longo caminho
o pensamento da caça!
Quando de repente um urro fende
o ar nevado e diante de mim
vejo surgir, levantado,
este urso gigante!
ALGUNS
E depois?
MULHERES
Que horror!
OUTROS
Na vereda?
TODOS
E depois?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
37
HAGENBACH
M’arresto! Guato!
L’abisso ho a manca
ed a destra un fossato
e la montagna bianca!
Dunque forza è lottare per la vita
ché già l’orso s’avanza!
E me rafforza e incita la suprema
speranza!
Snudo il coltello m’avvinghio all’irto
vello!
(descrive col gesto e colle parole)
Così! In un laccio
d’un lungo abbraccio!
Colle zanne ei m’afferra ed avido
le affonda
e già il sangue m’inonda...
e già quasi m’atterra...
TUTTI
O supremo momento! E allor?
E allora?...
HAGENBACH (rivolgendo le parole alla
pelle sanguinosa)
O bruno re, perché alla selva oscura
rivolgi il guardo quasi a un mesto
addio?
Perché in un lungo ed ultimo desìo
la tua pupilla si scolora e oscura?...
Va per le valli un urlo di dolor!
HAGENBACH
Paro! Atento!
O abismo à minha esquerda
e à direita um fosso
e a montanha branca!
É pois forçoso lutar pela vida
que já o urso avança!
Mas dá-me forças e me incita
a suprema esperança!
Tiro a faca
e agarro-me àquele pêlo crespo!
(descreve com gestos e com palavras)
Assim! Com o laço
de um apertado abraço!
Ele aferra-me com as presas
e enterra-as com avidez
e já o sangue me inunda...
e já quase me derruba...
TODOS
Ó momento terrível! E depois?
E depois?...
HAGENBACH (dirigindo-se à pele
ensanguentada)
Ó pardo rei, porque volves para a
selva escura
o teu olhar como que num triste adeus?
Por que numa longa e derradeira ânsia
a tua pupila se descora e se tolda?...
Corre pelos vales um urro de dor!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
38
Rantola l’orso e ne’ l’abisso muor!...
(sorride sprezzante, canticchiando un
brano di vecchia canzone)
Non è l’oro, no, che tenta ai perigli il
cacciator... è la gloria che cimenta
gli ardimenti alti del cor!
Arqueja o urso e no abismo morre!...
(sorri desdenhoso, cantarolando um
trecho de uma canção antiga)
Não é o ouro, não,
que atrai ao perigo o caçador...
é a glória que alimenta
a ousadia do coração!
TUTTI
Evviva l’Hagenbach!
TODOS
Viva Hagenbach!
STROMMINGER (interrompendo e
provocante)
Ma si direbbe che gli orsi fur creati
sol per voi!
STROMMINGER (interrompendo e
provocante)
Mas até parece que os ursos foram
criados só para si!
HAGENBACH (volgendosi)
Che dir volete?
HAGENBACH (voltando-se)
Que quer dizer com isso?
STROMMINGER
Che v’è un uom che s’ebbe
molte di queste glorie,
e men iattanza!
STROMMINGER
Que há um homem que ganhou
muitas dessas glórias,
e com menos jactância!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
39
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
40 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
41
HAGENBACH (calmo)
E chi è costui?
HAGENBACH (calmo)
E quem é ele?
STROMMINGER (picchiando colla
mano sul suo petto)
Stromminger!
STROMMINGER (batendo com a mão
no peito)
Stromminger!
HAGENBACH (sorride, sorriso che
finisce coll’esasperare completamente
lo Stromminger che urla)
HAGENBACH (sorri. Um sorriso que
acaba por exasperar completamente
Stromminger que berra:)
STROMMINGER
Sebben vecchio
alla lotta ed alla caccia
polsi e braccia ho forti ancor.
A voi dica la mia faccia l’ardimento
che ho nel cor!
(volgendosi all’Hagenbach e
picchiandogli colla mano sulla spalla)
Ho un consiglio a darti...
STROMMINGER
Mesmo velho
para a luta e a caça
tenho ainda pulsos e braços fortes.
Que vos diga a minha cara
a coragem que tenho no coração!
(dirigindo-se a Hagenbach e dando-lhe
uma palmada no ombro)
Tenho um conselho a dar-te...
HAGENBACH
E qual?
HAGENBACH
E qual é?
STROMMINGER
Non ridere!
Potrei farti arrossir! Se avesser
labbra le spalle di tuo padre potrian
dirti di Stromminger qualcosa...
STROMMINGER
Não te rias!
Poderia fazer-te corar! Se tivessem
lábios, as costas do teu pai poderiam
dizer-te alguma coisa sobre
Stromminger...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
42
HAGENBACH (impallidendo)
Ah! Voi mentite!
HAGENBACH (empalidecendo)
Ah! Está a mentir!
STROMMINGER (fuori di sé gli si
avventa contro urlando)
Dio mi danni! Nessun ha osato
ancora dirmi così!
STROMMINGER (fora de si atira-se a
ele berrando)
Diabos me levem! Nunca ninguém
ousou dizer-me tal
HAGENBACH (afferra lo Stromminger
e lo caccia violentemente sotto di sé a
terra urlando alla sua volta)
Sarò io il primo!
HAGENBACH (agarra Stromminger
e atira-o violentamente ao chão
berrando por sua vez:)
Serei eu o primeiro!
CACCIATORI (quelli dell’Hochstoff
con Gellner accorrono in difesa
dello Stromminger: i cacciatori di
Sölden si frappongono in soccorso
dell’Hagenbach gridando minacciosi)
Guai a chi lo tocca!
Guai!...
CAÇADORES (os de Hochstoff e Gellner
acorrem em defesa de Stromminger;
os caçadores de Sölden interpõem-se
em socorro de Hagenbach gritando
ameaçadores:)
Ai de quem
puser as mãos nele! Cuidado!...
DONNE
Ciel! Che avverrà?
MULHERES
Meu Deus! Que irá acontecer?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
43
(Ad un tratto una strana creatura
irrompe violentamente in mezzo
a quella folla, urtando gli uni,
ricacciando gli altri. È una bizzarra
fanciulla, bizzarramente vestita; ha i
lunghi capelli disordinatamente sciolti
e intrecciati di edelweiss; le braccia
forti, completamente ignude; gli occhi
larghi e profondi pieni di fuoco:
è la Wally!
Vedere suo padre
a terra presso all’Hagenbach,
afferrare costui alle spalle e cacciarlo
con forza lontano così da farlo
barcollare, è un colpo solo.)
(De repente uma singular criatura
irrompe violentamente pelo meio
daquela multidão, empurrando
uns, repelindo outros. É uma
estranha rapariga, bizarramente
vestida; tem cabelos compridos
desordenadamente soltos e enfeitados
com flores de edelweiss; os braços
fortes, completamente desnudados;
os olhos grandes e profundos estão
flamejantes: é Wally! Ao ver o seu
pai no chão aos pés de Hagenbach,
agarra este pelas costas e de um só
golpe empurra-o com força para
longe fazendo-o vacilar.)
WALLY
Chi osò levar sul padre la mano?
WALLY
Quem ousou levantar a mão contra o
meu pai?
HAGENBACH (furioso si volge; ma
vedutosi di fronte una fanciulla,
resta sorpreso dapprima, poi quasi
vergognoso balbetta:)
Primo ei m’offese!
(la Wally ha riconosciuto l’Hagenbach!
Una profonda sensazione di dolcezza
passa nei suoi sguardi; impallidisce e
rimane immobile, muta, sorpresa, gli
occhi suoi fissi nel volto di lui)
HAGENBACH (volta-se furioso; mas
vendo-se diante de uma rapariga,
começa por ficar surpreendido, e
depois quase envergonhado balbucia:)
Ele ofendeu-me primeiro!
(Wally reconhece Hagenbach! Uma
profunda sensação de doçura passa
no seu olhar; empalidece e permanece
imóvel, muda, surpreendida, os olhos
fixos no rosto dele)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
44
STROMMINGER (che si è intanto
rialzato, furioso dice all’Hagenbach:)
Va’ via, accatta brighe!
(ai cacciatori di Sölden)
Non c’è più vin per voi!
STROMMINGER (que entretanto se
levantou, furioso, diz a Hagenbach:)
Vai-te daqui, só arranjas brigas!
(aos caçadores de Sölden)
Não há mais vinho para vós!
HAGENBACH (guardando bieco la
Wally)
Strana creatura!
HAGENBACH (observando Wally de
viés)
Estranha criatura!
CACCIATORI (cercando di condurre
via l’Hagenbach)
Vientene via...
CAÇADORES (procurando arrastar
com eles Hagenbach)
Vamos embora…
STROMMINGER (all’Hagenbach)
Tu?... Non temer! T’aspetta ben più
d’un orso!
STROMMINGER (dirigindo-se a
Hagenbach)
Tu?... Não te aflijas! Espera-te bem
pior que um urso!
HAGENBACH (allontanandosi
trascinato via dai suoi)
Maledetto vecchio che m’hai
costretto a un atto così vile!
HAGENBACH (afastando-se arrastado
pelos amigos)
Maldito velho que me obrigou a uma
ação assim tão vil!
WALLY (con un gesto ferma
l’Hagenbach che si volge sorpreso. La
voce della Wally non è più minacciosa,
ma trema così che si direbbe un
singhiozzo)
Non dir così! Sei giovane... la balda
giovinezza più a perdonar che
all’odio e al maledir è avvezza...
WALLY (com um gesto detém
Hagenbach que se volta surpreendido.
A voz de Wally não é já ameaçadora,
mas treme de tal modo que se diria
um soluço)
Não fales assim! És jovem...
a juventude corajosa
é mais dada a perdoar
do que a odiar e amaldiçoar...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
45
STROMMINGER (adirato)
Che nenia è questa? Taci Wally!
(la spinge verso casa)
STROMMINGER (furioso)
Que treta é essa? Cala-te Wally!
(empurra-a em direção a casa)
CACCIATORI (trascinano via
l’Hagenbach)
Andiamo!
CAÇADORES (arrastando com eles
Hagenbach)
Vamos!
UOMINI
È fuor di sé lo Stromminger!
HOMENS
Está fora de si, o Stromminger!
DONNE
Torniamo...
Torniam! È sera!
MULHERES
Vamos para casa...
Vamos para casa! É noite já!
(E uomini e donne se ne vanno, chi
da una parte, chi dall’altra. La Wally
immobile sulla porta di casa ha
veduto allontanarsi l’Hagenbach
seguendolo co’ gli occhi scomparso,
è rapidamente entrata in casa
Gellner solo è rimasto presso allo
Stromminger.)
(Homens e mulheres saem, uns para
um lado, outros para outro.
Wally imóvel à porta de casa observa
Hagenbach que se afasta, seguindo-o
com o olhar até ele desaparecer, e
depois rapidamente entra em casa.
Apenas Gellner permanece junto a
Stromminger.)
STROMMINGER (come se rispondesse
ad uno sguardo di Gellner)
L’Hagenbach?... L’aborro!
STROMMINGER (como que
respondendo a um olhar de Gellner)
O Hagenbach?... Detesto-o!
GELLNER (strisciandogli vicino)
Che val l’odio del padre... allor che i
figli...
GELLNER (aproximando-se dele)
De que vale o ódio do pai... quando
os filhos...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
46
STROMMINGER
I figli?...
STROMMINGER
Os filhos?...
GELLNER
Non vedeste?
GELLNER
Não viu?
STROMMINGER
Non comprendo!
STROMMINGER
Não compreendo!
GELLNER
Che vostra figlia è innamorata pazza
dell’Hagenbach!
GELLNER
Que a sua filha está loucamente
enamorada do Hagenbach!
STROMMINGER (scosso, livido)
Tu scherzi?
STROMMINGER (chocado, lívido)
Estás a brincar?
GELLNER
O non l’udiste?
Nella sua voce dianzi v’eran lacrime.
GELLNER
Ou não ouviu?
Na voz dela há pouco havia lágrimas.
STROMMINGER
È ver! Che così fosse or mi ricordo!
STROMMINGER
É verdade! Agora me lembro que sim!
GELLNER (con impeto)
Il sol pensier che vostra figlia sposa
esser possa di lui
m’è tal martirio
che maggior non v’ha.
GELLNER (com veemência)
Só a ideia de a sua filha poder ser
mulher dele
é para mim tal martírio
que maior não há.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
47
STROMMINGER (sghignazzando
ironicamente)
Tu mi fai ridere.
Mia figlia? Sposa a lui?
Prima ch’ei l’abbia!
(ad un tratto interrompendosi, colpito
da nuova e subita idea, si avvicina a
Gellner, lo fissa in viso e gli dice:)
Vedo! Comprendo!... Tu l’ami!
(prima che Gellner abbia potuto dire
una parola, il vecchio Stromminger
grida verso la sua casa, chiamando:)
Wally! Wally!...
(la Wally appare sulla porta)
Vincenzo Gellner t’ama!... Sei sua
sposa!
E dentro il mese si faran le nozze.
(lentamente si allontana lasciandoli
soli)
STROMMINGER (sorrindo
ironicamente)
Não me faças rir.
A minha filha? Esposa dele?
Primeiro tem de a vir buscar.
(calando-se de repente, por lhe ocorrer
uma nova ideia repentina, aproxima-se
de Gellner, fixa-o nos olhos e diz-lhe:)
Estou a ver! Já percebi!... Tu ama-la!
(antes que Gellner possa dizer uma
palavra, o velho Stromminger grita em
direção a sua casa, chamando:)
Wally! Wally!...
(Wally aparece à porta)
O Vincenzo Gellner ama-te!… És
noiva dele!
E dentro de um mês estarão casados
(lentamente afasta-se, deixando-os
a sós)
WALLY (calma a Gellner)
Sei tu che domandata hai la mia man?
WALLY (calma, dirigindo-se a Gellner)
Foste tu que pediste a minha mão?
GELLNER (co’ gli occhi a terra)
Ei mi lesse nel core il mio desio...
GELLNER (de olhos no chão)
Ele leu-me no coração esse desejo…
WALLY (avvicinandoglisi)
Gellner ti prego...
WALLY (aproximando-se dele)
Gellner, peço-te…
GELLNER (immobile)
Parla!...
GELLNER (imóvel)
Fala!...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
48
WALLY
Tu sei buono
e un amico ti credo...
WALLY
Tu és bom
e tenho-te por amigo…
GELLNER
Ebben?...
GELLNER
E então?...
WALLY
Rinunzia a me!...
WALLY
Renuncia a mim!...
GELLNER
Perché?
GELLNER
Porquê?
WALLY
Non t’amo!
WALLY
Eu não te amo!
GELLNER
Ebben... che importa?...
T’amo ben io!...
E sei dentro al mio core così
che tutto tuo è il mio pensiero!
(quasi piangendo)
Mi avvolge come un’onda,
un’onda affannosa, Wally, è amor!
A me freme d’intorno un’ebbrezza
profonda!
A questa voce ardente che ci chiama,
o Wally, l’anima tua, deh, schiudi, ed
ama!
E una lunga carezza
e un’ebbrezza infinita
d’eterna giovinezza
sarà la nostra vita!
GELLNER
E então... isso que importa?...
Amo-te eu muito!… E estás no meu
coração de tal modo que a ti pertencem
todos os meus pensamentos!
(quase chorando)
Envolve-me como uma onda,
uma onda anelante, Wally, assim
é o amor!
Tudo à minha volta freme
num êxtase profundo!
A esta voz ardente que nos chama,
Wally, abre a tua alma, ah, e ama!
E uma longa carícia
e um êxtase infinito
de eterna juventude
será a nossa vida!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
49
WALLY (lo guarda negli occhi, fredda,
altera, spiccano le parole)
Non t’amerò giammai... giammai,
m’intendi?
WALLY (olha-o nos olhos, fria, altiva,
destacando as palavras)
Não te amarei jamais... jamais, estás
a ouvir?
GELLNER (stendendo le braccia a lei e
con voce piena di singhiozzi)
Ascolta, Wally...
m’ascolta... ancor ti prego...
GELLNER (estendendo os braços para
ela e com voz soluçante)
Ouve, Wally... ouve-me… volto a
pedir-te…
WALLY
Non t’amerò giammai!
WALLY
Não te amarei jamais!
GELLNER
Ebben ti voglio!
Devi esser mia!
GELLNER
Mas eu quero-te!
Tens de ser minha!
WALLY
Giammai giammai... son libera come
la luce e il vento.
Le tue minacce, o Gellner, non mi
fanno spavento!
Come la rupe d’Oetz è fermo il mio
voler!
WALLY
Jamais, jamais... sou livre
como a luz e o vento.
As tuas ameaças, Gellner,
a mim não me assustam!
Como os rochedos de Oetz,
é firme o meu querer !
STROMMINGER (rientra dal fondo e si
avanza tranquillamente)
Ebbene, o mie colombe?
STROMMINGER (entra pelo fundo e
avança tranquilamente)
E então, meus pombinhos?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
50
WALLY
Udite, o padre!
Non l’amo e non lo voglio!
WALLY
Oiça, meu pai!
Não o amo e não o quero!
STROMMINGER
Non lo vuoi?
STROMMINGER
Não o queres?
WALLY
No ‘l voglio!
WALLY
Não o quero!
STROMMINGER
Wally bada!
STROMMINGER
Wally, atenção!
WALLY
Non lo voglio!
Sgozzarmi sull’altar, più facil cosa a
voi sarebbe.
(con fierezza)
Immutabile son io!
No, non m’avrà giammai!
WALLY
Não o quero!
Sacrificar-me no altar, seria
para si mais fácil.
(com altivez)
Sou inabalável!
Não, jamais serei dele!
STROMMINGER (minacciandola)
Wally!
STROMMINGER (ameaçando-a)
Wally!
WALLY
Giammai!
WALLY
Jamais!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
51
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
52 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
53
(passa fra questi tre personaggi
un momento di silenzio,
lungo, profondo. Il vecchio Stromminger
questa volta sa frenarsi. Rivolto alla
figlia, le dice)
(instala-se entre estas três
personagens, um momento de silêncio,
longo, profundo. O velho Stromminger
desta vez consegue dominar-se. Volta-se
para a filha e diz-lhe:)
STROMMINGER
Vedi? Già cade il dì!
Pria che rintocchi l’Ave Maria ti
accingi ad obbedir!
Oppur... tu te ne andrai!
La casa mia si chiuderà per te...
(a Gellner)
Gellner, vien via!
(entrano in casa)
STROMMINGER
Vês? Cai já o dia! Antes que soe
a Avé Maria prepara-te para
obedecer!
Senão... vai-te daqui! A minha casa
estará fechada para ti...
(para Gellner)
Gellner, vem daí!
(entram em casa)
WALLY (rimane un po’ pensierosa,
poi si scuote, si guarda intorno)
Ebben? Andrò... andrò sola e lontana,
come va l’eco della pia campana...
là, fra la neve bianca!...
Là fra le nubi d’or!
Laddove appar la terra come una
ricordanza...
ove anche la speranza
è un rimpianto o un dolor...
O della madre mia casa gioconda,
la Wally se ne va lontana assai, e
forse a te non farà più ritorno,
né più la rivedrai!
WALLY (permanece um pouco
pensativa, depois reage, olha à sua
volta)
Pois bem. Partirei... irei só e para longe,
como vai o eco do sino sagrado...
além, entre a neve branca!...
Além, entre as nuvens de ouro!
Aí onde a terra
parece como uma recordação...
onde mesmo a esperança
é um pesar ou uma dor...
Ó alegre casa de minha mãe,
a Wally deixa-te e vai para longe,
e talvez que a ti não volte mais,
e não mais a verás!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
54
Ma fermo è il piè! Già la campana pia
suona, partiam che lunga è la mia
via.
Mas é firme o meu passo! Já o
sino sagrado se ouve, vamos que o
caminho é longo.
(Dal fondo scendono, avviandosi
alla chiesula dell’Hochstoff, Pastori e
Contadini, Vecchi e Vecchie. Con loro
è Walter. Nell’attraversare il piazzale
costoro si imbattono nella Wally.)
(Do fundo descem, dirigindo-se para
a igrejinha de Hochstoff, pastores e
camponeses, velhos e velhas. No meio
deles está Walter. Ao atravessarem o
largo cruzam-se com Wally.)
CONTADINE (vedendo la Wally, sola,
tutti si fermano sorpresi)
Ad ora così tarda e così sola,
Wally, dove vai?
CAMPONESAS (vendo Wally, sozinha,
param todos, surpreendidas)
A hora tão tardia e tão sozinha,
Wally, onde vais?
WALLY
Mio padre m’ha cacciata!
WALLY
O meu pai expulsou-me!
WALTER, CONTADINI, CONTADINE
(maggiormente sorpresi)
Tuo padre ti ha cacciata?
WALTER, CAMPONESES, CAMPONESAS
(extremamente surpreendidos)
Teu pai expulsou-te?
WALLY
Vuol ch’io sposi
Vincenzo Gellner...
WALLY
Quer que eu me case
com Vincenzo Gellner...
WALTER, CONTADINI, CONTADINE
Dove te n’andrai?
WALTER, CAMPONESES, CAMPONESAS
Para onde vais tu?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
55
WALLY (fieramente, co’ la fronte alta, e
colla mano ferma,
additando)
Lassù! Sull’erte vette
andrò lontana,
come va l’eco della pia campana...
WALLY (altiva, de cabeça levantada,
e com mão firme apontando para a
montanha)
Lá para cima! Sobre os cimos
escarpados irei para longe,
como vai o eco do sino sagrado...
CONTADINI,CONTADINE
Resta con noi stanotte...
partirai col sole domattina...
CAMPONESES, CAMPONESAS
Fica connosco esta noite... partirás
com o sol pela manhã...
WALLY
Io vuò partire
col sole che tramonta...
Ne l’ardente agonia rimpianta dalle
squille di questa avemmaria...
Ho fretta d’arrivar
laddove stende la libertà
ver me le braccia...
Addio!
WALLY
Quero partir
com o pôr do sol...
Na ardente agonia dolente
dos sinos desta Avé Maria…
Tenho pressa de chegar
aonde a liberdade
me estende os braços...
Adeus!
WALTER
Sola non partirai! No! Tuo compagno
sarò!...
Farem la strada insieme!... Insieme
farem la via!
E canteremo. Addio!
WALTER
Sozinha não partirás! Não! Serei teu
companheiro!...
Faremos juntos o caminho!...
E cantaremos.
Adeus!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
56
(Le campane suonano ancora
l’Ave Maria! È la notte! La Wally e
Walter s’allontanano pe ‘l sentiero.
Pe ‘l piazzale pastori e contadini si
inginocchiano a pregare! La Wally
e Walter scompaiono dietro le case
dell’Hochstoff. Si sentono le loro voci
intuonare la canzone dell’Edelweiss,
perdersi a poco a poco pe ‘l silenzio
della notte. Sul ponte, la lampada del
Cristo è accesa e gitta una tremula
luce rossastra intorno a sè.)
(Os sinos continuam a tocar as
Avé-Marias! É noite! Wally e Walter
afastam-se pelo caminho. Na praça
pastores e camponeses ajoelham-se
a rezar! Wally e Walter desaparecem
por trás das casas de Hochstoff.
Ouvem-se as vozes deles entoar a
canção do Edelweiss, que a pouco e
pouco se perde no silêncio da noite.
Na ponte, a lanterna votiva de Cristo
está acesa e lança em torno uma luz
trémula avermelhada.)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
57
ATTO SECONDO
ATO II
SCENA UNICA
CENA ÚNICA
LA PIAZZA DI SÖLDEN
A PRAÇA DE SÖLDEN
Nel fondo la chiesa alla
quale si accede per un’ampia
gradinata.
Da una parte all’altra,
traversalmente corrono striscie
di tela colorata che ricoprono
la piazza in parte (la parte
riservata alle danze pubbliche).
L’osteria dell’Aquila è a destra.
Le finestre, la porta,
le tavole, le panche, tutto
vi è coperto ed ornato di rami
frondosi e di fiori. Anche
dalle finestre e dai ballatoi
pendono drappi a colori, fronde,
ghirlande. È tutto un paese
vestito di festa! È il Corpus
Domini. La piazza è gremita
di gente; chi va e chi viene;
chi si dà al discorrere; chi
saluta e passa; chi ride; chi si
trattiene a crocchi.
Ao fundo a igreja a que se acede
através de uma ampla escadaria.
De uma ponta à outra,
transversalmente estão
estendidas faixas de tela
colorida recobrindo parte da
praça (a parte reservada ao
baile público). A Estalagem da
Águia fica à direita. As janelas,
a porta, as mesas, os bancos,
tudo está coberto e enfeitado
com ramos e flores. Também das
janelas e das varandas das
casas pendem colchas coloridas,
ramos, grinaldas. É toda uma
aldeia vestida de festa! É o dia
do Corpo de Deus. A praça está
repleta de gente; uns passeando
de um lado para o outro; uns
a conversar, cumprimentam-se e
passam; outros a rirem; outros
que se juntam em pequenos grupos.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
58
Tutti i variopinti e pittoreschi
costumi del Tirolo vivono e si
muovono nella piccola piazza.
Ecco là, il Pedone di Schnals
già seduto davanti ad una enorme
tazza di birra, in mezzo a un
crocchio di giovanotti, che
beve, ride, discute e qualche
volta alla bell’Afra tutta in
faccende (la padrona dell’osteria
dell’Aquila) mormora parole che
eccitano la facile allegria
dei suoi ascoltatori! Là, in
disparte, c’è anche Gellner,
anch’egli vestito a festa, ma
triste, sinistro, taciturno.
Come egli è cambiato in un anno!
(Poiché è passato già l’anno
dalla sera che all’Hochstoff, fu
respinto dalla Wally e costei del
padre messa alla porta.)
Vêem-se todos os trajos garridos
e pitorescos do Tirol passeando
pela pequena praça.
Aí está o Almocreve de Schnals,
já sentado diante de uma enorme
caneca de cerveja, no meio de um
grupo de jovens, que bebem riem,
discutem e, de vez em quando,
sussurram algumas palavras à
atarefada e bela Afra (patroa da
Estalagem da Águia), provocando
o riso espontâneo de quem as
ouve. Mais além, à parte, está
Gellner, também com roupas de
festa, mas triste, abatido,
taciturno. Como mudou num ano!
(Pois que passou já um ano
desde a noite em que foi
repelido por Wally e que
ela foi expulsa de casa
pelo pai.)
ALCUNE FANCIULLE (attraversando
la piazza e sussurrano fra loro)
Entro la folla che intorno s’aggira,
ne’ dì di festa, è bello passeggiar.
ALGUMAS RAPARIGAS (atravessando
a praça e sussurrrando entre si)
Pelo meio da multidão que gira em
volta, nos dias de festa, é um prazer
passear.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
59
ALTRE FANCIULLE (si succedono
gaiamente ridendo)
Là v’è garzon che per me sospira!
OUTRAS RAPARIGAS (vão passando
rindo alegremente)
Olha ali um rapaz que suspira por
mim!
FANCIULLE (additando)
Là ve n’è un altro che mi sta a
guardar!
RAPARIGAS (apontando)
Olha ali outro que está a olhar para
mim!
(al passare delle fanciulle avanti alla
tavola dove siede, beve, sogghigna e
fuma il pedone di Schnals)
(as raparigas passam diante da mesa
onde está sentado, bebe, graceja e
fuma o Almocreve de Schnals)
GIOVANOTTI (osservando)
Ah, inver, s’io mi dovessi ammogliar,
di queste mogli affé non ne vorrei!
Son volubili troppo nell’amar
e una fraschetta in casa non terrei!
RAPAZES (observando)
Ah, a sério, se tivesse de casar,
tais mulheres não queria, juro!
São volúveis de mais no amor
e uma leviana em casa não suporto!
VECCHIE (attraversano la piazza e
si avviano alla chiesa, sogguardano
brontolando le belle ragazze)
Già le campane suonano
e le preghiere echeggiano...
esse dio non ascoltano
ma ridono e cinguettano...
e a nulla, a nulla pensano
che al sol piacer, le frivole...
ed alle vesti e ai bindoli
che intorno a lor svolazzano!
VELHAS (atravessam a praça e
dirigem-se para a igreja, olhando
de viés as belas raparigas e
resmungando)
Já os sinos tocam…
e se ouvem as orações…
Estas não ouvem Deus…
Mas riem e tagarelam…
Em nada pensam, em nada…
senão nos prazeres, e frivolidades…
em vestidos e nos mariolas
que giram à volta delas!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
60
BORGHESI (sorridendo malignamente)
O nonne sagge e venerate…
perché con tanta furia
alla chiesa ne andate?
Tanti anni son passati,
che le colpe e i peccati ...
di vostra gioventù
perfin lo stesso iddi...
già non ricorda più!
BURGUESES (sorrindo maliciosos)
Ó asisadas e veneradas avós…
porquê tanta fúria
a caminho da igreja?
Tantos anos passaram já,
que as faltas e pecados…
da vossa juventude
nem o próprio Deus…
se lembra já deles!
FANCIULLE
Suona la squilla mattutina!
È il dì di festa!
E i bei garzoni veston gai corsetti
e portano berretti...
piumati sulla testa!
RAPARIGAS
Soam os sinos matutinos!
É dia de festa!
E os belos rapazes vestem coletes alegres
e usam barretes… emplumados na
cabeça!
(le vecchie frettolose si avviano alla
chiesa)
(as velhas pressurosas dirigem-se
para a igreja)
UOMINI
Suona la squilla mattutina!
È il dì di festa!
E le ragazze di nastri e d’orpelli
intrecciano i capelli... se ne ornano
la testa!
HOMENS
Soam os sinos matutinos!
É dia de festa!
E as raparigas entrançam no cabelo
fitas e adornos… enfeitam a cabeça!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
61
PEDONE (fumando in una lunga pipa
di porcellana e rivolgendosi ai vicini)
Or, per la via,
ne ho incontrate assai brigate
allegre
e giovinette belle!
ALMOCREVE (fumando um grande
cachimbo de porcelana e falando
para os que estão a seu lado)
Há pouco, pelo caminho, encontrei,
muitos ranchos alegres de
lindas raparigas!
UOMINI (alzandosi)
Giorno è per noi di festa e d’allegria!
Ed è nostro piacere, in compagnia,
ber del buon vin...
le belle corteggiar...
antar... danzar... e amar!
HOMENS (levantando-se)
É para nós dia de festa e de alegria!
É para nós um prazer, em boa
companhia,
beber um bom vinho... as belas cortejar...
cantar... dançar... e amar!
PEDONE (a un tratto si leva, guarda
per la piazza e addita Walter
che tutto in fronzoli se ne viene
occhieggiando, curioso
e un po’ spavaldo, le donne)
Vedetelo venir il piccol Walter
tutto vestito a festa.
ALMOCREVE (levanta-se de repente,
corre a praça com os olhos e aponta
para Walter, que todo engalanado
se aproxima lançando olhares entre
curiosos e atrevidos às mulheres)
Olhai ali vem o pequeno Walter
todo vestido de festa.
VECCHIE, FANCIULLE (scontrandosi
con Walter mentre s’avviano alla
chiesa)
Oh! Il bel corsetto!
VELHAS, RAPARIGAS (cruzando-se
com Walter quando se dirigem para
a igreja)
Oh! Que lindo colete!
UOMINI (beffardi)
Oh! Il piccol seduttore!
HOMENS (trocistas)
Oh! O pequeno sedutor!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
62
PEDONE (ironico a Walter)
O che già fate l’occhietto
moribondo a maritate?
ALMOCREVE (irónico para Walter)
Ai já fazes olhinhos
às casadas?
WALTER (stizzito al Pedone)
Ognun fa quel che più gli piace!
A voi il ber? A me le belle donne e
amar!
WALTER (agastado, para o Almocreve)
Cada qual faz o que mais lhe agrada!
A você beber? A mim as lindas
mulheres e amar!
PEDONE
Or or la tua padrona io m’ho
incontrata che a Sölden se ne vien...
ALMOCREVE
Ainda há pouco encontrei a tua ama
que vinha para Sölden...
WALTER (punto)
Non ho padrone!
WALTER (ofendido)
Eu não tenho amos!
PEDONE (sogghignando)
Eh, via!
Vo’ dir, colei che così ricche vesti ti diè!
ALMOCREVE (com um sorriso trocista)
Ouve lá! Estou a falar daquela que
essas ricas roupas te deu!
WALTER (furente)
La Wally è sol mia amica!
(s’allontana)
WALTER (furioso)
Wally é só minha amiga!
(afasta-se)
(Intanto Hagenbach si è seduto
ad una tavola avanti all’osteria
dell’Aquila. Afra accorre sorridente,
felice. Tutti si fanno intorno
all’Hagenbach; chi gli stringe la mano,
chi lo saluta, chi beve con lui.)
(Entretanto Hagenbach sentou-se a uma
mesa diante da Estalagem da Águia.
Afra acorre sorridente, feliz. Todos
rodeiam Hagenbach; uns apertam-lhe
a mão, outros cumprimentam-no, outros
bebem com ele.)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
63
GIOVANOTTI (continuando il discorso
col Pedone)
Avrem la Wally?
RAPAZES (continuando a conversa
com o Almocreve)
Vem aí a Wally?
PEDONE
Sì;
(con mistero)
ora che il diavolo
ha via portato seco
il vecchio Stromminger,
essa corre le feste e si diverte!
ALMOCREVE
Sim.
(em tom misterioso)
Agora que o diabo
levou consigo
o velho Stromminger,
ela corre as festas a divertir-se!
GELLNER (lanciando un’occhiata
sinistra all’Hagenbach)
(La sciagurata!... qui ne vien per lui!...)
GELLNER. (lançando um olhar sinistro
a Hagenbach)
(A desgraçada!... Vem cá por causa dele!...)
(gli sfugge un gesto di minaccia, poi a
tratto si leva e si perde nella folla)
(esboça um gesto de ameaça, depois
de repente levanta-se e perde-se entre
a multidão)
PEDONE (continua, aizzando i
giovanotti)
Avanti giovanotti!... È un bel partito?...
La mano della Wally è una cuccagna!
ALMOCREVE (continua, incitando os
rapazes)
Força, rapazes!... É um belo partido!…
A mão da Wally vale uma fortuna!
HAGENBACH (con disprezzo)
No! Una moglie così
non la vorrei!
Co lei non per l’amor...
per l’odio è fatta!
HAGENBACH (com desdém)
Não! Uma tal mulher não a queria
para mim!
Aquela não foi feita para o amor...
mas para o ódio!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
64
ALCUNI GIOVANOTTI
(scimiotteggiando Hagenbach)
No! Una moglie così
non la vorrei!...
ALGUNS RAPAZES (macaqueando
Hagenbach)
Não! Uma tal mulher não a queria
para mim!...
PEDONE (malizioso, rimbeccandoli)
L’ho udita dire e ridir che nessun
uomo un bacio sapria torle...
ALMOCREVE (malicioso, retorquindo-lhes)
Ouvi-a dizer e redizer que homem
nenhum consegue um beijo dela...
GIOVANOTTI
L’orgogliosa!
RAPAZES
A orgulhosa!
HAGENBACH (con fatuità)
Vuò rivederla
e... vuò con lei danzar!
HAGENBACH (com presunção)
Quero voltar a vê-la
e... quero dançar com ela!
(Intanto le vecchie e le fanciulle sono
entrate in chiesa.Gli uomini, tornati a
sedersi alle tavole dell’osteria, bevono
e giuocano.)
(Entretanto as velhas e as raparigas
entraram na igreja. Os homens, de
novo sentados às mesas da estalagem,
bebem e jogam.)
AFRA (facendo vicina all’Hagenbach
con voce carezzevole)
No! Coll’amore tu non déi scherzar.
Invan resiste al suo voler il cuor!
Il pianto a ogni pupilla sa
strappar.
No, tu non déi scherzar coll’amor!
AFRA (aproximando-se de Hagenbach
com voz cariciosa)
Não! Com o amor não deves brincar.
Em vão resiste à sua vontade o coração!
Lágrimas a todos os olhos sabe
arrancar.
Não, não deves brincar com o amor!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
65
HAGENBACH
Ah! Rider mi fate! Io tremar?...
È troppo fermo entro il mio petto il
cuor!
Colle orgogliose piacemi scherzar
ma il core ho chiuso alle malie
d’amor!
HAGENBACH
Ah! Fazes-me rir! Eu tremer?...
Tenho muito firme no peito o
coração!
Gosto de brincar com as orgulhosas,
mas fechei o coração aos males de
amor!
WALTER (che è ritornato, udendo parlare
della Wally, esclama in atto di sfida:)
Nessuna saprà la Wally far piegar,
né al labbro un bacio sol torle d’amor!
Ma alle malie d’amor chiuso è il suo
cuor!
Essa ha vaghezza solo di celiar!
WALTER (que voltou, e ao ouvir falar de
Wally, exclama em tom de desafio:)
Ninguém conseguirá fazer ceder a
Wally, nem aos lábios roubar-lhe um
só beijo de amor!
Aos males de amor fechou o coração!
Seu único desejo é divertir-se!
PEDONE (facendo della filosofia)
Ai giovanotti piace lo scherzar!
Badate, ohimè! Che assai scaltro è
amor!
Se alle donna la testa fa girar,
l’uomo che inebria impazza di furor!
ALMOCREVE (pondo-se a filosofar)
Agrada aos jovens brincar!
Cuidado, ai!, que é muito astuto o amor!
Se à mulher dá volta à cabeça,
ao homem que inebriar enlouquece
de furor!
(frattanto, dalle tavole ove ferve il
giuoco, scoppiano lunghe e tumultuose
risate, troncate bruscamente dalla
esclamazione)
(entretanto, nas mesas de jogo
animadas, rebentam risadas
estrondosas, interrompidas
bruscamente pela exclamação:)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
66
WALTER, AFRA, PEDONE
Eccola qua!
WALTER, AFRA, ALMOCREVE
Aí vem ela!
(infatti è la Wally! A questo grido
di sorpresa ne segue un altro di
ammirazione)
(de facto é Wally! A este grito de
surpresa segue-se um outro de
admiração:)
GIOVANOTTI (mormorando)
La bella creatura!
RAPAZES (murmurando)
Que linda ela é!
AFRA (all’Hagenbach che
studiatamente non si volge a
guardare)
E che arie da regina...
E che bel vezzo di perle intorno
al collo!
AFRA (para Hagenbach que
deliberadamente não se volta para a
ver)
E que ares de rainha... E que belo
colar de pérolas
no pescoço!
(la Wally è superbamente bella e
superbamente vestita di una ricca
veste di velluto, ed ha uno splendido
vezzo di perle al collo. Alcune amiche
l’accompagnano)
(Wally está extraordinariamente
bonita e magnificamente vestida
com um belo traje de veludo, e
um esplêndido colar de pérolas.
Acompanham-na algumas amigas)
WALTER (movendole incontro)
Alfin sei giunta!
WALTER (indo ao encontro delas)
Finalmente chegaste!
WALLY (a Walter)
Sei tu, mio Walter?
WALLY (para Walter)
És tu, caro Walter?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
67
GIOVANOTTI (alzandosi)
Benvenuta, Wally, se per danzar tu
vieni...
RAPAZES (levantando-se)
Bem-vinda, Wally, se vens para
dançar...
WALLY (interrompendoli)
E perché no?
WALLY (interrompendo-os)
E porque não?
(Ad un suo cenno, Afra si toglie
dall’Hagenbach e rientra portando
una tazza alla Wally, poi ritorna
presso a Giuseppe. La Wally la segue
coll’occhio, si avvede della presenza
dell’Hagenbach e depone senza bere
la tazza.)
(A um sinal seu, Afra afasta-se de
Hagenbach e regressa com um copo
para Wally, depois volta para junto
de Giuseppe. Wally segue-a com o
olhar, apercebe-se da presença de
Hagenbach e poisa o copo sem o
beber.)
ALCUNI
Dì!... Danzerai con me?
ALGUNS
Diz!... Dançarás comigo?
ALTRI
Poi con me pure?
OUTROS
E também comigo?
WALLY
Io danzerò con chi vorrà il capriccio
pe ‘l piacer di danzar!
WALLY
Dançarei com quem quiser pelo
prazer de dançar!
PEDONE (intervenendo)
Anche la danza del bacio?
ALMOCREVE (intervindo)
Mesmo a dança do beijo?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
68
WALLY (provocante)
So che le fanciulle vostre
nascondon la voglia che han di baci
nell’uso di tal danza!...
Io, no!... E poi...
WALLY (provocante)
Eu sei que as raparigas daqui
disfarçam o desejo de beijos
com essa dança!... Eu, não!... E
depois...
PEDONE
E poi?
ALMOCREVE
E depois?
WALLY
Non facil cosa saria forse strapparmi
un solo bacio!
WALLY
Não seria coisa fácil arrancar-me
um único beijo!
PEDONE (insistente)
E se ciò fosse?
ALMOCREVE (insistente)
E se fosse?
WALLY
Finor non m’han baciata
che i rai del sol e il vento,
la rugiada imperlata,
le stelle in firmamento;
m’ebbi il bacio del fiore;
m’ebbi il bacio del prato;
della neve il candore
il bacio suo m’ha dato;
mi dier baci coll’ali
gli augelli del signor...
solo baci immortali
la Wally ebbe finor.
WALLY
Até agora não me beijaram
senão os raios do sol e o vento,
as pérolas do orvalho,
as estrelas do firmamento;
recebi o beijo das flores;
recebi o beijo dos prados;
a brancura da neve
deu-me o seu beijo;
deram-me beijos alados
os anjos do Senhor...
só beijos imortais
recebeu até hoje a Wally.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
69
(accesa nel volto e negli occhi, rimane
come assorta; poi, a un tratto, la
sua fronte candida si abbuia. Il suo
sguardo corre ad Afra e Giuseppe!
Parlano... non si curano di lei. Un
lampo vibra nella sua pupilla, ed è
quasi in atto di sfida che ai Giovanotti
lancia queste parole così piene di
disprezzo:)
Così prezioso don qual uomo mai
potria rubarsi?
(a expressão e os olhos brilhantes,
fica como que absorta; depois,
subitamente, a expressão parece
toldar-se. O seu olhar passa de Afra
para Giuseppe! Falam sem prestar
atenção a Wally. Passa um fulgor
pelos olhos dela e é quase em tom de
desafio que dirige aos rapazes estas
palavras plenas de desprezo:)
Um presente assim tão precioso,
que homem o poderia roubar?
PEDONE
E se alcuno il potesse?
ALMOCREVE
E se algum conseguisse?
WALLY
Quell’uom?... Sarebbe mio!
(prende il braccio di Walter e
si allontana. Passando vicino
all’Hagenbach, lo guarda prima
con civetteria, poi con uno sguardo
profondo così che egli è scosso)
WALLY
Um tal homem?... Seria o meu!
(toma Walter pelo braço e afasta-se.
Ao passar por Hagenbach, olha-o
primeiro com ar sedutor, depois
com um olhar profundo que o deixa
perturbado)
PEDONE (con ironia)
Su! giovanotti!
Coraggio dunque!
Il bacio di Wally val la cuccagna!
ALMOCREVE (com ironia)
Vá! Rapazes!
Coragem, então! O beijo de Wally
vale uma fortuna!
(dalle porte aperte della chiesa si ode
la lenta armonia dell’organo)
(das portas abertas da igreja ouve-se
a arrastada melodia do órgão)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
70
ALCUNI
È l’ora della messa!
In chiesa andiam...
ALGUNS
Vai começar a missa!
Vamos para a igreja...
ALTRI
Andiam... poscia alla danza ci
rivedremo!
OUTROS
Vamos... Vemo-nos depois no baile!
(I giovanotti s’avviano tutti
lentamente alla chiesa. Afra rientra
nell’osteria.)
(Os rapazes dirigem-se todos devagar
para a igreja. Afra entra de novo na
estalagem.)
HAGENBACH (alzando tutto
turbato, e avviandosi egli pure
in chiesa)
(Ancora quel suo sguardo!)
(Walter e la Wally che si è attardata
co’ le sue amiche per acconciarsi il
velo, stanno pure per entrarvi, quando
da una viuzza di destra sbuca fuori
Gellner il quale impedisce loro il
passo.
Wally si ferma, fa segno a Walter di
voler rimaner sola.)
HAGENBACH (levantando-se muito
perturbado, e dirigindo-se também
para a igreja)
(Outra vez aquele olhar!)
(Walter e Wally, que ficou para trás
com as amigas para compor o véu,
estão para entrar na igreja, quando
de uma pequena vereda à direita
surge Gellner, que lhes impede a
passagem.
Wally detém-se, faz sinal a Walter que
quer ficar a sós.)
WALLY (freddamente rivolgendosi
Gellner)
Sei tu?!
WALLY (com frieza, dirigindo-se a
Gellner)
És tu?!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
71
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
72 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
73
GELLNER
Son io...
GELLNER
Sou eu...
WALLY
Da che son la padrona
tu sol, dei miei,
non sei venuto a me...
WALLY
Desde que sou eu a patroa,
és tu o único dos meus
que não veio ver-me...
GELLNER
Io non l’osai...
GELLNER
Não ousei fazê-lo…
WALLY
Non t’ho dimenticato!
Un dì tu fosti sordo a’ preghi miei
ed a’ miei pianti... fui per te cacciata...
orben, oggi io te caccio!
Però... ingrata esser non vuò...
(gli stende una borsa di denaro)
Prendi!... È denaro! E vanne!
WALLY
Não te esqueci!
Um dia foste surdo aos meus pedidos
e aos meus prantos… e recusaste
ouvir-me…
Pois bem, hoje sou eu a recusar-te
mas… não quero ser ingrata...
(estende-lhe uma bolsa com dinheiro)
Toma!... É dinheiro! Vai-te daqui!
GELLNER
Nulla voglio da te...
(con un gesto allontana la borsa che
Wally gli porge, e poi risoluto)
Io t’amo ancora
e più di prima io t’amo!
Deh!... mi guarda come io per te mi
struggo in desideri...
GELLNER
Não quero nada teu...
(com um gesto rejeita a bolsa que
Wally lhe estende, e depois decidido:)
Amo-te ainda.
Mais do que antes te amo!
Ah!... Vê como eu por ti morro
de desejo...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
74
WALLY (torturandolo femminilmente)
Cantava un dì mia nonna questa
strana canzone:
«Fatto il mondo è così:
non v’ha più fiera voluttà in amore
che odiare l’uom che v’ha dannato il
cuore.
Piangi, garzone? E tu bel cavaliero,
perché si triste e cupo è il tuo
pensiero?
(beffardamente)
Nerina si rifiuta alla tua brama ti deride,
se soffri, la tua dama?
Fatto il mondo è così:
amore al riso sempre il pianto unì!»
(ride, provocandolo)
WALLY (atormentando-o de modo feminil)
A minha avó costumava cantar esta
estranha canção:
«Assim é feito o mundo:
não há maior deleite no amor
que odiar o homem que nos destruiu
o coração.
Choras, meu rapaz? E tu belo cavaleiro,
porque são tristes
e sombrios os teus pensamentos?
(trocista)
Nerina não quer ouvir teus apelos,
ri-se de ti, se sofres, a tua dama?
Assim é feito o mundo:
o amor junta sempre o riso e o pranto!»
(ri-se, provocando-o)
GELLNER (co’ gli occhi pieni di lacrime
e la voce piena di preghiere)
Non ridere!
GELLNER (com os olhos cheios de
lágrimas e a voz implorante)
Não te rias!
WALLY (ride provocandolo)
Oggi sono allegra assai!
WALLY (ri-se, provocando-o)
Hoje estou muito alegre!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
75
GELLNER (fissandola in viso)
No... Non lo dir!
GELLNER (olhando-a nos olhos)
Não... Não é verdade!
WALLY (tornando seria e turbata)
Che ne sai tu?
WALLY (ficando séria e perturbada)
Que sabes tu?
GELLNER
Rispondi...
perché, così selvaggia un dì,
ti adorni ora di perle e per le fiere
corri!
Dietro all’amor tu corri...
GELLNER
Responde...
Porque é que tu, selvagem como
eras, te enfeitas agora com pérolas e
corres todas as festas?
Corres atrás do amor...
WALLY (interrompendolo impetuosa)
Non è vero!
WALLY (interrompendo-o impetuosa)
Não é verdade!
GELLNER (implacabile, investendola)
Menti! Il tuo cor per me non ha
segreti...
(le si avvicina, ed abbassando la voce
sussurra:)
Sai tu perché ti ottenni da tuo
padre?
Perché gli dissi che Giuseppe
amavi!
GELLNER (implacável, com veemência)
Mentes! O teu coração para mim não
tem segredos...
(aproxima-se dela, e baixando a voz
sussurra:)
Sabes porque me deu a tua mão o
teu pai?
Porque lhe disse que amavas
Giuseppe!
WALLY (con impeto selvaggio e feroce,
come una imprecazione)
Ed è per me un’ebbrezza il
tormentarti!
WALLY (com ímpeto selvagem e feroz,
como uma imprecação:)
E é para mim um prazer
atormentar-te!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
76
GELLNER
Mi fai pietà!
(la sua voce è grave eppur dolce)
Se tu, Wally, sapessi dimenticare!
Ah... vivere felici!
(interrompe il discorso, e con immenso
slancio)
Schiavo de’ tuoi begli occhi ai piedi
ti starei
e, pregando a ginocchi,
come si prega iddio, t’adorerei!
(si inginocchia baciandole la veste,
poscia, con immenso trasporto)
E una lunga carezza,
e un’ebbrezza infinita eterna
giovinezza
sarà la nostra vita!
GELLNER
Fazes-me pena!
(a voz dele é grave, no entanto doce)
Se tu soubesses, Wally, esquecer!
Ah... viver feliz!
(interrompe-se, e com grande
veemência:)
Escravo dos teus belos olhos
a teus pés ficaria
e, suplicando de joelhos,
como se reza a Deus, te adoraria!
(ajoelha-se beijando-lhe o vestido,
depois, com grande arrebatamento:)
E uma longa carícia
e um êxtase infinito
de eterna juventude
seria a nossa vida!
WALLY
Suvvia... Ti leva!... A che pregar?...
Non t’amo.
È ver.
(dopo un momento di silenzio e di
riflessione)
Giuseppe io l’amo...
WALLY
Vá... Levanta-te!… De que vale
suplicar?... Não te amo.
É verdade.
(depois de um momento de silêncio e
de reflexão)
É Giuseppe que eu amo...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
77
GELLNER (levandosi con impeto; fuori
di sé)
Maledetta!
Ma non l’avrai. Che già vicino è il
giorno della sue nozze!
(ride quasi in uno spasimo
di ferocia)
WALLY
Ah, no! Gellner, tu menti!
Per torturarmi menti!...
GELLNER
Alla bella Afra chiedilo dunque.
(Wally, colpita, impalladisce, le forze
a un tratto le mancano e si appoggia
barcollando ad una tavola)
Ed or?... Perché non ridi?...
WALLY (angosciata, ripensando)
Eran poc’anzi là!
Stretti a colloquio sorridevan fra
loro, e le lor teste
si toccavan così... che
(vergin santa)
si saria detto...
(un singhiozzo le strozza la voce)
che scambiasser baci!...
GELLNER (levantando-se, impetuoso;
fora de si)
Maldita!
Mas não será teu. Pois está próximo o
dia do casamento dele!
(ri-se, como que num espasmo de
ferocidade)
WALLY
Ah, não! Gellner, mentes!
Para me atormentar, mentes!...
GELLNER
Pergunta então à bela Afra.
(Wally, abalada, empalidece, sente de
repente que a abandonam as forças e
apoia-se vacilante a uma mesa)
E agora?... Porque não ris?...
WALLY (angustiada, refletindo)
Estavam ali há pouco! Muito chegados
a conversar sorrindo um para o
outro, e as cabeças
tocando-se de um modo... que
(Virgem santa)
parecia que…
(com um soluço na voz)
estavam a beijar-se!…
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
78
GELLNER (ironicamente)
Cantava un dì mia nonna questa
strana canzone...
«Fatto è il mondo così...
(beffardamente)
Nerina si rifiuta alla tua brama?
Ti deride, se soffri, la tua dama?
Fatto il mondo è così!»
GELLNER (ironicamente)
A minha avó costumava cantar esta
estranha canção...
«Assim é feito o mundo...
(trocista)
Nerina não quer ouvir teus apelos?
Ri-se de ti, se sofres, a tua dama?
Assim é feito o mundo!»
WALLY (con forza)
(minacciando)
Ma ancor sue moglie Afra non è...
Sì ed io l’amo! E nessun può legger
nel destino.
WALLY (com força)
(ameaçando)
Mas Afra ainda não é mulher dele…
Sim, e eu amo-o! E ninguém pode ler
o destino.
(È fuori di sé: acciecata, pazza, batte
sulla tavola dove sta ancora la tazza
che Afra le aveva portata. Afra
accorre. La Wally è così agitata che
non si avvede che già dalla chiesa
esce la gente e che la piazza ritorna
piena di voce e di moto.)
(Está fora de si: desvairada, louca,
bate na mesa onde ainda se encontra
o copo que Afra lhe levara. Afra
acorre. Wally está tão agitada que
não se apercebe que as pessoas estão
já a sair da igreja e que a praça
está de novo cheia de vozes e de
movimento.)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
79
AFRA
Che brami, Wally?
AFRA
Porque gritas, Wally?
WALLY (afferrando la tazza la getta
violentamente contro terra, così
imbrattarle la vesta e grida:)
In vero che tal broda
solo i tuoi ganzi posson trangugiar!
WALLY (agarrando o copo atira-o
violentamente ao chão sujando o
vestido de Afra e grita:)
Realmente uma tal porcaria
só os teus amantes a podem tragar!
AFRA (prorompe in lagrime)
Ahimè!
AFRA (rompendo em lágrimas)
Ai de mim!
WALTER, CORO (circondando
Afra e Wally)
Che avvenne, Wally? parla...
WALTER, CORO (rodeando
Afra e Wally)
Que se passa, Wally? Fala...
WALLY
Nulla...
(ad Afra)
Ed or perché tu piangi? Non temere!...
Come s’asciughin gli occhi alle
fantesche io so!
(leva dalla borsa una moneta,
e la lascia cadere ai piedi di Afra,
dicendole:)
Toh!... Ridi!
WALLY
Nada...
(para Afra)
Porque choras agora? Não tenhas
medo!... Eu sei como secar as
lágrimas aos criados!
(tira da bolsa uma moeda, e deixa-a
cair aos pés de Afra,
dizendo-lhe:)
Toma!... Ri-te!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
80
HAGENBACH (che ha veduto, non visto,
questa scena, si avanza lentamente,
si avvicina ad Afra, si abbassa e
raccoglie la moneta d’oro e la getta ai
suonatori girovaghi)
È la ricca padrona dell’Hochstoff che
vi paga... or su!
Un ländler de’ più gai!
HAGENBACH (que viu, sem que o
vissem, toda esta cena, avança
lentamente, aproxima-se de Afra,
baixa-se, apanha a moeda de ouro e
atira-a aos músicos ambulantes)
Quem paga é a rica patroa de
Hochshoff…
Vá lá, um ländler dos mais alegres!
TUTTI
Evviva l’Hagenbach!
TODOS
Viva Hagenbach!
WALLY
(Povera me... Vincenzo ha detto il
vero!)
(ma, calma, altera, sorridente in viso,
essa si avvicina a un crocchio
dove sta Walter)
WALLY
(Pobre de mim... O Vincenzo disse a
verdade!)
(mas, calma, altiva, de expressão
sorridente, aproxima-se de um grupo
onde se encontra Walter)
HAGENBACH (ad Afra consolandola)
Non pianger, Afra... Ti vendicherò!
HAGENBACH (para Afra, consolando-a)
Não chores, Afra... Hei de vingar-te!
GIOVANOTTI (all’Hagenbach)
Vieni a danzare...
RAPAZES (para Hagenbach)
Vem dançar…
HAGENBACH (ai giovanotti)
Sì... Danziam...
ma pria facciamo una scommessa...
HAGENBACH (para os rapazes)
Sim... Dancemos... mas primeiro
façamos uma aposta...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
81
GIOVANOTTI
Qual? Sentiamo!
RAPAZES
Qual? Diz lá!
HAGENBACH
Dieci fiorini d’oro che alla Wally un
bacio strapperò!
HAGENBACH
Dez florins de ouro em como a Wally
um beijo arrancarei!
GIOVANOTTI (ridendo)
Scommessa strana!
RAPAZES (rindo)
Estranha aposta!
HAGENBACH
Ebben?
HAGENBACH
Então?
GIOVANOTTI
Sia pur! Teniamo!
RAPAZES
Seja, então! Apostamos!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
82
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
83 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
84
(La piazza, in un batter d’occhi, si è
mutata quasi in una immensa sala
da ballo. Le tavole riunite servono
da palco pei suonatori. Sulle panche,
disposte a collana, seggono i vecchi,
le vecchie, i borghesi. Le fanciulle
prendono il braccio del giovanotto che
le invita.
L’Hagenbach, levatosi il cappello,
ne toglie la penna d’aquila e ve la
rimette, ma al rovescio, il che significa
nei costumi di Sölden che qualunque
giuramento, qualunque promessa,
qualunque parola, se la penna è al
rovescio non ha valore. Nessuno se
n’è accorto, eccettuato Gellner che,
confuso nella folla, presso al palco
dei suonatori, non ha mai staccato lo
sguardo dall’Hagenbach.)
(A praça, num abrir e fechar de
olhos, quase se transformou num
imenso salão de baile. As mesas
juntas servem de palco aos músicos.
Nos bancos, dispostos em círculo,
sentam-se os velhos, as velhas, os
burgueses. As raparigas tomam o
braço dos rapazes que as convidam.
Hagenbach, tirando o chapéu, retira-lhe
a pena de águia e volta a colocá-la
ao contrário, o que segundo os usos
de Sölden significa que nenhum
juramento, nenhuma promessa,
nenhuma palavra têm valor quando
a pena está ao contrário. Ninguém se
apercebeu disso, excepto Gellner, que,
misturado na multidão, junto ao palco
dos músicos, nunca tirou os olhos de
Hagenbach.)
GELLNER (vedendo l’Hagenbach
attraversare la piazza alla volta della
Wally, si avvicina a lei rapidamente,
sussurrandole all’orecchio:)
Bada, Wally!
GELLNER (vendo Hagenbach
atravessar a praça em direção a
Wally, aproxima-se dela rapidamente,
sussurrando-lhe ao ouvido:)
Cuidado, Wally!
(si allontana)
(afasta-se)
HAGENBACH (con galanteria)
Danzar con te da tempo desiavo...
HAGENBACH (com galanteria)
Há muito tempo que desejava dançar
contigo...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
85
WALLY (lusingata)
Se il vero dici!
WALLY (lisonjeada)
Será que isso é verdade?
HAGENBACH (come se giurasse)
È il ver!
HAGENBACH (como se jurasse)
É verdade!
WALLY (guardando dubbiosa)
Pure i tuoi occhi mi guardano con
foschi e strani sguardi!
(con tristezza)
L’ingannarmi crudel saria...
WALLY (fitando-o duvidosa)
Porém vejo nos teus olhos
um estranho e sombrio olhar!
(com tristeza)
Enganar-me seria uma crueldade...
HAGENBACH (trascinando dolcemente
la Wally)
Danziamo!
HAGENBACH (arrastando Wally com
doçura)
Dancemos!
(Comincia il ländler. Altre coppie di
danzatori irrompono. Walter pure vi
si avventa con una bella valligiana.
Al momento di lanciarsi si ferma; la
Wally sorpresa lo guarda.)
(Começa o ländler. Surgem outros
pares a dançar. Walter aparece
também com uma bela rapariga
dos vales. No momento de começar,
Hagenbach detém-se; Wally
surpreendida fita-o.)
HAGENBACH
M’odi, Wally!
HAGENBACH
Ouve-me,Wally!
WALLY
Che brami ancora?
WALLY
Que mais queres ainda?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
86
HAGENBACH
Bramo con te danzar
la danza del bacio.
WALLY
Quale capriccio!
HAGENBACH
Quero dançar contigo
a dança do beijo.
WALLY
Que capricho!
HAGENBACH
Agil tu sei e forte... bramo con te
lottare... ed esser vinto.
HAGENBACH
És ágil e forte... quero lutar contigo...
e ser vencido.
WALLY
Quale capriccio... qui!
WALLY
Que capricho... este!
HAGENBACH
Hai tu paura?
(sorridendo la trascina con sé
danzando)
HAGENBACH
Tens medo?
(sorrindo arrasta-a consigo
dançando)
CORO
Già il canto fervido vola per l’aere;
come di rondin, leggiero ha il vol,
e i trilli modula, dell’usignol.
Agili, rapide, le corde fremono...
i fiori o lezzano fremon nell’aure,
inni d’amor.
CORO
Já a canção ardente voa pelos ares;
das andorinhas, tem o voo ligeiro,
e os trilos modulados do rouxinol.
Ágeis, rápidas, as cordas fremem...
As flores rescendem e estremecem
na brisa hinos de amor.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
87
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
88 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
89
(La lotta del bacio ferve ancora
accanita nel fondo. Ad un bacio
colto, risa, applausi. Risate lunghe
accolgono la vittoria di Walter. Ogni
bacio dato è una coppia di danzatori
che scema. Ormai pochissime
continuano. Ma l’attenzione del
Pedone e dei giovanotti che hanno
udita la scommessa è per l’Hagenbach
e la Wally, attenzione stuzzicata dai
due pe ‘l loro contegno. Si direbbe che
danzino senza accorgersene e spesso
cessano di danzare per parlarsi,
qualsiché l’armonia che li conduce
non sia già quella degli instrumenti,
ma quelle che esce dalle loro labbra.)
(Ao fundo, a luta do beijo ferve ainda
acirrada. A cada beijo colhido, risos,
aplausos. Grandes risadas saudam a
vitória de Walter. A cada beijo dado
há um par de dançarinos que sai. Já
são pouquíssimos os que continuam.
Mas a atenção do Almocreve e dos
rapazes que ouviram o desafio foca-se
em Hagenbach e Wally, atenção essa
que a atitude dos dois mais atiça.
Dir-se-ia que dançam sem darem
por isso e frequentemente param de
dançar para falarem um com o outro,
como se a melodia que os conduz não
fosse já a dos instrumentos, mas a que
sai dos lábios deles.)
HAGENBACH (ad un tratto eccitato da
alcune parole della Wally, cessa di
danzare, e turbato le dice:)
No!... Parla!... Parla!... Vuò saper!...
Dicevi?
HAGENBACH (subitamente espicaçado
por qualquer palavra de Wally, cessa de
dançar, e num tom perturbado diz:)
Não!... Fala!... Fala!... Quero saber!...
Que disseste?
WALLY (continuando il discorso quasi
suo malgrado)
Posar sovra il tuo petto...
scordare il mondo e dio...
sempre al tuo cor vicina...
questo era il sogno mio,
e la torva miseria de la mia breve vita
eternar de’ tuoi baci coll’ebbrezza
infinita.
WALLY (continuando a falar como que
contrariada)
Encostar-me ao teu peito…
esquecer o mundo e Deus...
sempre junto ao teu coração...
era esse o meu sonho,
e a triste pobreza da minha breve vida
eternizar com o infinito êxtase dos
teus beijos.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
90
HAGENBACH (sorpreso e commosso)
Or chi detto m’avria che nel tuo cuor,
fanciulla, vi fosse un paradiso. Io vi
ho creduto il nulla!
HAGENBACH (surpreendido e comovido)
Agora que me disseste o que tinhas no
teu coração, é como se fosse o paraíso.
Eu pensava que não havia aí nada!
WALLY (continuando)
M’hanno detto un giorno che odiata
ero da te...
WALLY (continuando)
Disseram-me um dia que tu me
odiavas...
HAGENBACH (turbato, con calore,
interrompendola)
Non t’ho odiata mai... lo giuro... Credi a me!
(riprendono la danza)
HAGENBACH (perturbado, com calor,
interrompendo-a)
Nunca te odiei... juro... Crê em mim!
(retomando a dança)
PEDONE
Arte è malvagia, il bacio aescar colla
parola.
ALMOCREVE
Arte amaldiçoada esta, a de
arrancar um beijo com palavras.
GIOVANOTTI
Al dolce giuoco vincer dée la danza
sola!
RAPAZES
Neste doce jogo, só a dança vence.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
91
VECCHIE
No, non è ver! Diritto d’ognun è la
favella!
È l’arma più cortese che fa la lotta
bella!
VELHAS
Não, não é verdade! Todos têm
direito a usar as palavras!
É a arma mais gentil que torna a luta
bonita!
HAGENBACH (ad un tratto si arresta
nuovamente; questa volta egli cerca di
scioglersi dalle braccia della Wally; è
pallidissimo, con stanchezza)
No! Non vuò più danzar!
HAGENBACH (detém-se subitamente
mais uma vez; desta vez procura
libertar-se dos braços de Wally; está
extremamente pálido, com ar fatigado)
Não! Não quero dançar mais!
WALLY (trattenendolo e continuando
a parlargli, scherzosa, eccitandolo:)
Al mio labbro di rosa non giunge il
labbro timido di bocca paurosa...
WALLY (retendo-o e continuando a
falar-lhe, travessa, excitando-o:)
Nos meus lábios rosados não tocam
lábios tímidos de boca temerosa...
HAGENBACH (ancora più turbato e
tremante)
Cessiam! Da te son vinto!
HAGENBACH (ainda mais perturbado
e estremecendo:)
Paremos! Venceste-me!
WALLY
Perché allor, m’hai sfidata?
E la gloria hai bramato d’avermi tu
baciata?
WALLY
Então porque me desafiaste?
E te gabaste da glória de me
beijares?
(il ländler si è fatto affannoso; nel
fondo della scena si danza ancora)
(o ländler tornou-se mais vivo; ao
fundo do palco continuam a dançar)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
92
HAGENBACH (con impeto, stringendosi
alla Wally)
Perché?... Perché domandi?...
Perché Wally sei bella...
Perché hai profondi sguardi...
Soave la favella...
Nei candidi tuoi denti v’è una malia
ascosa...
V’è la vita e l’amor sul tuo labbro di
rosa!
Ah Wally... In nodo ferreo l’anima
allaccia
questa tua treccia morbida, che a te
stretto m’abbraccia!
HAGENBACH (num impulso, cingindo
Wally)
Porquê?... Perguntas porquê?...
Porque és bela, Wally...
Porque o teu olhar é profundo...
Suave a tua voz...
Nos teus dentes alvos esconde-se
um feitiço secreto…
Há vida e amor nos teus lábios de
rosa!
Ah Wally... Os teus cabelos macios
enlaçam a minha alma
com um nó de ferro, que a ti me
prende!
(A questo punto il Pedone si stacca
dal gruppo dei giovanotti che si
interessano alla lotta fra l’Hagenbach
e la Wally, e portandosi nel fondo
stuzzica anche la curiosità delle
donne narrando loro la scommessa.
A poco a poco tutti si avvicinano ai
due amanti circondandoli.)
(Nesta altura o Almocreve destaca-se
do grupo dos rapazes que seguem
a luta entre Hagenbach e Wally,
e dirigindo-se ao fundo desperta
também a curiosidade das mulheres
contando-lhes a aposta. A pouco e
pouco todos se avizinham dos dois
namorados rodeando-os.)
WALLY
No!... Taci! Taci!... Udir più non voglio...
Tu menti!...
WALLY
Não!… Cala-te! Cala-te!… Não te quero
ouvir mais... Estás a mentir!...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
93
HAGENBACH (arrestandosi
bruscamente, colle lagrime agli occhi)
Lo giuro!...
HAGENBACH (detendo-se
bruscamente, com lágrimas nos olhos)
Juro!...
WALLY (con impeto)
Non giurare!...
WALLY (com ardor)
Não jures!...
HAGENBACH
Lo giuro, è il vero senti!...
HAGENBACH
Juro, é o que sinto de verdade!...
WALLY (livida in viso)
Ad altra fanciulla il tuo amore hai
giurato... e giuri?...
Tutto io so, sei già il suo fidanzato.
WALLY (lívida)
A outra rapariga amor juraste...
e juras?... Eu sei tudo, já estás noivo
dela.
HAGENBACH
Ah, tu, da un’ora, Wally,
con tormenti d’inferno mi torturi!
M’uccidi!...
Di me ti prendi scherno!
HAGENBACH
Ah, tu, Wally, há uma hora, que com
tormentos do inferno me torturas.
Matas-me!…
Escarneces de mim!
WALLY (co’ le lagrime agli occhi)
Scherno di te?... Non vedi che t’amo
e in te rapita tutta ne’ tuoi accenti
vivo una nuova vita...
WALLY (com lágrimas nos olhos)
Escarnecer de ti?... Não vês que te
amo e que seduzida por ti com a tua
voz vivo uma vida nova...
HAGENBACH (affascinato, tremante)
Ma allor... perché mi nieghi d’un
bacio tuo l’ebbrezza?
(abbracciandola con violenza)
HAGENBACH (fascinado, trémulo)
Mas então... porque me negas o
arroubo de um beijo teu?
(abraçando-a com força)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
94
WALLY (con un lamento)
Ohimè!... Tu mi fai male!...
WALLY (com um lamento)
Ai!... Estás a magoar-me!…
HAGENBACH (sussurrando con
violenza)
Del tuo bacia m’inebria!...
Così! Così ti voglio! Mia Wally...
sempre!...
HAGENBACH (sussurrando com
veemência)
Inebria-me o teu beijo!…
Assim! É assim que te quero! Minha
Wally... sempre!...
WALLY (con un sospiro si abbandona
a lui)
Prendimi!
WALLY (com um suspiro abandona-se
nos braços dele)
Beija-me!
(L’Hagenbach la bacia sulla bocca.
Un urlo confuso di applausi, di gride
beffarde, di risa scoppiano come un
uragano intorno.)
(Hagenbach beija-a na boca. Um
alarido confuso de aplausos, de gritos
de troça, de risos estala à volta deles
como um furacão.)
PEDONE, DONNE, GIOVANOTTI,
BORGHESI
La Wally fu baciata! Ed Afra è
vendicata!
ALMOCREVE, MULHERES, RAPAZES,
BURGUESES
A Wally foi beijada! E Afra foi
vingada!
(i giovanotti circondano l’Hagenbach,
che li guarda come trasognato,
ricordando la scommessa)
(os rapazes rodeiam Hagenbach,
que os olha como que aturdido, ao
lembrar-se da aposta)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
95
WALLY (scossa a quelle risa, guarda
l’Hagenbach, non comprendendo)
Che dicon mai costoro? E perché ridono?
WALLY (abalada com os risos,
fita Hagenbach, sem compreender)
Que dizem eles? E porque se riem?
(i giovanotti trascinano l’Hagenbach
verso l’osteria)
(os rapazes arrastam Hagenbach em
direção à estalagem)
GELLNER (avvicinandosi alla Wally)
Disgraziata! Perché non m’hai
creduto?
GELLNER (aproximando-se de Wally)
Desgraçada! Porque não acreditaste
em mim?
WALLY
Ah fu crudel vendetta! Ei m’ingannò?
WALLY
Ah que cruel vingança! Ele enganou-me?
GIOVANOTTI
A bere!
RAPAZES
Vamos beber!
PEDONE
A bere!
ALMOCREVE
Vamos beber!
GIOVANOTTI
Afra, il miglior tuo vino!
RAPAZES
Afra, traz o teu melhor vinho!
(La Wally, gli occhi vitrei, livida, senza
lacrime, guarda avanti a sé. Gellner
e Walter la circondano; ma ella non
vede che uno. Un uomo che le volge le
spalle. Quasi spera ancora! Ed ecco
invece le vecchie, le fanciulle, tutte le
donne di Sölden che la attorniano,
beffarde, sogghignando.)
(Wally, com os olhos vítreos, lívida,
sem lágrimas, com o olhar parado.
Gellner e Walter rodeiam-na; mas ela
não vê mais do que um homem que
lhe volta as costas. Como que ainda
à espera! Mas em vez disso só restam
as velhas, as raparigas, todas as
mulheres de Sölden que a circundam,
trocistas, que se riem.)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
96
DONNE DI SÖLDEN
Se un marito torrai, tu pure a lui
Wally un bacio porterai,
che dio non benedì!
MULHERES DE SÖLDEN
Se um marido encontrares, Wally,
levas-lhe também um beijo,
que Deus não abençoou!
(Gellner e Walter circondano la Wally)
(Gellner e Walter rodeiam Wally)
GELLNER
Su! Vieni! Andiam!
(additandogli l’Hagenbach che cerca
di stordirsi bevendo)
Guardalo là! Lo vedi?
GELLNER
Vá! Vem daí! Vamos embora!
(apontando para Hagenbach que
procura aturdir-se bebendo)
Olha para ele! Estás a vê-lo?
PEDONE (toccando la sua colla tazza
dell’Hagenbach)
Non v’è maggior piacer d’un ben
colmo bicchier.
Ah sì! credete a me,
(vuotando la tazza)
altro non v’è!
Io bevo all’Hagenbach!
ALMOCREVE (tocando o seu copo no de
Hagenbach)
Não há maior prazer
do que um copo bem cheio.
Ah, sim, podeis crer,
(esvaziando o copo)
outro não há!
Bebo a Hagenbach!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
97
GIOVANOTTI
Evviva l’Hagenbach!
RAPAZES
Viva Hagenbach!
WALLY (co’ gli occhi fissi sull’Hagenbach,
afferra Gellner e gli dice)
Mi vuoi tu ancora?
WALLY (com o olhar fixo em
Hagenbach, agarra Gellner e diz-lhe:)
Ainda me queres?
GELLNER (con slancio)
Sì!
GELLNER (com fervor)
Sim!
WALLY (sempre co’ gli occhi
sull’Hagenbach e con voce ferma)
Lo voglio morto!
WALLY (continuando a fixar
Hagenbach e com voz firme:)
Quero vê-lo morto!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
98
ATTO TERZO
ATO III
SCENA UNICA
CENA ÚNICA
L’HOCHSTOFF
ALDEIA DE HOCHSTOFF
La scena è divisa. A destra
la casa dello Stromminger
(ora della Wally); sul davanti
l’interno della camera da letto
della Wally. Dall’altra parte una
via dell’Hochstoff fiancheggiata
a sinistra da case. Dalla via si
entra nella camera della Wally da
una piccola porta. Due finestre
stanno ai lati di questa porta.
Nell’estremo orizzonte, come nel
primo atto, ma da un diverso
punto di vista, il Murzoll, il
Similaun. Il ponte rimane assai
più vicino agli spettatori, e il
sentiero che vi conduce non è
che una continuazione della via
dell’Hochstoff. Cade la sera.
Davanti al crocifisso la lampada
è accesa.
O palco está dividido em duas
partes. À direita, a casa de
Stromminger (agora de Wally);
à frente o interior do quarto
de Wally. Na outra parte uma
rua de Hochstoff ladeada
de casas à esquerda. Da rua
entra-se no quarto de Wally
através de uma pequena porta.
A cada lado desta porta há uma
janela. No horizonte, tal como
no primeiro ato, mas de um ponto
de vista diferente, vê-se o
Murzoll e o Similaun. A ponte
continua bastante próxima dos
espectadores, e o caminho que a
ela conduz não é mais do que a
continuação da rua de Hochstoff.
É o cair da noite. Diante do
crucifixo a lanterna está acesa.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
99
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
100 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
101
Nella camera della Wally:
la camera è immersa in una
profonda oscurità.
No quarto de Wally:
O quarto está mergulhado em
profunda escuridão.
Nella strada:
ritornano a gruppi quelli
dell’Hochstoff che sono andati
alla festa di Sölden. Tornano
a coppie di quattro, di sei,
Uomini, Donne; se ne vengono
lentamente pe ‘l ponte, e
silenziosi rincasano.
Ultima si vede tornare la Wally,
accompagnata dal piccolo Walter.
La Wally è ancora vestita della
splendida veste di velluto ma
i fiori che l’adornavano sono
tutti strappati. Essa è assorta
in pensieri che l’addolorano, e
affannosamente cammina, quasi
inconscia di sé, seguendo il
piccolo Walter.
Na rua:
Regressam em grupos os
habitantes de Hochstoff que
foram à festa de Sölden. Voltam
em grupos de quatro, de seis,
homens, mulheres; atravessam
lentamente a ponte, e em
silêncio recolhem a casa. A
última que se vê regressar é Wally,
acompanhada do pequeno Walter.
Wally está ainda vestida com
o magnífico traje de veludo,
mas as flores que a enfeitavam
foram todas arrancadas. Wally
está absorta em pensamentos que
a entristecem, e caminha com
esforço, quase inconsciente,
seguindo o pequeno Walter.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
102
WALLY, WALTER
Nella camera della Wally:
(Walter apre la porta della camera e
vi lascia passare la Wally, seguendola;
poi richiude la porta e accende una
lampada. La Wally rimane immobile
in mezzo alla stanza.)
WALLY, WALTER
No quarto de Wally:
(Walter abre a porta do quarto e
deixa passar Wally, seguindo-a
depois. Volta a fechar a porta e
acende uma luz. Wally permanece
imóvel no meio do quarto.)
WALTER
Fa’ core, Wally!
WALTER
Anima-te, Wally!
WALLY (sempre pensierosa)
Hai tu veduto Gellner?
WALLY (continuando pensativa)
Viste o Gellner?
WALTER
No! Forse a Sölden passerà la notte.
WALTER
Não! Talvez passe a noite em Sölden.
WALLY
Non l’hai veduto dunque?
WALLY
Então não o viste?
(si leva il vezzo di perle, e lo guarda
sorridendo amaramente; poi con un
gesto di disprezzo lo getta sopra una
tavola, e siede annodandosi i capelli
che disordinatamente le scendono
sulle spalle)
(tira o colar de pérolas, e observa-o
sorrindo amargamente; depois,
com um gesto de desprezo atira-o
para cima de uma mesa, e senta-se
enrolando os cabelos que lhe caem
desordenados sobre os ombros)
WALTER (addolorato guardando la Wally)
Wally!
WALTER (entristecido observa Wally)
Wally!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
103
WALLY (interrompendo)
Taci...
Che è questo? Ascolta!
WALLY (interrompendo-o)
Cala-te…
Que é isto? Escuta!
WALTER (apre una delle finestre
e sta ad ascoltare, poi richiude)
È un ubriaco che canta...
WALTER (abre uma das janelas e fica
à escuta, depois fecha-a de novo)
É um bêbado a cantar…
WALLY (che si è alzata, agitata,
ad ascoltare, ritorna a sedere
mormorando)
È ver! Pareami un lamento!
WALLY (que se levantou, agitada,
à escuta, volta a sentar-se,
murmurando:)
É verdade! Parecia-me um gemido!
WALTER (con affetto e quasi
supplichevole)
Vuoi che te co rimanga questa sera?
WALTER (com afeto e quase suplicante)
Queres que fique junto a ti esta
noite?
WALLY
No, voglio restar sola... te ne prego...
WALLY
Não, quero ficar só... peço-te…
(Walter bacia Wally ed esce per una
porta interna a destra. La Wally è
agitatissima; ad ogni istante paurosa
tende l’orecchio; vorrebbe pregare, ma
non può. Finalmente dà in un pianto
dirotto, e, la testa fra le mani, si lascia
cadere in ginocchio a piè del letto.)
(Walter despede-se com um beijo de
Wally e sai por uma porta interior
à direita. Wally está agitadísima; a
cada momento fica temerosa à escuta,
quereria rezar, mas não consegue.
Finalmente desata em lágrimas, a
cabeça entre as mãos, cai de joelhos
junto à cama.)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
104
(la Wally a un tratto si scuote!
Le sue mani corrono ai suoi occhi,
incredula del suo dolore, quasi a
convincersi che essa ha pianto!)
(Wally recompõe-se subitamente.
Leva as mãos aos olhos! Não quer
crer no seu sofrimento, como que a
convencer-se de que chorou!)
(Nella strada:
Vincenzo Gellner viene dal fondo,
passa lentamente per la via
dell’Hochstoff, ed entra in una delle
case che la fiancheggiano. La notte è
scesa oscurissima.)
(Na rua:
Vincenzo Gellner surge do fundo,
caminha lentamente pela rua de
Hochstoff, e entra numa das casas
que a ladeiam. A noite caiu por
completo escuríssima.)
(dietro il ponte della Ache si ode
avvicinarsi poco a poco una canzone.
È il Pedone di Schnals, mezzo
ubbriaco, che canta)
(do outro lado da ponte do Ache
ouve-se uma canção que se avizinha
pouco a pouco. É o Almocreve de
Schnals, meio bêbado, que canta)
PEDONE (traversa il ponte, e se ne
viene a sghimbescio verso l’Hochstoff)
Non v’è maggior piacer d’un bel
colmo bicchier.
Ah sì! credete a me, altro non v’è!
ALMOCREVE (atravessa a ponte, e
avança vacilante em direção a Hochstoff)
Não há maior prazer
do que um copo bem cheio.
Ah, sim, podeis crer, outro não há!!
(Gellner, all’udire la voce del Pedone
esce dalla casa ove era entrato
poc’anzi ne chiude la porte con gran
precauzione, poi, quasi strisciando
per la via, va a porsi allo sbocco del
sentiero.)
(Gellner, ao ouvir a voz do Almocreve
sai da casa onde tinha entrado pouco
antes e fecha a porta com grande
cuidado; depois, quase deslizando
pela rua, vai colocar-se à saída do
caminho.)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
105
PEDONE (scendendo il sentiero)
Così sempre giocondo
è questo falso mondo...
se l’amore t’inganna garzon, canta e
tracanna!
Ah sì! credilo a me, altro non v’è!
ALMOCREVE (descendo pelo caminho)
Assim sempre aprazível
é este falso mundo...
Se o amor te engana, rapaz, canta e
bebe!
Ah sim! Podeis crer, outro não há!
(allo sbocco del sentiero, là dove questo
si congiunge alla strada dell’Hochstoff,
Gellner arresta il Pedone, ponendogli
una mano sulla spalla)
(no fim do caminho, no sítio onde
se junta à rua de Hochstoff, Gellner
detém o Almocreve, pondo-lhe uma
mão no ombro)
GELLNER (sottovoce, rapidamente)
Ebben... dunque?
GELLNER (em voz baixa, rapidamente)
Diz lá... e então?
PEDONE (lasciando sfuggire un
comico gesto di paura)
Ah! Siete voi? Pe ‘l ciel, m’avete fatto
paura...
ALMOCREVE (deixando escapar um
gesto cómico de susto)
Ah! É você? Até me assustei…
(Gellner impaziente scuote il Pedone)
(Gellner impaciente sacode o
Almocreve)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
106
PEDONE
Io là rimasi fino a sera,
quando ad un tratto l’Hagenbach
disparve.
ALMOCREVE
Fiquei lá até ser noite,
quando de repente o Hagenbach
desapareceu.
GELLNER
Disparve?
GELLNER
Desapareceu?
PEDONE
Me ne uscii; era già notte.
Allor decisi di tornare...
un uom scendeva lento il sentier
dell’Ache...
ALMOCREVE
Saí de lá, era já noite.
Então decidi voltar…
Um homem descia devagar o
caminho do Ache…
GELLNER
L’Hagenbach forse?
GELLNER
O Hagenbach talvez?
PEDONE
Egli in persona!
ALMOCREVE
Ele mesmo!
GELLNER
Parla sommesso... Ebben?
GELLNER
Fala baixo... E então?
PEDONE
Lo riconobbi.
(sulla strada)
Costui è certo un
uomo di coraggio...
ALMOCREVE
Reconheci-o.
(prosseguindo pela rua)
Aquilo é realmente
um homem de coragem...
GELLNER
Perché?
GELLNER
Porquê?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
107
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
108 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
109
PEDONE
Venir qui solo, e a notte tarda! Per lui
già piange Sölden...
Là si teme che qui si voglia...
vendicar la Wally!
ALMOCREVE
Vir aqui sozinho, a altas horas da noite!
Em Sölden já choram por ele...
Há lá quem tema que alguém queira...
vingar Wally!
GELLNER (ridendo)
Ohibò! pazzie!
(dandogli del denaro)
Però non si sa mai. Vanne a dormir
lontano...
Mala notte è questa
per l’Hochstoff...
GELLNER (rindo)
Ora! Tolices!
(dando-lhe dinheiro)
Mas nunca se sabe. Vai dormir longe
daqui...
Esta noite é uma noite má
para Hochstoff…
PEDONE (strizzando l’occhio)
Non mi ci piglia!
ALMOCREVE (piscando o olho)
Aqui não me apanha!
(parte dal fondo a sinistra,
scomparendo dietro la casa dello
Stromminger, zuffolando)
(sai pelo fundo à esquerda, e
desaparece atrás da casa de
Stromminger, assobiando)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
110
GELLNER
L’Hagenbach qui? Egli all’Hochstoff?
Ohibò!
Ubriaco è il Pedon...
non è possibile!
(dopo una pausa)
E se ciò fosse? Se...
(arrestandosi e guardando d’intorno)
La notte è oscura...
e una sventura
può toccare a tutti...
la lampada lassù...
potrebbe spegnersi...
impetuoso è il vento...
(esitando)
Perché tremo? perché tremo?
Ahimè! mi guarda
il crocifisso nero!
(riavendosi)
Gellner, su via! Si tratta di Wally!
GELLNER
O Hagenbach aqui? Em Hochstoff?
Ora!
O Almocreve está bêbado...
não é possível!
(depois de uma pausa)
E se fosse? Se...
(detendo-se e olhando em volta)
A noite está escura...
e uma desgraça pode acontecer a
qualquer um...
A luz ali em cima...
poderia apagar-se...
o vento está forte...
(hesitando)
Porque tremo? Porque tremo?
Ai de mim! O crucifixo negro está-me
a ver!
(recompondo-se)
Gellner, ânimo! Está em causa a Wally!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
111
(Si caccia su pe ‘l sentiero scrutando
nell’oscurità, e tendendo le orecchie
per ascoltare il più piccolo rumore.
Più che camminare, egli striscia
su pe ‘l sentiero. Arrivato al ponte,
si ferma quasi diffidente; guarda
ancora intorno a sé, poi lo varca. Si
avvicina al crocifisso, e con grande
destrezza ne spegne la lampada. Il
vento soffia più che mai impetuoso.
Gellner scompare nell’oscurità dietro
il ponte e aspetta. La scena rimane
completamente immersa nel buio.)
(Segue pela vereda perscrutando
a escuridão, e de ouvidos atentos
ao mínimo ruído. Mais do que
caminhar, Gellner arrasta-se pela
vereda. Ao chegar à ponte, detémse
como que desconfiado; continua
a olhar em volta, depois atravessa.
Aproxima-se do crucifixo, e com grande
agilidade apaga a lanterna. O vento
sopra cada vez mais impetuoso.
Gellner desaparece na escuridão
atrás da ponte e fica à espera. O
palco permanece completamente
mergulhado em escuridão.)
WALLY (nella camera, con un gesto
risoluto si dà a pregare sul letto. Si
toglie di dosso il corsetto di velluto.
Poi si inginocchia, fa il segno di
croce e prega. Ma a un tratto si
alza esclamando contristata e
dispettosa:)
Né mai dunque avrò pace?
E da pensieri sempre feroci o tristi
la mia mente sarà turbata?
Ohimè! solo una celia
io fui per lui, e del mio ardente
bacio egli si rise?...
(con accento d’odio)
Ebben, morrai, crudele!
WALLY (no quarto, com um gesto
decidido prepara-se para rezar
em cima da cama. Despe o corpete
de veludo. Depois ajoelha-se, faz o
sinal da cruz e reza. Mas de repente
levanta-se, exclamando contristada
e despeitada:)
Será que nunca terei descanso?
E terei sempre pensamentos
horríveis e tristes a perturbar-me?
Ai de mim! Não passei de uma
brincadeira para ele,
e do meu ardente beijo se riu?...
(num tom de ódio)
Pois bem, hás de morrer, cruel!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
112
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
113 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
114
(con raccapriccio prima, poi con
isconforto)
Misera me, che l’amo, l’amo!
La giovinezza coi suoi sogni ardenti,
or crudeli tormenti,
tutta sola mi lascia;
e già s’accascia
nel triste ricordare la persona,
e la speranza fugge e m’abbandona!
In un suo bacio v’era la mia vita,
in un suo bacio la speranza tutta!
E m’ha quel bacio la vita distrutta!
Pur... gli perdono; io non vo’ la sua
vita...
a Gellner voglio dir che pazza fui...
(apre la porta per iscendere nella via,
ma si arresta sulla soglia spaventata
dall’oscurità)
Che tetra notte! Come fischia il
vento...
(guardando verso il ponte)
Spento è il lume laggiù!
Giuseppe, certo, a Sölden è rimasto;
per stanotte
nulla ha a temer...
doman l’avvertirò!
(richiude la porta e più tranquilla si
accinge a coricarsi)
(com horror primeiro, depois com
desânimo)
Pobre de mim, que o amo. Amo-o!
A juventude com os seus sonhos
ardentes,
ou cruéis tormentos,
deixa-me completamente só;
e já o meu ser se resigna
às tristes recordações,
e a esperança foge e me abandona!
No beijo dele se foi a minha vida,
no seu beijo toda a minha esperança!
Porém... eu o perdoo; não quero a
vida dele...
Vou dizer a Gellner que estava louca...
(abre a porta para descer à rua, mas
detém-se no limiar assustada com a
escuridão)
Que noite terrível! Como assobia o
vento...
(olhando em direção à ponte)
Está apagada a luz lá em baixo!
Giuseppe, certamente, terá ficado
em Sölden.
Com uma noite destas nada há a
temer... amanhã o avisarei!
(volta a fechar a porta e mais
tranquila prepara-se para se deitar)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
115
HAGENBACH (compare dietro il ponte;
egli cammina a tentoni nell’oscurità)
Buio è il sentier...
la lampada è spenta...
ma che m’importa?
Ai piedi di Wally
il rimorso e l’amor mi guideranno.
HAGENBACH (surge do outro lado da
ponte; caminha às apalpadelas na
escuridão)
Que escuro o caminho...
a lanterna está apagada...
mas que me importa? Aos pés de Wally
o remorso e o amor me guiarão.
(Sta per passare il ponte, quando
Gellner gli è addosso, e lo fa
precipitare dal piccolo parapetto.
L’Hagenbach getta un urlo terribile.
Gellner scende rapidamente, quasi
fuggendo. Poi, giunto allo sbocco del
sentiero, rallenta il passo e fa per
rientrare in casa sua. Ma vendendo
la finestra della camera della Wally
ancora rischiarata da un lume, vi si
avvicina.)
(Está prestes a passar a ponte,
quando Gellner se atira a ele, e
o empurra por cima do pequeno
parapeito. Hagenbach solta um grito
terrível. Gellner desce rapidamente,
quase fugindo. Depois, junto ao
fim do caminho, abranda o passo
e prepara-se para entrar em
sua casa. Mas ao ver a janela do
quarto de Wally ainda iluminada,
aproxima-se dela.)
WALLY (sobbalzando)
È strano! intorno a me solo lamenti
odo stanotte.
WALLY (sobressaltada)
É estranho! À minha volta só oiço
gemidos esta noite.
GELLNER
È desta ancora la selvaggia
e aspetta!
(batte sommessamente ai vetri
d’una finestra)
GELLNER
E ainda está acordada esta
desvairada e está à espera!
(bate cauteloso no vidro da janela)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
116
WALLY
Oh ciel! chi batte?
(con spavento)
È Gellner! Che vorrà?
WALLY
Meu Deus! Quem bate?
(com medo)
É Gellner! Que quer ele?
(atterrita, corre come una pazza alla
porta, l’apre ed esce nella via)
(aterrorizada, corre como louca para
a porta, abre-a e sai para a rua)
(da questo punto l’azione si svolge
tutta nella via dell’Hochstoff)
(a partir daqui, a ação decorre toda
na rua de Hochstoff)
GELLNER
Se vuoi vederlo morto... giù nell’Ache
discendi e lo vedrai.
GELLNER
Se queres vê-lo morto... lá em baixo
no Ache desce e podes vê-lo.
WALLY
No, non è vero!
WALLY
Não, não é verdade!
GELLNER
Oh come vero iddio...
giù dal ponte
or ora l’ho precipitato.
GELLNER
Oh tão verdade como Deus é
verdade... Lá em baixo. Atirei-o
agora mesmo da ponte.
WALLY (afferrandolo convulsa per il
collo)
Vile!
WALLY (agarrando-o agitada pelo
pescoço)
Cobarde!
GELLNER
Taci... che fai?
GELLNER
Cala-te… Que fazes?
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
117
WALLY (trascinando verso il ponte)
Vieni con me...
WALLY (arrastando-o para a ponte)
Vem comigo...
GELLNER (dibattendosi)
Mi lascia...
GELLNE (debatendo-se)
Larga-me…
WALLY
Vieni! Laggiù noi due insieme! In
fondo a quell’abisso, e presso al
corpo suo.
Là v’è l’altare delle nostre nozze.
(trascina Gellner sin presso al ponte,
quando dall’abisso sorge un lamento.
Ascolta trepidante. Le sue braccia
lasciano sfuggire Gellner. Un altro
lamento s’ode distintamente. Con
impeto di gioia)
Dio! vive ancor!
(scende precipitosa nella via,
urlando e picchiando a tutte
le porte)
A me, a me, soccorso! A me!
(si schiudono alcune finestre, si
aprono le porte delle case; uomini e
donne compaiono)
WALLY
Vem! Lá em baixo estaremos juntos
os dois! No fundo daquele abismo, e
junto ao corpo dele.
Será ali o altar do nosso noivado.
(arrasta Gellner até junto da ponte,
quando do abismo se eleva um
gemido. Escuta tremente. Os seus
braços deixam escapar Gellner.
Ouve-se distintamente outro gemido.
Com um assomo de alegria)
Meu Deus! Está vivo!
(desce precipitadamente ao longo
da rua, gritando e batendo a todas
as portas)
Acudam, acudam, socorro! Acudam!
(entreabrem-se algumas janelas,
abrem-se portas; surgem homens e
mulheres)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
118
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
119 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
120
ABITANTI DELL’HOCHSTOFF
Che avvenne?
HABITANTES DE HOCHSTOFF
Que se passa?
WALLY
Un uom nell’Ache...
WALLY
Um homem no Ache..
ABITANTI DELL’HOCHSTOFF
Morto?
HABITANTES DE HOCHSTOFF
Morto?
WALLY
Presto!
È l’Hagenbach... ei vive... lo
salviamo!
WALLY
Rápido!
É Hagenbach... está vivo... Vamos
salvá-lo!
(La scena è invasa da uomini, da
donne; chi porta torce, chi corde e
scale. Gellner è scomparso.)
(O palco enche-se de homens,
mulheres; uns trazem tochas,
outros cordas e escadas. Gellner
desapareceu.)
ABITANTI DELL’HOCHSTOFF
Presto alle corde... i nodi
stretti! Ben stretti i nodi...
HABITANTES DE HOCHSTOFF
Depressa cordas, com nós
apertados! Apertem bem os nós...
WALLY
Stretti...
WALLY
Apertem...
ABITANTI DELL’HOCHSTOFF
Ora allacciamo!
HABITANTES DE HOCHSTOFF
Agora atem!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
121
(Dall’altra parte del ponte intanto si
vedono venire a frotte quei di Sölden
con armi e torcie; fra essi è Afra.)
(Do outro lado da ponte entretanto
vêem-se chegar em bandos os
habitantes de Sölden com armas e
tochas; entre eles encontra-se Afra.)
WALLY
Siam pronti; andiam!
WALLY
Estejam prontos; vamos!
ABITANTI DI SÖLDEN
(minacciosi)
Dell’Hagenbach cerchiamo...
Dov’è? Dov’è? Rispondi!
HABITANTES DE SÖLDEN
(ameaçadores)
Procuramos Hagenbach...
Onde está? Onde está? Respondei!
(un gran silenzio; nessuno osa
rispondere)
(grande silêncio; ninguém ousa
responder)
AFRA (scoppiando in lacrime)
Ah! l’hanno ucciso!
AFRA (desfazendo-se em lágrimas)
Ah! Mataram-no!
(Quei di Sölden stanno per iscagliarsi
contro quelli dell’Hochstoff; la Wally
s’interpone gridando:)
(Os de Sölden estão prestes a
atirar-se contra os de Hochstoff;
Wally interpõe-se gritando:)
WALLY
Morto non è... No!
(ad Afra)
Spera... lo riavrai!
WALLY
Não está morto... Não!
(para Afra)
Espera... Será teu de novo!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
122
ABITANTI DI SÖLDEN
E DELL’HOCHSTOFF
Oh! audacia!
HABITANTES DE SÖLDEN
E DE HOCHSTOFF
Oh! Que audácia!
(Rapidamente Wally si apre un
passaggio tra la folla, e corre verso
il precipizio. Tutti la seguono co’ lo
sguardo. La Wally, senza esitare, per
un piccolo sentiero scende nell’abisso.
Meravigliati, quasi atterriti del suo forte
atto di coraggio, gli uomini con le torcie
alla mano, si affacciano al precipizio.
Le donne s’inginocchiano in disparte
e pregano.)
(Rapidamente, Wally abre caminho
por entre a multidão, e corre para
o precipício. Todos a seguem com o
olhar. Wally, sem hesitar, desce ao
precipício por uma pequena vereda.
Espantados, quase aterrorizados pelo
grande ato de coragem, os homens
empunhando as tochas, abeiram-se
do precipício. As mulheres
ajoelham-se à parte e rezam.)
ABITANTI DELL’HOCHSTOFF
Oh! Spavento! Oh! Terror!
Signor, la proteggete!
Salva ce la rendete!
Caliam le corde...
(sbigottiti)
L’abisso è profondo...
ascoltiamo in silenzio... Nulla s’ode...
HABITANTES DE HOCHSTOFF
Oh! Que medo! Oh! Que terror!
Senhor, protegei-a!
Salvai-a!
Desçam as cordas...
(aterrorizados)
O abismo é profundo...
Silêncio!… Não se ouve nada...
WALLY (dal fondo dell’abisso, con
gioia)
Vive!
WALLY (do fundo do abismo, com
alegria)
Está vivo!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
123
AFRA, ABITANTI DI SÖLDEN
E DELL’HOCHSTOFF
(si affannano all’abisso)
Forza alle corde, all’opra su!
Su issa! ohè! all’opra su!
AFRA, HABITANTES DE HOCHSTOFF
E DE SÖLDEN
(afadigados, junto ao abismo)
Puxai as cordas, força!
Puxai! Vá! Puxai bem!
(Dopo pochi minuti di un’ansia
spaventevole, la Wally compare
tenendo legato e stretto a sé il corpo
dell’Hagenbach, privo di sensi.)
(Depois de alguns minutos de terrível
ansiedade, Wally surge trazendo
atado e ligado a si o corpo de
Hagenbach, sem sentidos.)
AFRA, ABITANTI DI SÖLDEN
E DELL’HOCHSTOFF
È salvo!
AFRA, HABITANTES DE HOCHSTOFF
E DE SÖLDEN
Está salvo!
(gli amici prendono Giuseppe e lo
adagiano per terra)
(os amigos agarram Giuseppe e
estendem-no chão)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
124
WALLY (in uno stato di suprema
esaltazione, dall’alto della rupe,
additando alla folla che le si
accalca attorno il corpo del giovane
cacciatore, esclama:)
Sì, vive ancora!
(ad Afra)
È dio che te ‘l ridona e tuo lo vuole,
per mia man salvato.
(sempre ad Afra con grande
commozione)
Così... pur la mia casa... e i campi,
e i prati,
Afra son tuoi...
(un singhiozzo le tronca la parola;
scoppia in lagrime e s’inginocchia
presso Giuseppe baciandolo in volto e
mormorando:)
Addio!
(poscia si scosta rapidamente da lui,
e pretendo nelle sue mani di Afra, le
dice a voce alta per modo che tutti
possano udire:)
Allor che gli occhi riaprirà alla luce,
gli dirai che il bacio che mi tolse,
ora gli ho reso!
WALLY (num estado de extrema
exaltação, do alto do rochedo,
dirigindo-se à multidão reunida à
volta dela e apontando para o corpo
do jovem caçador, exclama:)
Sim, está vivo!
(para Afra)
É Deus que to devolve e quer que seja
teu, salvo por minhas mãos.
(continuando a dirigir-se a Afra com
grande emoção)
E também... a minha casa...
os campos, os prados,
Afra, são teus...
(um soluço interrompe-a, e desfeita
em lágrimas ajoelha-se junto a
Giuseppe beijando-lhe o rosto e
murmurando:)
Adeus!
(depois afasta-se bruscamente dele, e
prendendo nas suas as mãos de Afra,
diz-lhe em voz alta de modo que todos
possam ouvir:)
Assim que os olhos dele se abrirem,
dir-lhe-ás que o beijo que me
roubou, devolvi-lho eu agora!
AFRA, ABITANTI DI SÖLDEN
E DELL’HOCHSTOFF
O pia creatura, generosa e santa!
AFRA, HABITANTES DE HOCHSTOFF
E DE SÖLDEN
Ó piedosa criatura, generosa e santa!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
125
ATTO QUARTO
SCENA UNICA
ATO IV
CENA ÚNICA
SUL MURZOLL
NA MONTANHA DE MURZOLL
Stanca, non lontana dalla sua
capanna stava un giorno Wally
seduta sopra una delle più alte
cime del Murzoll. La scena che
l’attorniava somigliava nel
triste e livido dicembre un
cimitero sparso di tumuli di
neve, co’ le fronde bizzaramente
foggiate dal ghiaccio in croci,
coi cespugli di fiori alpestri
trasformati in tombe trasparenti
e candide come il marmo. Sotto
a’ suoi piedi si stendeva il
mare di ghiaccio, desolato,
infinito, coi suoi riflessi
verdastri e con le sue onde
irrigidite che si prolungavano
sino all’altro versante della
montagna. L’orizzonte co’ le sue
innumerevoli catene di monti era
avvolto nei fantastici vapori del
meriggio. Il Similaun, accanto
a Wally, era accarezzato da una
piccola nuvola, e la ragazza,
appoggiata la testa nelle mani,
ne seguiva macchinalmente gli
ondeggiamenti.
Um dia, cansada, não longe da
sua cabana Wally sentada num
dos cimos mais altos do Murzoll.
A paisagem que a rodeava
assemelhava-se, naquele triste e
lívido dezembro, a um cemitério
semeado de túmulos de neve,
com os ramos bizarramente
modelados em cruz pelo gelo,
com os maciços de flores alpestres
em redor transformados em campas
transparentes e alvas como mármore.
Aos seus pés estendia-se o mar de
gelo, desolado, infinito, com
os seus reflexos esverdeados
e com as suas ondas abruptas
que se prolongavam até à outra
vertente. O horizonte com as
suas inumeráveis cadeias de
montes estava envolto nas brumas
extraordinárias do meio dia.
Uma pequena nuvem acariciava o
monte Similaun, junto a Wally, e
a rapariga, com a cabeça entre
as mãos, seguia maquinalmente
os seus movimentos sinuosos.
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
126
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
127 LA WALLY – ALFREDO CATALANI
128
Dalla sinistra, per un piccolo
ad ascoso sentiero, sale
faticosamente Walter sino alla
capanna, e si avvicina a Wally.
Vindo da esquerda, por uma
pequena vereda oculta, Walter
sobe com esforço até à cabana,
e aproxima-se de Wally.
WALTER
Luogo sicuro questo non è più!
Le valanghe distruggono i sentier!
(la Wally si scuote; guarda d’intorno
attentamente, poi ritorna a meditare
come prima. Walter l’abbraccia e
la costringe affettuosamente ad
alzarsi)
Wally, torniamo!
WALTER
Este lugar já não é seguro!
As avalanches destruíram os caminhos!
(Wally como que desperta; olha à sua
volta atentamente, depois volta ao
mesmo estado de meditação. Walter
abraça-a e afetuosamente força-a a
levantar-se)
Wally, voltemos!
WALLY
Se è scritto ch’io non debba più
veder la terra dove ho amato
e pianto tanto il mio destin si
compia!
WALLY
Se está escrito que eu não deva
voltar a ver a terra onde amei
e chorei, cumpra-se então o meu
destino!
WALTER
L’inverno è desolato...
WALTER
O inverno é desolador...
WALLY
Più non soffro
pene di questo mondo!
WALLY
Já não me fazem sofrer
as penas deste mundo!
WALTER
È già il Natale,
Wally, torniamo!
WALTER
É já Natal,
Wally, voltemos!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
129
WALLY
Non ho più famiglia...
WALLY
Já não tenho família...
WALTER
Torniamo a riudir le allegre squille
delle campane della chiesa nostra
che cantano la pace...
WALTER
Voltemos a ouvir o alegre repicar
dos sinos da nossa igreja
cantando a paz...
WALLY (con abbandono)
La mia pace?
È perduta per sempre! Tu ritorna,
alla casa, alla vita, all’amore!...
Walter, ritorna ed ama!
WALLY (com abandono)
A minha paz?
Para sempre a perdi! Volta tu, para
casa, para a vida, para o amor!...
Walter, volta e ama!
WALTER
Senza te!
WALTER
Sem ti!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
130
WALLY (traendo dal seno il vezzo di
perle che portava il dì della festa di
Sölden e porgendolo a Walter, con un
sorriso d’amara tristezza)
Prendi, fanciullo... serbala! questa
memoria pia,
questa, che un dì fu orgoglio della
bellezza mia.
Son queste le mie lagrime dal duolo
irrigidite,
i ricordi soavi
dell’affranto mio cuor,
le parole d’amore
che ho detto e che ho sentite...
A te prendila, Walter!
È tutto il mio tesor!
(con immensa rassegnazione)
Ed or, fanciullo, vanne.
È già il Natale!
WALTER (piangendo)
Torna con me!
WALLY (tirando o colar de pérolas
que trazia na festa de Sölden e
estendendo-o a Walter, com um
sorriso de amarga tristeza)
Toma, meu amigo... guarda
esta lembrança piedosa,
daquilo que um dia
foi o orgulho da minha beleza.
São estas as minhas lágrimas
de dor cristalizadas,
as doces recordações
do meu triste coração,
as palavras de amor
que eu disse e que ouvi...
É para ti, toma, Walter!
É o meu único tesouro!
(com imensa resignação)
E agora, meu rapaz, vai.
É já Natal!
WALTER (chorando)
Volta comigo!
WALLY (melanconicamente)
Riudrai le allegre squille
delle campane della chiesa nostra
che cantano la pace...
WALLY (com melancolia)
Ouvirás de novo o alegre repicar
dos sinos da nossa igreja
cantando a paz...
WALTER
Wally deh! torna! Wally!
WALTER
Wally vá lá! Volta! Wally!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
131
WALLY
Fanciullo, no. Soltanto una preghiera.
(soavemente a Walter indicando il
ghiacciaio)
Allor che avrai varcato il periglioso
mare di ghiaccio canta, oh, canta
ancora la mesta cantilena del mio
jodler!
WALLY
Não, meu rapaz. Só um pedido.
(docemente, apontando para o gelo)
Assim que tiveres passado o
perigoso
mar de gelo, canta, ah, canta mais
uma vez
a minha triste canção!
(Le lacrime le impediscono di più
proseguire. Ella abbraccia con
gran tenerezza Walter, e dolcemente
lo spinge sul sentiero del ritorno.
Walter piangendo si allontana e
scompare dal sentiero a sinistra.
Appena sola la Wally si accascia
presso la sua capanna. Il cielo,
dapprima sereno, va lentamente
coprendosi di nubi. Essa si guarda
intorno.)
(As lágrimas impedem-na de
prosseguir. Abraça com ternura
Walter, e suavemente dirige-o para o
caminho de regresso. Walter chorando
afasta-se e desaparece pelo caminho
à esquerda. Mal se vê sozinha, Wally
deixa-se cair junto à sua cabana. O
céu, antes sereno, começa lentamente
a cobrir-se de nuvens. Wally olha à
sua volta.)
WALLY
Eterne a me d’intorno piange la neve
lacrime!
Qui lagrima da secoli eterno
pianto il giorno!
Fra la densa caligine laggiù
la terra appar mugghiante fra
le tenebre un desolato mar.
Funesto mare dell’umana vita!
WALLY
Chora a neve à minha volta
lágrimas eternas!
Chora aqui há séculos
o dia um eterno pranto!
Entre a densa névoa lá em baixo
a terra parece um mar desolado
a bramar nas trevas.
Funesto mar da vida humana!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
132
Un giorno sciolte le sue vele al
vento sfidava la mia nave
l’onda ardita,
e dentro la mia nave, alta,
orgogliosa la giovinezza mia
cantava forte
canti d’amor sovra flutti di rosa,
(cupa)
quei canti lieti
or son nenie di morti!
Em tempos, de velas soltas ao vento
desafiava o meu barco as ondas
com ousadia, e dentro do meu barco,
altiva e orgulhosa,
a minha juventude
cantava alto
cantos de amor sobre vagas rosadas,
(sombria)
esses cantos alegres são agora
litanias de morte!
WALTER (da lontano)
E il vento iva lontan
poi le venia vicin...
Quando fu giunta sovra l’alto monte
presso la neve bianca
la pellegrina stanca
sciolse le treccie e chinò il bianco
fronte.
(la voce di Walter va a poco a poco
perdendosi)
WALTER (ao longe)
E o vento ia para longe
depois para junto dela...
E assim que chegou ao cimo do monte
junto da neve branca
a peregrina cansada
soltou as tranças e inclinou a fronte
clara.
(a voz de Walter a pouco e pouco
deixa de se ouvir)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
133
WALLY (con esaltazione)
Sì, come te, fanciulla del mio canto
l’amore fu dolor, la vita pianto.
Sì, come te morir deve la Wally...
(getta il mantello di pelle, si scioglie
le chiome che le inondano le spalle,
s’inginocchia, e come assorta in
dolcissima estasi canta:)
O neve, o figlia candida di dio,
risplender t’ho veduta
dalla vallata muta,
né l’aspro m’atterrì lungo pendio,
e a te ne son venuta.
Esser pari a te bella desio!
WALLY (com exaltação)
Sim, como para ti, rapariga do meu canto
o amor foi dor, a vida pranto.
Sim, como tu assim deve morrer a Wally...
(tira o abrigo de peles, solta os cabelos
que se espalham pelos seus ombros,
ajoelha-se, e como que mergulhada
em suavíssimo êxtase, canta:)
Ó neve, ó alva filha de Deus,
via-te resplender
no vale emudecido
e sem temer o áspero e longo
caminho, vim para junto de ti.
Ser bela como tu é o meu desejo!
(Lo jodler che segue, la Wally lo canta
con immensa passione, quasi nel
delirio; ed è durante questo suo canto
che ha del dolore fantastico, che da
lunge si sente la voce dell’Hagenbach
chiamare: «Wally! Wally!» voce che si fa
sempre più distinta.)
(A canção que se segue é cantada por
Wally com imensa paixão, quase em
delírio; e é durante o seu canto no qual
se adivinha uma dor extrema, que ao
longe se ouve a voz de Hagenbach
chamando: «Wally! Wally!», uma voz
que se torna cada vez mais clara.)
HAGENBACH
Wally! Wally!
HAGENBACH
Wally! Wally!
WALLY
Come sei triste, o vento,
tu somigli al mio pianto.
WALLY
Como és triste, ó vento,
assemelhas-te ao meu pranto.
HAGENBACH
Wally!
HAGENBACH
Wally!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
134
WALLY
Sei l’ultimo lamento,
sei l’ultimo mio canto.
WALLY
És o derradeiro lamento,
és o meu último canto.
HAGENBACH (più distintamente)
Wally!
HAGENBACH (mais claramente)
Wally!
WALLY (impaurita)
Una voce mi chiama! Chi mi vuole?
(ascoltando, ma tutto è silenzio)
No, m’ingannai.
WALLY (assustada)
Uma voz a chamar! Quem me chama?
(põe-se à escuta, mas está tudo silencioso)
Não, foi engano.
HAGENBACH (più vicino)
Wally!
HAGENBACH (mais perto)
Wally!
WALLY
E ancora... Chi mi chiama?
(agitata dallo spavento)
Ah sono, ohimè, le fanciulle beate!
(grido)
Ah! dei lividi ghiacciai
sono le fate!
(coprendosi gli occhi colle mani per
non vedere la spaventosa visione)
Già la lugubre schiera ecco s’avanza,
ed agitan su me l’orribil velo e
intreccian d’intorno a me la danza,
vêr me tendendo le braccia di gelo!
(cade a terra ansante dallo spavento)
WALLY
Outra vez... Quem me chama?
(agitada pelo terror)
Ah são, ai de mim, as donzelas benditas!
(grito)
Ah! São as fadas dos lívidos
glaciares!
(tapando os olhos com as mãos para
não ver a visão assustadora)
Já avança a sinistra turba,
e agita sobre mim o horrível véu,
cercando-me com a sua dança,
estendendo para mim os braços de gelo!
(cai por terra arquejando de terror)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
135
(Dal sentiero di destra appare
Hagenbach che s’inerpica
appoggiandosi a un bastone
ferrato. Egli si ferma penosamente
impressionato a vedere i segni che i
partimenti hanno impresso sul volto
della Wally, e dolcemente la chiama:)
(Do caminho à direita surge
Hagenbach que sobe com esforço
apoiado a um bastão ferrado.
Detém-se penosamente,
impressionado ao ver as marcas que
o isolamento deixou no rosto de Wally,
e chama-a com voz suave:)
HAGENBACH
Oh Wally!
HAGENBACH
Oh Wally!
WALLY (drizzandosi e vedendo
Giuseppe)
Vergine santa! Egli è Giuseppe!
Perché sei tu venuto?
WALLY (endireitando-se e deparando
com Giuseppe)
Virgem santa! É Giuseppe!
Porque vieste cá?
HAGENBACH
M’hai salvato,
hai voluto obliar l’offesa mia
e tu mi chiedi perché son tornato?
(con trasporto)
A te ne vengo come a un santo altare!
HAGENBACH
Tu que me salvaste,
que perdoaste a minha ofensa
ainda perguntas porque vim?
(com arrebatamento)
Venho a ti como a um santo altar!
WALLY (con emozione)
(È la sua voce!)
WALLY (com emoção)
(É a voz dele!)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
136
HAGENBACH
Oh! come furon lunghi i dì
lontan da te, e come dentro
mi struggeva il desio di rivederti!
Tu nel tormento dell’ore
infinite a me apparivi bella
e innamorata!
Poi, la visione dolce si mutava
e come la madonna del dolore
ai miei piè ti vedevo addolorata,
mentre a lavarvi l’oltraggio del bacio,
dagli occhi tuoi sulla tua scarna gota
vi sgorgava un’amara onda di pianto.
HAGENBACH
Oh! como foram longos os dias longe
de ti, e como dentro de mim me
torturava o desejo de te voltar a ver!
Eras tu que no tormento das horas
sem fim me aparecias bela e
namorada!
Depois, essa doce visão transformava-se
e como a Virgem das dores via-te
sofredora a meus pés, enquanto para
lavar o ultraje daquele beijo,
dos teus olhos nas faces descarnadas
corria uma amarga onda de lágrimas.
WALLY (con voce appena intelligibile e
rotta dalla commozione)
Ah! l’armonia delle sue parole
m’uccide!
WALLY (com uma voz que quase não
se ouve e entrecortada pela comoção)
Ah! A melodia das suas palavras
mata-me!
HAGENBACH (continuando con più
passione il racconto)
Poi m’han detto un dì: la Wally non è
più qui tu più non la rivedrai!
Ma la speranza non m’hai mai
lasciato,
e t’ho, fanciulla bella, ritrovata.
(rimane in lunga contemplazione
davanti alla Wally, tremante)
Io t’amo, Wally!
HAGENBACH (prosseguindo, com maior
emoção)
Depois um dia disseram-me: a Wally
já cá não está, nunca mais a verás!
Mas a esperança nunca me
abandonou
e aqui, minha bela, te vim encontrar.
(fica em demorada contemplação
diante de Wally, tremendo de emoção)
Amo-te, Wally!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
137
WALLY (spaventata, agitata, dubbiosa
ancora della felicità che viene a lei nel
momento appunto che ella la credeva
per sempre perduta, e giudicando
male dei sentimenti
che animano Giuseppe gli dice con
amarezza, allontanandosi:)
Ebben, se t’ho salvato,
perché mentir?
Non s’ama per pietà
Afra tu amavi ed ami.
WALLY (assustada, agitada, duvidando
ainda da felicidade que lhe surge
precisamente no momento em que
se julgava perdida para sempre, e
interpretando mal os sentimentos
que animam Giuseppe, diz-lhe com
amargura, afastando-se:)
Então, se te salvei,
porque me mentir?
Não se ama por piedade.
E tu amavas Afra e ainda a amas.
HAGENBACH
Afra tu dici?
Mi guarda! È una menzogna!
No, Wally. Credetti odiarti,
ma il mio cor ti amava.
(lentamente si avvicina alla Wally, così
che le loro teste quasi si toccano)
Quando a Sölden provocatrice balda
tu m’apparisti, allora io, la credei una
sfida crudel!
Pur già lottavo contro incanto
della tua persona che dolcemente
m’attraeva a sé!
(con estrema passione)
No, credi, Wally!
È inebriato e pazzo
nel caro abbraccio,
alle ardenti parole che vile fui;
ma il bacio che ti presi sulla tua
bocca era bacio d’amore...
HAGENBACH
Afra, dizes tu?
Olha para mim! É mentira! Não, Wally.
Pensava odiar-te, mas o meu coração
amava-te.
(lentamente aproxima-se de Wally, até
que as duas cabeças quase se tocam)
Quando em Sölden surgiste
provocadora e altiva,
julguei ser uma cruel afronta!
Mas já então lutava
contra o teu encanto
que docemente me atraía para ti!
(com extrema paixão)
Não, acredita em mim, Wally!
Foi inebriado e louco
naquele doce abraço, de palavras
ardentes, que eu fui vil;
mas o beijo que roubei da tua boca
era um beijo de amor...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
138
WALLY (rapita dall’incanto soave delle
parole di Giuseppe:)
(Oh dolce incanto! O paradiso nuovo!)
WALLY (dominada pelo encanto suave
das palavras de Giuseppe:)
(Oh doce encanto! Oh novo paraíso!)
HAGENBACH (continuando)
... e appena a sera, pieno
di rimorsi io volli rivederti e ai piedi
tuoi cadere.
Tempestosa era la notte,
e dio vegliava sulla colpa mia!...
giù nell’abisso mi perdetti...
HAGENBACH (prosseguindo)
... e ao chegar a noite, cheio de
remorsos quis voltar a ver-te e cair
aos teus pés.
Era uma noite tempestuosa,
e Deus estava atento à minha culpa!...
No fundo do abismo me perdi…
(Wally impallidisce. La memoria del
suo delitto le ritorna in tutto il suo
orrore)
(Wally empalidece. Volta-lhe a
lembrança do seu delito, com todo o
seu horror)
WALLY (con voce rauca
interrompendolo)
Dio?
Non dio... ma un uom! Gli avevan
detto: «uccidilo»!
Ei t’attendeva.
(non può più continuare)
WALLY (com uma voz rouca,
interrompendo-o)
Deus?
Não Deus... mas um homem! Tinham-lhe
dito: «mata-o»!
Ele estava à tua espera.
(não consegue continuar)
HAGENBACH
Un uom?
HAGENBACH
Um homem?
WALLY
Questa crudele
gli avea sussurrato: «va’ e l’uccidi»!
(con raccapriccio)
Amami adunque ancor, se puoi...
WALLY
Esta cruel
tinha-lhe sussurrado: «vai e mata-o»!
(com repulsa)
Ama-me então agora, se podes...
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
139
(Wally si copre disperatamente il
volto colle mani, e rimane così, ritta
dinanzi a Giuseppe; questi commosso
la guarda, le si avvicina, e dolcemente
le dice:)
(Wally cobre o rosto com desespero,
e permanece assim em pé diante
de Giuseppe; este olha-a comovido,
aproxima-se dela e diz-lhe docemente :)
HAGENBACH
Io t’amo...
HAGENBACH
Amo-te…
(La stringe teneramente al
suo cuore. Intanto il cielo si è
coperto di nubi; una caligine densa
sale, sale minacciosa avvolgendo i
picchi circostanti del Murzoll; fra
poco anche la capanna della Wally
sarà avvolta in questa tenebria
spaventosa delle Alpi.
Comincia a soffiare il vento. Ma
i due amanti, felici, strettamente
abbracciati, sembrano di nulla
accorgersi, e si sussurrano all’orecchio
parole d’amore.)
(Aperta-a ternamente contra
o peito. Entretanto, o céu cobriu-se
de nuvens; uma bruma densa
levanta-se ameaçadora envolvendo
os picos do Murzoll em volta deles;
daí a pouco também a cabana de
Wally ficará envolta nestas terríveis
trevas das montanhas.
Começa a soprar o vento. Mas os
dois amantes, felizes, estreitamente
abraçados, parecem não dar por
nada, e sussurram um ao outro
palavras de amor.)
WALLY, HAGENBACH
(Wally ripete mormorando)
Vieni, vieni; una placida vita
noi vivremo in un mondo ignorato!
Peregrini a una piaggia fiorita
chiederemo un asilo incantato.
Là, sui prati, fra rose e viole,
noi vivremo una placida vita!
WALLY, HAGENBACH
(Wally repete murmurando:)
Vem, vem; uma vida tranquila
viveremos num mundo ignorado!
Como peregrinos, a uma praia florida
pediremos um asilo encantado.
Aí, nos prados, entre rosas e violetas,
viveremos uma vida tranquila!
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
140
WALLY (guardandosi intorno)
Giuseppe, ove siamo noi?
WALLY (olhando à sua volta)
Giuseppe, onde estamos?
HAGENBACH
Sei sul mio cor...
Qual cupa oscurità...
HAGENBACH
Estás no meu coração…
Que negra escuridão.
WALLY
Rugge il Murzoll...
Amor mio, sola qui non mi lasciar...
WALLY
O Murzoll ruge…
Meu amor, não me deixes sozinha.
HAGENBACH
Fra le tenebre dense vo cercando
il desiato sentiero del ritorno...
(Giuseppe scompare giù nel sentiero
pel quale è venuto)
Wally!
HAGENBACH
Na densa neblina, procuro em vão
o caminho de regresso.
(Giuseppe desaparece pelo caminho
por onde tinha vindo)
Wally!
WALLY
Mi chiama!
T’odo...
WALLY
Chama por mim…
Oiço-te!
HAGENBACH
Il sentiero è scomparso... fa cor!
Discendi per le rocce... e.... la valanga!
(odesi lo schianto terribile della
valanga. Subito dopo un profondo
silenzio. La Wally si
trascina sino al ciglio del precipizio)
HAGENBACH
O caminho desapareceu. Coragem!
Desce pelos penhascos e… a avalanche!
(ouve-se um estrondo tremendo.
Um silêncio de morte.
Wally arrasta-se até
ao precipício)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
141
WALLY
Giuseppe!
M’odi, Giuseppe!
Cupo silenzio!
La morte è laggiù!
(stendendo con esaltazione le mani,
grida:)
O neve! O candido destino mio,
ecco la sposa di Giuseppe.
Anima cara, aprimi le tue braccia!
(si getta nel precipizio)
WALLY
Giuseppe!
Ouves-me, Giuseppe?
Horrível silêncio,
a morte está lá em baixo!
(estendendo os braços, exclama
exaltada:)
Ó neve, cândido meu destino,
eis a esposa de Giuseppe.
Meu amor, abre-me os teus braços!
(atira-se para o precipício)
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
142
BIOGRAFIAS
ANTONIO PIROLLI
< DIREÇÃO MUSICAL
E MAESTRO CONVIDADO PRINCIPAL
ZARINA ABAEVA
< SOPRANO
Natural de Roma, licenciou-se em Piano,
Composição, Música coral e Dire ção de
orquestra na Academia de Santa Cecília.
Aperfeiçoou-se com Zoltán Peskó, Vladimir
Delman e Rudolf Barshai, tendo ganho o 3.º
prémio no Concurso Arturo Toscanini de
Parma. De 1995 a 2001 foi diretor musical
no Teatro de Ópera de Ancara, ocupando,
de 2001 a 2005, o mesmo cargo na Ópera Estatal
de Istambul. Dos compromissos passados
e mais recentes destacam-se Lucia
di Lammermoor em Buenos Aires e Bari; La
Gioconda em Santander; Andrea Chénier em
Berlim e na Catânia; Macbeth em Lisboa;
Aida em Copenhaga e Caracalla; Il trovatore,
Anna Bolena e Ernani na Catânia;
Tosca em Florença e Bari; Turandot em Copenhaga,
Verona e Catânia; Aroldo em Bilbau;
Il barbiere di Siviglia em Tóquio,
Valência e Verona; Carmen em Copenhaga e
Avenches; La bohème em Tóquio e Santander;
Un ballo in maschera em Salerno e Lisboa;
Madama Butterfly em Ancona; Medea
no circuito As.Li.Co.; Norma em Trapani
e Spalato; Attila em Lecce e Roma; Otello
em Lisboa; Manon Lescaut em Torre del
Lago; Nabucco em Caracalla e Lisboa; Rigoletto
em Tóquio, Falstaff em Xangai e La
forza del destino em Lisboa. É atualmente
maestro convidado principal da Orquestra
Sinfónica Portuguesa.
Natural de Vladikavkaz (Rússia). Em 2012,
apresentou-se como solista na Ópera de
Perm e, desde 2019, tem sido convidada
frequente do Moscow Theater «New Opera».
No seu repertório incluem-se papéis em
óperas de Tchaikovski como Iolanta (Iolanta),
Tatyana (Evgeni Onegin), Maria
(Mazepa), Agnès Sorel (A Dama de Orleans);
de Puccini, como Mimì (La bohème),
Cio-Cio-San (Madama Butterfly); e, ainda,
Virgem Maria (Jeanne d’Arc au bûcher/Honegger)
e Micaëla (Carmen/Bizet).
A cantora apresentou-se, por diversas
vezes, em concertos para interpretar, entre
outros, o papel titular da Suor Angelica e
da Aida, bem como Katya (Passenger/Weinberg),
Blanche de la Force (Dialogues des
Carmélites/Poulenc), Gorislava (Ruslan
and Lyudmila/Glinka), Ninette (L’amour
des trois oranges/Prokofiev). Já colaborou
com encenadores como Romeo Castellucci,
Philippe Himmelmann e Katerina
Evangelatos. Foi nomeada para o concurso
russo de Jovens Solistas (Lipetsk, 2010)
e para o «Minsk International Christmas
Vocal Competition» em 2016, no qual ficou
em 3.º lugar. Em 2015, foi nomeada para
o prémio «Russian National Golden Mask»
pela sua interpretação de Antonia em
Les contes d’Hoffmann de Offenbach. Entre
os seus compromissos futuros destacam-se
Madama Butterfly em Nápoles e Il trovatore
no Teatro Régio de Parma.
144
AZER ZADA
< TENOR
LUIS CANSINO
< BARÍTONO
Graduou-se em Canto, em 2010, pelo Conservatório
de Baku, no Azerbeijão. Em
2015, estreou-se no Teatro alla Scala de
Milão no papel de Mensageiro em Aida dirigido
por Zubin Mehta. Dois anos mais
tarde, diplomou-se pela Accademia di Alto
Perfezionamento per Cantanti Lirici del
Teatro alla Scala e venceu o concurso
«Voci Verdiane di Busseto». No mesmo ano,
interpretou Don José (Carmen) em Novara,
e Rodolfo (La bohème) em Ascoli Piceno,
Fano e Chieti. Na temporada de 2018-2019
estreou-se no Teatro la Fenice, em Veneza,
como Rodolfo em La bohème e Pinkerton
em Madama Butterfly. Voltou a interpretar
o papel de Don José (Carmen) no Teatro
Lírico de Cagliari e no Luglio Musicale
Trapanese. Mais tarde, foi Cavaradossi em
Tosca no Festival de Sanxay, Alfredo em
La traviata no Teatro Petruzzelli de
Bari, e Rodolfo em La bohème no Teatro
Municipale de Piacenza, com encenação de
Leo Nucci, papel que voltou a desempenhar
no Teatro Bolshoi em Moscovo, dirigido
por T. Sokiev. Mais recentemente, estreou-se
como Turiddu em Cavalleria rusticana, em
Ravenna, sob a batuta de Riccardo Muti.
Dos seus compromissos futuros destacam-se
Cavaradossi (Tosca) no Teatro Bolshoi e
Don José (Carmen) na sala Bunka Kaikan em
Tóquio.
Barítono de origem galega, é convidado para
importantes temporadas internacionais de
ópera, destacando-se a sua interpretação
em papéis como Sulpice (La fille du régiment),
Dulcamara (L’elisir d’amore), Luna
(Il trovatore), Germont (La traviata),
Monforte (I vespri siciliani), Carlo (La
forza del destino), Amonasro (Aida), Iago
(Otello), Barnaba (La Gioconda), Sharpless
(Madama Butterfly), Scarpia (Tosca), Michonnet
(Adriana Lecouvreur), Roque (Marina),
Juanillo (El gato montés) ou os papéis
titulares de Nabucco, Macbeth, Rigoletto,
Simon Boccanegra e Falstaff. Participou
nas estreias mundiais de El canto de los
volcanes e La marimba arrecha, ambas de
Álvarez del Toro, Fuenteovejuana (Muñíz) e
La casa de Bernarda Alba (Ortega), bem como
na recuperação de Ezio (Händel), La Dolores
(Bretón), El sueño de una noche de verano
(Gaztambide) e Rénard the fox (Stravinski).
Destacado intérprete de Zarzuela, recebeu
em 2015 o prémio de Carreira da Associação
Espanhola de Amigos da Ópera. Foi galardoado
pela Associação Músico-Cultural «Pedro
Lavirgen», pelo Departamento de Cultura do
México, pela Fundação Arte Lírica de Bogotá
e pela Associação Romanza-Ópera de Lima. Foi
prémio «Revelação Lírica» no México em 1993,
participou nos eventos comemorativos da Independência
das Filipinas (1998), na Gala
do 150.º aniversário do Teatro da Zarzuela
em Madrid (2006) e no Concerto Nobre, em
Bruxelas, aquando da presidência espanhola
da União Europeia (2010). Em 1990, venceu o
Concurso de Canto «Francisco Alonso».
145
JOANA SEARA
< SOPRANO
LUIZ-OTTAVIO FARIA
< BAIXO
Estudou na Guildhall School of Music and
Drama, em Londres, e começou a sua carreira
em 2004, interpretando Zerlina, na
Holanda. Desde então, tem pisado grandes
palcos nacionais e internacionais com
obras de Monteverdi à atualidade, sob a
batuta de Ton Koopman, Lawrence Foster,
Simone Young, Marcos Magalhães, Vladimir
Jurowsky, Julia Jones, Donato Renzetti,
Mathew Halls, Enrico Onofri, Massimo
Mazzeo, Christoph König, Pedro Amaral,
Jan Wierzba, João Paulo Santos, Nicholas
Kraemer, Jorge Matta e Miguel Jalôto.
No Teatro Nacional de São Carlos, interpretou,
entre outros papéis, Susanna (Le
nozze di Figaro), Tebaldo/Voce dal Cielo
(Don Carlo), Flora (La traviata), Frasquita
(Carmen) e Lucia (The Rape of Lucretia).
De nacionalidade brasileira, o baixo internacional
Luiz-Ottavio Faria é formado
pela prestigiada The Juilliard School
of Music e venceu importantes concursos e
prémios de canto dos quais se destacam o
23.º Concurso Nacional «Carmen Gomes», o
prémio «Guilherme Damiano», uma bolsa de
estudo da The Juilliard School, o prémio
da «William Randolph Hearst Foundation»,
«Die Meistersinger» (Aims) na Aústria,
«Opera Index», «YWCA Vocal Competition»,
«Great Buffalo Opera Competition», «New
Jersey State Opera Vocal Singing Competition»,
o «Lola Hayes Vocal Competition»,
bem como o «William Matthews Sullivan Foundation
Award». A sua estreia em ópera foi
como Tommaso em Un ballo in maschera, ao
lado do lendário tenor Carlo Bergonzi, no
Theatro Municipal de São Paulo e, desde
então, tem-se apresentado em alguns dos
maiores teatros de ópera do mundo que incluem
o La Scala em Milão, Arena de Verona,
Teatro Real em Madrid, Musikverein em Viena
e Carnegie Hall em Nova Iorque. É dono
de um repertório versátil e eclético que
inclui Grande Inquisitore (Don Carlo),
Zaccaria (Nabucco), Oroveso (Norma), o papel
titular em Mefistofele, Banco (Macbeth),
Commendatore (Don Giovanni), Osmin (Die
Entführung aus dem Serail), Silva (Ernani),
Sparafucile (Rigoletto), Alvise (Gioconda),
Fiesco (Simon Boccanegra), Sarastro (Die
Zauberflöte), Procida (I vespri siciliani),
Timur (Turandot) e Heinrich der Vogler
(Lohengrin).
146
PATRÍCIA QUINTA
< MEIO-SOPRANO
Diplomada em Lied e Oratória pela Universidade
de Música e Artes do Espetáculo
de Viena (2007) na classe de Charles
Spencer e Margit Klaushofer. Bacharel em
Canto Teatral pelo Conservatório Superior
de Música de Gaia (2002), na classe de
Fernanda Correia. Recentemente foi Madame
Giry na primeira produção portuguesa do
musical Fantasma da Ópera de A. L. Webber.
Interpretou o papel de Aufseherin na
ópera Elektra de R. Strauss, de Marquesa
de Berkenfield na ópera La fille du régiment
de G. Donizetti e Old Lady na versão
concerto de Candide de L. Bernstein, todas
produções do Teatro Nacional de São
Carlos. Tem realizado vários concertos e
recitais destacando-se o repertório de G.
Mahler, R. Wagner e R. Strauss, e as produções
da Orquestra Sinfónica do Porto
Casa da Música e do Centro Cultural de
Belém. Frequentou classes de aperfeiçoamento
com Elsa Saque, Laura Sarti, Rudolf
Piernay, Grace Bumbry, Hilde Zadek,
e Christa Ludwig, com quem trabalha até
à atualidade. É licenciada em Psicologia
pela Faculdade de Psicologia e Ciências
da Educação da Universidade do Porto
(2002). Professora de Canto na Academia
de Música de Vilar do Paraíso e no Fórum
Cultural de Gulpilhares.
NUNO DIAS
< BAIXO
É licenciado em Canto pela Universidade
de Aveiro, na classe de Isabel Alcobia,
onde foi docente assistente no ano letivo
2013/14. Desenvolveu os seus estudos posteriormente
com Alan Watt, Tom Krause e
Michael Rhodes. É bolseiro da Fundação
Calouste Gulbenkian para o projeto ENOA
(European Network of Opera Academy). Fez
parte da Academia de Ópera do Festival de
Verbier 2013 onde trabalhou com Barbara
Bonney, Claudio Desderi, Tomas Quastoff e
Tim Caroll, tendo-se destacado com o prémio
«Jovem Promessa Thierry Marmod». Como
solista, em Oratória, tem-se apresentado
em concerto com diversas orquestras nacionais
e internacionais, cantando obras de
referência do repertório coral-sinfónico.
No campo da ópera interpretou, no Teatro
Nacional de São Carlos, ao longo das últimas
temporadas, diversas personagens do
repertório lírico, abrangendo obras de
compositores consagrados tal como G. Puccini,
G. Donizetti, G. Rossini, G. Bizet,
entre outros. Do seu repertório, noutros
palcos nacionais e internacionais, fazem
também parte compositores como G. Verdi,
W. A. Mozart, F. Busoni, I. Stravinski,
B. Briten. Da sua discografia, destaca-se
o disco Canções Pagãs, inteiramente
dedicado ao cancioneiro de Luiz Goes,
trabalho esse com reconhecimento de
Utilidade Cultural pelo Ministério
da Cultura. Foi cantor residente no
Stadttheatre Bern, Suiça, durante a temporada
2014/15. Atualmente, faz parte do
Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
147
CORO DO TEATRO NACIONAL
DE SÃO CARLOS
O Coro do Teatro Nacional de São Carlos,
criado em 1943 sob a titularidade de
Mario Pellegrini, tem atuado sob a
direção de importantes maestros (Pedro
de Freitas Branco, Votto, Serafin, Gui,
Giulini, Klemperer, Zedda, Solti, Santi,
Rescigno, Navarro, Rennert, Burgos,
Conlon, Christophers, Plasson, Minkowski,
entre outros) e colaborado com marcantes
encenadores (Pountney, Carsen, Vick).
Entre 1962 e 1975, o Coro colaborou nas
temporadas da Companhia Portuguesa de
Ópera (Teatro da Trindade), tendo-se
deslocado com a mesma à Madeira, aos
Açores, a Angola e a Oviedo. O conjunto
tem regularmente abordado o repertório
de compositores nacionais (Alfredo Keil,
Augusto Machado) e tem participado em
estreias mundiais de óperas de Fernando
Lopes-Graça, António Victorino d’Almeida,
António Chagas Rosa, Nuno Côrte-Real.
Em 1980 formou-se um primeiro núcleo
coral a tempo inteiro e três anos depois
assumiu-se a profissionalização plena,
sob a direção de Antonio Brainovitch.
A partir de 1985 a afirmação artística
do conjunto foi creditada a Gianni Beltrami
e o titular seguinte foi João Paulo
Santos. Sob a responsabilidade destes
dois maestros o Coro registou marcantes
êxitos internacionais: Grande Messe des
morts de Berlioz (1989 – Turim); Requiem de
Verdi (1991 – Bruxelas); Concerto Henze/
Corghi (1997 – Festival de Granada).
Giovanni Andreoli assumiu o cargo em
2004. Sob a sua direção, o Coro averbou
êxitos num vasto e variado repertório:
Iphigénie en Tauride, Alceste, Trilogia
Popular verdiana, Don Carlo, Macbeth, La
forza del destino, Turandot, The Rake’s
Progress, Dialogues des Carmélites.
Sucessos foram ainda as incursões no
repertório lírico espanhol: El gato montés;
Los diamantes de la corona. Em 2005, o
coro foi convidado pela Ópera de Génova
para participar em récitas da ópera Billy
Budd de Britten, convite que se repetiu
em 2015.
148
ORQUESTRA SINFÓNICA
PORTUGUESA
KODO YAMAGISHI
< MAESTRO ASSISTENTE DO CORO DO TNSC
Natural do Japão, começou os seus estudos
de Piano e Teoria da Música aos 7 anos.
Entre 1988 e 2002 viveu em Viena, onde estudou
Direção orquestral no Conservatório
de Viena e na Universidade de Música de
Viena. É, desde 2009, assistente convidado
no Departamento de Música da Universidade
de Évora e, desde 2015, diretor da
Orquestra da Universidade. De 2003 a 2004
foi maestro correpetidor e Kapellmeister
no Pfalztheater em Kaiserslautern (Alemanha).
Desde a temporada de 2004/05 que
desempenha as funções de maestro assistente
do Coro do Teatro Nacional de São
Carlos, que dirigiu e acompanhou a piano
em vários concertos. Já dirigiu orquestras
sediadas em Viena, Oradea, Cairo,
Szombathely e São Paulo, além da Orquestra
Sinfónica Portuguesa e da Orquestra
Sinfónica do Ginásio Ópera, da qual foi
maestro titular. Na Áustria, colaborou em
montagens de óperas como Gianni Schicchi
(1997), L’isola disabitata e Armida (1998
e 1999) e Turandot e Tosca (2001 e 2002).
Em 2000, dirigiu L'enfant et les sortilèges
em Tübingen (Alemanha); e, em 2009,
dirigiu o Coro do Teatro de Ópera de Istambul,
Devlet Opera ve Balesi.
Criada em 1993, a Orquestra Sinfónica
Portuguesa (OSP) é um dos corpos artísticos
do Teatro Nacional de São Carlos e tem
vindo a desenvolver uma atividade sinfónica
própria, incluindo uma programação regular
de concertos, participações em festivais de
música nacionais e internacionais. No âmbito
de outras colaborações, destaque-se também
a sua presença nos seguintes acontecimentos:
8.º Torneio Eurovisão de Jovens Músicos
transmitido pela Eurovisão para cerca
de quinze países (1996); concerto de
encerramento do 47. o Festival Internacional
de Música e Dança de Granada (1997);
concerto de gala da Abertura da Feira do
Livro de Frankfurt; concerto de encerramento
da Expo’98; Festival de Música Contemporânea
de Alicante (2000) e Festival de Teatro
Clássico de Mérida (2003). Colabora
regularmente com a Rádio e Televisão
de Portugal através da transmissão dos
seus concertos e óperas pela Antena 2,
designadamente a realização da tetralogia
O Anel do Nibelungo, transmitida na RTP2,
e da participação em iniciativas da própria
RTP, como no Prémio Pedro de Freitas Branco
para Jovens Chefes de Orquestra, no Prémio
Jovens Músicos-RDP e na Tribuna Internacional
de Jovens Intérpretes. No âmbito das
temporadas líricas e sinfónicas, a OSP
tem-se apresentado sob a direção de notáveis
maestros, como Rafael Frühbeck de Burgos,
Alain Lombard, Nello Santi, Alberto Zedda,
Harry Christophers, George Pehlivanian,
Michel Plasson, Krzysztof Penderecki,
Djansug Kakhidze, Milán Horvat, Jeffrey
Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros. A
discografia da OSP conta com dois CD para a
etiqueta Marco Polo, com as Sinfonias n. os
1, 3, 5 e 6 de Joly Braga Santos, que gravou
sob a direção do seu primeiro maestro
titular, Álvaro Cassuto, e Crossing borders
(obras de Wagner, Gershwin e Mendelssohn),
149
sob a direção de Julia Jones, numa gravação
ao vivo pela Antena 2. No cargo de maestro
titular, seguiram-se José Ramón Encinar
(1999-2001), Zoltán Peskó (2001-2004)
e Julia Jones (2008-2011); Donato Renzetti
desempenhou funções de primeiro maestro
convidado entre 2005 e 2007. Atualmente,
a direção musical está a cargo de
Joana Carneiro.
150
FOTOGRAFIAS DE ENSAIO
©SUSANA CHICÓ
(pp.22, 40, 88, 108, 119-120, 127-128)
©BRUNO FRANGO
(pp.32,52,72,83,100, 113-114)
FOTOGRAFIAS BIOGRAFIAS
Azer Zada por ©TATIANA MAZZOLA
Patrícia Quinta por ©MARLENE SOARES
FOTOGRAFIA NESTA PÁGINA (WALLY)
Zarina Abaeva por ©SUSANA CHICÓ
TRADUÇÃO DO LIBRETO
José Lima
/
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO OPART
Presidente CONCEIÇÃO AMARAL
Vogais ANNE VICTORINO D’ALMEIDA E ALEXANDRE SANTOS
Diretora Artística do TNSC ELISABETE MATOS
Siga as nossas páginas
de Facebook, Instagram
@SAOCARLOS
e Youtube e subscreva
/SAOCARLOS
@SAOCARLOS1793
a nossa newsletter para
SAOCARLOS.PT
acompanhar todas as
iniciativas da sua casa
de Ópera, em sua casa.
O IDEALISTA APOIA O TNSC
PARCEIRO PARA A COMUNICAÇÃO
SAOCARLOS.PT
#CULTURAÉIMAGINAÇÃO