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01_TNSC_T20-21_La-Wally_Programa-Digital

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altura chegavam a Itália, não só a de Wagner, mas também

a da escola francesa moderna, começando com

Bizet e passando por Massenet, mais tarde com Charpentier

e até com Debussy.

A somar a esta má fortuna, do homem errado na altura

errada, Catalani é a estranha soma de um talento musical

evidente e uma técnica orquestral inegável, com

uma impotência terrível no mundo da ópera tradicional:

a sua incapacidade de escrever uma – ao menos

uma! – ária icónica. Os seus contemporâneos, exceto

Puccini (e já não falo do velho Verdi, nem sequer de

Wagner que, mesmo contando com o seu estilo vocal

mais «arioso» e semi-orquestral, nos deixou, ainda assim,

muitas belíssimas e memoráveis melodias!), sofreram,

de certa forma, do mesmo mal. Quer Ponchieli,

quer Mascagni ou Leoncavallo, foram autores de uma

única ópera bem-sucedida, e de apenas uma (vá lá,

duas) ária memorável. Mas essa única ária foi suficiente

para assegurar a pelo menos uma das suas obras, um

lugar permanente no repertório. Alguém hoje se lembra

de mais alguma coisa de Leoncavallo a não ser da

pungente «vesti la giubba» da ópera Pagliacci? De todas

as árias consideradas como pilares do repertório operático,

e pese embora a sua beleza, «Ebben! Ne andrò

lontana», de La Wally, a única ópera de Catalani que se

pode considerar ainda válida nos palcos de hoje em

dia, é, talvez, a menos conhecida de todas, e desafio a

maioria dos amantes de ópera a lembrarem-se sequer

de como começa. Porém, todos assobiamos as árias da

LA WALLY – ALFREDO CATALANI

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