01_TNSC_T20-21_La-Wally_Programa-Digital
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A carreira musical de Alfredo Catalani (1854-1893), cortada
cerca aos 39 anos, pela «doença do século», a tuberculose,
foi um acumular de má sorte, por um lado,
e de algo que, tal como o Destino (e até isso é sorte, ou
azar), não se pode prever nem controlar: o talento ao
invés do génio.
Má sorte pela doença, que o terá impedido de deixar
obras-primas, embora na idade em que faleceram,
Schubert (31 anos), Mozart (35 anos), e Chopin (39 anos),
nos tenham deixado centenas de obras incomparáveis,
má sorte por ter sido conterrâneo e contemporâneo
de Puccini (ambos de Lucca, sendo Puccini apenas 4
anos mais novo), má sorte por Ricordi, o pré-equivalente
italiano de Diaghilev na descoberta e manutenção
de reputações operáticas, o ter abandonado ao mesmo
tempo que defendia, com o seu faro quase infalível, um
jovem Puccini ainda não evidentemente genial (apoio
que seria decisivo para a carreira de Puccini), má sorte
por estar entalado entre Wagner e Verdi, de um lado, e
Puccini do outro, com os «veristas» no meio, e má sorte
ainda por a sua estética não ser nem verista nem moderna,
mas algo indefinido, algures entre um neo-romantismo
germanizante, e um italianismo vernacular,
mas algo serôdio que, ainda assim, é inseparável de todos
estes compositores, pesem as influências que na
LA WALLY – ALFREDO CATALANI
9